Mariano Pacheco
Em 1971, Carlos Olmedo concedeu uma entrevista à revista Cristianismo y Revolución ("Los de Garín") onde relatou a viagem das FAR, as Forças Armadas Revolucionárias que surgiram na Argentina em meados dos anos 60 para acompanhar o empeendimento de Ernesto Guevara na Bolívia. Após a morte de Che, o grupo deu uma guinada em duas direções: por um lado, deixaram de se preparar para montar uma guerrilha rural subordinada a um projeto latino-americano, para passar a trabalhar para construir uma experiência de guerrilha urbana em âmbito nacional.
Por outro lado, eles entram em um profundo debate teórico-político interno e decidem assumir a experiência do trabalhador peronista como sua, sem deixar de ser marxistas. Mas o que é ser marxista para os FAR? É aí que reside todo o núcleo da polêmica que se instaura com o Partido Revolucionário dos Trabalhadores - Exército Popular Revolucionário, que, por meio de um grupo de militantes detidos na Cadeia dos Encauzados, na província de Córdoba, enviou à revista mencionada um documento em resposta à entrevista, com uma série de perguntas sobre as definições ali feitas por Olmedo em nome da FAR.
A polêmica tornou-se fundamental para as militâncias revolucionárias argentinas, pois dois anos depois as FAR se fundiram com os Montoneros (que antes havia se fundido com a organização Descamisados e incorporado uma fração das legendárias Forças Armadas Peronistas), alcançando assim uma forte hegemonia sobre toda a Tendência Revolucionária do Peronismo, enquanto o PRT-ERP se torna a organização mais importante da esquerda revolucionária não peronista.
Estes são os anos do triunfo da Unidade Popular, que levou Salvador Allende a ser o primeiro presidente socialista eleito em eleições na América Latina, e do surgimento da ação guerrilheira no Cone Sul, com organizações poderosas na Argentina mas também no mesmo solo chileno (Movimento de Esquerda Revolucionária), no Uruguai (Movimento de Libertação Nacional de Tupamaros) e ainda com a persistência do Exército de Libertação Nacional (ELN) na Bolívia; todas experiências que convergiram com o ERP na Junta de Coordenação Revolucionária.
Assim, a polêmica que iria eclodir não era propriamente uma discussão entre a esquerda e o peronismo, mas um debate entre organizações de esquerda - fortemente marcadas pelo guevarismo e pela experiência cubana - sobre como se processa o fenômeno peronista. Isso em um contexto em que a perspectiva da revolução socialista estava sendo assumida como própria pelas franjas crescentes do peronismo no calor de seu processo de radicalização interna após quase duas décadas de resistência, em consonância com um processo de radicalização generalizada dos povos do mundo, como já apontamos em outro texto.
Uma resposta do FAR é então adicionada ao documento ERP enviado para a revista Cristianismo y Revolución. Os três textos serão compilados pela FAR e publicados em uma cartilha com o título "Aporte al proceso de confrontación y polémica pública que abordamos con el ERP", também reproduzida em 1973 pela revista Militancia e incorporada em 1996 por Roberto Baschetti ao tomo "De la guerrilla peronista al gobierno popular (1970-1973) de sua coleção de livros Documentos (del peronismo revolucionario).
Ao contrário dos restantes dirigentes das organizações revolucionárias marxistas e peronistas, Carlos Enrique Olmedo, "Josesito", como era conhecido pelo seu nome de guerra, era também um filósofo militante. Sua morte prematura no "Combate de Ferreyra" (em 3 de novembro de 1971 em Córdoba), transformou-o em uma lenda para os militantes, mas um perfeito estranho para um grande público. Mesmo entre os militantes, seu nome não ressoa hoje com tanta força quanto o de Mario Roberto Santucho, Benito Urteaga ou Enrique Gorriarán Merlo do PRT; Roberto Cirilo Perdia, Mário Eduardo Firmerich, Gustavo Ramus, Fernando Abal Medina, Norma Arrostito ou Fernando Vaca Narvaja de Montoneros; nem mesmo como o de Marcos Osatinksy, Roberto Quieto ou Julio Roqué, da própria FAR.
Nascido em uma casa humilde da irmã República do Paraguai e com uma infância e adolescência que não foram fáceis para ele, Olmedo se formou em Filosofia e Sociologia na Universidade de La Sorbonne, França, sendo muito jovem. Lá ele conheceu o próprio Louis Althusser, a quem a esquerda mundial deve suas releituras sintomáticas de Karl Marx e, em particular, de sua obra-prima, O Capital.
Olmedo participou na Argentina da emblemática revista cultural de esquerda La Rosa Blindada e com apenas 23 anos ministrou cursos de pós-graduação na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires, mas também trabalhou como publicitário e formou-se em Cuba. Com sólida formação marxista, foi um dos que mais energicamente defendeu, no início dos anos setenta, a necessidade de se aproximar do peronismo, sem renunciar a uma perspectiva de revolução socialista que tivesse os proletários deste solo nacional como seu principal protagonista.
Em discussões políticas (aqueles que compartilharam um trecho da rota com ele comentam), ele foi capaz de voltar à história de Galileu para sustentar uma ideia sobre a situação. E então, no final de uma reunião, sentar-se calmamente e ouvir a música de Mozart. Olmedo aprendeu a olhar para o peronismo de uma maneira diferente e ajudou outros a interpretá-lo também, da esquerda, de uma maneira diferente. Ele contribuiu como poucos para a formulação da categoria de Nacionalismo Popular Revolucionário.
