(Fotoilustração Revista Tablet; foto original Jens Schott Knudsen/Flickr) |
Tradução / Oito anos atrás, Jay McInerney, adepto de um tipo de literatura "glossy chic" dos anos 1980, identificou Benjamin Kunkel, escritor norte-americano, como a voz da nova geração. Escrevendo na primeira página da New York Times Book Review, ele saudou o primeiro romance de Kunkel, "Indecisão", por fazer "todo aquele negócio da crise pós-adolescência, de começo de vida, ser engraçado de novo". Ele não estava sozinho; muitos críticos ficaram impressionados com a evocação de Kunkel da passividade e vazio existencial de um jovem privilegiado. Eles tinham menos certeza do que pensar sobre a conversão do narrador a uma política radical na América do Sul. "Imagino que as sequências sirvam para explicar o socialismo para as pessoas de vinte e poucos anos, pós-irônicas, ambivalentes, esperançosas e generosas em 2005", escreveu Michael Agger na Slate.
No próximo mês de março, Kunkel vai lançar o seu segundo livro, “Utopia or Bust” (Utopia ou Fracasso). Apesar de não ser continuação de “Indecisão”, a obra vai de fato tentar explicar, ou ao menos explorar, o que representa o socialismo hoje, através de uma série de ensaios de pensadores de esquerda contemporâneos, como o crítico literário Fredric Jameson e o geógrafo David Harvey. Depois do sucesso de “Indecisão” – que conquistou um lugar nas listas de Best-sellers, foi traduzido para diversas línguas e tornou-se atraente para Hollywood – Kunkel não se aproveitou do seu estrelato da mesma forma que, digamos, Jay McInerney. Pelo contrário. Depois de cair numa depressão profunda, ele seguiu o exemplo do seu próprio personagem, mudando-se para Buenos Aires, submergindo profundamente na teoria anti-capitalista. Em um rascunho da introdução do seu novo livro, ele escreve “para deceção de amigos que prefeririam ler a minha ficção – bem como do meu agente literário, que preferiria vender – parece que eu virei um intelectual marxista público”.
De um modo estranho, no entanto, Kunkel não fugiu inteiramente do negócio. O seu novo livro surge num momento em que há um interesse renovado em Marx entre jovens autores, ativistas e estudiosos, que têm começado a identificar o capitalismo, frente à crise financeira, como um problema, e não mais como algo inevitável.
Seria simplista demais dizer que o marxismo voltou, porque ele de facto nunca foi embora. Nos Estados Unidos depois da queda do Muro de Berlim, entretanto, estava restrita ao departamento de inglês da universidade, tornando-se objeto de crítica ácida. Entretanto veio a crise económica, o movimento Occupy Wall Street, e o desastre ainda em curso da austeridade na Europa. Na época do Occupy, principalmente, muita gente de todo tipo de esquerda, trabalhando em publicações grandes ou literárias, meio que se encontraram, começaram a conversar, e descobriram quem estava interessado em política de classe”, diz Sarah Leonard, a editora de 25 anos da Dissident o jornal social-democrata fundado quase 60 anos atrás por Irving Howe. “Nós essencialmente achamos uma política antiga que faz sentido hoje”, acrescenta ela.
Nos EUA, é claro, o marxismo mantém se como uma corrente intelectual, muito mais do que movimento de massas. É claro, os millenials [outra forma de se referir à chamada Geração Y] são notoriamente progressistas; uma pesquisa muito debatida de 2011 descobriu que 49% das pessoas com idade entre 18 e 29 anos têm uma visão positiva sobre o socialismo, enquanto apenas 46% têm visão positiva sobre capitalismo. É difícil dizer o que isso significa exatamente – não se pode dizer que os jovens estão fazendo com que “O Capital”, uma das principais obras de Marx, entre rapidamente na lista dos mais vendidos ou estejam construindo células comunistas. Ainda assim, faz décadas que tantos pensadores jovens não se envolviam tanto em imaginar uma ordem social que não seja governada pelos imperativos do mercado.
