Em seu estupendo Yesterday’s Tomorrow,[1] Bini Adamczak oferece nada menos do que uma descrição definitiva daquilo que somos levados a chamar de um indelével e absolutamente autêntico “desejo comunista”, a ideia de uma sociedade que superou completamente a dominação: “Diferentemente dos escravos, que apenas desejavam ser tão livres quanto seus mestres, diferentemente dos camponeses, que queriam pagar a seus senhores um décimo de sua colheita, em vez de um quinto; diferentemente da burguesia, que apenas almejava a liberdade política, não a econômica, o que os trabalhadores demandavam era uma sociedade sem classes. Os comunistas prometiam a abolição de toda dominação. E, desde que sejam lembrados, sua promessa persistirá”.
Este desejo é “eterno” no simples sentido de que se trata de uma sombra que acompanha toda a história – que é, como escreveram Marx e Engels, a história da luta de classes. O livro de Bini Adamczak é especial pois ela detecta este desejo através de uma análise muito cuidadosa dos fracassos do movimento comunista (europeu) do século XX, desde o pacto Hitler-Stalin até a brutal repressão da rebelião de Kronstadt. Os detalhes que descreve deixam claro que, digamos, não podemos compreender o pacto Hitler-Stalin apenas nos termos de uma brutal realpolitik (Stalin precisaria de tempo de preparo para a guerra que espreitava no horizonte).
Excessos bizarros distorcem esta imagem, como o fato de que, em 1940, os guardas dos gulags eram proibidos de chamar os prisioneiros de “fascistas!” para não insultar os nazistas: “O que continua incompreensível, porque é irredutível a qualquer cálculo político de poder, é a ordem de Beria proibindo os guardas nos gulags de achincalhar os presos políticos – majoritariamente antifascistas acusados de “desvios trotskistas-fascistas” – com o epíteto de fascista”.
O foco de Bini Adamczak é duplo, como deixa claro o subtítulo do livro: “Sobre a solidão dos espectros comunistas e a reconstrução do futuro”. A solidão absoluta é aquela dos comunistas que foram expulsos, mas continuaram acreditando na Ideia comunista que se encarnava no Partido que os liquidara – isto é, em termos lacanianos, o Partido continuava, para eles, como o único grande Outro. Seu impasse era que insistir na pureza do sonho comunista contra a sua traição pelo Partido não era uma saída: precisava-se “reconstruir” este sonho de um futuro.
A maioria deles (basta lembrar de Arthur Koestler e Ignazio Silone) fracassou nesta tarefa, contribuiu para a crítica liberal (ou até mesmo conservadora) do comunismo e produziu escritos ao estilo “Deus que fracassou”, somando-se ao exército anticomunista da Guerra Fria. Conforme nota Bini Adamczak, a ausência do desejo comunista explica por que, mesmo quando o comunismo europeu se desintegrou em 1990, “os gritos jubilosos dos vencedores da Guerra Fria eram tão pouco convincentes: eles não demonstravam nenhuma alegria. Em vez de um alívio diante de um perigo ameaçador evitado, ou de uma alegria compartilhada diante da nova sorte daqueles não mais oprimidos, eles expressavam algo que se assemelhava a uma malevolência amargurada: a schadenfreude dos que ficaram em casa porque seus irmãos se afogaram no mar”.
Aqui, Bini Adamczak inverte o conhecido lema anticomunista que diz que quem não quiser falar sobre o stalinismo deverá calar-se sobre o comunismo: “mas o que pode ser dito sobre o stalinismo por aqueles que se recusam a escutar sobre o comunismo? Aqueles que querem escrever a história deste passado sem escrever a história daquele futuro que foi enterrado com ele?” Só o comunismo estabelece os padrões mais altos, pelos quais deve ser julgado e rejeitado criticamente. É por isso que “a primeira acusação contra o anticomunismo deve ser aquela sobre a minimização dos crimes do stalinismo. Não porque uma ideia foi morta junto às pessoas nos gulags – quão cínico – mas porque apenas o comunismo trouxe à tona a demanda historicamente realizável de recusar qualquer privação, de não tolerar mais nenhuma degradação”.
