Corey Robin
De Adam Tooze, do livro The Wages of Destruction: The Making and Breaking of the Nazi Economy. |
Tradução / Alguns comentadores no meu blog afirmam que o gráfico acima nada nos diz sobre a relação entre nazistas e o capitalismo; que ele apenas nos diz que a economia melhorou sob o comando do nazismo. Assim como aconteceu com os Estados Unidos no governo de Franklin Delano Roosevelt. Então, talvez o gráfico mostre apenas as melhorias gerais da economia na década de 1930 enquanto um crescimento compartilhado pelo mundo industrializado?
Para a minha sorte, Suresh Naidu, uma excepcional economista em Columbia, me forneceu os seguintes gráficos.
O primeiro, retirado da obra de Thomas Piketty, O capital no século XXI, compara a parte da renda nacional destinada ao capital tanto nos Estados Unidos quanto na Alemanha entre 1929 e 1938. Suresh afirma que, a grosso modo, essa parte ajuda a entender a taxa de retorno que o capital possuía nessa época e nesses países.
Resumindo a história: o capital estava indo melhor na Alemanha nazista do que sob o governo Roosevelt. E isso não era decorrente do retorno do crescimento da performance econômica num país, mas sim graças às políticas econômicas do regime estabelecido. Ou ao menos é o que me diz Suresh (e geralmente acadêmicos deveriam reconhecer os méritos das contribuições de seus amigos e leitores, mas admitir todos os erros para si: nesse caso, estou colocando tudo na conta de Suresh).
De Thomas Ferguson e Hans-Joachim Voth, “Apostando em Hitler: O Valor das Conexões Políticas na Alemanha Nazista |
No Twitter, Justin Paulson me mostrou este fascinante artigo do Journal of Economic Perspectives. Ele se chama “The coining of ‘privatization’ and Germany’s National Socialist Party”. Aparentemente, o primeiro uso da palavra ‘privatização’ (ou ‘reprivatização’) em língua inglesa ocorreu na década de 1930, no contexto em que se buscava explicar a política econômica do Terceiro Reich. De fato, a palavra inglesa (privatization) era uma tradução do termo alemão “reprivatisierung”, que recém tinha sido cunhado durante o regime nazista.
Depois que mandei esse artigo para ele, Phil Mirowski também me mandou o artigo de Germà Bell, “Against the mainstream: Nazi privatization in the 1930s”, da revista Economic History Review. Esse artigo também tem considerações interessantes, como essa em seu resumo:
“Na metade da década de 1930, o regime nazista transferiu patrimônio público para o setor privado. Ao fazer isso, eles foram contra a corrente política dominante da época nos países capitalistas ocidentais, sendo que nenhum deles reprivatizou empresas durante a década de 1930”.
Sobre o autor
Corey Robin é o autor de The Reactionary Mind: Conservatism from Edmund Burke to Sarah Palin e um editor contribuinte em Jacobin.
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