Os motivos para isso são bastante óbvios. “Agora está tudo desmoronando”, diz Doug Henwood, editor da revista de esquerda Left Business Observer e mentor de diversos novos pensadores marxistas. “Nem mesmo o mais ardoroso defensor pode dizer que as coisas estão indo bem. As premissas básicas da vida dos americanos, sobre mobilidade social e todo esse tipo de coisa, parece tudo uma grande piada de mau gosto agora”, afirmou ele.
Enquanto isso, o fim da Guerra Fria libertou as pessoas – especialmente os que são novos demais para lembrar – para que elas pudessem revisitar as ideias marxistas sem o medo de elas justificarem a existência de regimes repressivos. A União Soviética sempre pairou sobre a vida intelectual dos EUA no século 20, especialmente aqueles setores dominados pelos formados da Universidade Judaica Municipal, como Howe e o seu contraponto intelectual Irving Kristol. Havia aqueles que condenavam, mas se apegavam aos ideais socialistas – posição emblemática da revista Dissent –, e havia aqueles, como Kristol, que viam tais valores como sendo intrinsecamente ligados a um regime tirânico, e se tornavam neoconservadores. Agora que o comunismo é uma força marginal no mundo, essas discussões parecem muito distantes. “Imagino que não tenhamos na nossa cabeça 1989”, diz Leonard. “A nossa crise é de uma natureza diferente. É uma crise capitalista, e temos um arsenal de ferramentas de análise muito útil”.
***
Para servir ao novo pensamento de esquerda, a editora norte-americana radical Verso – que também vai co-publicar o novo livro de Kunkel – começou recentemente a fazer uma série chamada Pocket Communism (Comunismo de Bolso). Pequena e elegante, a coleção foi criada tendo em mente a capacidade de atenção da Geração Y. Entre os livros estão “A hipótese comunista” de Alain Badiou e “A atualidade do comunismo”, de Bruno Bosteel. Eles são vendidos fora das lojas tradicionais – em galerias de arte, por exemplo. Mesmo quando esses neocomunistas não são marxistas ortodoxos – Badiou é meio maoísta – Marx ainda tem um peso muito grande em suas obras. “As pessoas não têm mais medo de voltar aos textos e usar palavras que eram tabu”, diz Sebastian Budgen, editor sénior da Verso. “Há um efeito emancipador em não mais se precisar se justificar para usar Marx.”
Em nenhum lugar isso é mais verdade que na Jacobin, a revista norte-americana socialista fundada por Bhaskar Sunkara, de 24 anos, que vai publicar “Utopia or Bust” com a Verso. Um empreendedor marxista, Sunkara ainda não se tinha formado quando usou o dinheiro do seu empréstimo estudantil para publicar o primeiro número da Jacobin, em 2011. Hoje ele tem cerca de cinco mil assinantes, um número pequeno em perspetiva, mas impressionante para um jornal de esquerda, comparável ao alcance da Dissent. Os seus leitores são desproporcionalmente jovens, de acordo com Sunkara, e em geral novatos no que diz respeito a publicações de esquerda. “Acho que boa parte dos leitores não escolhe a Jacobin ao invés da Dissent ou da Monthly Review”, afirma. “Eles são mais para liberais desiludidos ou jovens que não são politizados”.
De sua parte, a Dissent, editada por Michael Kazin, foi revigorada por pessoal novo, como Leonard. Até recentemente era conhecida pelo seu conflito com a irresponsabilidade de outros radicais. Em 2002, por exemplo, seu antigo co-editor, Michael Walzer, criticou as respostas dos progressistas ao 11 de setembro, em um artigo intitulado “Pode haver uma esquerda decente?”. Lamentando a tendência de intelectuais de esquerda de “viver nos EUA como estrangeiros internos, recusando-se a se identificar com os seus cidadãos, considerando qualquer traço de patriotismo como politicamente incorreto”, ele parecia reviver uma velha briga entre a esquerda anticomunista e a contracultura na década de 1960.
