1 de janeiro de 2019

Capitalismo e saúde mental

A estrutura psicanalítica desenvolvida pelo marxista Erich Fromm desafia fortemente as explicações biológicas e individualistas dominantes da crise de saúde mental que agora está varrendo o mundo. Fromm enfatizou que todos os seres humanos têm certas necessidades que devem ser atendidas para garantir uma saúde mental ideal. Segue-se que o capitalismo é crucial para determinar a experiência e a prevalência do bem-estar mental, pois suas operações são incompatíveis com a verdadeira necessidade humana.

David Matthews


January 2019 (Volume 70, Number 8)

Tradução / Uma crise de saúde mental está varrendo o globo. Estimativas recentes da Organização Mundial da Saúde sugerem que mais de trezentos milhões de pessoas sofrem de depressão em todo o mundo. Além disso, afirma-se que vinte e três milhões apresentam sintomas de esquizofrenia, enquanto aproximadamente oitocentos mil indivíduos cometem suicídio a cada ano.1 Nas nações capitalistas monopolistas, os distúrbios mentais são a principal causa do declínio da expectativa de vida após doenças cardiovasculares e câncer.2 Na União Europeia, afirma-se que 27 por cento da população adulta entre as idades de dezoito e sessenta e cinco anos teve complicações de saúde mental.3 Além disso, somente na Inglaterra, a predominância de problemas de saúde mental tem aumentado gradualmente durante as últimas duas décadas. A mais recente Pesquisa de Morbidade Psiquiátrica do Serviço Nacional de Saúde ilustra que, em 2014, 17,5 por cento da população com mais de dezesseis anos sofria de várias formas de depressão ou ansiedade, em comparação com 14,1 por cento em 1993. Além disso, o número de indivíduos cujas experiências foram graves o suficiente para justificar intervenção aumentou de 6,9 ​​por cento para 9,3 por cento.4

Na sociedade capitalista, as explicações biológicas dominam a compreensão da saúde mental, permeando a prática profissional e a opinião pública. Emblemática disso é a teoria dos desequilíbrios químicos no cérebro — concentrando-se na operação de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina — que conquistou a consciência popular e acadêmica, apesar da ampla ausência de fundamento.5 Além disso, refletindo a popularidade do reducionismo genético dentro das ciências biológicas, tem havido um esforço para identificar anormalidades genéticas como mais uma causa de transtornos de saúde mental.6 No entanto, as explicações baseadas na genômica também não conseguiram gerar evidências conclusivas.7 Embora possam oferecer percepções esclarecedoras sobre o precário bem-estar mental em casos específicos, as interpretações biológicas estão longe de ser suficientes por si mesmas. O que é bastante claro é a existência de padrões sociais significativos que elucidam a impossibilidade de reduzir a saúde mental precária ao determinismo biológico.8

A relação íntima entre saúde mental e condições sociais foi amplamente obscurecida, com causas sociais interpretadas dentro de uma estrutura biomédica e envoltas em terminologia científica. Os diagnósticos frequentemente começam e terminam no indivíduo, identificando causas bioessencialistas em detrimento do exame de fatores sociais. No entanto, a organização social, política e econômica da sociedade deve ser reconhecida como um contribuinte significativo para a saúde mental das pessoas, com certas estruturas sociais sendo mais vantajosas para o surgimento do bem-estar mental do que outras. Como base sobre a qual a formação superestrutural da sociedade é erguida, o capitalismo é um dos principais determinantes da saúde mental precária. Como argumentou o professor marxista de serviço social e política social Iain Ferguson, “é o sistema econômico e político sob o qual vivemos — o capitalismo — que é responsável pelos níveis extremamente elevados de problemas de saúde mental que vemos no mundo hoje.” O alívio do sofrimento mental só é possível “em uma sociedade sem exploração e opressão”.9

A seguir, faço um breve esboço do estado da saúde mental no capitalismo avançado, usando a Grã-Bretanha como exemplo e utilizando a estrutura psicanalítica do marxista Erich Fromm, que enfatiza que todos os seres humanos têm certas necessidades que devem ser atendidas a fim de garantir uma saúde mental ideal . Apoiando a afirmação de Ferguson, eu argumento que o capitalismo é crucial para determinar a experiência e prevalência do bem-estar mental, já que suas operações são incompatíveis com a verdadeira necessidade humana. Este esboço incluirá uma representação do movimento politicamente consciente de usuários de serviços de saúde mental que surgiu na Grã-Bretanha nos últimos anos para desafiar as explicações biológicas da saúde mental precária e para demandar que se identifique na desigualdade e no capitalismo o cerne do problema.

