Catia Seabra
Julia Chaib
Victoria Azevedo
Folha de S.Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante ato de campanha - Carla Carniel-10.ago.22/Reuters |
A equipe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara uma ofensiva pelo voto útil e contra a abstenção, além de apostar na mobilização da militância nas ruas, para gerar uma onda decisiva na reta final da campanha presidencial.
Na próxima semana, a campanha de Lula exibirá na televisão, durante a propaganda eleitoral, uma mensagem sobre a importância do voto para evitar faltas no dia da eleição.
A orientação partiu do próprio Lula, na terça-feira (13), durante reunião virtual com cerca de 6.300 eleitores.
Por duas vezes, o petista falou da necessidade de os eleitores irem às urnas, chegando a citar a vitória do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump como uma consequência da alta abstenção daquela eleição.
"Temos um problema sério. Sempre tivemos no Brasil um percentual de eleitores que não votam. Tem gente que espera chegar o dia das eleições e logo cedinho, na véspera, pega o carro e vai para a praia, vai para o interior, e não quer votar. Importante que a gente talvez fizesse uma mensagem para essas pessoas", disse Lula, dirigindo-se ao prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), um dos coordenadores de comunicação da campanha.
"A pessoa que não vota, depois, perde a autoridade de cobrar de quem foi eleito", acrescentou o ex-presidente.
No encontro virtual, foi traçada como estratégia a formação de uma onda a partir desta segunda-feira (19), nos 13 dias que antecedem a eleição. O movimento, defendem, deverá ocupar redes e ruas.
Um dos organizadores do encontro, Edinho afirmou que sem a conexão de rede e rua é muito difícil vencer uma eleição.
O prefeito recomendou que os apoiadores de Lula conversem com eleitores descrentes com a política para reduzir a média histórica de abstenção no país.
"Temos 20% do eleitorado com que podemos conversar, podemos dialogar, podemos convencer a votar, além daqueles e daquelas que estão equivocados, que não entenderam o processo histórico que estamos vivendo, que não entenderam a importância da eleição do Lula", afirmou Edinho, no encerramento da reunião virtual.
Nos últimos dias, lideranças ligadas à campanha, e até o próprio ex-presidente, defenderam a participação do eleitor.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), diz que o partido fará ações para destacar a importância do voto.
"Tem uma quantidade da população que ainda está indefinida, tem uma probabilidade grande de abstenção no processo eleitoral, [de eleitores] que a gente tem que convencer a votar", diz Gleisi.
"Tem que ter uma ação mostrando a importância de as pessoas votarem. Temos falado sobre isso. A importância de o povo participar, porque quem não vota não pode se manifestar", afirma.
Segundo Jilmar Tatto, secretário nacional de comunicação do PT, a equipe de Lula irá preparar um esquenta na próxima semana, com um "diálogo atento" aos eleitores indecisos, que deverá ser intensificado na última semana da campanha.
Ele diz que há um esforço para que a eleição seja encerrada logo no primeiro turno e que há riscos de ela ser levada para a segunda rodada. "O segundo turno é a continuidade do esgarçamento do povo, o país vai continuar sangrando. E nós não podemos dar sobrevida a esse governo."
O ex-governador do Piauí Wellington Dias, que integra a coordenação da campanha, afirma que é preciso "ter muita paciência, argumentos firmes, com muito jeito e respeito" para dialogar com esses eleitores.
"A pesquisa indica que as chances de vencer no primeiro turno são reais. Porém, temos três desafios: o primeiro deles é dialogar com os eleitores de Ciro e Tebet de forma pedagógica, buscando atraí-los para resolver essa parada no primeiro turno", diz o deputado José Guimarães.
"O segundo [desafio] é priorizar os três estados. Eventualmente pode até ir para outro estado, mas as prioridades são Rio de Janeiro, São Paulo e Minas. Ampliar no Rio, e consolidar as vantagens em São Paulo e Minas. O terceiro desafio é colocar a militância na rua", continua.
Aliados defendem que Lula também faça mais acenos a setores do eleitorado considerados de centro.
Embora apostem no voto útil, a forma de atrair os eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) ao petista ainda gera divergências na campanha. Enquanto uma ala defende a realização de um movimento até mesmo no programa eleitoral, outra corrente afirma que esse eleitor migrará para Lula sem a necessidade de uma ação específica.
