3 de março de 2016

Fim dos tempos para o Califado?

A guerra na Síria e no Iraque produziu dois novos estados de fato nos últimos cinco anos e permitiu que um terceiro quase-estado expandisse muito seu território e poder.

Patrick Cockburn


Vol. 38 No. 5 · 3 March 2016

Tradução / Os dois novos Estados, ainda que não reconhecidos internacionalmente, são mais fortes militar e politicamente do que a maioria dos membros da ONU. Um deles é o Estado Islâmico (EI), que estabeleceu o seu Califado no leste da Síria e no oeste do Iraque no verão de 2014 após capturar Mossul e derrotar o exército iraquiano. O segundo é Rojava, designação dada pelos curdos sírios à zona que controlam desde que o exército sírio se retirou em 2012, e que agora, graças a uma série de vitórias sobre o EI, se estende pelo norte da Síria entre o Tigre e o Eufrates. No Iraque, o Governo Regional do Curdistão (GRK), já muito autônomo, aproveitou a destruição, por parte do EI, da autoridade de Bagdad no norte do Iraque para expandir o seu território em 40 por cento, assumindo o controle de áreas há muito disputadas com Bagdá, incluindo os campos petrolíferos de Kirkuk e alguns distritos mistos curdo-árabes.

A pergunta é se estas mudanças radicais na geografia política do Médio Oriente persistirão - ou até que ponto persistirão - quando o atual conflito terminar. É provável que o Estado Islâmico acabe por ser destruído, tal é a pressão dos seus desunidos mas numerosos inimigos, ainda que os seus militantes continuem a ser uma força no Iraque, Síria e no resto do mundo islâmico. Os curdos encontram-se numa posição mais forte, beneficiando do apoio dos Estados Unidos, mas esse apoio só existe porque os curdos proporcionam cerca de 120.000 tropas terrestres, que, em cooperação com as forças aéreas da coligação liderada pelos Estados Unidos, demonstraram ser uma forma eficaz e politicamente aceitável de luta contra o EI. Os curdos temem que este apoio desapareça se e quando o EI for derrotado e receiam ficar à mercê dos governos centraisressurgidos no Iraque e na Síria, bem como da Turquia e Arábia Saudita. "Não queremos que nos utilizem como carne de canhão para tomar Raqqa", disse-me um líder curdo sírio em Rojava no ano passado. Ouvi o mesmo este mês a cerca de 805 quilómetros a este, no território do GRK, perto de Halabja na fronteira iraniana, de Muhammad Haji Mahmud, um comandante Peshmerga veterano e secretário geral do Partido Socialista, que liderou um milhar de combatentes na defesa de Kirkuk contra o EI em 2014. O seu filho Atta morreu na batalha. Preocupa-lhe que "uma vez que Mossul seja libertado e o EI derrotado, os curdos não tenham o mesmo valor a nível internacional". Sem este apoio, o GRK seria incapaz de manter-se nos territórios em disputa.