Saúde Mental e Capitalismo Monopolista

Nos capítulos finais de Monopoly Capital (Capital Monopolista), Paul Baran e Paul Sweezy explicitaram as consequências do capitalismo monopolista para o bem-estar psicológico, argumentando que o sistema falha “em fornecer as bases de uma sociedade capaz de promover o desenvolvimento saudável e feliz de seus membros.”10 Exemplificando a irracionalidade generalizada do capitalismo monopolista, eles ilustraram sua natureza degradante. É apenas para uma afortunada minoria que o trabalho pode ser considerado prazeroso, enquanto para a maioria é uma experiência totalmente insatisfatória. Na tentativa de evitar o trabalho a todo custo, o lazer frequentemente deixa de oferecer qualquer consolo, pois também se torna sem sentido. Em vez de ser uma oportunidade para satisfazer paixões, Baran e Sweezy argumentaram que o lazer se tornou em grande parte sinônimo de ociosidade. O desejo de não fazer nada se reflete na cultura popular, com livros, televisão e filmes induzindo um estado de prazer passivo, em vez de demandar energias intelectuais.11 Os propósitos tanto do trabalho quanto do lazer, afirmaram eles, se fundem em grande parte no aumento do consumo. Não mais consumidos pelo seu uso, os bens de consumo tornaram-se marcadores estabelecidos de prestígio social, sendo consumo um meio de expressar a posição social de um indivíduo. O consumismo, no entanto, em última análise, gera insatisfação à medida que o desejo de substituir produtos antigos por novos transforma a manutenção de uma posição na sociedade em uma busca implacável de um padrão inalcançável. “Enquanto satisfazem as necessidades básicas de sobrevivência”, argumentaram Baran e Sweezy, tanto o trabalho quanto o consumo “perdem cada vez mais seu conteúdo e significado interior” 12 O resultado é uma sociedade caracterizada pelo vazio e pela degradação. Com pouca probabilidade de a classe trabalhadora instigar a ação revolucionária, a realidade potencial é uma continuação do “presente processo de decadência, com as contradições entre as compulsões do sistema e as necessidades elementares da natureza humana se tornando cada vez mais insuportáveis”, resultando na “propagação de distúrbios psíquicos cada vez mais graves.”13 Na era atual do capitalismo monopolista, essa contradição permanece tão evidente quanto sempre foi. A sociedade capitalista monopolista moderna continua a ser caracterizada por uma incompatibilidade entre, por um lado, a busca implacável do capitalismo pelo lucro e, por outro, as necessidades essenciais das pessoas. Como resultado, as condições necessárias para uma saúde mental ideal são violentamente minadas, com a sociedade capitalista monopolista atormentada por neuroses e problemas de saúde mental mais graves.

Erich Fromm: Saúde Mental e Natureza Humana

A compreensão de Baran e Sweezy da relação entre o capitalismo monopolista e o indivíduo foi significativamente influenciada pela psicanálise. Para começar, eles fizeram referências à centralidade das energias latentes, como os impulsos libidinosos e a necessidade de sua gratificação. Além disso, eles aceitaram a noção freudiana de que a ordem social requer a repressão das energias libidinais e sua sublimação para fins socialmente aceitáveis.14 O próprio Baran escreveu sobre a psicanálise. Ele havia se associado ao Instituto de Pesquisa Social em Frankfurt no início dos anos 1930 e foi diretamente influenciado pelo trabalho de Erich Fromm e Herbert Marcuse.15 É dentro dessa ampla estrutura que uma teoria da saúde mental pode ser identificada na análise de Baran e Sweezy, com as contradições entre o capitalismo e a necessidade humana expressando-se principalmente através da repressão das energias humanas. Foi Fromm, mais notavelmente, quem desenvolveu uma posição psicanalítica marxista única que permanece relevante para a compreensão da saúde mental na era atual do capitalismo monopolista. E foi daí que Baran, em particular, partiu.16

Ainda que explicitando a importância de Sigmund Freud, Fromm reconheceu sua maior dívida para com Karl Marx, considerando-o o intelectual proeminente.17 Aceitando a premissa freudiana do inconsciente e da repressão e modificação das pulsões inconscientes, Fromm, no entanto, reconheceu o fracasso do freudianismo ortodoxo em integrar uma compreensão sociológica mais profunda do indivíduo à sua análise.Voltando-se para o marxismo, ele construiu uma teoria do indivíduo cuja consciência é moldada pela organização do capitalismo, com impulsos inconscientes reprimidos ou direcionados para um comportamento social aceitável. Embora Marx nunca tenha produzido uma psicologia formal, Fromm considerou que os fundamentos de uma residiam no conceito de alienação.18 Para Marx, a alienação era uma ilustração do mortificante impacto físico e mental do capitalismo sobre os humanos.19 Em seu cerne, ela demonstra o distanciamento que as pessoas sentem de si mesmas e do mundo ao seu redor, incluindo outros humanos. O valor específico da alienação para a compreensão da saúde mental reside na ilustração da distinção que surge no capitalismo entre a existência humana e a essência. Para Marx, o capitalismo separa os indivíduos de sua essência como consequência de sua existência. Este princípio permeou a estrutura psicanalítica de Fromm, que afirmava que, sob o capitalismo, os humanos se divorciaram de sua própria natureza.

