2 de setembro de 2025

A rota de colisão de Trump com o Brasil

Como a política dos EUA está favorecendo a China — e remodelando a América Latina

Hussein Kalout

Foreign Affairs

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, Brasília, julho de 2025
Adriano Machado / Reuters

Em abril, quando Donald Trump anunciou suas tarifas do "Dia da Libertação" sobre dezenas de países, o Brasil saiu praticamente ileso. As exportações brasileiras para os Estados Unidos passaram a estar sujeitas a uma alíquota de 10%, a alíquota básica, escapando das tarifas debilitantes aplicadas aos produtos de alguns aliados dos EUA. No final de julho, no entanto, Trump declarou que as exportações brasileiras passariam a enfrentar tarifas de 50%, uma das maiores taxas já impostas por Washington no mundo. O anúncio levantou a perspectiva de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a maior economia da América Latina. Também indica a disposição de Trump de usar tarifas não apenas para forçar acordos comerciais mais benéficos ou equilibrar déficits comerciais, mas também como uma ferramenta para influenciar a política interna de um país estrangeiro.

Ao anunciar a nova taxa, a Casa Branca declarou que "a perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivados pelo Brasil contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro" — um aliado de Trump que está sendo julgado por organizar uma insurreição após sua fracassada tentativa de reeleição em 2022 — equivalem a "graves abusos de direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil". Os Estados Unidos revogaram os vistos de oito dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e impuseram sanções econômicas, sob a Lei Magnitsky Global, contra o ministro Alexandre de Moraes, que supervisiona o caso de Bolsonaro. (O julgamento do ex-presidente começa na terça-feira.) Essas medidas vêm em resposta ao papel central do tribunal no julgamento de Bolsonaro e seus apoiadores por seu envolvimento em uma tentativa de golpe pós-eleitoral. Constituem ataques públicos à legitimidade das instituições democráticas brasileiras. O governo brasileiro tem percebido essas ações, juntamente com as novas tarifas, como violações flagrantes de sua soberania e como tentativas deliberadas de enfraquecer a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que derrotou Bolsonaro, antes das eleições planejadas para outubro de 2026.

Washington minou sua credibilidade como parceiro confiável de um amigo com quem mantém mais de dois séculos de cooperação diplomática e econômica. Em vez de promover os interesses americanos (ou de Trump), essas medidas desencadearam uma reação negativa no Brasil. Pesquisas de opinião pública indicam que a maioria dos brasileiros desaprova as ações de Trump, que contribuíram para minar o apoio a Bolsonaro, enfraquecer a coerência ideológica do bloco econômico de direita brasileiro e alienar segmentos da elite empresarial. Como resultado, mesmo setores conservadores, antes ávidos por seguir o exemplo de Washington, estão agora mais inclinados a apoiar a estratégia do governo brasileiro de diversificar as parcerias econômicas e reduzir a dependência dos Estados Unidos.

Quanto mais os Estados Unidos buscam minar a soberania do Brasil e desestabilizar suas instituições democráticas — inclusive defendendo implicitamente a mudança de regime —, mais espaço geopolítico criam para a China expandir sua já considerável influência no país. Pequim vem aprofundando constantemente sua presença no Brasil por meio de investimentos em áreas críticas como energia, agricultura e segurança alimentar, defesa, tecnologia avançada, fabricação de automóveis, um programa conjunto de satélites e infraestrutura estratégica, como portos. Mais notavelmente, a China está construindo uma ambiciosa ferrovia transcontinental no Brasil para conectar os oceanos Atlântico e Pacífico. Esses acontecimentos não apenas corroem a posição de Washington no Brasil, mas também recalibram o equilíbrio regional de poder.

Para muitos formuladores de políticas no Brasil, essa situação é inaceitável porque retarda o surgimento da tão desejada ordem mundial multipolar. Em vez de conseguir equilibrar as relações tanto com os Estados Unidos quanto com seus rivais tradicionais, ao mesmo tempo em que cultiva laços pelo chamado Sul Global, o Brasil está sendo pressionado a uma escolha binária: alinhar-se completamente a Washington ou a Pequim. Diante das crescentes ameaças de Washington, Brasília pode, em última instância, concluir que suas opções são muito mais restritas do que esperava.

