Pedro Monzón
Folha de S.Paulo
Médicos e enfermeiros cubanos desembarcam perto de Milão, na Itália, para ajudar no combate ao coronavírus. Daniele Mascolo/Reutgers |
Pensei em escrever este artigo para promover o turismo de cidadãos brasileiros para a nossa segura, estável, amistosa e bela ilha, utilizando o bordão popular “Vai pra Cuba”. Porém, os tempos pedem outro importante tema.
Refiro-me à pandemia de Covid-19, que nos obriga a reflexionar profundamente sobre qual deveria ser a essência do ser humano. “Pátria é humanidade”. Este é o conceito que move a Revolução Cubana e sua política internacional solidária e massiva desde o triunfo em 1959, que se fez pública em múltiplas ocasiões, em particular na educação e na saúde. Um dos tantos casos destacados foi a luta contra o ebola; outro, mais recente, foi as boas-vindas em Cuba do contaminado barco inglês Braemar. Essa conduta nacional se explica porque os valores morais são a medula da formação dos cubanos e das políticas nacionais.
A pandemia de coronavírus constitui uma advertência para a espécie humana. É um alerta porque muitas mais ameaças pendem sobre nós. Entre elas, continuam avançando as guerras, a fome, mais mutações de vírus e uma catástrofe que se vislumbrava já faz muito: a destruição da natureza e a mudança climática. Tais tragédias prometem afetar o mundo inteiro, independentemente do poderio econômico-militar de um país, da cor da pele, das crenças, da origem social, da nacionalidade ou do fato de pertencer a um ou outro sistema econômico e político —ou qualquer ideologia. Em síntese, trata-se de um fenômeno anti-humano gerado, propiciado ou permitido pelos próprios seres humanos.
Em realidade, gostaríamos que o mercado pudesse deter estes aterradores processos, porém os fatos demonstram que é impossível, que se impõem políticas cujo centro seja a satisfação dos direitos e o bem-estar da humanidade. Diversos países, socialistas ou não, perceberam, finalmente, que setores tão importantes como a educação e a medicina não podem converter-se em âmbito do predomínio do mercado.
Cuba segue aberta a uma cooperação solidária sem limites e, como sempre, sem ataduras políticas e ideológicas. Temos a esperança de que essas ideias se imponham e ajudem o desenvolvimento de todos e a amizade entre Cuba e Brasil.
Em realidade, gostaríamos que o mercado pudesse deter estes aterradores processos, porém os fatos demonstram que é impossível, que se impõem políticas cujo centro seja a satisfação dos direitos e o bem-estar da humanidade. Diversos países, socialistas ou não, perceberam, finalmente, que setores tão importantes como a educação e a medicina não podem converter-se em âmbito do predomínio do mercado.
O centro das políticas deve ser a solidariedade, em um mundo inevitavelmente conectado, onde um fenômeno qualquer em um país pode afetar, quase de imediato, a outra nação distante. Se prevalecerem o egoísmo e os interesses comerciais, os resultados serão calamitosos para todos, os fortes e os débeis, os ricos e os pobres. O nacionalismo estreito e o mercantilismo extremo não são remédio porque excluem a ética, além de contraproducentes.
O financiamento multimilionário de guerras genocidas, a pretensão ilusória de que um país esteja acima de outro e as ações de extermínio, como os bloqueios politicamente motivados que se praticam contra Cuba, Venezuela e Irã, não só não favorecem como atrapalham esses países a se desenvolver e a ajudar os demais, a partir de suas fortalezas e talentos —por isso, devem acabar já. Decisões agressivas contra os seres humanos, como a perseguição à ajuda médica cubana, também devem terminar; este é o momento.
Cuba segue aberta a uma cooperação solidária sem limites e, como sempre, sem ataduras políticas e ideológicas. Temos a esperança de que essas ideias se imponham e ajudem o desenvolvimento de todos e a amizade entre Cuba e Brasil.
Sobre o autor
Cônsul-geral de Cuba em São Paulo
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