A natureza humana, argumentou Marx, consiste em qualidades duais e nós “devemos primeiro lidar com a natureza humana em geral, e então com a natureza humana modificada em cada época histórica.”20 Existem necessidades que são fixas, como a fome e os desejos sexuais, e há desejos relativos que se originam da organização histórica e cultural da sociedade.21 Inspirado por Marx, Fromm argumentou que a natureza humana é inerente a todos os indivíduos, mas que sua manifestação visível depende em grande parte do contexto social. É insustentável supor que “a constituição mental do homem é um pedaço de papel em branco, no qual a sociedade e a cultura escrevem seu texto, e que não tem qualidade intrínseca própria … O verdadeiro problema é inferir o núcleo comum a toda a raça humana das inúmeras manifestações da natureza humana.”22 Fromm reconheceu a importância das necessidades biológicas básicas, como fome, sono e desejos sexuais, como aspectos constitutivos da natureza humana que devem ser satisfeitos antes de tudo.23 No entanto, à medida que os humanos evoluíram, eles finalmente alcançaram um ponto de transcendência, do animal para o exclusivamente humano.24 À medida que os humanos achavam cada vez mais fácil satisfazer suas necessidades biológicas básicas, em grande parte como resultado de seu domínio sobre a natureza, a urgência de sua satisfação gradualmente se tornou menos importante, com o processo evolutivo permitindo o desenvolvimento de capacidades intelectuais e emocionais mais complexas.25 Dessa forma, os impulsos mais significativos de um indivíduo não estavam mais enraizados na biologia, mas sim na condição humana.26

Considerando que é imperativo construir uma compreensão da natureza humana diante da qual a saúde mental possa ser avaliada, Fromm identificou cinco características centrais da condição humana. A primeira é relacionamento (relatedness). Conscientes de estarem sozinhos no mundo, os humanos se esforçam arduamente para estabelecer laços de unidade. Sem isso, é intolerável existir como indivíduo.27 Em segundo lugar, o domínio dos humanos sobre a natureza permite uma satisfação mais fácil das necessidades biológicas e o surgimento de aptidões humanas, contribuindo para o desenvolvimento da criatividade. Os humanos desenvolveram a capacidade de expressar uma inteligência criativa, transformando-a em uma característica humana central que requer realização.28 Em terceiro lugar, os humanos, psicologicamente, requerem enraizamento e um sentimento de pertencimento. Com o nascimento rompendo os laços de pertencimento natural, os indivíduos buscam constantemente o enraizamento para se sentir um com o mundo. Para Fromm, um sentimento de pertencimento genuíno só poderia ser alcançado em uma sociedade construída com base na solidariedade.29 Em quarto lugar, os humanos desejam e desenvolvem crucialmente um senso de identidade. Todos os indivíduos devem estabelecer um senso de identidade e a consciência de ser uma pessoa específica.30 Quinto, é psicologicamente necessário que os humanos desenvolvam uma estrutura por meio da qual possam dar sentido ao mundo e às suas próprias experiências.31

Representando o que Fromm argumentou ser uma natureza humana universal, a satisfação desses impulsos é essencial para o bem-estar mental ideal. Como ele afirmou, “a saúde mental é alcançada se o homem se desenvolver até a maturidade plena de acordo com as características e leis da natureza humana. A doença mental consiste no fracasso desse desenvolvimento”.32 Rejeitando uma compreensão psicanalítica que enfatiza a satisfação da libido e de outros impulsos biológicos, a saúde mental, afirmou ele, está inerentemente associada à satisfação de necessidades consideradas exclusivamente humanas. Sob o capitalismo, entretanto, a plena satisfação da psique humana é frustrada. Para Fromm, as origens da saúde mental precária estão localizadas no modo de produção e nas estruturas políticas e sociais correspondentes, cuja organização impede a plena satisfação dos desejos humanos inatos.33 Os efeitos disso na saúde mental, argumentou Fromm, são que “se uma das necessidades básicas não encontra satisfação, o resultado é a insanidade; se estiver satisfeita, mas de forma insatisfatória... neurose... é a consequência.”34

Trabalho e Repressão Criativa

Como Marx, Fromm afirmou que o desejo instintivo de ser criativo tinha maior chance de satisfação por meio do trabalho. Nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos de 1844, Marx argumentou vigorosamente que o trabalho deveria ser uma experiência gratificante, permitindo que os indivíduos se expressassem livremente, tanto física quanto intelectualmente. Os trabalhadores devem ser capazes de se relacionar com os produtos de seu trabalho como expressões significativas de sua essência e criatividade interior. O trabalho sob o capitalismo, entretanto, é uma experiência alienante que afasta os indivíduos de seu processo. Trabalho alienado, argumentou Marx, é quando “o trabalho é externo ao trabalhador, isto é, não pertence ao seu ser essencial … portanto, ele não se afirma, mas nega a si mesmo, não se sente contente, mas infeliz, não desenvolve livremente sua energia física e mental, mas mortifica seu corpo e arruína sua mente.”35 Sob o capitalismo, grandes esforços são feitos para garantir que a energia humana seja canalizada para o trabalho, mesmo que muitas vezes este seja deplorável e tedioso.36 Em vez de satisfazer a necessidade de expressar criatividade, freqüentemente a reprime por meio da obrigação monótona e extenuante do trabalho assalariado.37