Espectros revolucionários
Uma estratégia libertadora não é a simples afirmação nem a solitária prática de um método... Trata-se em primeiro lugar, de determinar qual é, em uma sociedade nacional, a força social capaz de protagonizar um processo cabalmente revolucionário libertando nele outras forças e setores sociais. Em outras palavras, qual é a força social cuja localização no processo produtivo dá às suas reivindicações econômicas a máxima radicalidade, mas também, e decididamente, qual é a força social cuja experiência estabeleceu já mais claramente que as reivindicações fundamentais não se pedem, se conquistam e voltam a se perder se com ela não se conquista e se defende o poder político, o timão da sociedade. (Carlos Olmedo)
Tal como señaló la investigadora platense Mora González Canosa en un texto publicado hace unos años («Marxismo, peronismo y vanguardia. La polémica entre las FAR y el ERP»), los «Faroles» establecen con «Los Perros» una disputa, simultáneamente, en dos frentes: «contra los sectores ‘conciliadores’ del peronismo, tensionando las formas de concebir dicho movimiento político, y contra la izquierda marxista no peronista, a quien buscaban disputarle su propia tradición teórica».
Lo que aparece como telón de fondo de la extensa textualidad presente en el debate son, fundamentalmente, tres cuestiones: la caracterización del peronismo (¿frena o dinamiza la lucha de la clase obrera por el socialismo?); los «usos» del marxismo (¿es un método de análisis –científico– de formaciones sociales específicas o también «bandera política universal»?) y, sobre la base de esta última caracterización, el punto de partida (nacional o internacional) del análisis crítico de la realidad y su historia.
Con el ánimo de reponer mínimamente aquel debate pero, por sobre todas las cosas, intentar rescatar sus argumentos para los análisis actuales, del conjunto de agudas definiciones que ofrece Olmedo rescataremos tres elementos:
1) La comprensión de que, hacia mediados de la década del sesenta, el Che oficiaba como figura capaz de establecer una «estrategia revolucionaria supranacional», sin por eso convertirse en «una patrulla extraviada en la lucha de clases nacional» (que era uno de los riesgos —en el que cayó, de algún modo, el «grupo argentino» del ELN).
Esta mirada nos ofrece una enseñanza muy clara para seguir pensando, incluso, la actualidad del siglo XXI: Nuestramérica es el territorio más amplio en cual se interseca el horizonte del internacionalismo de los pueblos propio de toda definición anticapitalista (no es posible construir una sociedad diferente –socialista– en una escala nacional), con un patriotismo antiimperialista que se deferencia del nacionalismo de derecha, entre otras cuestiones, porque asume que si hay algo parecido a un destino, este tiene que ver con la hermandad de la Patria Grande, donde los proyectos nacionales son tan solo un momento de ese proyecto liberador (Juan José Hernández Arregui, en su libro La formación de la conciencia nacional, argumenta que la revolución es nacional, latinoamericana e internacional, y subraya: «y en ese orden»).
2) El rol preponderante que la lucha de masas ejerce en la definición de una estrategia nacional revolucionaria. Olmedo cuenta que, en su caso, el detonante más importante para sus análisis fue el acontecimiento que en otro texto hemos denominado como «El Corte-Cordobazo», esa coyuntura que va de fines de mayo a septiembre de 1969: «Esa violencia masiva, formidable, pero como toda violencia masiva sin vanguardia, discontinua [explica Olmedo] nos compromete, constituye un mandato…».
La definición vertida en la cita resulta de vital importancia; casi podríamos decir que constituye el primer eslabón de lo que hoy podríamos llamar una «epistemología proletaria» (o popular no-populista): no hay definición de estrategia revolucionaria si no es al calor del protagonismo que las masas populares ejercen en sus luchas en un país determinado.
3) Existe una «triple coincidencia» que une a determinadas corrientes del peronismo con determinadas corrientes de las izquierdas. «Esa triple coincidencia establece inmediatamente vínculos de fraternidad revolucionarla de gran profundidad», explica Olmedo, para analizar que, en la década del setenta, esos elementos podían resumirse en:
a) El enemigo principal («aquellas clases que necesitan explotar para satisfacer sus intereses»); b) El método («la lucha armada»); c) El objetivo final («la construcción de una sociedad sin explotación y la construcción de un hombre nuevo»).
Pensando en la actualidad del siglo XXI y en los encuentros posibles entre ciertas izquierdas y determinados peronismos, respecto de aquella triple coincidencia, podríamos pensar que: a) Se necesita recuperar el horizonte estratégico del análisis para volver a pensar en términos de «enemigo principal». Resulta interesante que Olmedo no repare en la coincidencia del «enemigo inmediato» (la dictadura militar), sino del principal (la clase dominante), elemento que no puede ser analizado –de todos modos– sino al calor de la correlación de fuerzas del momento (incremento de las ofensivas tácticas del movimiento popular a partir de mayo del 69).
Para no reducir las coincidencias de nuestra época al enemigo inmediato («modelo neoliberal») al que nos enfrentamos izquierdas y peronismos, resulta importante recordar que, además de partido político y gestión de gobierno, el neoliberalismo es fase del capitalismo y, por lo tanto, no es posible avanzar en un proyecto de justicia social si no es a través de un replanteo general de sociedad que no solo derrote a las coaliciones electorales de derecha y su programa de ajuste y represión, sino a los elementos del neoliberalismo que incluso todo proyecto redistributivo contiene dentro de sí, en tanto no deja de ser una «gestión progresista» de un ciclo capitalista que lo excede, en los marcos de un Estado liberal que también excede sus medidas de gobierno.
b) Respecto del método, resulta importante dar cuenta de que importantes fracciones de la izquierda confluyen hoy en Argentina con corrientes peronistas en la que es seguramente la experiencia más dinámica de la clase trabajadora contemporánea: la Unión de Trabajadores y Trabajadoras de la Economía Popular, la UTEP, y el bloque social que logra unificar incluso con algunas organizaciones que no se han incorporado (¿aún?) a este nuevo sindicato del precariado.