These days, though, with the magazine’s four full-time staffers all in their twenties, it feels far livelier and more contemporary—at times, it’s even cheeky. Consider, for example, “Cockblocked by Redistribution,” a piece in the fall issue by Katie J.M. Baker, about the failure of a well-known pickup artist to score in Denmark. As Baker explains, Daryush Valizadeh, known as Roosh, is the author of a series of priapic travel guides with names like Bang Ukraine and Bang Brazil. (In the latter, he instructs his acolytes that “poor favela chicks are very easy, but quality is a serious problem.”) In Scandinavia, however, poor Roosh found that things were not very easy at all, prompting him to produce an angry denunciation of that country’s women titled Don’t Bang Denmark. Danish women, Roosh lamented, exhibit a maddening lack of desperation, “because the government will take care of her and her cats, whether she is successful at dating or not.”
Baker—until recently a staff writer at the women’s website Jezebel, part of the Gawker network—analyzed Roosh’s predicament in light of Nancy Holmstrom’s 1984 essay “A Marxist Theory of Women’s Nature,” discussing the way material conditions create the vulnerabilities that pickup artists exploit. When the sort of smart, au courant young women who work at Jezebel start casually dropping references to Marxist philosophers, something has shifted in the intellectual environment.
Meanwhile n+1, the journal Kunkel cofounded in 2004, has morphed from a hipster downtown cultural-literary publication feted by The New York Times Magazine to a far more explicitly political one. In the most recent issue, there’s a long essay by Dayna Tortorici arguing for the renewed relevance of the 1970s feminist “Wages for Housework” campaign: “Young people in the West who have spent their formative years in the workforce as freelancers, part-timers, adjuncts, unwaged workers, and interns are beginning to feel … that they’re not compensated for the work that they do. … Under these circumstances, the longstanding critique of the exploitation of mothers, wives, grandmothers is felt with new force, among a much younger and much wider population of women and men, with children and without.”
Naturally, some of those who lived through the first iteration of these arguments—and the subsequent cultural disillusionment with left-wing radicalism—will find all this irritating, if not infuriating. There are, after all, good reasons that Marxist political economy fell out of fashion. And it’s true some of the leftmost communist revivalists are disturbingly blithe about the past; at times one senses a self-satisfied avant-garde delight in making outrageous pronouncements. In The Communist Horizon, part of Verso’s Pocket Communism series, the newly fashionable academic Jodi Dean, a professor of Political Science at Hobart and William Smith Colleges, airily dismisses the “circumscribed imaginary” in which “communism as Stalinism is linked to authoritarianism, prison camps, and the inadmissibility of criticism,” as if such links are a neoliberal fabrication.
In general, though, the young critics who are engaging with Marx are not so glib. Dissent excoriated The Communist Horizon, and before it was even published, Jacobin took on Dean’s talk of the same name. Sunkara addressed Dean’s contemptuous description of liberals: "[S]he suggests we single out those who 'think any evocation of communism should come with qualifications, apologies, condemnations of past excess.'... [W]hat she presents as a good way to identify liberals, is actually a good test of sanity. Here's a general rule: make no argument in New York that you wouldn’t make in Warsaw."
These are not, then, apologists for authoritarianism. Rather, they insist that the terrible regimes of the 20th century do not obviate Marx’s essential insights, and that, with the U.S.S.R. gone, it should be possible to apply those insights without a lot of anti-Stalinist throat-clearing.
After all, if the Soviet example casts a pall on Marxism, it’s hardly an advertisement for unbridled capitalism, either. n+1 cofounder Keith Gessen left the Soviet Union as a child, and it was returning there in 1995 at age 20 that pushed him leftward. “I very much went over there as a kind of young liberal who believed that Russia was transitioning, with a lot of problems, to a liberal capitalist state and that was the right way for it to go,” he says. “What I saw there was that property relations were actually based on violence, that the so-called energies of the Russian people that were being liberated after communism were energies to cheat one another and lie to one another and kill one another.”