"Todo mundo tem direito a ter candidato. Vamos apostar principalmente [em] indecisos e [em reduzir] a abstenção", afirma Gleisi.
Apesar disso, como mostrou a Folha, integrantes do comitê eleitoral de Lula querem que haja uma ofensiva por esses votos por parte de outros atores. Uma das ideias é trabalhar com materiais que explorem o apoio de artistas simpáticos a Ciro, mas que votam em Lula para derrotar Bolsonaro.
Além disso, a mobilização de militantes também é vista como essencial para criar essa onda que pode levar a uma parte de eleitores indecisos ou de Ciro e Tebet a votar no petista.
A avaliação de aliados de Lula é que atos nas ruas foram importantes para eleger a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014.
Lula é apoiado por movimentos sociais e populares, pelas centrais sindicais e por dez partidos políticos: PT, PSB, PSOL, Rede, PV, PC do B, Solidariedade, Avante, Agir e Pros.
Um manual distribuído a militantes destaca 13 pontos para a reta final. Entre eles, estão medidas de combate a fake news e atração de indecisos.
"Usar as redes para mobilizar as ruas e vice-versa é o match perfeito para termos êxito nas eleições", propõe.
Para impulsionar o engajamento nas redes, a comunicação da campanha também lançou desafios diários, que são disparados em grupos de WhatsApp.
Entre elas, o incentivo para exibição de toalhas com o rosto do ex-presidente Lula em janelas e publicação dessas fotografias nas redes; o uso de filtros da campanha em fotografias e vídeos; e a divulgação de propostas de governo para contatos.
O petista lidera as pesquisas de intenção de voto. Levantamento do Datafolha de quinta-feira (15) mostrou Lula com 45% ante 33% de Bolsonaro, seu principal adversário na corrida eleitoral.
Um aliado de Lula reforça que a linha da campanha segue a mesma: é preciso tratar de temas "da vida do povo", como a fome, a carestia, a miséria e o desemprego.
E ressalta fala do ex-presidente em encontro recente de que é preciso tratar desses temas evocando a esperança e o amor.
"Precisamos colocar em cada mensagem nossa aquilo que toca mais profundamente na espécie humana, que é o coração. Por isso que falar de amor, de família, de esperança… Por isso que falar de futuro é tão importante nesses últimos dias que faltam para a gente concretizar as eleições", disse Lula.
A orientação partiu do próprio Lula, na terça-feira (13), durante reunião virtual com cerca de 6.300 eleitores.
Por duas vezes, o petista falou da necessidade de os eleitores irem às urnas, chegando a citar a vitória do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump como uma consequência da alta abstenção daquela eleição.
"Temos um problema sério. Sempre tivemos no Brasil um percentual de eleitores que não votam. Tem gente que espera chegar o dia das eleições e logo cedinho, na véspera, pega o carro e vai para a praia, vai para o interior, e não quer votar. Importante que a gente talvez fizesse uma mensagem para essas pessoas", disse Lula, dirigindo-se ao prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), um dos coordenadores de comunicação da campanha.
"A pessoa que não vota, depois, perde a autoridade de cobrar de quem foi eleito", acrescentou o ex-presidente.
No encontro virtual, foi traçada como estratégia a formação de uma onda a partir desta segunda-feira (19), nos 13 dias que antecedem a eleição. O movimento, defendem, deverá ocupar redes e ruas.
Um dos organizadores do encontro, Edinho afirmou que sem a conexão de rede e rua é muito difícil vencer uma eleição.
O prefeito recomendou que os apoiadores de Lula conversem com eleitores descrentes com a política para reduzir a média histórica de abstenção no país.
"Temos 20% do eleitorado com que podemos conversar, podemos dialogar, podemos convencer a votar, além daqueles e daquelas que estão equivocados, que não entenderam o processo histórico que estamos vivendo, que não entenderam a importância da eleição do Lula", afirmou Edinho, no encerramento da reunião virtual.
Nos últimos dias, lideranças ligadas à campanha, e até o próprio ex-presidente, defenderam a participação do eleitor.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), diz que o partido fará ações para destacar a importância do voto.
"Tem uma quantidade da população que ainda está indefinida, tem uma probabilidade grande de abstenção no processo eleitoral, [de eleitores] que a gente tem que convencer a votar", diz Gleisi.
"Tem que ter uma ação mostrando a importância de as pessoas votarem. Temos falado sobre isso. A importância de o povo participar, porque quem não vota não pode se manifestar", afirma.
Segundo Jilmar Tatto, secretário nacional de comunicação do PT, a equipe de Lula irá preparar um esquenta na próxima semana, com um "diálogo atento" aos eleitores indecisos, que deverá ser intensificado na última semana da campanha.
Ele diz que há um esforço para que a eleição seja encerrada logo no primeiro turno e que há riscos de ela ser levada para a segunda rodada. "O segundo turno é a continuidade do esgarçamento do povo, o país vai continuar sangrando. E nós não podemos dar sobrevida a esse governo."
O ex-governador do Piauí Wellington Dias, que integra a coordenação da campanha, afirma que é preciso "ter muita paciência, argumentos firmes, com muito jeito e respeito" para dialogar com esses eleitores.
"A pesquisa indica que as chances de vencer no primeiro turno são reais. Porém, temos três desafios: o primeiro deles é dialogar com os eleitores de Ciro e Tebet de forma pedagógica, buscando atraí-los para resolver essa parada no primeiro turno", diz o deputado José Guimarães.
"O segundo [desafio] é priorizar os três estados. Eventualmente pode até ir para outro estado, mas as prioridades são Rio de Janeiro, São Paulo e Minas. Ampliar no Rio, e consolidar as vantagens em São Paulo e Minas. O terceiro desafio é colocar a militância na rua", continua.
Aliados defendem que Lula também faça mais acenos a setores do eleitorado considerados de centro.
Embora apostem no voto útil, a forma de atrair os eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) ao petista ainda gera divergências na campanha. Enquanto uma ala defende a realização de um movimento até mesmo no programa eleitoral, outra corrente afirma que esse eleitor migrará para Lula sem a necessidade de uma ação específica.
"Todo mundo tem direito a ter candidato. Vamos apostar principalmente [em] indecisos e [em reduzir] a abstenção", afirma Gleisi.
Apesar disso, como mostrou a Folha, integrantes do comitê eleitoral de Lula querem que haja uma ofensiva por esses votos por parte de outros atores. Uma das ideias é trabalhar com materiais que explorem o apoio de artistas simpáticos a Ciro, mas que votam em Lula para derrotar Bolsonaro.
Além disso, a mobilização de militantes também é vista como essencial para criar essa onda que pode levar a uma parte de eleitores indecisos ou de Ciro e Tebet a votar no petista.
A avaliação de aliados de Lula é que atos nas ruas foram importantes para eleger a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014.
Lula é apoiado por movimentos sociais e populares, pelas centrais sindicais e por dez partidos políticos: PT, PSB, PSOL, Rede, PV, PC do B, Solidariedade, Avante, Agir e Pros.
Um manual distribuído a militantes destaca 13 pontos para a reta final. Entre eles, estão medidas de combate a fake news e atração de indecisos.
"Usar as redes para mobilizar as ruas e vice-versa é o match perfeito para termos êxito nas eleições", propõe.
Para impulsionar o engajamento nas redes, a comunicação da campanha também lançou desafios diários, que são disparados em grupos de WhatsApp.
Entre elas, o incentivo para exibição de toalhas com o rosto do ex-presidente Lula em janelas e publicação dessas fotografias nas redes; o uso de filtros da campanha em fotografias e vídeos; e a divulgação de propostas de governo para contatos.
O petista lidera as pesquisas de intenção de voto. Levantamento do Datafolha de quinta-feira (15) mostrou Lula com 45% ante 33% de Bolsonaro, seu principal adversário na corrida eleitoral.
Um aliado de Lula reforça que a linha da campanha segue a mesma: é preciso tratar de temas "da vida do povo", como a fome, a carestia, a miséria e o desemprego.
E ressalta fala do ex-presidente em encontro recente de que é preciso tratar desses temas evocando a esperança e o amor.
"Precisamos colocar em cada mensagem nossa aquilo que toca mais profundamente na espécie humana, que é o coração. Por isso que falar de amor, de família, de esperança… Por isso que falar de futuro é tão importante nesses últimos dias que faltam para a gente concretizar as eleições", disse Lula.
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