Si bien en los últimos años la representación superestructural de la izquierda fue profundamente hegemonizada por las corrientes trotskistas (hoy agrupadas en el FIT-U), no es menor el peso que han logrado conquistar aquellas expresiones de una izquierda que nació y se desarrolló desde abajo, al calor de los procesos de resistencia antineoliberal (desde la libertaria Federación de Organizaciones de Base hasta el Frente Popular Darío Santillán, pasando por el Movimiento Popular La Dignidad y Vamos- Patria Grande). El método de la unidad para organizar al precariado y librar desde ese sector luchas de masas permitió obtener conquistar reivindicativas, poner en pie una nueva herramienta y transversalizar otras luchas presentes en la sociedad argentina, gestando una «agenda popular» vinculada a ellas (sobre todo, de los feminismos y ciertas luchas ambientales).
c) En cuento al «objetivo final» de la lucha, cabe introducir el mismo señalamiento que se hizo en el primer punto: necesitamos recuperar el horizonte estratégico del análisis. En ese sentido, en lo que va del siglo XXI se ha logrado avanzar más respecto de las reivindicaciones planteadas por las minorías («minorías» en tanto son sectores capaces de «sustraerse» a la lógica de la «norma mayoritaria»; luchas que problematizan el «modelo» blanco-adulto-masculino-heteronormado) que respecto de un horizonte general emancipatorio, poscapitalista (una sociedad sin explotadores ni explotados).
Así, podría pensarse que hoy existe una mayor «deconstrucción» del activismo (o al menos, una mayor «problematización» de los micromachismos y microfascismos) respecto de los años setenta (están más intensamente planteados en las agendas políticas de las organizaciones las reivindicaciones de las mujeres, trans, travestis, inmigrantes, homosexuales, personas con sobrepeso y discapacidades, usuarios y usuarias de la salud mental, infancias e incluso del lenguaje inclusivo), pero no en el marco de un proyecto general de sociedad diferente, sino como conquistas a obtenerse en el marco de las injustas relaciones (generales) de explotación que el capitalismo –incluso en su fase finaciarizada– sigue efectuando.
No contraponer, sino enlazar creativamente estas dimensiones (frente del deseo / frente de la lucha de clases) será seguramente uno de los desafíos de los años por venir.
Intersecciones entre izquierdas y peronismos
Toda interpretación rigurosa implica conocimiento, implica análisis, implica en definitiva, teoría. Por eso le digo que se trata de zanjar esas dificultades con las organizaciones armadas, mediante un trabajo teórico. Ese trabajo teórico al servicio de la acción, acompañándola, anticipándola, profundizándola, tiene que dar como resultado, en primer lugar, la liquidación de algunos de los fantasmas que más dificultan la valoración del peronismo. El fantasma fundamental resulta de lo que nosotros llamamos ideologismo, o sea, aquel tipo de análisis que no parte de valorar el papel de una clase, de una fuerza social en el marco de las contradicciones de una formación social, sino que se detiene en las expresiones de tipo ideológico, o sea en aquellos modos en que determinados protagonistas o sectores de esas fuerzas se piensan a si mismos. O, lo que suele suceder, en la imagen que el sistema da del modo en que esos sectores se piensan a si mismos. Este método consiste a menudo en disociar las expresiones ideológicas, e inclusive las formas organizativas que en este caso el peronismo ha ido dándose en diversas etapas, de la etapa misma en que se dieron y del conjunto de los condicionantes económicos, políticos, culturales, ideológicos, que es preciso retener para captar la lógica propia de esa etapa. (Carlos Olmedo)
Si bien Olmedo murió siendo un combatiente guerrillero, por sobre todas las cosas fue un agudo cuadro político. De allí que advierta, en un determinado tramo del debate, que «los fierros, pesan, pero no piensan». Así que, contra todo el antintelectualismo que pueda predominar entre nosotrxs (las militancias que se supone deberíamos estar a la vanguardia del pensamiento crítico en la sociedad), quisiera subrayar en este último tramo del texto el alto nivel y la profunda calidad de las reflexiones esbozadas por Olmedo, que dan cuenta de su intensa y extensa formación teórica. Me detendré en las definiciones de Olmedo sobre marxismo y peronismo, en la búsqueda por rescatar de aquella polémica algunos elementos que nos permitan abordar ambos fenómenos hoy en día, asumiendo que la nuestra es una realidad muy diferente a la de entonces.
Marxismo
¿Qué nos dice Olmedo respecto del marxismo? En primer lugar, le discute al ERP que lo defina como una «bandera política universal». Obviamente, en tanto «instrumento teórico» que permite analizar e interpretar críticamente la realidad, el marxismo implica una política: fundamentalmente, la estrategia que permita la conquista de «una sociedad distinta», sin explotación, con igualdad absoluta de posibilidades para todos. Una sociedad –remarca Olmedo– «donde los derechos y las igualdades no estén en la Constitución sino en la vida»; un tipo de sociedad que define como «socialista», para aclarar inmediatamente después que el socialismo sería mucho más difícil de construir sin el aporte de Marx y Lenin, pero que no se construye con el mero aporte de ellos, sino también con el de «la experiencia de nuestro pueblo, con el aprendizaje que hacemos en la guerra y con la enseñanza de otros pueblos que completarán la lucha por su liberación o que están completándola».
El marxismo –insiste Olmedo– no es una «píldora política», una «receta universalmente aplicable», sino una teoría de la sociedad con enorme rigor científico («efectivamente nosotros pensamos que sería imposible diseñar una estrategia revolucionarla, que requiere un conocimiento científico de la realidad social de sus clases, de sus problemas económicos, de sus problemas sociológicos, etc., sin aplicar el marxismo-leninismo»).