Na Grã-Bretanha, há uma insatisfação generalizada com o trabalho. Uma recente pesquisa com empregados, realizada no início de 2018, estimou que 47 por cento considerariam procurar um novo emprego durante o ano seguinte. Dentre as razões apresentadas, destaca-se a escassez de oportunidades de ascensão na carreira, o desgosto pelo trabalho e a sensação dos empregados de não fazerem diferença.38 Essas razões começam a ilustrar uma alienação enraizada do processo de trabalho. Muitas pessoas acham que o trabalho tem pouco sentido e poucas oportunidades de realização e expressão pessoal.

A partir dessas evidências, pode-se afirmar que na Grã-Bretanha — como em muitas nações capitalistas-monopolistas — uma porção substancial da força de trabalho se sente desconectada de seu trabalho e não o considera uma experiência criativa. Para Fromm, a realização das necessidades criativas é essencial para ser mentalmente saudável. Por terem sido dotados de razão e imaginação, os humanos não podem existir como seres passivos, mas precisam agir como criadores.39 No entanto, é claro que o trabalho sob o capitalismo não alcança isso. Evidências consideráveis ​​sugerem que, longe de ser benéfico para a saúde mental, o trabalho é, na verdade, prejudicial a ela. Embora os números exatos provavelmente permaneçam desconhecidos devido à intangibilidade de tais experiências, pode-se inferir que, para muitos membros da força de trabalho, é comum que o trabalho provoque infelicidade, insatisfação e desânimo generalizados. Além disso, condições de saúde mental mais graves, como estresse, depressão e ansiedade, estão cada vez mais surgindo como consequências do descontentamento no trabalho. Em 2017–18, tais condições constituíram 44 por cento de todos os problemas de saúde relacionados ao trabalho na Grã-Bretanha e 57 por cento de todos os dias de trabalho perdidos por problemas de saúde.40 Um estudo adicional em 2017 estimou que 60 por cento dos empregados britânicos sofreram de problemas de saúde mental relacionados ao trabalho no ano passado, com depressão e ansiedade sendo algumas das manifestações mais comuns.41

Ao invés de uma fonte de prazer, a natureza e a organização do trabalho sob o capitalismo claramente não atuam como um meio satisfatório para realizar a criatividade de um indivíduo. Como Baran e Sweezy argumentaram, “o trabalhador não pode encontrar satisfação no que seus esforços realizam.”42 Em vez disso, o trabalho afasta os indivíduos de um aspecto fundamental de sua natureza e, ao fazê-lo, estimula o surgimento de vários estados negativos de saúde mental. Com cerca de metade da força de trabalho na Grã-Bretanha experimentando problemas de saúde mental relacionados ao trabalho, e muitos mais provavelmente sentindo uma sensação geral de desânimo, existe o que Fromm chamou de defeito socialmente modelado.43 Não é exagero argumentar que a deterioração de bem-estar mental é uma resposta padrão ao trabalho assalariado em sociedades capitalistas monopolistas. Sentimentos negativos tornam-se comuns e, em vários graus, são reconhecidos como reações normais ao trabalho. Com exceção de transtornos mentais graves, muitas formas de sofrimento mental que se desenvolvem em resposta são diminuídas e não são consideradas problemas legítimos. Dessa forma, a degradação do bem-estar mental é normalizada.

Associação significativa e solidão

Para Fromm, existia uma relação inerente entre saúde mental positiva, relações pessoais significativas na forma de amor e amizade, e expressões de solidariedade. Plenamente cientes de sua “solidão” no mundo, os indivíduos tentam escapar da prisão psicológica do isolamento.44 No entanto, o funcionamento do capitalismo é tal que frequentemente impede o atendimento satisfatório dessa necessidade. A inadequação das relações sociais nas sociedades capitalistas monopolistas foi identificada por Baran e Sweezy. Eles argumentaram que a frivolidade havia se instalado em grande parte da interação social, conforme se tornou tipificada por conversas superficiais e uma falsidade de amabilidade. Os compromissos emocionais exigidos para a amizade e os esforços intelectuais necessários para a conversa se tornaram praticamente ausentes, à medida que a interação social se tornou cada vez mais sobre conhecidos e conversas triviais.45 O capitalismo monopolista contemporâneo não é exceção. Embora as dificuldades em medir sua existência e natureza sejam abundantes, sem dúvida uma das neuroses mais difundidas a infestar o capitalismo atual é a solidão. Ela é cada vez mais considerada uma grande preocupação de saúde pública, talvez mais simbolicamente evidente com o estabelecimento de um Ministério para a Solidão em 2018 pelo governo britânico.