É por isso que a pior coisa que um comunista pode fazer é defender irresolutamente e de uma maneira comparativa e modesta os Estados comunistas: “Os comunistas reagem defensivamente à crítica (anticomunista) do comunismo – ‘nem tudo no comunismo era ruim’ – defendendo-se – ‘aquilo nem sequer era comunismo’ – ou atacando – ‘a crítica dos crimes realizados pelo comunismo apenas serve para legitimar os crimes dos inimigos’. Eles têm razão em todos os aspectos. Mas o que afirmar que o nazismo era pior, que o capitalismo tem sido igualmente ruim, significa para o comunismo? Que espécie de veredito está implícito em dizer, não que tudo, mas quase tudo era ruim?”
Lembremos de uma maneira semelhante de defender Cuba: sim, a revolução foi um fracasso, mas eles têm um bom sistema de saúde e de educação… Não ouvimos um argumento semelhante vindo daqueles que “demonstram compreensão” pela Rússia, embora condenem a invasão da Ucrânia: “a crítica dos crimes russos na Ucrânia apenas serve para legitimar os crimes do Ocidente liberal...”?
Bini Adamczak também dispensa a esquerda “pós-moderna” que critica o comunismo por focar na economia enquanto considera secundários o feminismo, a luta contra a opressão sexual e todos os outros domínios do “marxismo cultural”. Uma tal crítica se aproxima demais de um historicismo confortável, que ignora a “eternidade” da ideia comunista. Quando uma injustiça acontece, a relativização historicista que se opera ao se evocar circunstâncias específicas (“ele vivia em um tempo diferente em que era normal ser racista ou antifeminista, então não devemos julgá-lo através dos valores atuais”) está errada: devemos fazer exatamente isso, medir os erros do passado pelos padrões atuais. Devemos ficar chocados com como as mulheres eram tratadas nos séculos passados, com o fato de que pessoas benevolentes e “civilizadas” possuíam escravos etc.
O atual poder comunista não está apenas lutando contra seus oponentes capitalistas; ele está traindo o sonho emancipatório que o trouxe ao mundo. É por isso que uma verdadeira crítica do socialismo realmente existente não deve apenas apontar para o fato de que a vida em um Estado comunista era, em geral, pior do que aquela em muitos Estados capitalistas. Sua maior “contradição” é a antinomia que carrega em seu núcleo, não apenas o duro contraste entre a ideia e a realidade, mas a mudança menos perceptível na própria ideia. A imagem idealizada do futuro prometido pelo poder comunista é incompatível com a ideia comunista.
No último ato de A Tempestade, Próspero diz a Caliban: “esta coisa escura eu reconheço ser minha”. Todo comunista deve dizer algo semelhante sobre o stalinismo, a maior “coisa escura” da história do comunismo: para realmente compreendê-lo, o primeiro gesto é “reconhecê-lo como meu”, aceitar plenamente que o stalinismo não foi um desvio contingente ou uma má aplicação do marxismo, mas estava nele implicado enquanto uma possibilidade... E Hegel não diz algo semelhante em suas famosas frases acerca da Revolução Francesa?
“Nunca, desde que o Sol começou a brilhar no firmamento e os planetas começaram a girar ao seu redor, se havia percebido que a existência do homem está centrada em sua cabeça, isto é, no pensamento (...). Anaxágoras foi o primeiro a dizer que o nous rege o mundo; mas só agora o homem percebeu que o pensamento deve governar a realidade espiritual. Assim se deu um glorioso amanhecer. Todos os seres vivos pensantes comemoraram essa época. Naquele período, reinou um sublime entusiasmo, um entusiasmo do espírito, que estremeceu o mundo como se só agora tivesse acontecido a verdadeira reconciliação do divino com o mundo”.[2]
Note que Hegel diz isso um quarto de século depois da Revolução Francesa, e décadas depois de ter mostrado como a liberdade que ela queria atualizar tornou-se, necessariamente, terror. Devemos dizer o mesmo sobre a Revolução de Outubro depois da experiência do stalinismo como sua consequência: também aconteceu “um glorioso amanhecer. Todos os seres vivos pensantes comemoraram essa época. Naquele período, reinou um sublime entusiasmo, um entusiasmo do espírito, que estremeceu o mundo”. Temos que enfrentar esta antinomia plenamente, evitando ambas as armadilhas: reduzir o stalinismo a um erro devido a circunstâncias contingentes, assim como a conclusão rápida de que o stalinismo é a “verdade” acerca do desejo comunista.
