Gleisi Hoffmann
Folha de S.Paulo
A senadora Gleisi Hoffmann discursa após ser reeleita presidente nacional do PT (Partido dos Trabalhadores) na Casa de Portugal, na Liberdade, região central de São Paulo. Jardiel Carvalho/Folhapress |
Não há democracia sem povo, ou ela estará reduzida a formalidades ocas. Mais que a liberdade de reivindicar vida digna para todos, emprego protegido por lei, educação de qualidade, saúde pública, Previdência justa e habitação decente, democracia é a possibilidade de exercer de fato esses direitos. Foi o que buscamos materializar nos governos do PT, fazendo valer a Constituição no Estado de Direito.
Essa concepção nos diferencia, mas não nos separa do todo que hoje forma a resistência democrática e o movimento antifascista. Sem demérito de outras forças, nenhum outro partido encarna mais claramente a oposição a Jair Bolsonaro, seu governo e a agenda neoliberal, entreguista, antipopular e destruidora de direitos que ele representa e que Paulo Guedes impõe.
Foi contra o PT, mas principalmente contra o projeto de desenvolvimento soberano com inclusão social, que se criou esse monstro. Foi por meio da brutal prisão e cassação da candidatura do ex-presidente Lula e da indústria de mentiras contra Fernando Haddad, incentivadas ou toleradas por setores com alta responsabilidade sobre o processo democrático, que Bolsonaro chegou à Presidência.
Não havia "escolhas difíceis" para tais setores em 2018, mas sim a opção de excluir o PT da política brasileira a qualquer preço, como se excluiu o povo e a maioria negra em 500 anos de história com a marca infame da escravidão. Agora que, além de se comprovar venenosa para a democracia, a opção Bolsonaro parece disfuncional para antigos parceiros, tentam isolar o PT até de seu papel na oposição, como se isso fosse possível na vida real.
Não foi pela boa vontade dos poderosos que o PT cresceu e se consolidou nesses 40 anos. Foi porque nunca nos isolamos do povo, da classe trabalhadora e do compromisso com a democracia na forma e no conteúdo. Não é diferente agora.
O PT, que nasceu na luta contra a ditadura e a opressão aos trabalhadores, será capaz novamente de somar com adversários de ontem e de amanhã pelo bem do país. Isso não significa abrir mão de nossas bandeiras, nossas raízes e do compromisso com os trabalhadores e a maioria da população que sofre com a desigualdade indecente.
Temos história e responsabilidade para compreender que a luta pela democracia só alcançou resultados quando somou amplas forças políticas e sociais. Foi assim na luta pelo direito de greve, na anistia, nas Diretas Já, na Constituinte, para consagrar a liberdade e os direitos sociais, e na eleição de Lula para tirá-los do papel.
É assim com a luta antifascista, nos terríveis dias de hoje —e nela o PT está mais uma vez lado a lado com quem defende a democracia como valor e como prática. Nesses tempos em que retrocedemos à presença militar na política e na retórica, é hora de juntar exércitos contra o inimigo que ameaça a pátria comum. Cada qual com suas armas e tropas, sem exclusões, mas sem abrir mão de suas próprias bandeiras.
Temos história e responsabilidade para compreender que a luta pela democracia só alcançou resultados quando somou amplas forças políticas e sociais. Foi assim na luta pelo direito de greve, na anistia, nas Diretas Já, na Constituinte, para consagrar a liberdade e os direitos sociais, e na eleição de Lula para tirá-los do papel.
É assim com a luta antifascista, nos terríveis dias de hoje —e nela o PT está mais uma vez lado a lado com quem defende a democracia como valor e como prática. Nesses tempos em que retrocedemos à presença militar na política e na retórica, é hora de juntar exércitos contra o inimigo que ameaça a pátria comum. Cada qual com suas armas e tropas, sem exclusões, mas sem abrir mão de suas próprias bandeiras.
Não há como negar o papel histórico do PT na defesa das liberdades democráticas e dos direitos sociais. Somos contra Bolsonaro e seu governo pelo mal que fazem à democracia, ao país e ao povo brasileiro. E buscamos construir uma frente referenciada nos interesses populares, para se somar ao grande movimento em defesa da democracia.
O denominador comum de uma frente democrática hoje é nada menos que o impeachment de Jair Bolsonaro, pelos crimes de responsabilidade que cometeu e pelos crimes em série contra o país e o povo. Este é o limite que nos separa dos que admitem, ainda que constrangidamente, seguir tolerando o intolerável em nome de uma estabilidade que há muito deixou de existir. São estes que se isolam do clamor da sociedade.
O Brasil não suportará uma saída "por cima", para manter a agenda de Guedes com ou sem Bolsonaro. Nem voltará à normalidade sem reparar a injustiça e restaurar os direitos do ex-presidente Lula. Mais que o impeachment, o PT defende novas eleições com participação de todas as forças políticas. Ou enfrentamos a crise com o povo ou ela só vai se aprofundar.
O denominador comum de uma frente democrática hoje é nada menos que o impeachment de Jair Bolsonaro, pelos crimes de responsabilidade que cometeu e pelos crimes em série contra o país e o povo. Este é o limite que nos separa dos que admitem, ainda que constrangidamente, seguir tolerando o intolerável em nome de uma estabilidade que há muito deixou de existir. São estes que se isolam do clamor da sociedade.
O Brasil não suportará uma saída "por cima", para manter a agenda de Guedes com ou sem Bolsonaro. Nem voltará à normalidade sem reparar a injustiça e restaurar os direitos do ex-presidente Lula. Mais que o impeachment, o PT defende novas eleições com participação de todas as forças políticas. Ou enfrentamos a crise com o povo ou ela só vai se aprofundar.
Sobre a autora
Deputada federal (PT-PR), presidenta nacional do PT, ex-senadora (fev. a jun.2011 e fev.2014 a jan.2019) e ex-ministra-chefe da Casa Civil (2011-2014, governo Dilma).
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