24 de janeiro de 2021

Cuba e EUA: uma nova oportunidade

Nosso país espera construir relações civilizadas, em igualdade de condições

Pedro Monzón



bloqueio econômico, comercial e financeiro dos EUA se mantém contra Cuba desde 1962. Doze presidentes americanos encabeçaram essa política agressiva, com um momento efêmero de relaxamento durante o mandato de Barack Obama.

A imensa maioria dos cubanos não conhece outra realidade que a do bloqueio, e muitos brasileiros que leem este artigo não haviam nascido quando se iniciou tal infâmia. Trata-se de uma política cruel, endurecida anualmente. Provocou múltiplas perdas humanas e de milhões de dólares à economia. O bloqueio é o principal obstáculo ao desenvolvimento de Cuba.

Um período de agressividade inédita; foram assim os quatro anos da administração Donald Trump. Ele tomou medidas contra Cuba que agravaram deliberadamente os danos causados pela pandemia.

Castigou o povo cubano com a intenção de gerar explosões sociais e oferecer uma imagem conflituosa e de desastre. Por que não se levanta o bloqueio para que o sistema fracasse por si só? A resposta é óbvia: Cuba teria um progresso geométrico.

Além de reforçar as sanções de sempre, Trump impediu a entrada de combustível no país, afetando criticamente a produção e os serviços à população; limitou o acesso a linhas aéreas regulares; e suspendeu a visita de cruzeiros, embarcações privadas, voos “charters” e particulares.

Com argumentos falaciosos, eliminou os serviços consulares em Cuba e proibiu a entrada de remessas familiares, o que também prejudica o povo. Concomitantemente, fortaleceu agressões virtuais, apoiando-se na organização de “suaves golpes” em Cuba, financiados pelos EUA.

Essas políticas se propõem a fazer o povo sofrer e pôr fim ao socialismo. Obama reconheceu que o castigo é inútil —a imensa maioria apoia a Revolução. Existem muitas razões para resistir: o logro da independência e dignidade nacionais e uma quantidade inumerável de medidas tangíveis de justiça social.

Cuba é um país culto, seguro, pacífico e são, com bem pouco dos males sociais que sofrem outros países, incluindo os EUA. Controlou a pandemia nacionalmente, e sua ampla solidariedade médica internacional foi demonstrada, especialmente durante a proliferação mundial desta perigosa enfermidade.

A Assembleia Geral da ONU, durante 28 anos, votou contra o bloqueio. Apenas dois governos dão respaldo aos EUA. Obama também compreendeu que quem se isolou foram os norte-americanos. Um sinal de prestígio é que Cuba foi eleita reiteradamente em diversas instituições multilaterais.

Obama iniciou a aproximação com Cuba muito tarde, prontamente revertida por Trump. Muitos confiam que a administração Joe Biden seja uma nova oportunidade para pôr fim a essa política ilegal, injusta, abusiva e insensata.

Nosso país espera construir relações civilizadas com os EUA, em igualdade de condições, sobre a base do respeito à nossa independência, soberania e autodeterminação.

Sobre o autor

Cônsul-geral de Cuba em São Paulo.

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