El problema, entonces, no es el estudio y la investigación de las sociedades realizadas con herramientas teóricas marxistas –cuestión que el comandante de las FAR da por descontado– sino el hecho de que, en la Argentina de entonces, existieran grupos políticos que hayan desencontrado el marxismo respecto de nuestra realidad, convirtiéndolo en un «pobrísimo dogma», sin comprender que aplicar un método científico no es aprenderse de memoria conclusiones que, aunque fueron válidas para determinadas etapas y formaciones sociales, no son relevantes para otras.
Por eso insiste Olmedo: «el marxismo no es sino una teoría científica sobre las tendencias de la sociedad, esencialmente la capitalista. Una explicación coherente del proceso histórico. Una herramienta de análisis y acción que basa su efectividad en la certeza de su análisis científico, certeza no decretada, sino comprobada prácticamente en el desenvolvimiento real de la sociedad…». Y por eso la clase obrera de identidad peronista no puede prescindir de él, entre otras cuestiones, porque «la conciencia diaria que tiene el obrero de que es explotado y humillado no le explica ese hecho», sino que es la teoría marxista aquella que le explica «por qué, cómo y cuándo es explotado por el capitalista para transformar el trabajo del que se apropia el capital».
El marxismo, entonces, es asumido por Olmedo como un «instrumento de análisis y comprensión científica» de la realidad concreta en la que le toca actuar, una «herramienta teórico-metodológica» que permite forjar una política «que responda a las condiciones particulares en las que se actúa». Política –continúa Olmedo– que no se sustenta «en ideales o frases», sino en un análisis científico de una realidad particular y concreta (y no de una realidad universal y abstracta). De allí que sostenga que la mera invocación a los «principios marxistas» no adelanta un milímetro nuestro conocimiento de la realidad, de la misma manera en que hasta ahora «ha resultado imposible cruzar un río nadando sin tirarse al agua, invocando los ‘principios de la natación’».
Ser marxista, finalmente, para Olmedo, implica asumir fundamentalmente dos cuestiones. En primer lugar, que no se puede ignorar que el proceso histórico está sometido a leyes objetivas que son independientes de la voluntad de los grupos y personas. En segundo lugar, que dentro de ese proceso es el accionar mismo de la clase trabajadora el que va suministrando, paso a paso, los elementos indicadores de lo que es coherente con la coyuntura política y de lo que no lo es. De allí que remate su reflexión indicando que «la vanguardia» (cuando existe como tal), no lo será precisamente por su capacidad de «dirigir» a la clase obrera mediante políticas deducidas de esquema alguno sino porque, ante todo, será capaz de aprender de la acción de la clase trabajadora, de interpretar fielmente las conclusiones que se desprendan del accionar político del pueblo mismo.
Peronismo
En su debate con el ERP, el comandante de las FAR les reprocha que asuman una concepción «pretendidamente marxista» que entienda a la lucha revolucionaria nacional «por su forma» e internacional «por su contenido». Así, argumenta Olmedo, el factor nacional solo aporta una «fachada exterior», un caparazón de un contenido que le es ajeno («receptáculo de un contenido internacional producido en el transcurrir de la historia de la sociedad universal»).
Frente a ello, en Olmedo el proceso histórico, la historia nacional viva y concreta, es asumida como contenido y basamento de la acción política de la intervención en cada país. «Para nosotros, la nominación, la identidad política, es la expresión simbólica de una conducta concreta y, cuando hablamos de peronismo, hablamos de sus palabras y de sus hechos», expresa Olmedo, para luego agregar que las FAR se consideran una organización inscripta en una estrategia que denominan de «nacionalismo revolucionario». Y aclara:
en la Argentina, el nacionalismo revolucionario implica la valoración positiva de una experiencia fundamental de nuestro pueblo, que es la experiencia peronista. Esa valoración positiva por parte de un revolucionario, puede ser entendida tan solo como identificación con esa experiencia, como la asunción plena de esa experiencia, de sus logros, de sus aciertos y de sus limitaciones. De sus aciertos para fortalecerse con ellos, para desarrollarse, y de sus limitaciones para combatirlas y superarlas...
Así entendido, el Movimiento Peronista aparece como un fenómeno sumamente complejo en el que se incluyen numerosas variantes, con concepciones ideológicas y políticas radicalmente distintas.
Reactualización doctrinaria
En el contexto actual, medio siglo después de aquellos debates, y sumergidos como estamos en medio de situación extremadamente compleja tanto en el plano internacional («Era del realismo capitalista»), como nacional («Democracia de la desigualdad» que emergió de la derrota de las apuestas revolucionarias de los años setenta), cabe preguntarse cuál ha sido la experiencia popular desarrollada en estas décadas dentro y fuera del peronismo (e incluso contra él, en determinadas circunstancias –como fueron los años menemistas del «Justicialismo del revés»– pero con mucha de su cultura política).
Tras el Cordobazo y década y media de resistencia frente a dictaduras o gobiernos pseudodemocráticos (proscriptivos), la experiencia peronista es definida por Olmedo como aquella que «impide absolutamente a un trabajador concebir una lucha reivindicativa despojada de su significación política», en gran medida, porque se trata de un pueblo «desalojado del poder» (tras el golpe criminal de 1955). Experiencia de «radicalización del peronismo» que, como hemos señalado ya, se produce en un contexto de creciente alza de la lucha de los pueblos, que buscan liberarse y arribar, en la mayoría de los casos, a sociedades socialistas (además del triunfo de las revoluciones socialistas en Rusia en 1917, en China en 1949 y en Cuba en 1959, la década del sesenta encuentra a gran parte de los pueblos del mundo encaminados a realizar procesos de transformación revolucionaria y descolonización, con focos ético-políticos de resistencias emblemáticas, como la protagonizada por los vietnamitas bajo el liderazgo de Ho Chi Minh).