Como neurose, a solidão tem consequências debilitantes. Os indivíduos podem recorrer ao abuso de álcool e drogas para entorpecer sua dor, enquanto a experiência persistente aumenta a pressão arterial e o estresse, bem como impacta negativamente o funcionamento do sistema imunológico e cardiovascular.46 Um problema de saúde mental por si só, a solidão exacerba mais problemas de saúde e muitas vezes é a causa raiz da depressão.47 Em 2017, estimou-se que 13 por cento dos indivíduos na Grã-Bretanha não tinham amigos próximos, com outros 17 por cento tendo amizades de média a baixa qualidade. Além disso, 45 por cento afirmaram ter se sentido solitários pelo menos uma vez nas duas semanas anteriores, com 18 por cento frequentemente se sentindo solitários. Embora um relacionamento íntimo e amoroso atue como uma barreira para a solidão, 47 por cento das pessoas que vivem com um parceiro relataram se sentir solitárias em, pelo menos, parte do tempo e 16 por cento, frequentemente.48 Refletindo os construtos científicos dominantes em saúde mental, esforços recentes foram feitos para identificar as causas genéticas da solidão, sendo dito que condições ambientais exacerbam a predisposição de um indivíduo a ela.49 No entanto, mesmo as análises mais biologicamente deterministas admitem que as circunstâncias sociais são importantes para seu desenvolvimento. Ainda assim, poucos estudos tentam ilustrar seriamente até que ponto o capitalismo é um fator contribuinte.

O individualismo sempre reinou supremo como um princípio sobre o qual a sociedade capitalista ideal é construída. Esforço individual, autossuficiência e independência são endossados ​​como as marcas características do capitalismo. Como entendido hoje, a noção de indivíduo tem suas origens no modo de produção feudal e sua ênfase em métodos de trabalho coletivistas maiores — como dentro da família ou da vila- sucumbindo à compulsão de indivíduos, que precisam ser livres para vender sua força de trabalho no mercado. Antes do capitalismo, a vida era conduzida mais como parte de um grupo social mais amplo, enquanto a transição para o capitalismo se desenvolveu e permitiu o surgimento do indivíduo privado isolado e da família nuclear cada vez mais privatizada.50 Fromm afirmou que a promoção e celebração das virtudes do indivíduo significam que os membros da sociedade se sentem mais sozinhos sob o capitalismo do que sob os modos de produção anteriores.51 A exaltação do indivíduo pelo capitalismo torna-se ainda mais evidente por sua potente oposição aos ideais de coletivismo e solidariedade, e preferência e incentivo para a competição. Os indivíduos, diz-se, devem competir uns com os outros em uma base geral para melhorar seu desenvolvimento pessoal. Mais especificamente, a competição é, economicamente, uma das bases sobre as quais o mercado opera e, ideologicamente, corresponde à crença generalizada de que, para ter sucesso, é preciso competir com os outros por recursos escassos. A consequência da competição é que ela divide e isola os indivíduos. Outros membros da sociedade não são considerados fontes de apoio, mas sim obstáculos ao desenvolvimento pessoal. Os laços de unidade social são, portanto, grandemente enfraquecidos. Assim, a solidão está embutida na estrutura de qualquer sociedade capitalista como um resultado inevitável de seu sistema de valores.

A solidão não é apenas parte integrante da ideologia capitalista, ela é, também, exacerbada pelo próprio funcionamento do capitalismo como sistema. Como resultado do impulso inexorável do capitalismo por auto-expansão, o crescimento da produção é uma de suas características elementares. Tendo se tornado uma noção axiomática, raramente a ideia de expansão da produção é desafiada. O custo humano disso é paralisante, já que o trabalho tem precedência sobre o investimento nas relações sociais. Além disso, as reformas neoliberais deixaram muitos trabalhadores com empregos progressivamente mais precários e menos proteções, benefícios garantidos e horas de trabalho — todos os quais apenas agravaram a solidão. Ampliando a proletarização da força de trabalho, com cada vez mais trabalhadores vivendo em estado de insegurança e experimentando um aumento da exploração, a centralidade do trabalho tornou-se maior com a ameaça de não ter um emprego, ou de não poder garantir um nível de vida adequado, tornando-se uma realidade para muitos em um mercado de trabalho “flexível”.52 Os indivíduos não têm escolha a não ser dedicar mais tempo ao trabalho em detrimento do estabelecimento de relacionamentos significativos.

A crescente atenção dada ao trabalho pode ser ilustrada em relação às práticas de trabalho. Apesar do fato de que a duração média da semana de trabalho aumentou na Grã-Bretanha após a crise financeira de 2007–09, o quadro mais amplo nas últimas duas décadas foi oficialmente de declínio. Os trabalhadores de meio período, no entanto, têm testemunhado um aumento em seu número de horas de trabalho, juntamente com o número de empregos de meio período. Além disso, entre 2010 e 2015, houve um aumento de 15 por cento no número de membros da força de trabalho em tempo integral trabalhando mais de 48 horas por semana (o limite legal; as horas adicionais devem ser acordadas entre empregador e empregado).53 Além disso, em 2016, uma pesquisa de funcionários ilustrou que 27 por cento trabalharam mais tempo do que gostariam, impactando negativamente sua saúde física e mental, e 31 por cento sentiram que seu trabalho interferiu em sua vida pessoal.54 Significativamente, a solidão não é apenas um característica da vida fora do trabalho, mas uma experiência comum durante o trabalho. Em 2014, estimou-se que 42 por cento dos funcionários britânicos não consideravam nenhum colega de trabalho um amigo próximo e muitos se sentiam isolados no local de trabalho.