A expansão dos estados curdos não agrada nenhum dos países da região, ainda que alguns - incluindo os governos deBagdad e Damasco – considerem que este desenvolvimento os favorece temporariamente e, em todo caso, são demasiadodébeis para se oporem. No entanto, a Turquia ficou profundamente horrorizada ao descobrir que a revolta síria de 2011, que esperava que marcasse o início de uma era de grande influência turca em todo o Médio Oriente, produziu, em seu lugar, um estado curdo que controla metade do lado sírio da fronteira turca a sul (de 885 quilómetros). Pior ainda, o partido no poder em Rojava é o Partido da União Democrática (PYD), que é em tudo menos na designação, o ramo sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), contra o qual Ancara tem vindo a travar uma guerra de guerrilha desde 1984. O PYD nega a relação, mas em todos os escritórios do PYD há uma foto na parede do líder do PKK, Abdullah Ocalan, que está numa prisão turca desde 1999. No decurso do ano que se seguiu à derrota do EI no cerco da cidade sírio-curda de Kobani, Rojava expandiu-se territorialmente em todas as direções, com os seus líderes a ignorar constantemente as ameaças da Turquia deuma intervenção militar. Em junho passado, as Unidades de Proteção Popular (YPG) sírio-curdas tomaram Tal Abyad, um importante ponto de passagem na fronteira com a Turquia a norte de Raqqa, permitindo que o PYD unisse dois dos seus três enclaves principais, próximo das cidades de Kobani e Qamishli; agora está a tentar unir o terceiro enclave, mais a oeste, em Afrin. Estes avanços rápidos apenas são possíveis porque as forças curdas estão a operar sob a proteção aérea liderada pelos Estados Unidos, que multiplica massivamente o seu poder de fogo. Eu estava a este de Tal Abyad pouco antes do ataque final das YPG e os aviões da coligação passavam continuamente por cima. Tanto na Síria como no Iraque, os curdos identificam os alvos, chamam os ataques aéreos e depois atuam como uma 'força de limpeza'. Onde o EI resiste e combate, sofre muitas baixas. No cerco de Kobani, que durou quatro meses e meio, 2.200 combatentes do EI pereceram, a sua maioria pelos ataques aéreos dos Estados Unidos.

Ancara advertiu várias vezes que se os curdos se moverem para oeste na direção de Afrin, o exército turco intervirá. Em concreto, estipulou que as YPG não devem cruzar o Eufrates: esta é uma "linha vermelha" para a Turquia. Mas quando em dezembro as YPG enviaram as suas milícias árabes, as Forças Democráticas da Síria (SDF), através do Eufrates pela barragem de Tishrin, os turcos não fizeram nada - em parte porque o avanço foi apoiado em diferentes fases por ataques aéreos norte americanos e russos contra alvos do EI. As objeções turcas tornaram-se cada vez mais descontroladas desde o início do ano, na medida em que as YPG e o exército sírio, ainda que a sua colaboração ativa não tenha sido comprovada, puseram em marcha o equivalente a um movimento de pinçai contra as linhas de abastecimento mais importantes do EI e da oposição síria, que passam por um estreito corredor entre a fronteira turca e Aleppo, outrora a maior cidade síria. A 2 de fevereiro, o exército sírio, apoiado por ataques aéreos russos, cortou o principal caminho para Aleppo e uma semana mais tarde o SDF conquistou a base aérea de Menagh da célula da Al-Qaeda na Síria, a Frente al-Nusra, que a Turquia tem vindo a ser acusada de apoiar de forma encoberta no passado. A 14 de fevereiro, a artilharia turca começou a disparar projeteiscontra as forças que tinham capturado a base e a exigir a sua retirada. A complexa combinação de milícias, exércitos e grupos étnicos que lutam pelo controlo desta pequena mas vital área a norte de Aleppo faz com que os combates sejam confusos,mesmo para os padrões sírios. Mas se a oposição não tiver qualquer comunicação com a Turquia por algum tempo ficaráseriamente, se não fatalmente, debilitada. Os estados sunitas - concretamente a Turquia, Arábia Saudita e Qatar – fracassarão na sua longa campanha para derrotar Bashar al-Assad. A Turquia enfrentará a perspetiva de um pequeno Estado hostilcontrolado pelo PKK ao longo do seu flanco sul, o que torna mais difícil sufocar a insurreição de nível reduzido mas de longa duração dirigida pelo PKK entre a minoria curda de 17 milhões existente no país.