Resulta evidente que esto ya no es así (ni en el mundo ni en la Argentina), pero resulta productivo pensar cuánto del peronismo, en tanto memoria de la negrada con poder, opera hoy como fantasma y cuánto de esa memoria es susceptible de ser reactualizada en función de un proyecto de construcción de poder popular que quizás exceda al peronismo pero que seguramente sea imposible construir sin sus vertientes combativas, que accionan desde abajo, desde el seno mismo de las clases trabajadoras contemporáneas.
¿Qué es la justicia social, la soberanía política, la independencia económica en la realidad actual? ¿Cómo funcionan hoy –cuando los proyectos socialistas han fracasado en todo el mundo– esas tres banderas fundamentales que Olmedo y su organización dicen defender como parte de una lucha y una experiencia popular que en los 70 sostiene que solo pueden hacerse efectivas «mediante la construcción del socialismo en la Argentina»? Su respuesta a qué debe entenderse por «doctrina justicialista» quizás pueda brindar algunas pistas:
Si lo que se pretende al hablar de doctrina justicialista es fijar la historia, detener su curso y hacerle creer hoy a nuestro pueblo que es posible el capitalismo sin explotación, o que los intereses de los dominados y los dominantes pueden conciliarse, nosotros decimos que eso no es justicialismo, que la doctrina justicialista ya no interpreta las necesidades del pueblo peronista. Nos parece más correcto decir que eso no es justicialismo, porque nuestro pueblo sabe perfectamente que la doctrina tiene que ser tan viva como la propia realidad y debe adecuarse a las etapas, a los ciclos, a los peldaños de la lucha por la liberación.
Volvemos al argumento que prioriza «el análisis concreto de la situación concreta» de cada país (como decía Lenin), su historia, para pensar en la elaboración de una estrategia popular de cambio, y no una «bandera política universal» o una serie de conceptos enunciados de manera abstracta más allá del estudio de las formaciones sociales específicas, en su composición y su desarrollo en función de la lucha de clases.
Reactualización doctrinaria
En el contexto actual, medio siglo después de aquellos debates, y sumergidos como estamos en medio de situación extremadamente compleja tanto en el plano internacional («Era del realismo capitalista»), como nacional («Democracia de la desigualdad» que emergió de la derrota de las apuestas revolucionarias de los años setenta), cabe preguntarse cuál ha sido la experiencia popular desarrollada en estas décadas dentro y fuera del peronismo (e incluso contra él, en determinadas circunstancias –como fueron los años menemistas del «Justicialismo del revés»– pero con mucha de su cultura política).
Tras el Cordobazo y década y media de resistencia frente a dictaduras o gobiernos pseudodemocráticos (proscriptivos), la experiencia peronista es definida por Olmedo como aquella que «impide absolutamente a un trabajador concebir una lucha reivindicativa despojada de su significación política», en gran medida, porque se trata de un pueblo «desalojado del poder» (tras el golpe criminal de 1955). Experiencia de «radicalización del peronismo» que, como hemos señalado ya, se produce en un contexto de creciente alza de la lucha de los pueblos, que buscan liberarse y arribar, en la mayoría de los casos, a sociedades socialistas (además del triunfo de las revoluciones socialistas en Rusia en 1917, en China en 1949 y en Cuba en 1959, la década del sesenta encuentra a gran parte de los pueblos del mundo encaminados a realizar procesos de transformación revolucionaria y descolonización, con focos ético-políticos de resistencias emblemáticas, como la protagonizada por los vietnamitas bajo el liderazgo de Ho Chi Minh).
Resulta evidente que esto ya no es así (ni en el mundo ni en la Argentina), pero resulta productivo pensar cuánto del peronismo, en tanto memoria de la negrada con poder, opera hoy como fantasma y cuánto de esa memoria es susceptible de ser reactualizada en función de un proyecto de construcción de poder popular que quizás exceda al peronismo pero que seguramente sea imposible construir sin sus vertientes combativas, que accionan desde abajo, desde el seno mismo de las clases trabajadoras contemporáneas.
¿Qué es la justicia social, la soberanía política, la independencia económica en la realidad actual? ¿Cómo funcionan hoy –cuando los proyectos socialistas han fracasado en todo el mundo– esas tres banderas fundamentales que Olmedo y su organización dicen defender como parte de una lucha y una experiencia popular que en los 70 sostiene que solo pueden hacerse efectivas «mediante la construcción del socialismo en la Argentina»? Su respuesta a qué debe entenderse por «doctrina justicialista» quizás pueda brindar algunas pistas:
Si lo que se pretende al hablar de doctrina justicialista es fijar la historia, detener su curso y hacerle creer hoy a nuestro pueblo que es posible el capitalismo sin explotación, o que los intereses de los dominados y los dominantes pueden conciliarse, nosotros decimos que eso no es justicialismo, que la doctrina justicialista ya no interpreta las necesidades del pueblo peronista. Nos parece más correcto decir que eso no es justicialismo, porque nuestro pueblo sabe perfectamente que la doctrina tiene que ser tan viva como la propia realidad y debe adecuarse a las etapas, a los ciclos, a los peldaños de la lucha por la liberación.
Volvemos al argumento que prioriza «el análisis concreto de la situación concreta» de cada país (como decía Lenin), su historia, para pensar en la elaboración de una estrategia popular de cambio, y no una «bandera política universal» o una serie de conceptos enunciados de manera abstracta más allá del estudio de las formaciones sociales específicas, en su composición y su desarrollo en función de la lucha de clases.