Back then, one could at least look to the United States to see capitalism triumphant. That, clearly, is no longer the case. After the financial crisis, “you didn’t need to be Karl Marx to see that people were getting kicked out of their homes,” says Gessen. And privileged young people—particularly the kind of who are inclined to read and write essays about political theory—haven’t just been spectators to immiseration. Graduating with student debt loads that make them feel like indentured servants, they’ve had a far harder time than their predecessors finding decent jobs in academia, publishing, or even that old standby law and are thus denied the bourgeois emollients that have helped past generations of college radicals reconcile themselves to the status quo.
If there were a Republican president, they might see hope in electing a Democrat. But Barack Obama already won, and it didn’t help. “If you win something and you are disappointed with the results, in a way that’s more politicizing than just losing and losing and losing over again,” says Sunkara.
So, they’re hungry for a theory that offers a thoroughgoing critique of the system, not just a way to ameliorate its excesses. “[F]or at least a generation now, not only the broad public but many radical themselves have felt uncertain that the left possessed a basic analysis of contemporary capitalism, let alone a program for its replacement,” Kunkel writes in the introduction to Utopia or Bust. Reaching back into the canon, he and others have found, at least, the former.
As for the latter? In the absence of a clear programmatic goal, never mind a party or organization, the new Marxism has a certain weightlessness. No one seems to have even a wisp of an answer to the perennial question: What is to be done? That very openness, though, gives new energy to the work of young thinkers and writers who feel themselves on yet another hinge of history. For intellectuals, this has always been a consolation of crisis: It frees one from the sort of existential lassitude Kunkel described in Indecision, making ideas feel urgent and important.
Kunkel himself is trying to formulate a vision of what might come next in a book he plans to publish after Utopia or Bust. “It’s meant to be a sketch—not a blueprint—of a post-capitalist future,” he told me by Skype from his apartment in Buenos Aires. “What it tries to do is to describe capitalism as something that, as it grew, added one feature after another. And therefore it’s easier to imagine disassembling. If we can picture how it was put together, it’s easier for us to imagine how it might be taken apart.”
This is a significantly more ambitious goal than that of writing another well-received novel. It might seem grandiose, but it also suggests a cultural optimism that’s otherwise in short supply these days. “It was easy to feel in the nineties that everyone knew what was going to happen,” says Kunkel. “Many people thought it already has happened, and now we just wait for McDonalds franchises and liberalized capital markets to spread across the globe.” Now, looking at the Marxist resurgence among young people, he says, “It’s very exciting to me. In a strange way, it also makes me want to live a long time, knock on wood, because I’d like to see what’s going to happen.”
De um modo estranho, no entanto, Kunkel não fugiu inteiramente do negócio. O seu novo livro surge num momento em que há um interesse renovado em Marx entre jovens autores, ativistas e estudiosos, que têm começado a identificar o capitalismo, frente à crise financeira, como um problema, e não mais como algo inevitável.
Seria simplista demais dizer que o marxismo voltou, porque ele de facto nunca foi embora. Nos Estados Unidos depois da queda do Muro de Berlim, entretanto, estava restrita ao departamento de inglês da universidade, tornando-se objeto de crítica ácida. Entretanto veio a crise económica, o movimento Occupy Wall Street, e o desastre ainda em curso da austeridade na Europa. Na época do Occupy, principalmente, muita gente de todo tipo de esquerda, trabalhando em publicações grandes ou literárias, meio que se encontraram, começaram a conversar, e descobriram quem estava interessado em política de classe”, diz Sarah Leonard, a editora de 25 anos da Dissident o jornal social-democrata fundado quase 60 anos atrás por Irving Howe. “Nós essencialmente achamos uma política antiga que faz sentido hoje”, acrescenta ela.