AMIGOS DE BOM TEMPO

Durante décadas, a relação positiva e produtiva entre o Brasil e os Estados Unidos foi baseada em interesses mútuos e confiança, o que, por sua vez, sustentou a estabilidade regional. Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, o Brasil aliou-se aos Estados Unidos e permitiu a construção de bases aéreas no nordeste do país em troca de assistência econômica e desenvolvimento industrial — um momento fundamental na estratégia de defesa do hemisfério. Mais recentemente, tem havido intensa cooperação em segurança regional e no combate ao tráfico ilícito de drogas, particularmente por meio de mecanismos como o Acordo de Cooperação em Defesa EUA-Brasil de 2010, que aprofundou os laços institucionais entre as forças de segurança dos dois países. Hoje, o comércio bilateral reflete tanto a profundidade quanto a assimetria dessa parceria. O fato de os Estados Unidos terem desfrutado de um superávit comercial com o Brasil de cerca de US$ 400 bilhões na última década reforça a vantagem estrutural de Washington.

Isso não significa que não tenha havido divergências ou tensões, particularmente quando o Brasil buscou uma política externa mais autônoma. A liderança do Brasil no Sul global, especialmente durante a primeira presidência de Lula (2003-2011) e sob sua sucessora, Dilma Rousseff (2011-2016), frequentemente colidiu com as prioridades dos EUA. Washington percebeu vários desalinhamentos estratégicos: a oposição aberta do Brasil à invasão do Iraque pelos EUA, em 2003; seu papel central em 2009 na criação do BRICS, um bloco intergovernamental em expansão com crescente influência global; e seu esforço conjunto com a Turquia em 2010 para intermediar um acordo nuclear com o Irã, que o governo Obama acabou deixando de lado em favor de negociações com os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, além da Alemanha. Mais recentemente, Washington expressou preocupação com os laços crescentes do Brasil com a China, que se aprofundaram desde a derrota de Bolsonaro, que havia deliberadamente distanciado Brasília de Pequim.

No cerne da atual recalibração da política externa brasileira está a convicção de que a ordem pós-Segunda Guerra Mundial, liderada pelos Estados Unidos, está em declínio. Brasília encara cada vez mais a ascensão de um mundo multipolar — impulsionado por uma série de grandes potências e pela crescente assertividade do Sul global — como um imperativo e uma oportunidade. Dentro desse paradigma, o Brasil aspira a ajudar a orientar a trajetória da governança e do desenvolvimento globais. Isso explica seu esforço para construir parcerias estratégicas com países além da órbita dos Estados Unidos e outras potências ocidentais tradicionais, bem como a crescente ênfase que coloca na cooperação direta entre países do Sul global. Brasília promove este último ponto principalmente por meio do BRICS, que se tornou um importante elemento estrutural da política externa brasileira. Mesmo os céticos brasileiros anteriores em relação ao consórcio agora o consideram uma plataforma indispensável para o avanço dos interesses do país. Sua estrutura tem sido instrumental, por exemplo, no fornecimento de esforços conjuntos de segurança entre o Brasil e a Índia; na criação do Novo Banco de Desenvolvimento, que ajuda a financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento no Brasil e em outros mercados emergentes; e na coordenação de esforços para reduzir a dependência de seus membros do dólar americano.

Ainda assim, o Brasil não pretende virar as costas aos Estados Unidos. Os dois países historicamente priorizam muitos dos mesmos objetivos, incluindo a estabilidade regional. E Lula, o líder político mais influente da América Latina, permanece aberto a novas negociações comerciais com Washington. O estilo de Trump, no entanto, pode impedir que os dois países se entendam. Lula, um pragmático diplomático, historicamente demonstrou disposição para fazer concessões se as negociações forem conduzidas de boa-fé e baseadas no respeito mútuo. Ele tem sido menos receptivo à coerção, à diplomacia transacional ou a imposições unilaterais, todas características da política externa de Trump.

Questões de soberania tornam-se especialmente agudas quando o Brasil resiste a se alinhar às prioridades estratégicas dos EUA — seja em relação à migração, à diplomacia climática, ao comércio agrícola, ao comércio ou às reformas da governança multilateral. Para o Brasil, projetar uma identidade internacional autônoma é essencial para sua aspiração de liderança no Sul global. No entanto, essa aspiração é cada vez mais testada pelas realidades de uma ordem multipolar: à medida que mais potências competem por influência, o Brasil precisa navegar em um espaço cada vez menor entre preservar sua autonomia, sustentar a cooperação com os Estados Unidos e evitar a dependência excessiva de qualquer parceiro, seja a China ou qualquer outro. A fluidez do sistema emergente torna o equilíbrio entre esses objetivos mais urgente e mais difícil.

