Josh Androsky
Jacobin
Cada vez que eles marcam, esse verso da canção é tocado no touchdown do Green Bay Packers, o que nos faz lembrar da nossa situação exaustiva, entrando e saindo de nossos empregos miseráveis. Mas, por outro lado, também nos concede o maior desejo conhecido pelo homem: uma oportunidade indireta de enterrar no inimigo. De ficar em pé sobre ele, olhando em seus olhos de uma forma que o faça saber que sabemos que até seus próprios filhos o odeiam. Os Packers nos dizem: “Esta semana, o Chicago Bears é o tambor. Vamos fazer com eles o que você quer fazer com seu chefe.”
A catarse que surge ao ver seus jogadores se destacando no esporte é incomparável. Pode ser fingimento, mas parece real, como uma onda de crimes em uma cidade com liderança progressista. Os Packers vão um passo além, borrando a linha entre emoção e realidade ao serem o único time da National Football League (NFL) que tem permissão para quebrar a quarta parede. Os jogadores saltam para as arquibancadas, literalmente para o colo dos torcedores, em uma celebração conhecida como Salto do Lambeau — compartilhando a glória com os fãs em um ato coletivo de alegria.
Se você reparar bem, o Green Bay Packers é o único time socialista da NFL, e por razões muito mais materiais do que as descritas acima. Antes de começar a reflexão vale lembrar que, sim, não há consumo ético no capitalismo. Mas há uma diferença entre um burrito de Al Pastor e um Taco Bell.
Para aqueles que não entendem nada de esportes, que isso seja uma novidade. Nerds ricos estão destruindo o mundo. Portanto, é nossa obrigação se tornar atletas, ou pelo menos passar a mensagem dos atletas. Porque os atletas, especialmente no caso do Green Bay Packers, estão se saindo melhor em espalhar e ensinar valores socialistas do que os nerds.
Lição 1: solidariedade
Em 2011, os Packers estavam no topo do mundo: eles tinham acabado de sair de uma sequência improvável de playoffs, onde tiveram que vencer todos os jogos fora de casa, vencendo um suposto estuprador no Super Bowl, e Aaron Rodgers ainda não tinha se apresentado a um novo companheiro de equipe perguntando se o 11 de setembro foi real.
Mas, em seu Estado natal, Wisconsin, não estavam indo tão bem. Scott Walker, que era o governador do Estado, embora sua imagem fosse mais de “um cara que trairia a esposa em uma convenção imobiliária”, estava apenas começando seu ataque inconstitucional aos direitos de negociação coletiva dos trabalhadores do setor público.
Um grupo de jogadores atuais e antigos do Packers escolheu este momento, como novos campeões do Super Bowl no topo do zeitgeist americano, para se solidarizar com professores e enfermeiros, dizendo:
O quarterback da NFL é a posição mais valiosa e importante nos esportes profissionais. Para colocar em termos da esquerda para vocês, nerds, eles devem ter a inteligência de Karl Marx, o poder de Vladimir Lenin, a astúcia implacável de Joseph Stalin e a capacidade de escapar de atacantes pelo maior tempo possível que nem Leon Trotsky. Esqueça o bom; encontrar um quarterback titular, mesmo que adequado, é mais difícil do que encontrar água no deserto.
Isso faz com que as equipes e, mais especificamente, seus donos percam a cabeça. Se você é o gerente geral que escolhe o quarterback ou o técnico que treina o quarterback, é possível que esse quarterback seja péssimo sem que você tenha culpa? Não! Mesmo que você seja ótimo no seu trabalho, seu dono vai te demitir porque ele é viciado em recrutar bons quarterbacks.
Em termos com os quais todos possamos nos identificar: meu pai era tão viciado em apostas esportivas que roubou meu dinheiro do bar mitzvá para pagar dívidas de jogo (verdade). Esse tipo de comportamento de roubar o Peter para pagar o Paul destrói times (e famílias). Porque se o dono está disposto a explodir tudo, os responsáveis pelo elenco e pela comissão técnica começam a agir por medo. Tudo se resume a ganhos de curto prazo em vez de visão de longo prazo. Outra maneira de ver isso é títulos lastreados em hipotecas versus algo como títulos municipais. Uma dessas coisas pode lhe render muito dinheiro imediatamente, mas também pode afundar toda a economia.