Diz-se que Erdogan queria que a Turquia interviesse militarmente na Síria desde maio do ano passado, mas até agora foi travado pelos comandantes do exército. Eles argumentam que a Turquia estaria a entrar numa guerra muito complicada, na qual se oporia aos EUA, Rússia, Irão, ao exército sírio, ao PYD e EI, enquanto os seus únicos aliados seriam a Arábia Saudita e algumas das monarquias do Golfo. A participação na guerra da Síria seria, sem dúvida, um grande risco para a Turquia, que, apesar de todas as suas estrondosas denúncias do PYD e das YPG como "terroristas", se limitou em grande parte a pequenos atos de retaliação vingativa. Ao turco Ersin Umut Güler, um ator e diretor curdo em Istambul, foi negada autorização para levarpara casa o corpo do seu irmão Aziz para ser enterrado, que tinha morrido a lutar contra o EI na Síria. Antes de pisar uma mina terrestre, Aziz tinha estado com as YPG, mas era um cidadão turco e pertencia a um partido radical socialista turco - nãoao PKK. 'É como Antígona,' diz Ersin. O seu pai viajou para a Síria e nega-se a regressar sem o corpo, mas as autoridades turcas não cedem.

A resposta da Turquia à ascensão de Rojava é beligerante no tom, mas ambivalente na prática. Num dia, um ministro ameaça com uma invasão terrestre em grande escala e, no seguinte, outro responsável descarta essa hipótese ou condiciona-a à participação dos Estados Unidos, o que é pouco provável. A Turquia culpou as YPG pelo ataque com um carro bomba em Ancara que matou 28 pessoas a 17 de fevereiro, o que poderia aumentar as hipóteses de intervenção, mas, nos últimos tempos, as ações turcas foram incoerentes e contraproducentes. Quando, a 24 de novembro, um F-16 turco derrubou umbombardeiro russo, no que parece ter sido um ataque cuidadosamente planeado, o resultado previsível foi o envio, por parte da Rússia, de aviões de combate sofisticados e de sistemas de mísseis anti aéreos para garantir a sua supremacia aérea sobre o norte da Síria. Isto significa que se a Turquia lançasse uma invasão por terra, teria de fazê-lo sem cobertura aérea eas suas tropas ver-se-iam expostas aos bombardeamentos dos aviões russos e sírios. Muitos líderes políticos curdos argumentam que uma invasão militar turca é pouco provável: Fuad Hussein, chefe de gabinete do presidente do GRK, disse-me em Erbil no mês passado que "se a Turquia fosse intervir, tê-lo-ia feito antes de derrubar o bombardeiro russo” - ainda que isto pressuponha, certamente, que a Turquia sabe atuar em defesa dos seus próprios interesses. Ele argumenta que o conflitoserá decidido por dois fatores: quem está a ganhar no campo de batalha e a cooperação entre os EUA e a Rússia. "Para solucionar a crise”, referiu, “terá de ser através de um acordo entre as super potências” - e, pelo menos no Médio Oriente, aRússia recuperou o status de super potência. A nova aliança flexível entre os EUA e a Rússia, ainda que interrompida porepisódios de rivalidade ao estilo da Guerra Fria, resultou num acordo em Munique a 12 de fevereiro no sentido de fazer chegar ajuda a povos e cidades sitiados da Síria e de um 'cessar de hostilidades' seguido por um cessar fogo mais formal. Será difícilalcançar uma inversão da escalada da crise, mas o facto de os EUA e a Rússia copresidirem ao grupo de trabalho que supervisiona este processo mostra até que ponto estão a substituir os poderes locais e regionais enquanto entidadesdecisoras na Síria.