Nos EUA, é claro, o marxismo mantém se como uma corrente intelectual, muito mais do que movimento de massas. É claro, os millenials [outra forma de se referir à chamada Geração Y] são notoriamente progressistas; uma pesquisa muito debatida de 2011 descobriu que 49% das pessoas com idade entre 18 e 29 anos têm uma visão positiva sobre o socialismo, enquanto apenas 46% têm visão positiva sobre capitalismo. É difícil dizer o que isso significa exatamente – não se pode dizer que os jovens estão fazendo com que “O Capital”, uma das principais obras de Marx, entre rapidamente na lista dos mais vendidos ou estejam construindo células comunistas. Ainda assim, faz décadas que tantos pensadores jovens não se envolviam tanto em imaginar uma ordem social que não seja governada pelos imperativos do mercado.
Os motivos para isso são bastante óbvios. “Agora está tudo desmoronando”, diz Doug Henwood, editor da revista de esquerda Left Business Observer e mentor de diversos novos pensadores marxistas. “Nem mesmo o mais ardoroso defensor pode dizer que as coisas estão indo bem. As premissas básicas da vida dos americanos, sobre mobilidade social e todo esse tipo de coisa, parece tudo uma grande piada de mau gosto agora”, afirmou ele.
Enquanto isso, o fim da Guerra Fria libertou as pessoas – especialmente os que são novos demais para lembrar – para que elas pudessem revisitar as ideias marxistas sem o medo de elas justificarem a existência de regimes repressivos. A União Soviética sempre pairou sobre a vida intelectual dos EUA no século 20, especialmente aqueles setores dominados pelos formados da Universidade Judaica Municipal, como Howe e o seu contraponto intelectual Irving Kristol. Havia aqueles que condenavam, mas se apegavam aos ideais socialistas – posição emblemática da revista Dissent –, e havia aqueles, como Kristol, que viam tais valores como sendo intrinsecamente ligados a um regime tirânico, e se tornavam neoconservadores. Agora que o comunismo é uma força marginal no mundo, essas discussões parecem muito distantes. “Imagino que não tenhamos na nossa cabeça 1989”, diz Leonard. “A nossa crise é de uma natureza diferente. É uma crise capitalista, e temos um arsenal de ferramentas de análise muito útil”.
***
Para servir ao novo pensamento de esquerda, a editora norte-americana radical Verso – que também vai co-publicar o novo livro de Kunkel – começou recentemente a fazer uma série chamada Pocket Communism (Comunismo de Bolso). Pequena e elegante, a coleção foi criada tendo em mente a capacidade de atenção da Geração Y. Entre os livros estão “A hipótese comunista” de Alain Badiou e “A atualidade do comunismo”, de Bruno Bosteel. Eles são vendidos fora das lojas tradicionais – em galerias de arte, por exemplo. Mesmo quando esses neocomunistas não são marxistas ortodoxos – Badiou é meio maoísta – Marx ainda tem um peso muito grande em suas obras. “As pessoas não têm mais medo de voltar aos textos e usar palavras que eram tabu”, diz Sebastian Budgen, editor sénior da Verso. “Há um efeito emancipador em não mais se precisar se justificar para usar Marx.”
Em nenhum lugar isso é mais verdade que na Jacobin, a revista norte-americana socialista fundada por Bhaskar Sunkara, de 24 anos, que vai publicar “Utopia or Bust” com a Verso. Um empreendedor marxista, Sunkara ainda não se tinha formado quando usou o dinheiro do seu empréstimo estudantil para publicar o primeiro número da Jacobin, em 2011. Hoje ele tem cerca de cinco mil assinantes, um número pequeno em perspetiva, mas impressionante para um jornal de esquerda, comparável ao alcance da Dissent. Os seus leitores são desproporcionalmente jovens, de acordo com Sunkara, e em geral novatos no que diz respeito a publicações de esquerda. “Acho que boa parte dos leitores não escolhe a Jacobin ao invés da Dissent ou da Monthly Review”, afirma. “Eles são mais para liberais desiludidos ou jovens que não são politizados”.