INIMIGOS RÁPIDOS

Agora, Washington parece interessada em exibir seu poder assimétrico. A questão central é se o uso de tarifas e sanções por Trump visa extrair concessões em uma negociação comercial substancial com o Brasil — ou se visa simplesmente promover uma mudança de regime. Sinais da Casa Branca sugerem a última opção, assim como o superávit comercial dos EUA com o Brasil, que, em princípio, deveria ter poupado o Brasil da serra tarifária de Trump. O círculo íntimo de Trump vê cada vez mais o Brasil como uma ameaça à supremacia dos EUA na América Latina devido à crescente parceria do país com a China. E muitos em Brasília, inclusive nos círculos mais próximos de Lula, acreditam que a pressão de Washington visa inclinar a balança política interna do Brasil a favor da oposição, na esperança de que um futuro governo conservador realinhe firmemente o Brasil com a agenda dos Estados Unidos em relação à China, segurança regional e comércio. Para Trump, Lula representa um parceiro pouco confiável: independente demais, muito empenhado na cooperação entre os países do Sul global, relutante demais em aderir às prioridades estratégicas dos EUA. Bolsonaro, que parece totalmente disposto a fazer infinitas concessões à Casa Branca, é visto como uma alternativa ideal.

Mas a estratégia de Trump pode sair pela culatra. Pesquisas de opinião até agora indicam que Lula se beneficiou do efeito "união em torno da bandeira", típico de países sujeitos a sanções externas. Além disso, é improvável que qualquer futuro governo de direita no Brasil mude radicalmente o alinhamento da política externa do país em relação aos Estados Unidos. A relação econômica do Brasil com a China é agora estrutural. Até mesmo os eleitores do agronegócio no interior do Brasil, há muito um reduto de Bolsonaro, reconhecem que o Brasil não pode simplesmente se distanciar de Pequim. Trump, portanto, interpretou mal o cenário político brasileiro ao presumir que a pressão externa enfraqueceria Lula, ignorando até que ponto a interdependência econômica do Brasil com a China e o pragmatismo de seu eleitorado limitam qualquer realinhamento acentuado da política externa em favor de Washington.

É possível que o efeito "união em torno da bandeira" se dissipe com o tempo. Mas, dado que o Brasil é muito menos dependente dos Estados Unidos hoje do que há 30 anos, o governo pode ser capaz de amortecer o impacto da campanha de pressão de Washington e chegar às eleições de outubro de 2026 com uma economia razoavelmente forte — um resultado que praticamente garantiria a reeleição de Lula. Para que os Estados Unidos realmente forcem o Brasil a ceder, precisariam impor sanções draconianas ao sistema financeiro brasileiro. Tais medidas, no entanto, quase certamente gerariam um aumento ainda maior no apoio político a Lula. Com o Brasil, Trump parece ter caído em uma armadilha que ele mesmo criou.

Washington minou sua credibilidade como um parceiro confiável.

As sanções contra membros do Supremo Tribunal Federal, impostas em julho, foram particularmente inflamadas. Com exceção dos principais apoiadores de Bolsonaro e de alguns governadores, praticamente todas as principais forças políticas no Brasil criticaram duramente a medida. Esses eleitores veem as sanções e as tarifas como instrumentos legais, usados ​​para fins geopolíticos — e como afrontas diretas à integridade democrática do Brasil. A tentativa de Trump de reabilitar Bolsonaro também está em desacordo com os sentimentos políticos predominantes no Brasil. Bolsonaro e seu filho Eduardo, que tem feito lobby ativamente contra o Brasil em Washington, foram tachados de traidores por apoiadores de Lula. Até mesmo alguns partidos de direita se distanciaram cautelosamente do ex-presidente desacreditado. Além disso, setores-chave que antes formavam a espinha dorsal da coalizão conservadora no Brasil — incluindo agronegócio, energia, indústria de defesa e manufatura — têm se mostrado cada vez mais desiludidos com a interferência de Trump na política do país e com suas políticas comerciais protecionistas, que minaram sua competitividade nas exportações e o acesso às cadeias de suprimentos.

Embora ainda existam áreas de potencial cooperação entre Brasília e Washington, as agendas políticas de Lula e Trump são fundamentalmente antagônicas, e é improvável que qualquer reaproximação se concretize antes das eleições brasileiras de 2026. Lula tem poucos incentivos para atender à pressão econômica e jurídica de Washington. Recuar minaria sua narrativa de defesa da soberania nacional e lhe custaria capital político, especialmente entre os grupos progressistas e nacionalistas que formam sua base principal. De fato, resistir à pressão americana permite que Lula continue consolidando seu apoio interno e reforce o papel de liderança do Brasil no Sul global. Mesmo que o Brasil oferecesse concessões estratégicas, como conceder aos Estados Unidos acesso preferencial a minerais de terras raras, há poucas evidências de que Washington recuaria.