Esta antinomia é levada ao extremo em O Estado e a revolução, de Lênin, um livro cuja visão acerca da revolução está definitivamente fundada no autêntico desejo comunista: conforme Lênin escreve, com a revolução, “pela primeira vez na história das sociedades civilizadas, a massa da sociedade se elevará até a participação autônoma não só nas votações e nas eleições, mas também na administração cotidiana. No socialismo, todos administrarão por turno e se habituarão depressa a que ninguém administre”.[3]
Esta dimensão propriamente comunista está condensada na famosa fórmula leninista que diz que “toda cozinheira deve aprender a governar o Estado”, repetida incessantemente durante os anos 1920 como slogan pela emancipação das mulheres. No entanto, é importante observar com mais cuidado o contexto preciso em que Lênin justificou este slogan que, em um primeiro momento, pode parecer extremamente utópico, especialmente porque ele enfatiza que o slogan designa algo que “pode e deve ser feito de uma vez, da noite para o dia”, não em um futuro comunista distante.
Lênin começa seu argumento recusando ser utópico: contra os anarquistas, afirma seu completo realismo. Ele não está contando com “novos homens”, mas com as “pessoas como elas são agora, com pessoas que não podem prescindir da subordinação, do controle e de ‘chefes e contadores’”: “Não somos utopistas. Não ‘sonhamos’ com dispensar de uma só vez toda administração, toda subordinação; esses sonhos anarquistas, baseados na incompreensão das tarefas da ditadura do proletariado, são fundamentalmente estranhos ao marxismo e só servem na realidade para protelar a revolução socialista até o momento em que as pessoas forem diferentes. Não, nós queremos a revolução socialista, com pessoas como as de agora, que não poderão passar sem subordinação, sem controle, sem ‘administradores’”.
“Mas é preciso subordinar-se à vanguarda armada de todos os explorados e os trabalhadores – o proletariado. Podemos e devemos, desde já, de hoje para amanhã, começar a substituir a ‘hierarquização’ específica dos funcionários do Estado pelas simples funções dos ‘administradores’, funções que, já hoje, estão completamente ao alcance do nível de desenvolvimento dos citadinos em geral e que podem ser perfeitamente executadas mediante o ‘salário de operário’.”
Mas, como fazer isso? Aqui está o momento principal do argumento de Lênin: “o mecanismo de gestão social já está ao alcance das mãos” no capitalismo moderno – o mecanismo do funcionamento automático de um amplo processo de produção onde os chefes (representando os proprietários) apenas dão ordens formais. Este mecanismo funciona de forma tão estável que, sem perturbá-lo, o papel do chefe se reduz a simples decisões e pode ser ocupado por qualquer pessoa comum. Então, tudo que a revolução socialista precisa fazer é substituir o capitalista ou o chefe designado pelo Estado por uma pessoa comum (aleatoriamente escolhida).
Para ilustrar este ponto, Lênin usa o exemplo do serviço postal: “Um espirituoso social-democrata alemão dos anos 70 do século XIX chamou o correio de modelo de empresa socialista. Muito justo. O correio é hoje uma economia organizada segundo o tipo do monopólio capitalista de Estado. O imperialismo transforma progressivamente todos os trustes em organizações de tipo semelhante. Acima dos ‘simples’ trabalhadores, que estão sobrecarregados de trabalho e que passam fome, encontra-se aqui exatamente a mesma burocracia burguesa. Mas o mecanismo de gestão social, no caso, já está pronto. Derrubar os capitalistas, destruir a resistência desses exploradores com a mão de ferro dos trabalhadores armados e demolir a máquina burocrática do Estado contemporâneo – com isso, temos diante de nós um mecanismo de elevado equipamento técnico livre do ‘parasita’, que os próprios trabalhadores unidos podem perfeitamente colocar em funcionamento contratando técnicos, administradores, pagando o trabalho de todos eles, assim como o de todos os funcionários do ‘Estado’ em geral com um salário de operário.”
Lênin está defendendo, aqui, que “as funções públicas perderão o seu caráter político e se transformarão em simples funções administrativas”. Qual é, então, o lugar das opiniões daqueles que deveriam obedecer à “disciplina de ferro” nesta máquina administrativa despolitizada? A solução de Lênin era praticamente uma solução kantiana: o livre debate em reuniões públicas durante os finais de semana, mas a obediência e o esforço durante o trabalho!