De sua parte, a Dissent, editada por Michael Kazin, foi revigorada por pessoal novo, como Leonard. Até recentemente era conhecida pelo seu conflito com a irresponsabilidade de outros radicais. Em 2002, por exemplo, seu antigo co-editor, Michael Walzer, criticou as respostas dos progressistas ao 11 de setembro, em um artigo intitulado “Pode haver uma esquerda decente?”. Lamentando a tendência de intelectuais de esquerda de “viver nos EUA como estrangeiros internos, recusando-se a se identificar com os seus cidadãos, considerando qualquer traço de patriotismo como politicamente incorreto”, ele parecia reviver uma velha briga entre a esquerda anticomunista e a contracultura na década de 1960.
These days, though, with the magazine’s four full-time staffers all in their twenties, it feels far livelier and more contemporary—at times, it’s even cheeky. Consider, for example, “Cockblocked by Redistribution,” a piece in the fall issue by Katie J.M. Baker, about the failure of a well-known pickup artist to score in Denmark. As Baker explains, Daryush Valizadeh, known as Roosh, is the author of a series of priapic travel guides with names like Bang Ukraine and Bang Brazil. (In the latter, he instructs his acolytes that “poor favela chicks are very easy, but quality is a serious problem.”) In Scandinavia, however, poor Roosh found that things were not very easy at all, prompting him to produce an angry denunciation of that country’s women titled Don’t Bang Denmark. Danish women, Roosh lamented, exhibit a maddening lack of desperation, “because the government will take care of her and her cats, whether she is successful at dating or not.”
Baker—until recently a staff writer at the women’s website Jezebel, part of the Gawker network—analyzed Roosh’s predicament in light of Nancy Holmstrom’s 1984 essay “A Marxist Theory of Women’s Nature,” discussing the way material conditions create the vulnerabilities that pickup artists exploit. When the sort of smart, au courant young women who work at Jezebel start casually dropping references to Marxist philosophers, something has shifted in the intellectual environment.
Meanwhile n+1, the journal Kunkel cofounded in 2004, has morphed from a hipster downtown cultural-literary publication feted by The New York Times Magazine to a far more explicitly political one. In the most recent issue, there’s a long essay by Dayna Tortorici arguing for the renewed relevance of the 1970s feminist “Wages for Housework” campaign: “Young people in the West who have spent their formative years in the workforce as freelancers, part-timers, adjuncts, unwaged workers, and interns are beginning to feel … that they’re not compensated for the work that they do. … Under these circumstances, the longstanding critique of the exploitation of mothers, wives, grandmothers is felt with new force, among a much younger and much wider population of women and men, with children and without.”
Naturally, some of those who lived through the first iteration of these arguments—and the subsequent cultural disillusionment with left-wing radicalism—will find all this irritating, if not infuriating. There are, after all, good reasons that Marxist political economy fell out of fashion. And it’s true some of the leftmost communist revivalists are disturbingly blithe about the past; at times one senses a self-satisfied avant-garde delight in making outrageous pronouncements. In The Communist Horizon, part of Verso’s Pocket Communism series, the newly fashionable academic Jodi Dean, a professor of Political Science at Hobart and William Smith Colleges, airily dismisses the “circumscribed imaginary” in which “communism as Stalinism is linked to authoritarianism, prison camps, and the inadmissibility of criticism,” as if such links are a neoliberal fabrication.
In general, though, the young critics who are engaging with Marx are not so glib. Dissent excoriated The Communist Horizon, and before it was even published, Jacobin took on Dean’s talk of the same name. Sunkara addressed Dean’s contemptuous description of liberals: "[S]he suggests we single out those who 'think any evocation of communism should come with qualifications, apologies, condemnations of past excess.'... [W]hat she presents as a good way to identify liberals, is actually a good test of sanity. Here's a general rule: make no argument in New York that you wouldn’t make in Warsaw."
These are not, then, apologists for authoritarianism. Rather, they insist that the terrible regimes of the 20th century do not obviate Marx’s essential insights, and that, with the U.S.S.R. gone, it should be possible to apply those insights without a lot of anti-Stalinist throat-clearing.
After all, if the Soviet example casts a pall on Marxism, it’s hardly an advertisement for unbridled capitalism, either. n+1 cofounder Keith Gessen left the Soviet Union as a child, and it was returning there in 1995 at age 20 that pushed him leftward. “I very much went over there as a kind of young liberal who believed that Russia was transitioning, with a lot of problems, to a liberal capitalist state and that was the right way for it to go,” he says. “What I saw there was that property relations were actually based on violence, that the so-called energies of the Russian people that were being liberated after communism were energies to cheat one another and lie to one another and kill one another.”
Back then, one could at least look to the United States to see capitalism triumphant. That, clearly, is no longer the case. After the financial crisis, “you didn’t need to be Karl Marx to see that people were getting kicked out of their homes,” says Gessen. And privileged young people—particularly the kind of who are inclined to read and write essays about political theory—haven’t just been spectators to immiseration. Graduating with student debt loads that make them feel like indentured servants, they’ve had a far harder time than their predecessors finding decent jobs in academia, publishing, or even that old standby law and are thus denied the bourgeois emollients that have helped past generations of college radicals reconcile themselves to the status quo.
If there were a Republican president, they might see hope in electing a Democrat. But Barack Obama already won, and it didn’t help. “If you win something and you are disappointed with the results, in a way that’s more politicizing than just losing and losing and losing over again,” says Sunkara.
So, they’re hungry for a theory that offers a thoroughgoing critique of the system, not just a way to ameliorate its excesses. “[F]or at least a generation now, not only the broad public but many radical themselves have felt uncertain that the left possessed a basic analysis of contemporary capitalism, let alone a program for its replacement,” Kunkel writes in the introduction to Utopia or Bust. Reaching back into the canon, he and others have found, at least, the former.
As for the latter? In the absence of a clear programmatic goal, never mind a party or organization, the new Marxism has a certain weightlessness. No one seems to have even a wisp of an answer to the perennial question: What is to be done? That very openness, though, gives new energy to the work of young thinkers and writers who feel themselves on yet another hinge of history. For intellectuals, this has always been a consolation of crisis: It frees one from the sort of existential lassitude Kunkel described in Indecision, making ideas feel urgent and important.
Kunkel himself is trying to formulate a vision of what might come next in a book he plans to publish after Utopia or Bust. “It’s meant to be a sketch—not a blueprint—of a post-capitalist future,” he told me by Skype from his apartment in Buenos Aires. “What it tries to do is to describe capitalism as something that, as it grew, added one feature after another. And therefore it’s easier to imagine disassembling. If we can picture how it was put together, it’s easier for us to imagine how it might be taken apart.”
This is a significantly more ambitious goal than that of writing another well-received novel. It might seem grandiose, but it also suggests a cultural optimism that’s otherwise in short supply these days. “It was easy to feel in the nineties that everyone knew what was going to happen,” says Kunkel. “Many people thought it already has happened, and now we just wait for McDonalds franchises and liberalized capital markets to spread across the globe.” Now, looking at the Marxist resurgence among young people, he says, “It’s very exciting to me. In a strange way, it also makes me want to live a long time, knock on wood, because I’d like to see what’s going to happen.”
Michelle Goldberg é uma escritora colaboradora sênior do The Nation. Ela é autora, mais recentemente, de The Goddess Pose: The Audacious Life of Indra Devi, the Woman Who Helped Bring Yoga to the West. Seu feed do Twitter é @michelleinbklyn.
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