13 de setembro de 2020

A grande maioria da população pertence à classe trabalhadora

A classe não se trata apenas de quanto dinheiro você ganha e, certamente, não se trata de traços culturais ou seu nível de educação. Os marxistas argumentam que qualquer pessoa que deve vender sua capacidade de trabalhar por um salário e não pode produzir suas necessidades vitais para si mesma faz parte da classe trabalhadora.

Hadas Thier


Bendor Mark, Two Men Pushing Cart, 1939. (Smithsonian American Art Museum)

Trecho de A People's Guide to Capitalism: An Introduction to Marxist Economics (Haymarket Books, agosto de 2020).

Um conjunto muito diverso de experiências e milhares de opressões definem a classe trabalhadora - negra, branca, indígena e imigrante -, que inclui todas as pessoas que são exploradas para gerar os lucros de alguns capitalistas. Entender como funciona o conceito de classe e o que determina as posições de classe serve para revelar as estruturas de poder e exploração em nossa sociedade.

Uma definição muito básica das classes que existem no capitalismo começa com esta premissa: os trabalhadores são forçados a vender sua força de trabalho e os capitalistas a compram e administram. É impossível explicar as posições de classe do trabalhador ou do empregador sem entender que todo o sistema funciona com o objetivo de colocar o trabalho para gerar lucro em benefício de outra pessoa.

Em outras palavras, classe é uma relação de exploração.

A classe não se trata apenas de números

As análises mais difundidas tendem a ignorar essa definição de classe como uma relação social. Quando o problema surge - algo em si raro - é considerado em termos de riqueza e estratificação social.

Níveis de renda e educação, estilos de vida e padrões de consumo são usados ​​para classificar as pessoas em uma sociedade que se apresenta principalmente como classe média, com alguns ricos e pobres nas margens. De fato, em grande parte dos relatórios, a maioria das pessoas pertence à classe média e a classe trabalhadora é praticamente inexistente.

Somos lembrados desse fato pelo menos a cada dois ou quatro anos, durante as campanhas eleitorais, quando os políticos apelam para a "classe média batalhadora", uma categoria que aparentemente inclui todos os "bons americanos", como costumava dizer Bill Clinton. Pessoas que "trabalham duro e têm seus papéis em ordem." Uma das razões pelas quais as campanhas de Bernie Sanders foram tão proeminentes foi precisamente porque ele pronunciou as palavras "classe trabalhadora".

Há outra explicação mais progressista de classes que também é baseada em níveis de riqueza: aquela popularizada pelo movimento Ocupar Wall Street em 2011. O slogan "Nós somos os 99%" espalhou-se como um incêndio depois que ativistas identificaram o 1% da elite econômica do país, que detém cerca de um terço da riqueza do país, como culpada pela criação da crise financeira de 2008 e da Grande Recessão que se seguiu. Embora essa análise represente um avanço sobre a outra, que pressupõe que quase todos nós façamos parte da classe média, ela ainda pressupõe que a quantidade de riqueza é o determinante das posições de classe.

Classe e riqueza estão obviamente relacionadas, mas não são a mesma coisa. Alguém com um emprego estável e bem remunerado (na medida em que tal coisa ainda exista), como um inspetor de trens de Nova York, ganha cerca de US $ 70.000 por ano, enquanto um pequeno proprietário de depósito no Bronx ganha muito menos. Ainda assim, o primeiro é um trabalhador, que não controla os seus horários nem as condições em que exerce a sua atividade, enquanto o segundo é um pequeno proprietário que se responsabiliza pela sua exploração e a de outrem (por pouco que sejam).

Os números que aparecem no holerite não dizem tudo. Não dizem, por exemplo, que um gerente da Starbucks, que ganha menos que um motorista de metrô, tem o poder de demitir todos os funcionários do local onde trabalha. Assim, entendemos que a riqueza é apenas parte do quadro, mais sintomática da desigualdade de classes do que explicativa de suas origens. Na verdade, o poder, o controle sobre as condições de trabalho e a capacidade de tomar decisões financeiras são a pedra de toque da exploração.