Os bolcheviques devem “pôr-se à cabeça das massas esgotadas e cansadas que procuram uma saída, conduzi-las pelo caminho certo, pelo caminho da disciplina do trabalho, pelo caminho da conciliação das tarefas de fazer comícios acerca das condições de trabalho com as tarefas da subordinação sem reservas à vontade do dirigente soviético, do ditador, durante o trabalho. (...) É preciso aprender a conjugar o democratismo dos comícios das massas trabalhadoras, tempestuoso, que corre como a cheia primaveril, que transpõe todas as margens, com a disciplina férrea durante o trabalho, com a obediência sem reservas à vontade de uma só pessoa, do dirigente soviético, durante o trabalho”.[4]
Já foi diversas vezes notado como Lênin vai, aos poucos, limitando o campo: no começo, é a maioria, a massa de pessoas exploradas; depois, o proletariado, que não é mais a maioria (lembre-se de que na Rússia daquela época mais de 80% da população era composta por camponeses), mas uma minoria privilegiada; depois, até mesmo essa minoria se torna uma massa de “pessoas exaustas” e confusas que precisam ser lideradas pela “vanguarda armada de todos os trabalhadores explorados”; e , como era de se esperar, terminamos com a obediência incondicional às vontades de uma única pessoa, o ditador soviético.
Um hegeliano prontamente levantaria a questão acerca da mediação: temos três níveis, o Universal (a maioria trabalhadora, “todos”), o Particular (o partido, a “vanguarda armada” que controla o poder estatal), e o Singular (o líder). Lênin os identifica automaticamente, ignorando os modos de mediação nos quais a luta política propriamente dita acontece. É por isso que, como notou Ralf Millband, não existe um debate acerca do papel do partido quando Lênin descreveu o funcionamento do edifício econômico socialista. [5] Esta falta torna-se ainda mais estranha se levarmos em consideração o fato de que o foco do trabalho político de Lênin é a luta, no interior do partido, entre uma linha verdadeira e diferentes revisionistas.
Isso nos leva a mais uma das antinomias de Lênin: a despeito de sua total politização da vida social (para ele, por exemplo, não existe uma “justiça” neutra nos tribunais: se os juízes não estão do seu lado, eles estão ao lado do inimigo), sua perspectiva acerca da economia socialista é profundamente tecnocrática. A economia é uma máquina neutra, que pode funcionar de maneira estável independentemente de quem a controla. O fato de uma cozinheira poder ser chefe de Estado significa justamente que não importa quem está no controle. A cozinheira pode, estranhamente, assemelhar-se ao papel atribuído por Hegel ao monarca: ela apenas dá um “sim” formal às propostas preparadas por gestores e especialistas...
Mas, por que insistir neste velho assunto, que hoje está claramente datado? Porque ele não está nem um pouco datado: as últimas tendências do capitalismo corporativo oferecem uma visão pervertida do sonho de Lênin. Tomemos empresas como a Amazon, a Facebook ou a Uber. A Amazon e a Facebook apresentam-se como meras mediadoras: elas são algoritmos funcionais, regulando os bens comuns de nossas interações. Então, por que não as nacionalizar, cortar suas cabeças (que são seus proprietários ou chefes) e substituí-las por pessoas comuns que cuidarão para que a empresa sirva os interesses da companhia, isto é, que a máquina não será deturpada para servir aos interesses comerciais particulares, que fizeram dos donos anteriores multibilionários?
Em outras palavras, chefes como Bezos e Zuckerberg não poderiam ser substituídos pelos “ditadores” populares imaginados por Lênin? Mais ainda, considere a Uber: ela também se apresenta como um puro mediador, unindo motoristas (que são os proprietários de seus carros, seus “meios de produção”) e aqueles que precisam de uma carona. Todas elas permitem sustentar a (aparência de) nossa liberdade; apenas controlam o espaço desta liberdade. Fenômenos como esses não justificariam Karl-Heinz Dellwo, que invoca uma “dominação sem sujeito”? Hoje não seria “razoável deixar de falar de mestres e servos, para falar de servos que comandam servos”? [6] Servos que comandam servos: não é isso que Lênin visava em seu slogan “toda cozinheira deve aprender a comandar o Estado”?
