Nelson Barbosa
Lula e Bolsonaro - Marlene Bergamo/Folhapress e Adriano Machado/Reuters |
Chegou a hora de começarmos a sair do buraco em que nos enfiamos no golpe parlamentar de 2016 e cavamos mais fundo na eleição censurada de 2018.
Assim como naqueles anos, a escolha política de 2022 continua muito fácil. A diferença é que agora a maioria dos formadores de opinião percebeu o óbvio: a demofobia de nossas elites tende ao autoritarismo, com risco de cairmos em um regime quase fascista.
Na economia, depois do fracasso do projeto tucano de Temer, ficou difícil defender mais uma vez que o povo precisa esperar reformas, reformas e reformas, que não acabam nunca, antes de melhorar de vida.
Reformas são necessárias, e meus leitores sabem que já defendi várias delas neste espaço. Porém, para quem tem fome e não tem emprego, não é possível esperar para sempre até que o projeto de neoliberais de jardim de infância dê certo.
No Brasil real, um governo para todos deve combinar reformas com medidas imediatas de geração de emprego, erradicação da pobreza e redução da desigualdade.
Na política, depois da revelação de que a Operação Lava Jato foi um movimento político contra a esquerda, ficou difícil dizer que o principal problema do país é a corrupção, bem como que corrupção só existe em um lado do espectro político.
Até agora, poucos luminares ex-lava-jatistas fizeram autocrítica de sua contribuição para surto udenista que ressuscitou o quase fascismo no Brasil, mas a parcialidade de nossa Justiça e mídia está registrada para a história.
As futuras gerações saberão quem fez o que e quando na "década perdida" de 2013-22, bem como quem defendeu a democracia e o bom senso mesmo quando isso não era moda.
Depois da tragédia do desgoverno Bolsonaro na economia, na saúde, na educação, no ambiente e em tantas outras áreas, ninguém mais acha graça em "fazer arminha". Dentre as funções do presidente da República, também está dar exemplo de comportamento. Nunca tivemos um mal exemplo tão grande como Bolsonaro.
Fanfarronice, apologia de armas, incitação à violência, estímulo ao desmatamento, desrespeito a minorias, desrespeito também a maiorias, sobretudo às mulheres, nepotismo, rachadinhas em série, orçamento secreto, sigilo de cem anos, ataques recorrentes à democracia, humilhação do Brasil em escala mundial e, para fechar o pacote, descaso com o sofrimento de milhares de famílias que perderam entes queridos durante a pandemia.
Nossa distopia bolsonarista com certeza será objeto de longos estudos, no Brasil e no mundo, para que ela nunca mais se repita. Digo isso sabendo perfeitamente que a eventual derrota de Bolsonaro não acabará com o bolsonarismo, como também sei que o atual surto de bom senso de ex-lava-jatistas não durará para sempre.
Como a história se move como um pêndulo, desejo apenas que a atual frente ampla contra o fascismo seja eterna enquanto dure, digamos, por pelo menos quatro anos, sob o comando de Lula e Alckmin.
Por fim, até as esquinas de Brasília sabem que voto no PT desde 1989, quando voltamos a ter eleições para presidente. No domingo (2) farei a mesma coisa, votando 13 em Lula e em candidatos progressistas para os demais cargos, pois a eleição não é só para presidente.
É importante votar em governadores, senadores e deputados comprometidos com um "Brasil de todos". Como identificar essas pessoas? Sugiro três critérios. Foi contra a o afastamento de Dilma em 2016? Foi contra a prisão de Lula em 2018? Apoia Lula hoje? Se a pessoa marcou sim três vezes, ela merece o seu voto.
Boa eleição para todos e evitem cair em provocação de bolsonarista maluco.
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