O maior envolvimento em atividades produtivas em detrimento das relações pessoais foi rotulado de “culto da ocupação” pelos psiquiatras Jacqueline Olds e Richard Schwartz.55 Embora identifiquem com precisão essa tendência, eles a avaliam em termos de trabalhadores escolhendo livremente essa vida. Isso elimina quaisquer críticas sérias ao capitalismo e à realidade de que o culto da ocupação tem sido em grande parte um resultado da necessidade inerente de auto-expansão do sistema econômico. Além disso, Olds e Schwartz não aceitam a tendência como um reflexo da organização estrutural do mercado de trabalho, que torna mais trabalho uma necessidade em vez de uma escolha. Evitar a solidão e buscar relacionamentos significativos são desejos humanos fundamentais, mas o capitalismo suprime seu atendimento satisfatório, junto com as oportunidades de formar laços comuns de amor e amizade e de trabalhar e viver em solidariedade. Em resposta, como Baran e Sweezy argumentaram, o medo de ficar sozinho leva as pessoas a buscarem algumas das relações sociais menos gratificantes, o que acaba resultando em sentimentos de maior insatisfação.56

Materialismo e a Busca por Identidade e Criatividade

Para o capitalismo monopolista, o consumo é um método vital de absorção do excedente. Na era do capitalismo competitivo, Marx não pôde prever como o esforço de vendas evoluiria tanto quantitativa quanto qualitativamente para se tornar tão importante para o crescimento econômico quanto tem sido.57 Publicidade, diferenciação de produtos, obsolescência programada e crédito ao consumidor são meios essenciais de estimular demanda de consumo. Ao mesmo tempo, não faltam indivíduos dispostos a consumir. Ao lado da aceitação do trabalho, Fromm identificou o desejo de consumir como uma característica integral da vida sob o capitalismo, argumentando que era um exemplo significativo dos usos para os quais as energias humanas são direcionadas para apoiar a economia.58

Com os bens de consumo valorizados por sua conspicuidade e não por sua função pretendida, as pessoas passaram do consumo de valores de uso para o consumo de valores simbólicos. A decisão de se engajar na cultura popular e adquirir um tipo de automóvel, marca de roupa ou equipamento tecnológico, entre outros bens, frequentemente se baseia no que o produto supostamente informa sobre o consumidor. Frequentemente, o consumismo constitui o principal método pelo qual os indivíduos podem construir uma identidade pessoal. As pessoas estão emocionalmente envolvidas nos significados associados aos bens de consumo, na esperança de que quaisquer qualidades intangíveis que os itens possuam sejam transmitidas a elas por meio da propriedade. Sob o capitalismo monopolista, o consumismo tem mais a ver com consumir ideias e menos com a satisfação de necessidades biológicas e psicológicas inerentes. Fromm afirmou que “o consumo deve ser um ato humano concreto no qual nossos sentidos, necessidades corporais, nosso gosto estético… estão envolvidos: o ato de consumir deve ser uma… experiência com significado. Em nossa cultura, há pouco disso. Consumir é essencialmente a satisfação de fantasias estimuladas artificialmente.”59

A necessidade de identidade e realização criativa estimula um apetite insaciável de consumir. Cada compra, no entanto, constantemente falha em cumprir sua promessa. Raramente a satisfação é verdadeiramente alcançada através do consumo, porque o que está sendo consumido é uma ideia artificial e não um produto que impregna nossa existência de significado. Nesse processo, o consumismo como forma de alienação torna-se evidente. Em vez de consumir um produto projetado para satisfazer necessidades inerentes, os bens de consumo exemplificam sua natureza sintética por meio de seus significados e simbolismos fabricados, que são projetados para estimular e satisfazer uma necessidade e uma resposta pré-planejadas.60 Qualquer identidade que uma pessoa possa desejar ou sentir que obteve ao consumir um produto, bem como qualquer forma de criatividade invocada por um bem de consumo ou item da cultura popular, é falsa.