Michael Zweig, professor de economia e autor de The Working Class Majority, coloca desta forma: “Ao olharmos apenas para a renda e o estilo de vida, vemos as consequências da classe, mas não suas origens. Vemos que somos diferentes em virtude de nossa propriedade, mas não pela maneira como nos relacionamos e nos conectamos, nem o que nos torna diferentes no processo de vir a ter o que possuímos.

A explicação marxista enfatiza que a posição que cada um ocupa na sociedade não se mede em termos quantitativos, mas é determinada pela relação que cada pessoa tem com o trabalho, com os frutos do trabalho e com os meios de produção. Qualquer pessoa que exerce o poder político, tem controle econômico sobre um local de trabalho, é capaz de estabelecer os padrões de trabalho dos outros ou possui capital capaz de ser investido na produção faz parte da classe capitalista. Ao contrário, parte da classe trabalhadora é qualquer pessoa que deva trocar sua força de trabalho por salários e não possa produzir o que é necessário para satisfazer suas próprias necessidades vitais.

Riqueza e pobreza não determinam classe

La definición no se reduce a los trabajadores que participan en la producción de bienes físicos. Los docentes y los trabajadores de la salud deben vender su fuerza de trabajo para prestar sus servicios, y, por lo tanto, son parte de la clase trabajadora.

Como dijo Marx: «Si se nos permite ofrecer un ejemplo al margen de la esfera de la producción material, digamos que un maestro de escuela, por ejemplo, es un trabajador productivo cuando, además de cultivar las cabezas infantiles, se mata trabajando para enriquecer al empresario. Que este último haya invertido su capital en una fábrica de enseñanza en vez de hacerlo en una fábrica de embutidos, no altera en nada la relación».

En el mismo sentido, Marx y Engels escribieron que el «proletario es quien carece de propiedad». «Proletario» es otra palabra para decir trabajador; y propiedad privada no significa bienes personales, como el televisor o la computadora, sino medios de producción: edificios, maquinaria, software, equipamiento, herramientas y otros materiales que están en manos de los capitalistas.

Marx no se refería a que los trabajadores no tuviésemos nada, aunque esto es cada vez más cierto. Quería decir que carecemos de todos los medios para producir y reproducir nuestras vidas, motivo por el que quedamos a merced de la explotación capitalista. Una empresa constructora tiene palas, taladros y topadoras que le permiten explotar a los trabajadores y extraer una ganancia. Yo tengo una pala que apenas puedo usar para plantar flores o tomates.

El historiador Geoffrey de Ste. Croix lo pone en estos términos:

[La clase] es la expresión social colectiva del hecho de la explotación, la forma en que la explotación encarna en una estructura social […]. La clase es esencialmente una relación, al igual que el capital, otro de los conceptos fundamentales de Marx, que él define específicamente […] como una «relación», «una relación social de producción», etc. Y una clase (una clase particular) es un grupo de personas a las que es posible identificar en virtud de su posición en la totalidad del sistema de producción social, y se define principalmente en función de su relación (sobre todo en términos de control) con las condiciones de producción (es decir, los medios y las actividades productivas) y con las otras clases.

Esta definición nos permite comprender que la riqueza y la pobreza no determinan la clase. En cambio, son sus manifestaciones.

Por lo tanto, los patrones no se definen en función de sus niveles de extravagancia. A su vez, los pobres de la sociedad no representan una «clase marginal» que, debido a la falta de empleo o riqueza, estaría posicionada por fuera de la sociedad. La pobreza es una parte integral de la experiencia de la clase trabajadora, y —como demuestra la crisis que estamos viviendo— el desempleo siempre ronda cerca de la mayoría de los trabajadores.

Aun antes de la pandemia, casi la mitad de la población estadounidense no era capaz de pagar sus cuentas si perdía un mes de salario, y una de cada cuatro personas declaraba haberse privado de algún tratamiento de salud porque no podía pagarlo. Un cuarto de la población se desempeñaba en actividades que califican como empleos de bajos salarios. A este lúgubre cuadro debe añadirse la montaña de deudas estudiantiles que pesan sobre las espaldas de decenas de millones de personas y un costo de vida que es cada vez más alto. Se comprende entonces que la pobreza es algo intrínseco al entramado social estadounidense. Ahora, con treinta millones de personas desempleadas y cuarenta millones que corren el riesgo de ser desalojadas de sus hogares durante los próximos meses, cobra nitidez la línea delgadamente brutal que separa al trabajo de la indigencia.

De hecho, el capitalismo necesita que exista todo el tiempo un determinado nivel de desempleo, o, como decía Marx, un «ejército industrial de reserva». Los patrones dependen de este ejército a la hora de garantizar que siempre habrá alguien dispuesto a quitarnos el trabajo. De esa manera, logran disciplinar a la fuerza de trabajo remunerada para que se conforme a los términos definidos por los empleadores.

Los altos niveles de desempleo son un aspecto cruel que sale a relucir en cada recesión económica, pero incluso en los momentos en que «las cosas marchan bien», el desempleo es una realidad dolorosa que afecta a millones de personas. En realidad, eso que los economistas convencionales definen como «pleno empleo» significa 5% de desempleo. La introducción de nueva maquinaria, el crecimiento de la fuerza de trabajo debido a factores demográficos o flujos migratorios, los cambios regulares de la estructura económica (qué se produce y dónde), contribuyen a generar desempleo aun en los «mejores» momentos.

Os Estados Unidos não são um país de classe média

Esta explicación de la sociedad arroja una imagen muy distinta de la versión popular que define a Estados Unidos como un «país de clase media».

Evidentemente, la clase media existe. No solo vive en el universo paralelo que proyectan las pantallas de los televisores. La clase media es una capa de la sociedad que está entre la clase trabajadora y la clase dominante. Incluye a los propietarios de pequeños comercios, como así también a los gerentes, a los supervisores y a quienes tienen ocupaciones profesionales que les garantizan algo de autonomía al interior del sistema (como los doctores y los abogados).

Con frecuencia son la cara cotidiana de la explotación. Uno se encuentra con su gerente todos los días en el trabajo. Él tiene el poder de recompensar el trabajo con un aumento o aplicar una reprimenda por una tardanza. Pero lo cierto es que rara vez uno se encuentra con el ejecutivo que se beneficia de esta situación.

Con todo, la clase media es mucho más pequeña de lo que suele pensarse, y muchos de los que tradicionalmente formaban parte del grupo de los «profesionales», están siendo arrastrados hacia la clase trabajadora (o se están «proletarizando»), como los programadores que trabajan en horarios definidos y marcan tarjeta, los trabajadores sociales que enfrentan escritorios repletos de expedientes y deben pasar sus días llenando formularios y los académicos que cada vez consiguen menos cargos docentes y ocupan más posiciones auxiliares.

También sucede que entre los empleos que clasifican como clase media, las diferencias entre las condiciones que enfrentan los profesores de las universidades de élite y las que enfrentan los que trabajan en universidades públicas, o los médicos que practican la profesión de forma privada y los que trabajan en salas de emergencia, llevan a niveles muy distintos en lo que respecta al control en el lugar de trabajo.

«La burguesía despojó de su halo de santidad a todo lo que antes se tenía por venerable y digno de piadoso acontecimiento», escribieron Marx y Engels. «Convirtió en sus servidores asalariados al médico, al jurista, al poeta, al sacerdote, al hombre de ciencia».