Eles são, no final de contas, apenas Estados pequenos - o GRK tem uma população decerca de seis milhões e Rojava de 2,2 milhões - rodeados por outros Estados bem maiores. Eas suas economias mal sobrevivem. Rojava está bem organizada, mas bloqueada por todos os lados e não pode vender muito doseu petróleo. Setenta por cento dos edifícios em Kobani foram destruídos pelos bombardeamentos dos Estados Unidos. Apopulação fugiu de cidades como Hasakah que estão perto da linha da frente. Os problemas económicos do GRK são graves e provavelmente irresolutos a não ser que se registe um aumento inesperado do preço do petróleo. Há três anos, anunciava-se a si mesmo como 'o novo Dubai', um entreposto comercial e Estado petrolífero com rendimentos suficientes para ser independente de Bagdad. Quando o boom do petróleo atingiu o seu pico em 2013, os recém construídos hotéis de luxo em Erbil estavam cheios de delegações internacionais de comércio e homens de negócios. Hoje em dia, os hotéis e centros comerciais estão vazios e o Curdistão iraquiano está cheio de hotéis e edifícios de apartamentos que ficaram por construir. O fim do boom do GRK foi um golpe devastador para a população, sendo que muitas pessoas estão a tentar emigrar para a Europa Ocidental. Há orações frequentes nas mesquitas para recordar os que se afogaram no Egeu durante a travessia desdea Turquia até às ilhas gregas. Os rendimentos petrolíferos do Estado situam-se agora em cerca de 400 milhões de dólares ao mês; mas a despesa é de 1,1 mil milhões de dólares, pelo que parte dos 740.000 funcionários públicos não recebem o seu salário. Em desespero, o governo apropriou-se do dinheiro dos bancos. "A minha mãe foi ao seu banco, onde pensava que tinha 20.000 dólares”, contou-me Nazdar Ibrahim, uma economista da Universidade de Salahaddin em Erbil. "Disseram-lhe:'Não temos o dinheiro porque o governo requisitou-o'. Ninguém está a colocar o dinheiro no banco, o que está a destruir o sistema bancário”.

O GRK anunciou-se como um 'Iraque diferente' e, em alguns aspectos, é-o: é bem mais seguro para viver do que Bagdad ouBassorá. Apesar de Mossul não estar muito longe, registaram-se poucos ataques com bombas ou sequestros no Curdistãoiraquiano em comparação com o resto do país. Mas o GRK é um Estado petrolífero que depende totalmente dos rendimentos do petróleo. A região não produz quase mais nada: inclusive as verduras nos mercados são importadas da Turquia e Irão e os preços são altos. Nazdar Ibrahim disse que a roupa que poderia comprar na Turquia por 10 dólares custa três vezes mais aqui; ela assinalou que viver no Curdistão iraquiano é tão caro como viver na Noruega ou na Suíça. O presidente do GRK, Massoud Barzani, anunciou que vai celebrar um referendo sobre a independência curda, mas esta não é uma opção atraente num momento de ruína económica geral. Asos Hardi, editor de um jornal em Sulaymaniyah, diz que os protestos estão a estender-se e que, em todo caso, “inclusive no meio do boom, se podia notar a ira popular pelo clientelismo e a corrupção". OEstado curdo iraquiano - longe de se tornar mais independente - vê-se obrigado a olhar para os poderes externos, incluindopara Bagdad, para evitar um colapso económico maior.

Estão a ocorrer situações semelhantes noutras partes da região: as pessoas que conseguiram escapar de Mossul dizem que oCalifado está a ceder perante a pressão militar e económica. Os seus inimigos tomaram Sinjar, Ramadi e Tikrit no Iraque e as Unidades de Proteção Popular (YPG) e o exército sírio estão a avançar de novo na Síria e estão a aproximar-se de Raqqa. As forças terrestres que estão a atacar o EI – as YPG, o exército sírio, as forças armadas iraquianas e os Peshmerga - têmcontingentes reduzidos (na luta por Ramadi, a força de assalto militar iraquiana contava apenas com 500 homens), mas podem solicitar ataques aéreos devastadores a qualquer posição do EI. Desde que foi derrotado em Kobani, o EI evitou batalhas frontais e não lutou até o último homem para defender nenhuma das suas cidades, ainda que tenha considerado fazê-lo em Raqqa e Mossul. O Pentágono, o governo iraquiano e os curdos exageram o alcance das suas vitórias sobre o EI, mas este sofreu grandes perdas e está isolado do mundo exterior com a perda da sua última ligação com a Turquia. A infraestrutura administrativa e económica do Califado começa a ceder mediante a pressão dos bombardeamentos e o bloqueio. Esta é a impressão que transmitem as pessoas que abandonaram Mossul no início de fevereiro e se refugiaram em Rojava.

