Paulo Feldmann e Marcio Pochmann
Folha de S.Paulo
O economista Alexandre Schwartsman resolveu nos atacar, mas não achamos razoável cansar o leitor com xingamentos ou desqualificações porque não é assim que se debate.
Por mais que os temas econômicos devam ser tratados de forma técnica ou científica quando possível, é inegável que economistas têm visões de mundo diferentes.
E essa é a grande diferença que temos em relação a Alexandre Schwartsman. Por isso não vamos nos ater às estatísticas por ele citadas para saber se o desemprego em maio de 2016 era de 11% ou de 10,9%, pois apenas cansaria o leitor.
O que interessa é que, para nós, um dos maiores problemas econômicos do Brasil é a injusta distribuição de renda que nos coloca na lista dos dez piores países do mundo ao lado de oito países africanos bem pobres.
Fila sob o Viaduto do Chá, no centro de São Paulo, para o segundo mutirão do emprego; sindicato calculou 5.500 candidatos. Rivaldo Gomes/Folhapress |
O economista Alexandre Schwartsman resolveu nos atacar, mas não achamos razoável cansar o leitor com xingamentos ou desqualificações porque não é assim que se debate.
Por mais que os temas econômicos devam ser tratados de forma técnica ou científica quando possível, é inegável que economistas têm visões de mundo diferentes.
E essa é a grande diferença que temos em relação a Alexandre Schwartsman. Por isso não vamos nos ater às estatísticas por ele citadas para saber se o desemprego em maio de 2016 era de 11% ou de 10,9%, pois apenas cansaria o leitor.
O que interessa é que, para nós, um dos maiores problemas econômicos do Brasil é a injusta distribuição de renda que nos coloca na lista dos dez piores países do mundo ao lado de oito países africanos bem pobres.
Esse é o problema principal que precisa ser atacado e nada melhor do que alterando a nossa estrutura tributária.
Nossa visão é que existem rendimentos altamente concentrados na mão de muitos poucos, que, se taxados devidamente, poderiam contribuir para atenuar o déficit fiscal estimado em R$ 160 bilhões neste ano.
Ou seja, a chave para o Brasil voltar a crescer está em promover mudanças no nosso injusto sistema de Imposto de Renda.
No artigo anterior, Alexandre nos critica porque propomos cobrar mais impostos de apenas 0,14% da população brasileira, justamente aquela que tem rendimentos mensais acima de R$ 160 mil por mês.
Alexandre, por favor, nos responda sem ódio e sem agressão: onde está o erro em querer taxar tão poucos, em benefício da quase totalidade da população brasileira?
Mas há outras mudanças no Imposto de Renda que poderiam ser feitas.
Considere-se o lucro dos bancos no Brasil. A estimativa é que neste ano ele atinja R$ 100 bilhões.
Ao contrário de outros países onde há um grande número de bancos competindo entre si, no Brasil não apenas o lucro é muito mais alto mas está concentrado em apenas quatro bancos.
A própria revista The Economist questionou o descalabro do lucro dos bancos no Brasil em 2017. E, apesar de o país estar em crise profunda, os bancos continuam aumentando os seus ganhos a cada ano.
Não deveria haver um imposto especial sobre o lucro para que os bancos dessem sua contribuição? Há países que fizeram isso —por exemplo, a Hungria em 2011— e se deram muito bem. Conseguiram zerar seu déficit fiscal.
Claro que Alexandre não vai concordar, mas é aí que dissemos que há diferentes visões de mundo por parte dos economistas.
Alexandre tem todo um passado ligado ao setor financeiro, tendo sido diretor do Banco Central. Por essa visão taxas de juros devem ser altas para combater a inflação.
É por esse falso argumento que faz mais de 20 anos que estamos entre os países que praticam as mais altas taxas de juros no mundo.
Apenas no Brasil, por que não há hoje nenhum país sério que ainda acredite nessa história.
Enfim, nosso objetivo foi aproveitar esta oportunidade que a Folha nos dá para expor ao leitor que existem, sim, alternativas, relativamente fáceis, para debelar a crise fiscal que nos assola.
Mas o que se faz necessário é coragem para enfrentar justamente os mais poderosos, que, por sinal e felizmente, são poucos.
Nossa visão é que existem rendimentos altamente concentrados na mão de muitos poucos, que, se taxados devidamente, poderiam contribuir para atenuar o déficit fiscal estimado em R$ 160 bilhões neste ano.
Ou seja, a chave para o Brasil voltar a crescer está em promover mudanças no nosso injusto sistema de Imposto de Renda.
No artigo anterior, Alexandre nos critica porque propomos cobrar mais impostos de apenas 0,14% da população brasileira, justamente aquela que tem rendimentos mensais acima de R$ 160 mil por mês.
Alexandre, por favor, nos responda sem ódio e sem agressão: onde está o erro em querer taxar tão poucos, em benefício da quase totalidade da população brasileira?
Mas há outras mudanças no Imposto de Renda que poderiam ser feitas.
Considere-se o lucro dos bancos no Brasil. A estimativa é que neste ano ele atinja R$ 100 bilhões.
Ao contrário de outros países onde há um grande número de bancos competindo entre si, no Brasil não apenas o lucro é muito mais alto mas está concentrado em apenas quatro bancos.
A própria revista The Economist questionou o descalabro do lucro dos bancos no Brasil em 2017. E, apesar de o país estar em crise profunda, os bancos continuam aumentando os seus ganhos a cada ano.
Não deveria haver um imposto especial sobre o lucro para que os bancos dessem sua contribuição? Há países que fizeram isso —por exemplo, a Hungria em 2011— e se deram muito bem. Conseguiram zerar seu déficit fiscal.
Claro que Alexandre não vai concordar, mas é aí que dissemos que há diferentes visões de mundo por parte dos economistas.
Alexandre tem todo um passado ligado ao setor financeiro, tendo sido diretor do Banco Central. Por essa visão taxas de juros devem ser altas para combater a inflação.
É por esse falso argumento que faz mais de 20 anos que estamos entre os países que praticam as mais altas taxas de juros no mundo.
Apenas no Brasil, por que não há hoje nenhum país sério que ainda acredite nessa história.
Enfim, nosso objetivo foi aproveitar esta oportunidade que a Folha nos dá para expor ao leitor que existem, sim, alternativas, relativamente fáceis, para debelar a crise fiscal que nos assola.
Mas o que se faz necessário é coragem para enfrentar justamente os mais poderosos, que, por sinal e felizmente, são poucos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário