Folha de S.Paulo
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, durante cerimônia de posse no Itamaraty. Pedro Ladeira/Folhapress |
A nota 192 do Ministério das Relações Exteriores dá conta da viagem oficial do chanceler a Cabo Verde.
Que bom que ao menos aproveitará a escala (necessária para os aviões da FAB) para uma visita bilateral a um país africano. É um começo. O crescimento da cooperação com Cabo Verde no governo Lula foi enorme, com pelo menos duas visitas presidenciais e inúmeros encontros ministeriais.
Em uma das viagens, o presidente, foi convidado especial para uma reunião da Cedeao, o Mercosul (ou Unasul) da África Ocidental, de grande importância estratégica para o Brasil, em função do Atlântico Sul, que, desde os anos 1980, por iniciativa brasileira, foi declarado pela ONU uma Zona de Paz e Cooperação.
Foi, em parte, o reconhecimento dessa importância que levou o governo Dilma a autorizar o início de uma missão naval no país, tarefa que nossa Marinha abraçou com entusiasmo.
Curiosamente, porém as duas embaixadas que se cogita fechar (segundo notícias de jornal) - Libéria e Serra Leoa - estão nesta região: dois países afetados pelo ebola, que mereceriam interesse especial do Brasil, não só por solidariedade (não indiferença), mas em benefício próprio, em um mundo em que os problemas de saúde pública, como as pandemias, são parte inevitável da globalização.
Uma nota à margem, que não passará despercebida, entre outros, do movimento feminino, nestes tempos de misoginia e violência contra as mulheres. Coincidência ou não, a Libéria, uma das vítimas da tesoura, é o único país africano governado por uma mulher, uma estadista muito respeitada, escolhida por voto direto, que pacificou o país depois de anos de uma brutal guerra civil e comandou, com coragem e discernimento, a luta contra o ebola. (O Brasil ajudou ainda que de forma modesta).
Os dois países, juntamente com a nossa irmã da CPLP, Guiné Bissau, integraram o núcleo de países objeto de atenção da Comissão de Construção da Paz, para cuja criação o Brasil contribuiu decisivamente com ideias e apoio político e que foi brilhantemente presidida por nosso Embaixador junto às Nações Unidas.
O que se passa nesses países, nos domínios da Paz e da Segurança, mas também no da saúde, é de vital importância para a Guiné-Bissau, país de língua portuguesa, do qual nem o mais fervoroso mercantilismo ousaria nos afastar.
A presidenta Ellen Sirleaf visitou o Brasil, pouco depois de eleita. O mesmo fez o Presidente de Serra Leoa, cuja ministra do exterior era também uma mulher. Será que a questão de gênero tem algo a ver? Ou é simples falta de informação?
Que bom que ao menos aproveitará a escala (necessária para os aviões da FAB) para uma visita bilateral a um país africano. É um começo. O crescimento da cooperação com Cabo Verde no governo Lula foi enorme, com pelo menos duas visitas presidenciais e inúmeros encontros ministeriais.
Em uma das viagens, o presidente, foi convidado especial para uma reunião da Cedeao, o Mercosul (ou Unasul) da África Ocidental, de grande importância estratégica para o Brasil, em função do Atlântico Sul, que, desde os anos 1980, por iniciativa brasileira, foi declarado pela ONU uma Zona de Paz e Cooperação.
Foi, em parte, o reconhecimento dessa importância que levou o governo Dilma a autorizar o início de uma missão naval no país, tarefa que nossa Marinha abraçou com entusiasmo.
Curiosamente, porém as duas embaixadas que se cogita fechar (segundo notícias de jornal) - Libéria e Serra Leoa - estão nesta região: dois países afetados pelo ebola, que mereceriam interesse especial do Brasil, não só por solidariedade (não indiferença), mas em benefício próprio, em um mundo em que os problemas de saúde pública, como as pandemias, são parte inevitável da globalização.
Uma nota à margem, que não passará despercebida, entre outros, do movimento feminino, nestes tempos de misoginia e violência contra as mulheres. Coincidência ou não, a Libéria, uma das vítimas da tesoura, é o único país africano governado por uma mulher, uma estadista muito respeitada, escolhida por voto direto, que pacificou o país depois de anos de uma brutal guerra civil e comandou, com coragem e discernimento, a luta contra o ebola. (O Brasil ajudou ainda que de forma modesta).
Os dois países, juntamente com a nossa irmã da CPLP, Guiné Bissau, integraram o núcleo de países objeto de atenção da Comissão de Construção da Paz, para cuja criação o Brasil contribuiu decisivamente com ideias e apoio político e que foi brilhantemente presidida por nosso Embaixador junto às Nações Unidas.
O que se passa nesses países, nos domínios da Paz e da Segurança, mas também no da saúde, é de vital importância para a Guiné-Bissau, país de língua portuguesa, do qual nem o mais fervoroso mercantilismo ousaria nos afastar.
A presidenta Ellen Sirleaf visitou o Brasil, pouco depois de eleita. O mesmo fez o Presidente de Serra Leoa, cuja ministra do exterior era também uma mulher. Será que a questão de gênero tem algo a ver? Ou é simples falta de informação?
Sobre o autor
CELSO AMORIM, diplomata de carreira, foi ministro das Relações Exteriores (governos Itamar e Lula) e da Defesa (governo Dilma)
CELSO AMORIM, diplomata de carreira, foi ministro das Relações Exteriores (governos Itamar e Lula) e da Defesa (governo Dilma)
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