El peronismo se caracteriza por «haberse apoyado en el movimiento obrero, por haber mantenido y desarrollado a nivel nacional su aparato sindical. Expresa la visión renovadora de sectores del aparato estatal con un programa de independencia económica y de un desarrollo independiente del imperialismo que, sin necesidad de ser anti-burgués, es tan avanzado que no consigue seducir a una burguesía y a una oligarquía terrateniente, esencialmente dependiente», explica Olmedo, para luego dar cuenta de la propia evolución del Movimiento Peronista, desde el «justicialismo» como «teoría de la coexistencia pacífica del capital y el trabajo» (según lo define el ERP), hacia aquello que el mismo Perón supo denominar como «actualización doctrinaria», es decir, el proceso a partir del cual se gesta en el interior mismo del Movimiento Peronista una corriente de organizaciones revolucionarias que entonces encaran las tareas de la liberación nacional con la vista puesta en el socialismo. «La izquierda acusa al Movimiento Peronista de ser ‘una ideología burguesa’ sin preocuparse en lo más mínimo de establecer diferencias», escribe el Comandante de las FAR, para luego agregar: «Pero estas diferencias existen, y poco a poco, los mismos hechos los obligarán a tenerlas en cuenta».
El modo en que las FAR tuvo en cuenta el proceso peronista contempló un riguroso trabajo teórico que, en su caso, implicó a su vez combatir su propio «ideologismo» que, según sus propias palabras, debe ser entendido como ese tipo de análisis «que no parte de valorar el papel de una clase, de una fuerza social en el marco de las contradicciones de una formación social, sino que se detiene en las expresiones de tipo ideológico, o sea, en aquellos modos en que determinados protagonistas o sectores de esas fuerzas se piensan a si mismos. O, lo que suele suceder, en la imagen que el sistema da del modo en que esos sectores se piensan a si mismos». Método que –prosigue Olmedo– «consiste a menudo en disociar las expresiones ideológicas, e inclusive las formas organizativas que, en este caso el peronismo, ha ido dándose en diversas etapas, de la etapa misma en que se dieron y del conjunto de los condicionantes económicos, políticos, culturales, ideológicos que es preciso retener para captar la lógica propia de esa etapa».
Muerto Olmedo y avanzado el intenso proceso de lucha de masas que abre el «Corte-Cordobazo» (69) y se profundiza con la Campaña del «Luche y vuelve» por el retorno de Perón del exilio (71), ese trabajo teórico de caracterización de la etapa política y las tareas de las fuerzas revolucionarias que se le corresponden continuó camino a la fusión con Montoneros y hoy puede leerse al menos en otro documento fundamental de las FAR, titulado «Respuesta al documento base». Después de octubre de 1973, aquella organización, nacida para apoyar desde Argentina la guerrilla rural del Che, sella definitivamente su suerte a la del conjunto de militancias estructuradas bajo la bandera y el nombre de Montoneros, la organización armada peronista con mayor incidencia en el proceso político nacional. Su proceso de crecimiento (cuantitativo y cualitativo) durante el período 1973-1975 la colocó en el lugar de vanguardia de las corrientes del peronismo más proclives a comprometerse con un proyecto de transformación radical de la sociedad argentina.
Seguramente, el momento más álgido de la lucha de clases en toda la historia nacional; seguramente, el momento en que se estuvo más cerca de protagonizar en el país algo así como una revolución socialista.
A modo de conclusión
Peronismo y capitalismo mundial integrado. ¿Cómo pensar el peronismo tras el neoliberalismo menemista? Pero, también, ¿cómo pensar al socialismo tras la caída del muro de Berlín? Las fechas casi coinciden: el derrumbe de los «socialismos reales» y el derrumbe de la experiencia nacional-popular más importante del siglo XX.
El modo en que las FAR tuvo en cuenta el proceso peronista contempló un riguroso trabajo teórico que, en su caso, implicó a su vez combatir su propio «ideologismo» que, según sus propias palabras, debe ser entendido como ese tipo de análisis «que no parte de valorar el papel de una clase, de una fuerza social en el marco de las contradicciones de una formación social, sino que se detiene en las expresiones de tipo ideológico, o sea, en aquellos modos en que determinados protagonistas o sectores de esas fuerzas se piensan a si mismos. O, lo que suele suceder, en la imagen que el sistema da del modo en que esos sectores se piensan a si mismos». Método que –prosigue Olmedo– «consiste a menudo en disociar las expresiones ideológicas, e inclusive las formas organizativas que, en este caso el peronismo, ha ido dándose en diversas etapas, de la etapa misma en que se dieron y del conjunto de los condicionantes económicos, políticos, culturales, ideológicos que es preciso retener para captar la lógica propia de esa etapa».
Muerto Olmedo y avanzado el intenso proceso de lucha de masas que abre el «Corte-Cordobazo» (69) y se profundiza con la Campaña del «Luche y vuelve» por el retorno de Perón del exilio (71), ese trabajo teórico de caracterización de la etapa política y las tareas de las fuerzas revolucionarias que se le corresponden continuó camino a la fusión con Montoneros y hoy puede leerse al menos en otro documento fundamental de las FAR, titulado «Respuesta al documento base». Después de octubre de 1973, aquella organización, nacida para apoyar desde Argentina la guerrilla rural del Che, sella definitivamente su suerte a la del conjunto de militancias estructuradas bajo la bandera y el nombre de Montoneros, la organización armada peronista con mayor incidencia en el proceso político nacional. Su proceso de crecimiento (cuantitativo y cualitativo) durante el período 1973-1975 la colocó en el lugar de vanguardia de las corrientes del peronismo más proclives a comprometerse con un proyecto de transformación radical de la sociedad argentina.
Seguramente, el momento más álgido de la lucha de clases en toda la historia nacional; seguramente, el momento en que se estuvo más cerca de protagonizar en el país algo así como una revolución socialista.
