Sam Lewis e Beth Huang
Jacobin
Tradução / O senador Bernie Sanders é agora o principal candidato à indicação presidencial pelo Partido Democrata. Este momento coroa quatro anos de progresso histórico para os socialistas, incluindo a eleição da socialista Alexandria Ocasio-Cortez (AOC) para o Congresso e dezenas de socialistas para assembléias estaduais e locais, e a integração de demandas radicais, do Medicare for All à abolição do ICE [a agência que cuida da imigração e deportação dos migrantes ilegais nos EUA – Nota da Redação]. A maioria dessas vitórias eleitorais seguiu a estratégia de Sanders de desafiar nas urnas o establishment do Partido Democrata, para grande frustração das elites do partido.
Sanders pode estar a caminho de ganhar a indicação democrata, ou ainda pode perder para o establishment do partido, mas os socialistas e seus apoiadores devem se preparar para a possibilidade concreta de que a elite do partido tente roubar a indicação dele, mesmo que tenha uma liderança decisiva sobre os demais. Essa intenção ficou clara no debate democrata da noite de quarta-feira (19), quando todos os candidatos presentes, com exceção de Sanders, se recusaram a aceitar que aquele com maior número de delegados deveria vencer.
Se Sanders for à convenção de julho com uma pluralidade mas sem maioria (no momento em que este artigo ficou pronto, era prevista uma chance de 41%), o voto da indicação ficará para o segundo turno, quando parte dos 3.979 delegados da convenção terá liberdade para indicar quem quuiser – e os 771 super-delegados (congressistas, governadores e altos fucionáios do partido)poderão votar. Embora o establishment democrata não tenha como deter uma vitória socialista em uma primária, uma aliança entre delegados de outros candidatos e super-delegados poderá entregar a indicação a um candidato alternativo.
Os super-delegados são uma seção transversal do establishment democrata. Eles são senadores, deputados, governadores, deputados estaduais, funcionários do partidos, agentes e líderes sindicais. A majority of superdelegates are sitting elected officials and political candidates. Muitas dessas figuras do establishment passaram cinco anos montando os mesmos velhos ataques a Sanders – ele é um homem idoso e branco, não é um democrata “real”, está muito longe para ser elegível ou, nas palavras de Hillary Clinton, “ninguém gosta dele”. Esses argumentos, que não convenceram os eleitores democratas, escondem a verdadeira razão pela qual Sanders tem uma oposição tão forte dessa camada de líderes partidários.
A realidade é que o establishment democrata tentará usar suas alavancas de poder para barrar Bernie – ou seja, uma intervenção de segundo turno dos super-delegados – porque ele é um socialista democrata declarado que rejeita as doações empresariais, que são contrários à saúde pública, etc.. E quer um plano tributário que mudará drasticamente a distribuição da riqueza nos EUA. Para os ricos doadores que moldam as prioridades do Partido Democrata, e os funcionários e agentes cujas carreiras progrediram de mãos dadas com esses doadores, Bernie representa uma ameaça existencial ao seu modelo de negócios e de política.
Outra resposta a uma convenção que pode ser contestada ou roubada será mais um impulso à reforma interna dos procedimentos de indicação do Partido Democrata. Desde 1968, os progressistas tiveram sucesso em mudanças democratas, e é somente graças a essas reformas após a convenção de 2016 que os super-delegados não podem mais votar no primeiro turno. Mas o movimento por trás de Sanders deve ser muito cuidadoso e voltar a atenção nessa direção. O eleitor médio tem pouca contribuição sobre essas reformas, que são inerentemente o produto das negociações internas ao partido. Negociações sem fim sobre minúcias processuais minarão o ímpeto do movimento pró-Sanders.
Em vez do beco sem saída do DemExit ou da luta potencialmente desmobilizadora em torno da reforma do partido, a esquerda precisa de uma estratégia que mantenha a base pró- Sanders unificada e mobilizada em torno de suas principais bandeiras. Precisa de um plano com chance de superar a oposição dos super-delegados na convenção, que mantenha as elites partidárias como principal alvo dentro do partido e que aponte um caminho a seguir depois de julho – ganhe ou perca.
Uma coalizão de organizações nacionais já foi formada para apoiar Bernie. A Socialistas Democratas da América uniu-se entre outros ao Center for Popular Democracy Action (Centro de Ação Popular pela Democracia), People’s Action (Ação popular), Sunrise People (Nascer do Sol), Make the Road (Faça o Caminho), e Dream Defenders (Defensores do Sonho – traduções livres – NdaR) para construir um forte movimento para impulsionar a mudança política. Como organizações do movimento social por trás de Sanders, é preciso uma estratégia compartilhada no caso de uma convenção contestada.
We can start pressuring superdelegates right now. In the lead up to the DNC, we propose holding town halls in the districts of elected officials who are superdelegates and build on our networks of democratic-socialist union members to pressure superdelegate union officers. Once state contests wrap up, our organizations can harness statewide campaign infrastructures for Bernie to continue canvassing and raising funds in superdelegates’ districts to explicitly lay the groundwork for future primary challenges. This will be especially successful if we keep reaching out to working-class and immigrant voters, the backbone of the Sanders’s support.
Sobre os autores
Beth Huang é membro do capítulo de Boston dos Socialistas Democratas da América e é organizadora de coalizões em Massachusetts.
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