Michael Zweig y Kim Moody, periodista especializada en cuestiones laborales, estiman que la clase trabajadora representa cerca del 63% de la fuerza de trabajo de Estados Unidos. (Según mis propios cálculos, realizados en base a los datos oficiales, 63% sigue siendo una cifra muy conservadora). La élite empresarial representa el 2% y la clase media representa el 35%.

Si incluyéramos a la sociedad en general, más allá de la parte que «califica» como fuerza de trabajo (es decir, miembros de la familia que no trabajan, gente mayor, discapacitada, etc.), los números de la clase trabajadora serían todavía más grandes. Como sostiene Moody: «Si las personas de clase trabajadora empleadas representan solo dos tercios de la fuerza de trabajo, aquellas que pertenecen a la clase a secas llegan a representan tres cuartos de la población (es decir, a la enorme mayoría). A medida que los docentes, los trabajadores de la salud y otros profesionales son empujados a la clase trabajadora, esta mayoría sigue ensanchándose».

Esto nos permite subrayar una cuestión más general: las clases son fluidas y existe una enorme área gris entre ellas. Estos números solo ofrecen una guía general para enfatizar una tendencia más amplia hacia la polarización.

Es lo mismo que, hace más de 150 años —en una época en la que, por cierto, la clase trabajadora representaba a una clara minoría de la población mundial—, Marx y Engels escribieron en el Manifiesto del Partido Comunista: «Hoy, toda la sociedad tiende a separarse, cada vez más abiertamente, en dos grandes campos enemigos, en dos grandes clases antagónicas: la burguesía y el proletariado».

En fin, uno pertenece a una clase sin importar si uno cree en esta noción o se identifica con los intereses de esa clase. Aunque los demócratas nos digan que somos parte de una clase media que ellos desean salvar, o Donald Trump prometa alivianar la carga impositiva de la «olvidada clase media», e independientemente de si les creemos, nada de esto define si mañana debemos levantarnos temprano para ir a trabajar, obedecer a las órdenes de otra persona y volver a casa con dolor de espaldas y un salario miserable.

Es decir que la posición de clase está determinada por la realidad material y no por la ideología.

Acendendo a consciência de classe

Al mismo tiempo, la estructura que determina a la clase trabajadora imprime en ella la tendencia a desarrollar la conciencia de clase. En este sentido, es posible identificar una definición secundaria de la clase trabajadora en función de su conciencia y de su actividad.

Marx distinguía entre la clase trabajadora como una «clase en sí», definida por su relación con los medios de producción, y una «clase para sí», que se organiza para luchar activamente por sus propios intereses. Como explica Ste. Croix:

Los individuos que constituyen una clase determinada pueden ser o no ser completa o parcialmente conscientes de su propia identidad y de sus intereses comunes en tanto clase, y pueden sentir o no el antagonismo hacia los miembros de otras clases. El conflicto de clase (la lucha de clases, la Klassenkampf) es en lo esencial la relación fundamental que existe entre las clases, e implicaexplotación y resistencia, pero no necesariamente conciencia de clase ni actividad colectiva, política, o de otro tipo. Aunque es muy probable que estos rasgos sobrevengan cuando una clase alcanza cierta etapa de desarrollo y se convierte en lo que Marx (utilizando la jerga hegeliana) definió como «una clase para sí».

Una clase para sí es una clase organizada. La posición de clase común crea las condiciones objetivas que nos conectan y nos unen. Pero, si deseamos pasar de esta posibilidad objetiva a un avance subjetivo, debemos combatir las divisiones que se producen al interior de la clase y las formas en que las opresiones de raza y de género, entre otras, afectan a los trabajadores.

Los socialistas y otros militantes de la clase trabajadora pueden jugar un rol fundamental a la hora de forjar una política solidaria y ayudar a que la clase en sí emerja como una clase para sí.

Sobre o autor

Ativista e socialista na cidade de Nova York e autor do "A People's Guide to Capitalism: An Introduction to Marxist Economics". Tweet em @HadasThier.

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