Andre Singer
Reprodução. |
Luiz Inácio Lula da Silva, 73, foi condenado na quarta (6) a 12 anos e 11 meses de reclusão por acusações referentes ao sítio de Atibaia. Somada à pena de 12 anos e 1 mês no caso do apartamento no Guarujá, o ex-presidente ficaria inteiramente livre aos 96. Se não tiver outras condenações, passaria para o regime semiaberto em quatro anos e para o de liberdade provisória em oito.
Lula está sendo posto fora da condição de candidato para sempre. O mesmo não acontece, nem ocorrerá, enquanto as condições atuais permanecerem, em relação ao presidente da República, hoje o principal líder das hostes antilulistas. A assimetria de recursos torna manca a democracia brasileira.
De modo a evidenciar o desequilíbrio, adotemos, para efeito de raciocínio, a tese expressa pelo repórter Mario Cesar Carvalho nesta Folha.
Haveria provas abundantes de que as reformas no sítio foram bancadas “por uma espécie de consórcio informal” entre a Odebrecht e a OAS. Mas não existiria evidência de que a obra teria relação com os desvios de recursos na Petrobras.
Para o desembargador João Pedro Gebran Neto, do TRF-4, que revê as penas impostas a Lula, não precisa comprovar a relação entre atos específicos, pois o petista “seria o garantidor de um esquema maior, que tinha por finalidade incrementar de modo sub-reptício o financiamento de partidos”.
Agora vejamos o caso de Bolsonaro. Em janeiro, o Ministério Público do Rio de Janeiro deflagrou operação contra supostos chefes de milícias na zona oeste da capital fluminense.
Revelou-se que um dos alvos tinha a mãe e a mulher empregadas no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro, filho do presidente. Flávio, por sinal, homenageara duas vezes o acusado de liderar milicianos.
A assessoria de Flávio reconheceu que uma das familiares do ex-capitão fora indicada por Fabrício Queiroz. Este, por sua vez, é alvo de investigação devido a movimentação financeira atípica. Um dos pagamentos realizados por Queiroz, amigo de 30 anos do presidente e por este recomendado para o gabinete do filho, foi destinado à primeira-dama do Brasil.
Alguém acha que o ministro da Justiça, Sergio Moro, o homem que comandou a caçada a Lula, virá a público afirmar que não é preciso comprovar o vínculo entre o seu chefe e determinados episódios de violência no Rio, pois “ele seria o garantidor de um esquema maior”? Evidente que não.
Sobre Bolsonaro serão exigidas provas minuciosas de ligação entre o primeiro servidor do país e atos específicos, sem as quais acusações serão consideradas “meras acusações”. Dois pesos e duas medidas. Elas obrigam o campo popular a jogar com as mãos amarradas, enquanto o antipopular nada de braçada.
Agora vejamos o caso de Bolsonaro. Em janeiro, o Ministério Público do Rio de Janeiro deflagrou operação contra supostos chefes de milícias na zona oeste da capital fluminense.
Revelou-se que um dos alvos tinha a mãe e a mulher empregadas no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro, filho do presidente. Flávio, por sinal, homenageara duas vezes o acusado de liderar milicianos.
A assessoria de Flávio reconheceu que uma das familiares do ex-capitão fora indicada por Fabrício Queiroz. Este, por sua vez, é alvo de investigação devido a movimentação financeira atípica. Um dos pagamentos realizados por Queiroz, amigo de 30 anos do presidente e por este recomendado para o gabinete do filho, foi destinado à primeira-dama do Brasil.
Alguém acha que o ministro da Justiça, Sergio Moro, o homem que comandou a caçada a Lula, virá a público afirmar que não é preciso comprovar o vínculo entre o seu chefe e determinados episódios de violência no Rio, pois “ele seria o garantidor de um esquema maior”? Evidente que não.
Sobre Bolsonaro serão exigidas provas minuciosas de ligação entre o primeiro servidor do país e atos específicos, sem as quais acusações serão consideradas “meras acusações”. Dois pesos e duas medidas. Elas obrigam o campo popular a jogar com as mãos amarradas, enquanto o antipopular nada de braçada.
Sobre o autor
Professor de ciência política da USP, ex-secretário de Imprensa da Presidência (2003-2007). É autor de “O Lulismo em Crise”.
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