12 de novembro de 2022

Democrata vence em Nevada e mantém maioria do partido no Senado em vitória de Biden

Catherine Cortez Masto derrotou candidato apoiado por Trump, confirmando fase ruim de ex-presidente

Thiago Amâncio


O Partido Democrata conquistou maioria no Senado dos Estados Unidos e vai manter o controle da Casa pelos próximos dois anos, em uma grande vitória da legenda do presidente Joe Biden —que manterá alguma governabilidade mesmo se perder a maioria na Câmara,

A maioria foi confirmada neste sábado (12) com a reeleição da senadora Catherine Cortez Masto em Nevada contra o advogado trumpista Adam Laxalt, segundo projeção do canal americano CNN. Agora, o partido terá ao menos 50 senadores, o mesmo número que tem hoje, metade das cadeiras da Casa, e obtém maioria com os votos de desempate que, segundo as regras americanas, são da vice-presidente do país, Kamala Harris.

A senadora democrata Catherine Cortez Masto em festa no comitê do partido no estado americano de Nevada - Anna Moneymaker/Getty Images/AFP

Mas os democratas podem conquistar ainda mais uma cadeira na Casa, se Raphael Warnock, atual senador pela Geórgia, for reeleito em dezembro. Isso porque a Geórgia tem segundo turno caso os candidatos não alcancem 50% dos votos, o que ocorreu na disputa desta semana. Agora, a decisão ficará para 6 de dezembro. Se ganhar lá, os democratas ficarão com 51 cadeiras, situação melhor do que a que tem hoje. Isso dará mais respiro à legenda porque, com 50 cadeiras, exatamente o mínimo necessário, qualquer dissidência da base pode travar projetos do presidente, como aconteceu uma série de vezes com Biden, ao ter por exemplo a Lei de Redução da Inflação travada por meses por discordâncias do senador democrata Joe Manchin.

A eleição de Cortez Masto confirma o desempenho muito superior do Partido Democrata do que as pesquisas esperavam. Falava-se em uma "onda vermelha" que elegeria de forma acachapante parlamentares republicanos, em meio ao desgaste da administração democrata, com popularidade baixa, o que não ocorreu. Os republicanos ainda têm dificuldade para confirmar que terão o controle da Câmara e agora acabam de perder o Senado, ao contrário do que as pesquisas apontavam na véspera da eleição.

Também confirma como um dos grandes derrotados dessas midterms o ex-presidente Donald Trump. Isso porque a disputa pelo controle do Senado seria decidida em quatro estados: Pensilvânia, Arizona, Nevada e Geórgia, todos eles com candidatos republicanos trumpistas convictos.

Mas até agora Trump perdeu três dessas eleições, gerando enorme insatisfação interna.

A primeira foi na Pensilvânia, onde seu candidato, o médico e apresentador de TV Mehmet Oz, perdeu a eleição para o Senado contra o vice-governador John Fetterman —esta foi a vitória mais importante da corrida porque foi aí que os democratas viraram uma cadeira que hoje é republicana. A segunda derrota de Trump aconteceu na noite de sexta (11), no Arizona, onde Blake Masters perdeu para o astronauta e atual senador Mark Kelly.

Agora, perde também Adam Laxalt, ex-procurador-geral de Nevada, que repetiu alegações falsas de que houve fraude na eleição que Joe Biden ganhou de Trump em 2020.

Ainda que tenha saído derrotado, Laxalt mostrou-se um candidato competitivo, porém, e deve perder com apenas alguns milhares de votos de diferença quando as urnas fecharem.

Republicanos têm culpado Trump por impulsionar nomes fracos e radicais do partido, sem experiência política, o que acabou afastando eleitores mais moderados. O desempenho ruim reorganizou a correlação de forças dentro do Partido Republicano e ameaça até uma nova candidatura do ex-presidente, que deve ser anunciada na próxima semana.

Sem a Câmara, mas com o controle do Senado, Biden ficará na mesma situação de Trump a partir de 2018, o que é útil para evitar uma perda do cargo em uma eventual crise política grave —como aconteceu com Trump, que teve dois impeachments aprovados na Câmara, mas barrados no Senado.

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