A modo de conclusión
Peronismo y capitalismo mundial integrado. ¿Cómo pensar el peronismo tras el neoliberalismo menemista? Pero, también, ¿cómo pensar al socialismo tras la caída del muro de Berlín? Las fechas casi coinciden: el derrumbe de los «socialismos reales» y el derrumbe de la experiencia nacional-popular más importante del siglo XX.
Ni el progresismo kirchnerista ni el «socialismo del siglo XXI» promovido en vida de Chávez en el marco de la Revolución Bolivariana de Venezuela lograron torcer la dirección de entierro de la perspectiva revolucionaria que caracteriza lo que va del siglo. «Ningún peronista concibe la coexistencia del obrero argentino y el capitalista… de una empresa extranjera. Ningún auténtico peronista… por supuesto. La liquidación de la burguesía nacional, tendencia histórica que a nadie escapa, lleva implícita la desnacionalización continua y la pérdida cada vez mayor de peso político de la burguesía nacional y de sus concepciones», escribía Olmedo en 1971. Medio siglo después, la tendencia de la transnacionalización de la economía y la mundialización de la lógica del capital es arrolladora, pero dicha característica no profundizó la lucha de clases en un sentido emancipador, sino que ofició como lo hace el terror cuando no hay capacidad resistente de enfrentarlo al punto de revertir las derrotas estratégicas.
No existe por lo tanto un peronismo revolucionario en la actualidad, como tampoco existe una izquierda revolucionaria. Lo que sí existen son luchas, procesos de organización popular y disputas políticas que se producen al interior del dispositivo que ha triunfado tras el aplastamiento, a sangre y fuego, de las apuestas revolucionarias. Es decir: existen resistencias y procesos populares de avance, en algunos casos, siempre encorsetados en los marcos de la democracia y el Estado liberal.
Es necesario, por lo tanto, una nueva actualización doctrinaria del peronismo para el siglo XXI, así como una redefinición de los marcos de coordinación regional en el continente y de solidaridad e intercambio en el plano internacional.
El kirchnerismo, en un sentido (progresista), puede ser entendido como un intento en ese sentido: del carácter revolucionario al democrático y feminista del nacionalismo popular; de la clase obrera como columna vertebral a la juventud como sujeto de una política concebida de una forma aún más estatista a la que el peronismo clásico ya la comprendía. En sus antípodas, un sindicalismo peronista incapaz de leer las transformaciones del país, producidas al ritmo de las mutaciones del capitalismo en el mundo entero. Incapacidad que llevó, entre otras cuestiones, a que las luchas contra las nuevas formas de explotación surgieran desde otras herramientas organizativas, fundamentalmente, la de los movimientos sociales, durante años alejados del peronismo, luego –en muchos casos– integrado a él, hoy dispersos entre posiciones peronistas, kirchneristas, de izquierda y «antipolíticas», aunque mayoritariamente inscriptos en la actualidad en la experiencia peronista.
Así y todo, la tendencia resulta clara, al menos en la hipótesis de lectura de este cronista: pasadas dos décadas de la insurrección de diciembre de 2001 (que oficia como mejor muestrario del ciclo de luchas desde abajo que lo antecedió), el cuestionado peronismo supo regenerarse, con lo peor y lo mejor de su historia corta de posdictadura, con sus peores y mejores elementos adentro: con el aparato del PJ con cada vez más incidencia en función del predominio del «territorio», en desmedro del peso especifico de la clase obrera en la estructura productiva del país y, por lo tanto, como «columna vertebral» del «movimiento» (en algunas coyunturas, incluso, reducido a «liga de gobernadores» y «pactos entre intendentes»).
Estructuras generalmente conservadoras, muchas veces macartistas y hasta «mafiosas», pero estructuras que así y todo se han mostrado capaces de oficiar aún como dique de contención electoral frente a una derecha que cada vez más logra generar incidencias sociales profundas y mayorías electorales amplias, y como «hecho maldito» del país imaginado por la Ceocracia (sí, incluso la «burocracia sindical» resulta un problema para el país que pretende dejar atrás los 70 años de populismo y avanzar en un proyecto de país de 70 años, entre otras cuestiones, sin sindicatos).
Por fuera del peronismo «político y sindical», los movimientos populares y ciertas luchas sociales. Es notable la pérdida de peso de la «izquierda pura» dentro de los movimientos sociales y el sindicalismo y el crecimiento tanto de las corrientes de izquierda que optaron por hacer alianzas con el peronismo, como de corrientes peronistas / kirchneristas dentro del propio movimiento social y sindical, llegando a ser abrumadoramente mayoritarias numéricamente y hegemónicas políticamente (UTEP, Sindicato del Subte, Corriente Federal de la CGT, conducciones de ATE y CETERA, por nombrar los espacios no clásicamente encuadrados en el «sindicalismo peronista»).
«Si hay algo que es imperdonable en un político, es la falta de sentido de la realidad», decía Olmedo, para agregar: «los marxistas son particularmente conscientes de ello y hacen de la práctica un criterio de verdad. Es decir, la justeza de una posición política se admite solamente cuando se prueba correcta en carácter de una práctica social, y tratándose de política que dice responder a los intereses de la clase trabajadora, por la medida en que esa clase la hace suya y la lleva adelante». Las reflexiones del Comandante de las FAR no pueden sino estremecer la conciencia de cualquier marxista argentino del siglo XXI, sobre todo al leer: «la izquierda argentina ha sido un excelente ejemplo de esa falencia. A la falta de sentido autocrítico para medir con justeza la repercusión de sus políticas en las masas populares, agrega una particular habilidad para generar concepciones formales, vacías de todo contenido real. En estas concepciones se albergan profundos errores teóricos, que se disimulan bajo mantos de dogmatismo o asumiendo posiciones catedráticas».