Em vez de cultivar a alegria, a afluência das nações capitalistas monopolistas gerou uma insatisfação generalizada, visto que um alto valor é atribuído ao acúmulo de bens. Embora o consumismo como um valor exista em todas as sociedades capitalistas, naquelas de maior desigualdade — com a Grã-Bretanha exibindo disparidades de riqueza mais acentuadas do que a maioria — o desejo de consumir e adquirir contribui muito para o surgimento de neuroses, conforme o esforço para manter o status social e emular aqueles que estão no topo da sociedade torna-se uma tensão imensa. O impacto disso tem sido demonstrado nas famílias britânicas nos últimos anos. Em 2007, a UNICEF atribuiu à Grã-Bretanha o nível mais baixo de bem-estar infantil entre vinte e uma das nações mais ricas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Em resposta, uma análise das famílias britânicas foi conduzida em 2011, comparando-as com as da Espanha e da Suécia, países que se classificaram entre os cinco primeiros em bem-estar infantil.61

Das três nações, a cultura do consumismo era maior na Grã-Bretanha, uma vez que prevalecia entre todas as famílias, independentemente da afluência. Os pais britânicos foram considerados mais materialistas do que os espanhóis e suecos e se comportavam assim também em relação aos seus filhos. Eles compravam os bens de consumo de marca mais atuais, principalmente porque pensavam que isso garantiria o status de seus filhos entre os colegas. Este era um valor compartilhado pelas próprias crianças, com muitas aceitando que o prestígio social era baseado na propriedade de bens de consumo de marca, o que, as evidências sugerem, contribuía para o surgimento de preocupações e ansiedade, especialmente entre crianças de famílias mais pobres que reconheciam sua desvantagem. Ainda que uma compulsão de comprar continuamente novos produtos para si e seus filhos tenha sido identificada entre os pais britânicos, muitos, no entanto, também sentiam a tensão psicológica de tentar manter um estilo de vida materialista e cediam a tais pressões. Em todos os três países, as crianças identificaram as necessidades de seu próprio bem-estar como consistindo em tempo de qualidade passado com os pais e amigos e oportunidades para saciar sua criatividade, especialmente por meio de atividades ao ar livre. Apesar disso, a pesquisa mostrou que, na Grã-Bretanha, muitos não estavam tendo essas necessidades satisfeitas. Os pais lutavam para passar tempo suficiente com seus filhos devido aos compromissos de trabalho e muitas vezes os impediam de participar de atividades ao ar livre devido à preocupação com a segurança das crianças. Posteriormente, os pais compensavam isso com bens de consumo, que em grande parte não eram suficientes para satisfazer as necessidades de seus filhos. Dessa forma, as necessidades das crianças britânicas de formar e participar de relacionamentos significativos e agir de forma criativa eram reprimidas, e os esforços para satisfazer essas necessidades por meio do consumismo falhavam em trazer-lhes felicidade.

Resistência como Luta de Classes

Sem negar a existência de causas biológicas, a organização estrutural da sociedade deve ser reconhecida como tendo graves repercussões na saúde mental das pessoas. O capitalismo monopolista funciona para impedir que muitos experimentem o bem-estar mental. No entanto, apesar disso, o modelo médico continua a dominar, reforçando uma concepção individualista de saúde mental e obscurecendo os efeitos prejudiciais do modo de produção atual. Isso oprime os usuários dos serviços de saúde mental, subordinando-os ao julgamento dos profissionais médicos. O modelo médico também incentiva a suspensão e restrição dos direitos civis dos indivíduos se eles experimentarem sofrimento mental, inclusive legitimando a violação de sua ação voluntária e excluindo-os da tomada de decisão. Para aqueles que sofrem de distúrbios mentais, a vida sob o capitalismo é frequentemente caracterizada por opressão e discriminação.

Cientes de sua condição de oprimidos, usuários e sobreviventes de serviços de saúde mental estão agora desafiando o domínio ideológico do modelo médico e sua ofuscação do impacto psicológico do capitalismo. Além disso, eles estão cada vez mais se aglutinando em torno e apresentando como alternativa a necessidade de aceitar o modelo social de saúde mental de inspiração marxista. O modelo social da deficiência identifica o capitalismo como instrumental para a construção da categoria da deficiência, definida como restrições que excluem as pessoas do mercado de trabalho. Adotando uma perspectiva amplamente materialista, um modelo social de saúde mental aborda a desvantagem material, a opressão e a exclusão política como causas significativas de doenças mentais.

Em 2017, na Grã-Bretanha, o grupo de ação em saúde mental National Survivor User Network (Rede Nacional de Usuários Sobreviventes) rejeitou inequivocamente o modelo médico e colocou a justiça social no centro de sua campanha. Como parte de seu apelo por uma abordagem social para a saúde mental, o grupo denuncia explicitamente o neoliberalismo, argumentando que a austeridade e cortes na previdência social contribuíram para a crescente prevalência de indivíduos que sofrem de problemas de saúde mental, bem como para a exacerbação das questões de saúde existentes entre a população. Reconhecendo a desigualdade social como um contribuinte para a surgimento da má saúde mental, a National Survivor User Network propõe que o desafio colocado pelos usuários de serviços de saúde mental deveria ser parte de uma denúncia mais ampla da desigualdade geral na sociedade, argumentando que “medidas de austeridade, políticas econômicas prejudiciais, discriminação social e desigualdades estruturais estão causando danos às pessoas. Precisamos desafiar isso dentro de uma agenda de justiça social mais ampla.”62 Além disso, o grupo de ação Recovery in the Bin (Recuperação na Lata do Lixo) posiciona a si e ao movimento de saúde mental mais amplo dentro da luta de classes, pressionando por um modelo social que reconheça o capitalismo como um determinante significativo da má saúde mental. Além disso, representando as minorias étnicas, o Kindred Minds faz campanhas vigorosas pelo entendimento de que o sofrimento mental é menos o resultado de características biológicas e mais uma consequência de problemas sociais como racismo, sexismo e desigualdade econômica “patologizados como doença mental”.63 Para o Kindred Minds, o catalisador para a deterioração da saúde mental é opressão e discriminação, com as minorias étnicas tendo que sofrer maiores níveis de desigualdade e preconceito sociais e econômicos.