Os Packers têm o luxo do tempo. Não há um dono pressionando ninguém, então eles podem ser metódicos quando se trata de construção e estrutura de equipe. É sabido que os Packers tiveram apenas três quarterbacks titulares desde o fim da Guerra Fria. Por quê? Porque eles têm tempo e uma rédea solta. Tanto Aaron Rodgers quanto Jordan Love foram escolhas de draft profundamente impopulares, mas também se mostraram um valor incrível nas posições em que foram draftados. Em vez de ficarem presos ao presente, os cérebros dos Packers viram que esses caras seriam necessários em alguns anos para se tornarem quarterbacks da franquia.
A maioria dos times com donos tradicionais teria pressionado o gerente geral a recrutar alguém que os ajudasse a vencer agora, ou forçado o técnico a escalar um novato cedo demais. Afinal, esses são empreendimentos com fins lucrativos; precisamos de assentos lotados e ganhar muito dinheiro. Mas o modelo sustentável dos Packers, que deve 100% ao fato de serem de capital aberto, permite que eles façam a coisa certa com calma para o presente e o futuro.
O Green Bay Packers é meu time favorito desde que me conheço por gente e, no fim das contas, por terem um posição socialista – não por encontrar o símbolo dos Illuminati em franquias esportivas como acontece por aí. Mas há algumas lições reais aqui sobre como um time profissional, possivelmente um dos grupos menos politizados, pode fazer você se sentir envolvido enquanto coloca um entretenimento cada vez melhor em campo. E essas lições são surpreendentemente semelhantes às que estamos tentando incutir em nossas comunidades.
Jacobin
Todos os dias, quando chego em casa do trabalho,
me sinto tão frustrado, o chefe é um babaca,
e pego minhas baquetas e vou para o galpão,
e bato naquele tambor como se fosse a cabeça do meu chefe.
"Bang the Drum All Day", de Todd Rundgren (também conhecida como a música oficial do touchdown do Green Bay Packers)
Cada vez que eles marcam, esse verso da canção é tocado no touchdown do Green Bay Packers, o que nos faz lembrar da nossa situação exaustiva, entrando e saindo de nossos empregos miseráveis. Mas, por outro lado, também nos concede o maior desejo conhecido pelo homem: uma oportunidade indireta de enterrar no inimigo. De ficar em pé sobre ele, olhando em seus olhos de uma forma que o faça saber que sabemos que até seus próprios filhos o odeiam. Os Packers nos dizem: “Esta semana, o Chicago Bears é o tambor. Vamos fazer com eles o que você quer fazer com seu chefe.”
A catarse que surge ao ver seus jogadores se destacando no esporte é incomparável. Pode ser fingimento, mas parece real, como uma onda de crimes em uma cidade com liderança progressista. Os Packers vão um passo além, borrando a linha entre emoção e realidade ao serem o único time da National Football League (NFL) que tem permissão para quebrar a quarta parede. Os jogadores saltam para as arquibancadas, literalmente para o colo dos torcedores, em uma celebração conhecida como Salto do Lambeau — compartilhando a glória com os fãs em um ato coletivo de alegria.
Se você reparar bem, o Green Bay Packers é o único time socialista da NFL, e por razões muito mais materiais do que as descritas acima. Antes de começar a reflexão vale lembrar que, sim, não há consumo ético no capitalismo. Mas há uma diferença entre um burrito de Al Pastor e um Taco Bell.
Para aqueles que não entendem nada de esportes, que isso seja uma novidade. Nerds ricos estão destruindo o mundo. Portanto, é nossa obrigação se tornar atletas, ou pelo menos passar a mensagem dos atletas. Porque os atletas, especialmente no caso do Green Bay Packers, estão se saindo melhor em espalhar e ensinar valores socialistas do que os nerds.
Lição 1: solidariedade
Em 2011, os Packers estavam no topo do mundo: eles tinham acabado de sair de uma sequência improvável de playoffs, onde tiveram que vencer todos os jogos fora de casa, vencendo um suposto estuprador no Super Bowl, e Aaron Rodgers ainda não tinha se apresentado a um novo companheiro de equipe perguntando se o 11 de setembro foi real.