La insistencia de quienes venimos sosteniendo que es necesario recrear una «fuerza social» capaz de constituirse en un cuerpo político colectivo que pueda llevar adelante las tareas fundamentales que permitan en un mediano plazo cambiar las relaciones de fuerzas en este país van en clara sintonía con aquello que planteaba Olmedo respecto de la una «estrategia liberadora», entendida no como una simple afirmación o práctica de un método, sino como herramienta teórico-política capaz de determinar «cuál es, en una sociedad nacional, la fuerza social capaz de protagonizar un proceso cabalmente revolucionario liberando en él a otras fuerzas y sectores sociales. En otras palabras, cuál es la fuerza social cuya ubicación en el proceso productivo da a sus reivindicaciones económicas la máxima radicalidad, pero también, y decididamente, cuál es la fuerza social cuya experiencia ha establecido ya más claramente que las reivindicaciones fundamentales no se piden, se conquistan y vuelven a perderse si con ella no se conquista y se defiende el poder político, el timón de la sociedad».
Contra el «giro lingüístico» del populismo y el «sujeto líquido» del progresismo, la reivindicación de una apropiación crítica de la tradición revolucionaria, tanto peronista como marxista.
El nuevo orden mundial (neoliberal) no hace más que complejizar los elementos que constituyen la lógica del capital, pero no la suplantan por otra lógica diferente. Será tarea de una elaboración teórica rigurosa (que excede este trabajo) analizar las nuevas formas de explotación, opresión y gestación de individuos modelizados por la alienación capitalista contemporánea. Y para ello el marxismo, seguramente, sea insuficiente, aunque no obsoleto.
Seguir sosteniendo que son las clases trabajadoras (en su pluralidad: asalariados más precariado) las que están en mejores condiciones de reconfigurar una nueva columna vertebral capaz de poner en pie un nuevo bloque histórico de fuerzas sociales que puedan protagonizar un cambio radical de las estructuras económicas, políticas y culturales de explotación, dominación y alienación que rigen el capitalismo en la actualidad, no implica ni nostalgias, ni conservadurismos, ni tampoco incapacidad de leer los nuevos protagonismos sociales, sino mas bien una apuesta realista sostenida sobre una concepción materialista de la historia, aquella que entiende que todo conjunto de ideas sobre el mundo debe contar con la fuerza material capaz de expresarlas y sostenerlas en un escenario de confrontación con sus enemigos, que no son los simples adversarios de la política liberal, sino aquellos sectores de poder económico que han mostrado, una y otra vez, hablar la lengua de la paz para ejercer desde esos enunciados la guerra social más descarnada.
Comprender de manera cabal el dramatismo de la situación actual nos conducirá a esbozar estrategias políticas más consistentes, capaces de abordar los problemas de raíz, en sus causas, y no en sus meros efectos inmediatos. Esa estrategia deberá tener como punto de partida la experiencia nacional que vienen realizando los movimientos populares y algunos sectores del sindicalismo, mayormente enrolados –de un modo u otro– en la experiencia política peronista.
Desde allí, entonces, combatir al capital y al Estado liberal. Desde allí, entonces, ejercitar un activo «internacionalismo desde abajo» y no una dogmática concepción internacionalista abstracta, como denunciaba Olmedo: «No hace falta más que leer el diario para comprobar que la tan mentada política marxista a nivel mundial no existe en ningún lado. Existen sí, y existen por vinculación con su pueblo, y por la adhesión que este pueblo les brinda, movimientos de liberación nacional, que luchan contra el imperialismo a partir de las condiciones concretas de sus propios países levantando banderas políticas que la experiencia ha probado adecuadas para el grado de desarrollo político del pueblo».
Obviamente, en el marco del nuevo orden mundial, con grandes grupos económicos transnacionales operando en cada país, resulta tarea vana visualizar una burguesía nacional como clase que pueda tener intereses comunes con los sectores oprimidos y explotados de cada lugar, pero ello no debería llevarnos a pensar que lo nacional no sea el punto de partida para pensar una «política común combatiente» (como insistía Olmedo) nacida de las auténticas luchas populares de cada uno de nuestros países, y no una política común burocrática, ejercida por organismos fantasmas, desvinculados de los pueblos, ajenos a ellos y, lo que es decisivo, «no surgido de su seno ni de sus luchas», como algunos «trenes fantasmas» que aún conservan el nombre de flamantes internacionales.
Lo nacional como punto de partida implica, sí, correlación regional (Latinoamericana) y mundial (el Sur Global), pero siempre atendiendo a la experiencia, a las banderas, a los símbolos, a la estructura de sentimiento sociocultural que se presenta en las luchas que libra cada pueblo en el camino de su emancipación.
No existirá hoy en Argentina un peronismo revolucionario (en sintonía con la derrota del ideario de la revolución en todo el mundo), pero si, atendiendo a las luchas populares que se vienen librando en nuestro país, se logra recrear desde el peronismo una perspectiva combativa, consecuente, desde abajo, que no se conforme con realizar una administración progresista del orden capitalista sino avanzar en el cambio de las relaciones de fuerzas que permitan volver a discutir, elaborar y poner en pie una nueva estrategia de poder, seguramente algo del espectro de aquella tendencia estará presente en función no solo de su redención, sino también de su reactualización. Dejar de pensar con la revolución atrás –como algo muerto, del pasado– es parte del desafío de cavilar en clave de lo que podríamos denominar como un «olmedismo del siglo XXI».
Sobre o autor
Mariano Pacheco es escritor, periodista, investigador popular. Integrante de la Cátedra Abierta Félix Guattari de la Universidad de lxs Trabajadorxs. Director del Instituto Generosa Frattas
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