O capitalismo nunca poderá oferecer as condições mais propícias para o alcance da saúde mental. Opressão, exploração e desigualdade reprimem enormemente a verdadeira compreensão do que significa ser humano. Opor-se à brutalidade do impacto do capitalismo sobre o bem-estar mental deve ser central para a luta de classes, já que a luta pelo socialismo nunca é apenas pela maior igualdade material, mas também pela humanidade e uma sociedade em que todas as necessidades humanas, incluindo as psicológicas, sejam satisfeitas. Todos os membros da sociedade são afetados pela natureza desumana do capitalismo, mas, lenta e determinadamente, a luta está sendo conduzida de forma mais explícita pelos mais oprimidos e explorados. O desafio colocado deve ser visto como parte da luta de classes mais ampla, como sendo uma frente entre muitas na luta por justiça social, igualdade econômica, dignidade e respeito.

Notas

Organização das Nações Unidas, Fact Sheets on Mental Health (Geneva: World Health Organization, 2017), http://who.int.

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Brett J. Deacon e Dean McKay, “The Biomedical Model of Psychological Problems: A Call for Critical Dialogue,” Behavior Therapist 38, no. 7 (2015): 231–35. As empresas farmacêuticas que a identificaram como uma oportunidade de mercado têm sido os principais beneficiários desta abordagem, exemplificada pela proliferação de antidepressivos, conforme ilustrado por Brett J. Deacon e Grayson L. Baird, “The Chemical Imbalance Explanation of Depression: Reducing Blame at what Cost?,” Journal of Social and Clinical Psychology 28, no. 4 (2009): 415–35.

Como exemplificado por Jordan W. Smoller et al., “Identification of Risk Loci with Shared Effects on Five Major Psychiatric Disorders: A Genome-Wide Analysis,” Lancet 381, no. 9875 (2013): 1371–79. Neste estudo, cinco dos transtornos mentais mais comuns, incluindo esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão, foram associados a variações genéticas.

Deacon and McKay, “The Biomedical Model of Psychological Problems,” 233.

A classe social é um dos indicadores mais significativos de saúde mental, conforme evidenciado por pesquisas nas ciências sociais que datam do início do século XX. O primeiro estudo mais notável deste tipo é Robert E. L. Farris and Henry W. Dunham, Mental Disorders in Urban Areas (Chicago: Chicago University Press, 1939), que identificou taxas mais altas de transtornos mentais nos distritos mais pobres de Chicago. Isso foi seguido por, entre outros, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, August B. Hollingshead e Frederick C. Redlich, Social Class and Mental Illness (New York: John Wiley, 1958); Leo Srole, Thomas S. Langer, Stanley T. Michael, Marvin K. Opler e Thomas A. C. Rennie, Mental Health in the Metropolis: The Midtown Manhattan Study (New York: McGraw-Hill, 1962); e John J. Schwab, Roger A. Bell, George J. Warheit e Ruby B. Schwab, Social Order and Mental Health: The Florida Health Study (New York: Brunner-Mazel, 1979).

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A influência de Fromm é evidente no trabalho e na correspondência de Baran. Ele estudou The Sane Society, de Fromm, juntamente com Eros e Civilização e O Homem Unidimensional de Marcuse (na forma de manuscrito). Ele estava, sem dúvida, familiarizado com a obra mais ampla de ambos os pensadores. Embora Baran não estivesse totalmente de acordo com os detalhes das análises de Marcuse, ele reconheceu abertamente a importância e o significado de seu trabalho, identificando Eros e Civilização como tendo grande relevância para a sociedade dos EUA e reconhecendo uma análise psicanalítica como vital para a compreensão da sociedade capitalista-monopolista. Ver Nicholas Baran e John Bellamy Foster, The Age of Monopoly Capital: selected correspondence of Paul A. Baran and Paul M. Sweezy, 1949–1964 (New York: Monthly Review Press, 2017), 127, 131. Ver também “Baran-Marcuse Correspondence,” Monthly Review Foundation, https://monthlyreview.org.

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DAVID MATTHEWS é professor de sociologia e política social na Coleg Llandrillo, País de Gales, e líder de seu programa de graduação em saúde e assistência social.

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