Mas, em seu Estado natal, Wisconsin, não estavam indo tão bem. Scott Walker, que era o governador do Estado, embora sua imagem fosse mais de “um cara que trairia a esposa em uma convenção imobiliária”, estava apenas começando seu ataque inconstitucional aos direitos de negociação coletiva dos trabalhadores do setor público.
Um grupo de jogadores atuais e antigos do Packers escolheu este momento, como novos campeões do Super Bowl no topo do zeitgeist americano, para se solidarizar com professores e enfermeiros, dizendo:
Sabemos que é o trabalho em equipe dentro e fora de campo que torna os Packers e Wisconsin excelentes... Quando os trabalhadores se unem, isso serve como um freio ao poder corporativo e ajuda TODOS os trabalhadores ao elevar os padrões da comunidade... Esses funcionários públicos são os campeões de Wisconsin todos os dias e pedimos ao governador e à Assembleia Legislativa do Estado que não retirem seus direitos.
O vencedor do Troféu Heisman e líder da equipe, Charles Woodson, também se manifestou:
É uma honra para mim jogar pelo Green Bay Packers, campeão do Super Bowl, e fazer parte das comunidades de Green Bay e Wisconsin. Também me sinto honrado como membro da Associação de Jogadores da NFL por me unir às famílias trabalhadoras de Wisconsin e aos sindicatos na luta contra essa tentativa prejudicar os sindicatos.
Lição 2: Propriedade pública
Muitos times dos principais esportes profissionais americanos estão se tornando de capital aberto, como o Kansas City Chiefs no Super Bowl. Mas apenas o Green Bay Packers é de capital aberto faz tempo.
Eles operam como uma organização sem fins lucrativos, vendendo ações aos torcedores em condições que fariam um executivo de Wall Street se matar: sem dividendos; sem revenda de ações; eles só vendem a cada dez ou vinte anos quando querem reformar o campo ou investir mais dinheiro na própria instituição; e nenhuma pessoa pode possuir mais de 5% do time. E quando dizem organização sem fins lucrativos, é isso mesmo que eles querem dizer. Não há acionista majoritário acumulando riqueza — nem deuses, nem donos.
Todos os outros times são de propriedade de algum idiota que engravidou uma herdeira do Walmart ou de um bilionário da tecnologia que não consegue parar de jogar bebidas na cara das pessoas como um ator secundário do Vanderpump, e se você tiver a sorte de ter um dono que morre ou tem que renunciar porque chama Joe Biden de “N”, toda a sua torcida fica à mercê de um herdeiro fracassado que precisa provar seu valor ao fantasma do papai demitindo pessoas aleatoriamente.
Todo torcedor da NFL vive basicamente como um sujeito sob um governo tirânico. Exceto os torcedores dos Packers, que de fato têm voz ativa na decisão de quem comanda o time. É verdade que é uma voz pequena, mas se o presidente ou CEO do time errasse feio a ponto de precisarmos nos livrar dele, não teríamos que sobrevoar o estádio com um avião implorando para que ele fizesse a coisa certa — poderíamos simplesmente nos organizar para votar para tirá-lo do jogo!
Isso também se expressa em campo, o que nos leva ao terceiro ensinamento socialista dos Packers...
Muitos times dos principais esportes profissionais americanos estão se tornando de capital aberto, como o Kansas City Chiefs no Super Bowl. Mas apenas o Green Bay Packers é de capital aberto faz tempo.
Eles operam como uma organização sem fins lucrativos, vendendo ações aos torcedores em condições que fariam um executivo de Wall Street se matar: sem dividendos; sem revenda de ações; eles só vendem a cada dez ou vinte anos quando querem reformar o campo ou investir mais dinheiro na própria instituição; e nenhuma pessoa pode possuir mais de 5% do time. E quando dizem organização sem fins lucrativos, é isso mesmo que eles querem dizer. Não há acionista majoritário acumulando riqueza — nem deuses, nem donos.
Todos os outros times são de propriedade de algum idiota que engravidou uma herdeira do Walmart ou de um bilionário da tecnologia que não consegue parar de jogar bebidas na cara das pessoas como um ator secundário do Vanderpump, e se você tiver a sorte de ter um dono que morre ou tem que renunciar porque chama Joe Biden de “N”, toda a sua torcida fica à mercê de um herdeiro fracassado que precisa provar seu valor ao fantasma do papai demitindo pessoas aleatoriamente.
Todo torcedor da NFL vive basicamente como um sujeito sob um governo tirânico. Exceto os torcedores dos Packers, que de fato têm voz ativa na decisão de quem comanda o time. É verdade que é uma voz pequena, mas se o presidente ou CEO do time errasse feio a ponto de precisarmos nos livrar dele, não teríamos que sobrevoar o estádio com um avião implorando para que ele fizesse a coisa certa — poderíamos simplesmente nos organizar para votar para tirá-lo do jogo!
Isso também se expressa em campo, o que nos leva ao terceiro ensinamento socialista dos Packers...
Lição 3: uma economia planejada
O quarterback da NFL é a posição mais valiosa e importante nos esportes profissionais. Para colocar em termos da esquerda para vocês, nerds, eles devem ter a inteligência de Karl Marx, o poder de Vladimir Lenin, a astúcia implacável de Joseph Stalin e a capacidade de escapar de atacantes pelo maior tempo possível que nem Leon Trotsky. Esqueça o bom; encontrar um quarterback titular, mesmo que adequado, é mais difícil do que encontrar água no deserto.
Isso faz com que as equipes e, mais especificamente, seus donos percam a cabeça. Se você é o gerente geral que escolhe o quarterback ou o técnico que treina o quarterback, é possível que esse quarterback seja péssimo sem que você tenha culpa? Não! Mesmo que você seja ótimo no seu trabalho, seu dono vai te demitir porque ele é viciado em recrutar bons quarterbacks.
Em termos com os quais todos possamos nos identificar: meu pai era tão viciado em apostas esportivas que roubou meu dinheiro do bar mitzvá para pagar dívidas de jogo (verdade). Esse tipo de comportamento de roubar o Peter para pagar o Paul destrói times (e famílias). Porque se o dono está disposto a explodir tudo, os responsáveis pelo elenco e pela comissão técnica começam a agir por medo. Tudo se resume a ganhos de curto prazo em vez de visão de longo prazo. Outra maneira de ver isso é títulos lastreados em hipotecas versus algo como títulos municipais. Uma dessas coisas pode lhe render muito dinheiro imediatamente, mas também pode afundar toda a economia.
Os Packers têm o luxo do tempo. Não há um dono pressionando ninguém, então eles podem ser metódicos quando se trata de construção e estrutura de equipe. É sabido que os Packers tiveram apenas três quarterbacks titulares desde o fim da Guerra Fria. Por quê? Porque eles têm tempo e uma rédea solta. Tanto Aaron Rodgers quanto Jordan Love foram escolhas de draft profundamente impopulares, mas também se mostraram um valor incrível nas posições em que foram draftados. Em vez de ficarem presos ao presente, os cérebros dos Packers viram que esses caras seriam necessários em alguns anos para se tornarem quarterbacks da franquia.
A maioria dos times com donos tradicionais teria pressionado o gerente geral a recrutar alguém que os ajudasse a vencer agora, ou forçado o técnico a escalar um novato cedo demais. Afinal, esses são empreendimentos com fins lucrativos; precisamos de assentos lotados e ganhar muito dinheiro. Mas o modelo sustentável dos Packers, que deve 100% ao fato de serem de capital aberto, permite que eles façam a coisa certa com calma para o presente e o futuro.
O Green Bay Packers é meu time favorito desde que me conheço por gente e, no fim das contas, por terem um posição socialista – não por encontrar o símbolo dos Illuminati em franquias esportivas como acontece por aí. Mas há algumas lições reais aqui sobre como um time profissional, possivelmente um dos grupos menos politizados, pode fazer você se sentir envolvido enquanto coloca um entretenimento cada vez melhor em campo. E essas lições são surpreendentemente semelhantes às que estamos tentando incutir em nossas comunidades.
Colaborador
Josh Androsky passou a última década misturando política socialista com cultura pop. Ele mora em Los Angeles.
Josh Androsky passou a última década misturando política socialista com cultura pop. Ele mora em Los Angeles.
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