O Brasil, por sua vez, iniciou um processo formal de retaliação com base na recém-promulgada Lei de Reciprocidade Econômica. Lula autorizou a Camex, autoridade comercial do país, a avaliar as medidas americanas, após o que o governo considerará tarifas unilaterais recíprocas. A Camex tem até o final de setembro para apresentar suas conclusões. Além disso, o Brasil está tomando medidas para compensar o impacto da campanha de pressão de Trump — por exemplo, comprando produtos produzidos localmente, alvos das tarifas americanas, como açaí, água de coco e mel, para programas alimentares ou reservas nacionais. Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que criticou a politização do comércio por meio do uso do dólar americano, sinalizou que o Brasil poderia contestar as tarifas nos tribunais americanos. O Brasil também buscou fortalecer suas outras parcerias comerciais. Mais recentemente, o ministro do Comércio do Canadá anunciou, durante visita oficial a Brasília, que seu país planeja assinar um acordo bilateral com o Mercosul, o bloco comercial sul-americano do qual o Brasil é membro.

NOVAS CONEXÕES

A abordagem de Trump está corroendo o soft power e a legitimidade global dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que fortalece seus rivais, incluindo a China, ao enfraquecer as próprias estruturas que outrora sustentaram a primazia americana. Em outras palavras, está acelerando a ascensão da ordem multipolar que o Brasil quer ajudar a conduzir. Quando as elites da política externa brasileira testemunham a postura adversária de Trump em relação a outros aliados tradicionais dos EUA — incluindo Austrália, Canadá, Japão e Europa — isso apenas reforça sua impressão de que Washington não pode oferecer ao Brasil uma parceria viável a médio prazo. Há um consenso crescente nos círculos diplomáticos do país, de fato, de que os Estados Unidos podem permanecer um parceiro pouco confiável muito depois do término do mandato de Trump em 2029 — na próxima década ou até mais.

Como resultado, o relacionamento do Brasil com a China quase certamente se fortalecerá. O governo brasileiro está buscando proativamente diversificar os mercados de exportação do país. Em resposta às tarifas americanas sobre produtos brasileiros, a China declarou sua intenção de expandir suas importações de commodities brasileiras essenciais, como café, carne e grãos, sinalizando um realinhamento estratégico nas relações comerciais. Um segmento crescente da liderança de direita brasileira agora vê a China como um parceiro econômico de longo prazo mais estável e pragmático do que os Estados Unidos. Essa percepção é compartilhada pelo setor privado, que exerce crescente pressão sobre o governo brasileiro para que conceda às empresas chinesas maior acesso ao mercado brasileiro.

É fundamental notar que a política externa do Brasil tem se abstido, de forma consistente, de adotar uma postura explicitamente antiamericana ou antiocidental. Em vez disso, o Brasil tem preferido uma abordagem diplomática multidirecional, fundamentada nos princípios de autonomia, pragmatismo e engajamento construtivo com uma gama diversificada de atores globais. Para Brasília, Pequim constitui um parceiro estratégico indispensável, mas Washington, mesmo após suas recentes agressões, continua sendo uma potência global insubstituível. Como resultado, o Brasil não considera viável ou desejável a ideia de escolher entre Pequim e Washington. Ainda assim, a postura cada vez mais conflituosa e coercitiva adotada pelo governo Trump abalou o cálculo diplomático do Brasil e acelerou sua inclinação geopolítica em direção a Pequim.

Se esse alinhamento se tornasse permanente, os efeitos seriam de longo alcance. Economicamente, o aprofundamento dos laços comerciais e de investimento consolidaria a China como principal parceira externa do Brasil, incorporando firmemente empresas chinesas em setores estratégicos. Geopoliticamente, tornaria mais difícil para o Brasil servir de ponte entre o Sul global e os países ocidentais, limitando suas aspirações multipolares e estreitando sua flexibilidade diplomática. Esses cenários já aparecem nos debates políticos que antecedem as eleições de 2026: figuras da oposição alertam para a "dependência excessiva" da China, enquanto aliados do governo consideram a diversificação essencial para a defesa da soberania nacional em uma era de rivalidade entre grandes potências. Essa diversificação, no entanto, pode se tornar mais difícil de implementar. A agressividade contínua de Trump pode colocar os formuladores de políticas brasileiros em uma posição que eles não querem estar, uma posição na qual se sentem compelidos a escolher.

HUSSEIN KALOUT é pesquisador da Universidade Harvard e membro do Conselho Consultivo Internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais. Ele atuou como Secretário Especial de Assuntos Estratégicos do Brasil de 2016 a 2018.

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