A sua viagem não foi fácil, já que o EI proíbe a população de sair do Califado – não quer um êxodo em massa. Os que escaparam informam que o EI se está a tornar mais violento na imposição de fatwas e regulamentos religiosos. Ahmad, um comerciante de 35 anos de idade, de al-Zuhour, em Mossul, onde é proprietário de uma pequena loja, informa que, “se alguém é acusado de se ter barbeado, são-lhe dadas trinta chicotadas, quando no ano passado tê-lo-iam simplesmente preso durante umas horas”. O tratamento das mulheres em particular piorou: “O EI faz questão que as mulheres usem véu, meias,luvas e roupa larga e, se não o fizerem, o homem que as acompanha será chicoteado”. Ahmad disse também que as condições de vida se deterioraram drasticamente e as ações dos membros do EI se tornaram mais arbitrárias: "Levaramalimentos sem pagar e confiscaram grande parte do meu stock com o pretexto de apoiar os milicianos do Estado islâmico. Tudo é caro e as lojas estão meio vazias. Os mercados estavam cheios de gente há num ano, o que não aconteceu nos últimos dez meses, porque muitas pessoas fugiram e as que ficaram estão no desemprego". Não existe rede elétrica há sete meses e todos dependem dos geradores privados que funcionam com combustível refinado localmente. Este está disponível em todo lado, mas é caro e o combustível é de tão má qualidade que só funciona nos geradores e não nos automóveis - e os geradores avariam-se com frequência. Há escassez de água potável. "A cada dez dias, há água durante duas horas," disse Ahmad. “A água que sai das torneiras não é limpa, mas temos de a beber". Não há rede de telefone móvel e a Internet só está disponível em alguns cyber-cafés que são vigiados de perto pelas autoridades. Há sinais de crescente criminalidade e corrupção, embora esta possa ser sobretudo uma evidência de que o EI está a necessitar desesperadamente de dinheiro. Quando Ahmad decidiu fugir contactou com um dos muitos contrabandistas que operam na zona situada entre Mossul e a fronteira síria. Ele assinalou que o custo cobrado a cada pessoa pela viagem até Rojava fixa-se entre 400 e 500 dólares. “Muitos dos contrabandistas são homens do EI”, referiu, mas não sabia se os líderes da organização sabiam o que estava aacontecer. Eles têm conhecimento, sem dúvida, das crescentes queixas sobre as condições de vida, já que citaram um hadith(palavras do Profeta) contra tais queixas. Aqueles que violem o hadith são detidos e enviados para reeducação. A conclusão de Ahmad: "Os ditadores tornam-se muito violentos quando sentem que o seu fim se aproxima”.

Até que ponto está correta a previsão de Ahmad de que o Califado está nos seus últimos dias? Está certamente a debilitar-se, mas isso acontece essencialmente porque a guerra se tem vindo a internacionalizar desde 2014 com a intervenção militar dos EUA e da Rússia. Os poderes locais e regionais contam agora menos. Os exércitos do Iraque e da Síria, as YPG e os peshmerga podem conquistar vitórias ao EI graças ao apoio aéreo massivo. Podem ganhar a batalha e, provavelmente, podem reconquistar as cidades ainda sob o controlo do EI, mas nenhum deles seria capaz de atingir plenamente os seus objectivos de guerra sem o respaldo contínuo de uma grande potência. No entanto, uma vez que o Califado seja derrubado, os governos centrais em Bagdad e Damasco poderão tonar-se mais fortes novamente. Os curdos perguntam-se se correm o risco de perder tudo o que conseguiram conquistar até agora na guerra contra o Estado Islâmico.

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