Pedro Monzón
Folha de S.Paulo
O médico cubano Michael Saavedra atende em UBS de Embu das Artes, na Grande São Paulo. Marlene Bergamo/Folhapress |
A amizade entre nações não se define a partir de incidentes conjunturais. Sua origem e seu desenvolvimento residem na comunidade de traços essenciais e nas relações mantidas com o tempo, que dão lugar a vínculos estreitos —e que não podem ser quebrados por situações passageiras. É este o caso das relações entre Cuba e Brasil.
Unem-nos atributos de nossa idiossincrasia, imaginários e tradições, que nos outorgam uma atitude e visão do mundo distintas. Compartilhamos o sincretismo religioso, fusão do africano e nativo com crenças europeias. Tudo exteriorizado em manifestações espontâneas de simpatia e sensualidade peculiares, e a geração de uma atitude e aptidão ante a cultura, a música e a dança que nos tornou universais. Como parte dessa miscigenação, compartilhamos delícias da culinária, que combina sabores africanos e europeus, moldados, como os demais, no caldeirão de nossas exuberantes naturezas.
Também nos esportes, a competência saudável se misturou com o carinho e a admiração mútuos. Essa magnífica comunicação humana não foi obstruída pelas ligeiras diferenças linguísticas.
Une-nos a dolorosa historia do colonialismo, a escravidão, lapsos de tiranias e um sentido profundo de justiça e independência. As rupturas políticas, como sucedeu a partir de 1964, durante a ditadura no Brasil, não alcançaram os sentimentos do povo e foram historicamente efêmeras e superficiais. De fato, Cuba, mesmo naquela época, se constituiu em um caloroso refúgio para perseguidos pela repressão, brasileiros que se sentem eternamente gratos.
Também nos esportes, a competência saudável se misturou com o carinho e a admiração mútuos. Essa magnífica comunicação humana não foi obstruída pelas ligeiras diferenças linguísticas.
Une-nos a dolorosa historia do colonialismo, a escravidão, lapsos de tiranias e um sentido profundo de justiça e independência. As rupturas políticas, como sucedeu a partir de 1964, durante a ditadura no Brasil, não alcançaram os sentimentos do povo e foram historicamente efêmeras e superficiais. De fato, Cuba, mesmo naquela época, se constituiu em um caloroso refúgio para perseguidos pela repressão, brasileiros que se sentem eternamente gratos.
Une-nos o esforço médico solidário de Cuba, que tocou cedo a terra brasileira quando, depois de atender a 25 mil crianças afetadas pelas radiações em Chernobil, submeteu a tratamentos médicos, também gratuitamente, dezenas de lesionados pelo grave acidente radioativo de Goiânia, em 1987. Cuba trabalhou para trasladar ao Brasil destacadas e múltiplas conquistas que incluíram vacinas vitais e outros produtos exclusivos de nossa biotecnologia.
O célebre programa Mais Médicos, que atraiu ao Brasil mais de 11 mil médicos e pessoal da área da saúde cubanos, permitiu estabelecer relações muito humanas entre nossos povos, nas quais a solidariedade, a bondade e o profissionalismo foram protagonistas fundamentais. Como resultado dessa colaboração, um grande número de estudantes brasileiros foram bem-vindos na Escola Latino-Americana de Medicina de Cuba e se formaram médicos capacitados com conhecimentos especializados e valores humanos.
O comercio bilateral mantido, a atividade das associações solidárias, a presença no Brasil de talentosos imigrantes cubanos e o vertiginoso crescimento do turismo brasileiro à Cuba multiplicou esses laços indestrutíveis. E o seguirão fazendo: nada nem ninguém conseguirá deter. Por isso, em 2020, convidamos nossos amigos brasileiros: “Venham a Cuba!”. Serão recebidos de braços bem abertos e desfrutarão intensamente de um país maravilhoso, seguro, nobre e muito amigo.
Sobre o autor
Cônsul-geral de Cuba em São Paulo
Cônsul-geral de Cuba em São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário