Por Ed Kilgore, colunista político do Intelligencer desde 2015
New York Magazine
Votar não é uma coisa fácil se você é velho, doente e pobre. Foto: Emile Wamsteker/Bloomberg via Getty Images |
Tradução / Uma das realidades permanentes da nossa era política é uma grande divisão geracional ancorada, pela direita, por idosos desproporcionalmente conservadores e, pela esquerda, por millennials e pós-millenials desproporcionalmente progressistas. Isso geralmente é avaliado como um fenômeno perfeitamente normal, até inevitável: pessoas jovens são aventureiras, abertas a novas maneiras de pensamento e não investiram intensamente seu tempo no status quo, enquanto a terceira idade já testou pontos de vista, possui ativos que quer proteger e um crescente medo do desconhecido.
Existe alguma verdade nestes estereótipos, apesar de diferentes grupos de jovens no passado terem sido muito mais conservadores que os atuais, e, em termos culturais, pessoas mais velhas terem sido às vezes tão progressistas (ou até mais) que seus filhos e netos (por exemplo a famosa Grande Geração, que em sua maioria cresceu na Grande Depressão Norte-Americana, era persistentemente democrata politicamente).
Mas é importante notar que algumas separações geracionais em comportamento político são dirigidas pela demografia. É bem entendido que millennials são significantemente mais diversos que as gerações anteriores. Contudo, há outro fator direcionando a relativa homogeneidade dos mais antigos: pessoas mais pobres são muitas vezes acometidas por doenças crônicas e sucumbem em morte prematura. Um novo estudo acadêmico destacado pelo blog Washington Post's Monkey Cage explica:
Existe alguma verdade nestes estereótipos, apesar de diferentes grupos de jovens no passado terem sido muito mais conservadores que os atuais, e, em termos culturais, pessoas mais velhas terem sido às vezes tão progressistas (ou até mais) que seus filhos e netos (por exemplo a famosa Grande Geração, que em sua maioria cresceu na Grande Depressão Norte-Americana, era persistentemente democrata politicamente).
Mas é importante notar que algumas separações geracionais em comportamento político são dirigidas pela demografia. É bem entendido que millennials são significantemente mais diversos que as gerações anteriores. Contudo, há outro fator direcionando a relativa homogeneidade dos mais antigos: pessoas mais pobres são muitas vezes acometidas por doenças crônicas e sucumbem em morte prematura. Um novo estudo acadêmico destacado pelo blog Washington Post's Monkey Cage explica:
A participação política dos pobres é, em geral, mais baixa por causa da pobreza, má saúde e muitos outros fatores, mas milhões de americanos empobrecidos em todo o país também morrem prematuramente. Por exemplo, em 2015, uma pesquisa financiada pelos Instituto Nacional de Administração da Saúde e da Seguridade Social revelou que, desde 1990, no último quartel dos americanos com menor escolaridade, a expectativa de vida estagnou ou diminuiu. Isso ocorre para mais de 40 milhões de pessoas.
Adicione a esta tendência negativa o fato de que a mortalidade entre os mais pobres aumenta na meia idade – que é quando cidadãos geralmente se envolvem em política. O desaparecimento prematuro dos pobres, então, ocorre precisamente no momento em que deles seria esperado alcançar seu ‘pico participativo’ na sociedade. Mas eles não vivem o suficiente para alcançar este marco.
Como pessoas brancas sofrem proporcionalmente menos de pobreza que não-brancos, eles tendem a viver mais e em melhores condições de saúde, o que proporciona maior possibilidade de ativismo civil e político. O grupo racial demográfico mais tendente à esquerda, os negros norte-americanos, progrediu recentemente em reduzir esta lacuna entre as expectativas de vida com os brancos, contudo ainda está atrasado em duração de vida e saúde, como o estudo de 2017 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) mostra:
Para negros de 18 a 64 anos, os dados mostraram que eles estavam em maior risco de morte prematura que os brancos.
Essas descobertas são consistentes em sua generalidade com relatórios anteriores, que usam o termo ‘declive’, sugerindo que negros experienciam envelhecimento e declínio em condições de saúde prematuramente quando comparados a brancos, e que esse declínio se acumula durante toda a vida e, potencialmente, em gerações futuras. Isso acontece como uma consequência de complicadores psicossociais, econômicos e ambientais.” disse Leandris Liburd, diretor do Escritório de Equidade de Saúde de Minorias do CDC.
Como o autor do novo estudo discute na nota do Monkey Cage, disparidades de idade e expectativa de vida podem ser autoperpetuadoras.
Desigualdade nos Estados Unidos, em outras palavras, não é apenas o resultado de diferenças econômicas. Saúde também tem um potencial considerável em atrapalhar os mais pobres. Socioeconomia, longevidade e participação política se reforçam mutuamente, fazendo com que, para norte-americanos pobres, seja especialmente difícil ganhar influência política.
Então não é apenas uma questão de pessoas naturalmente crescendo e se tornando conservadoras no processo. É também uma questão de que as pessoas mais ricas – e mais conservadoras, sobrevivem em taxas maiores e por mais tempo.
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