Já não seria possível observar, em certos momentos, os elementos de uma política pós-partidária no capitalismo desenvolvido de hoje? Tome o caso da Suíça. Quem sabe os nomes dos ministros em seu governo? Quem sabe qual partido está no poder por lá? Décadas atrás, um comunista foi eleito repetidas vezes para prefeito de Genebra, uma cidade que representa o grande capital, e nada mudou... (Mas também se deve mencionar que a Suíça é, na verdade, dirigida por um conselho de elite semi-secreto de vinte homens que decidem tudo).
Então, sim, temos que aceitar o fato de que é impossível que o comunismo vença (no mesmo sentido de que a Ucrânia não pode vencer a Rússia), isto é, que, neste sentido, o comunismo é uma causa perdida. Mas, como disse G. K. Chesterton em seu What’s Wrong with the World? [O que há de errado com o mundo?]: “as causas perdidas são exatamente aquelas que poderiam ter salvado o mundo”. O que podemos fazer uma vez que reconhecemos plenamente esta antinomia?
Nas últimas páginas do livro, Beni Adamczak experimenta duas soluções extremas. E se os revolucionários comunistas, sabendo que trarão um novo terror, capitularem antecipadamente à contrarrevolução para salvar sua moral e evitar sua própria contrarrevolução? Seu exemplo é o de Salvador Allende, que renunciou à luta armada contra o putsch militar. Devemos, porém, no mínimo complementar este exemplo com aquele do debate na União Soviética dos anos 1920 quando, depois de ficar claro que não haveria uma revolução europeia e de os bolcheviques perceberem que não tinham nenhuma chance de começar a construir o socialismo, alguns dentre eles propuseram simplesmente render-se e entregar o poder...
A outra solução extrema de Beni Adamczak é, depois de conquistar o poder estatal, os comunistas lutarem contra a tentação terrorista usando o terror contra si mesmos e aceitando conscientemente a necessidade de sua própria eliminação, da liquidação dos revolucionários da primeira geração. (Mas, em certa medida, não foi exatamente isso que Stalin fez – liquidar a primeira geração de revolucionários que conquistaram o poder?)
E se a única solução imaginável para esta antinomia for um curto-circuito bizarro: assumindo o poder, os próprios comunistas organizam uma “contrarrevolução” contrária a seu governo, moldando um aparelho estatal que limita seu próprio poder?
Notas:
[1] Ver Bini Adamczak, Yesterday’s Tomorrow, Cambridge: MIT Press 2021. Depois de ler este livro e tentar escolher alguns de seus trechos, fui tomado por um sentimento bizarro de que o livro inteiro precisava ser citado. Os números entre parênteses são deste livro.
[2] G. W. F. Hegel, The Philosophy of History, New York: Dover 1956, p. 447.
[3] Citações de The State and Revolution (marxists.org).
[4] “The Immediate Tasks of the Soviet Government,” in Collected Works, Moscow; Progress Publishers 1972, Volume 27, p. 261. Non-accredited quotes that follow are from this book.
[6] Karl-Heinz Dellwo, “Subjektlose Herrschaft und revolutionaeres Subjekt. Friady for Future?”, um discurso proferido em Leipzig no dia 12 de janeiro de 2021. (Citações do manuscrito).
Colaborador
O filósofo marxista esloveno e crítico cultural é um dos pensadores mais ilustres do nosso tempo. Žižek alcançou reconhecimento internacional como teórico social após a publicação em 1989 de seu primeiro livro em inglês, "The Sublime Object of Ideology". Ele é um colaborador regular de jornais como "The Guardian", "Die Zeit" ou "The New York Times". Ele foi rotulado por alguns como o "Elvis da teoria cultural" e é tema de inúmeros documentários e livros.
Colaborador
O filósofo marxista esloveno e crítico cultural é um dos pensadores mais ilustres do nosso tempo. Žižek alcançou reconhecimento internacional como teórico social após a publicação em 1989 de seu primeiro livro em inglês, "The Sublime Object of Ideology". Ele é um colaborador regular de jornais como "The Guardian", "Die Zeit" ou "The New York Times". Ele foi rotulado por alguns como o "Elvis da teoria cultural" e é tema de inúmeros documentários e livros.
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