Mônica Bergamo
Mônica Bergamo é jornalista e colunista.
Ex-presidentes e lideranças políticas de diversos países do mundo lançarão nesta quarta-feira (7) um manifesto em apoio a Gustavo Petro e à tese do mandatário colombiano de que um golpe de Estado moderado está em curso em seu país.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, fala durante conferência em Buenos Aires em janeiro - Luis Robayo - 24.jan.23/AFP |
O documento, que congrega cerca de 400 assinaturas, é endossado por nomes como o ex-presidente da Colômbia Ernesto Samper, o ex-presidente do Equador Rafael Correa e o ex-presidente da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero.
Já a lista de signatários brasileiros reúne figuras políticas alinhadas à esquerda como a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), o dirigente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), além de diversos líderes de entidades sindicais.
"Um golpe moderado está em curso na Colômbia. Desde a eleição do primeiro governo progressista do país —liderado pelo presidente Gustavo Petro, pela vice-presidente Francia Márquez e pelo Pacto Histórico no Congresso [coalizão de esquerda integrada por Petro]—, os poderes tradicionais [de oposição] da Colômbia se organizam para resgatar uma ordem marcada pela extrema desigualdade, destruição ambiental e violência", diz o manifesto.
"Menos de um ano desde a posse do governo Petro, estão usando o poder institucional combinado com agências reguladoras, conglomerados de mídia e o Poder Judiciário do país para interromper suas reformas, intimidar seus apoiadores, derrubar sua liderança e difamar sua imagem no cenário internacional", segue o texto, que foi articulado pela rede global progressista Progressive International.
"Um golpe moderado está em curso na Colômbia. Desde a eleição do primeiro governo progressista do país —liderado pelo presidente Gustavo Petro, pela vice-presidente Francia Márquez e pelo Pacto Histórico no Congresso [coalizão de esquerda integrada por Petro]—, os poderes tradicionais [de oposição] da Colômbia se organizam para resgatar uma ordem marcada pela extrema desigualdade, destruição ambiental e violência", diz o manifesto.
"Menos de um ano desde a posse do governo Petro, estão usando o poder institucional combinado com agências reguladoras, conglomerados de mídia e o Poder Judiciário do país para interromper suas reformas, intimidar seus apoiadores, derrubar sua liderança e difamar sua imagem no cenário internacional", segue o texto, que foi articulado pela rede global progressista Progressive International.
O manifesto faz referência a uma série de imbróglios conflagrados no país nos últimos meses, incluindo a disputa entre Petro e o procurador-geral da República, Francisco Barbosa. O integrante do Ministério Público colombiano chegou ao cargo após indicação feita pelo ex-presidente conservador Iván Duque.
Para as lideranças que apoiam Petro, Barbosa estaria atuando ativamente contra o governo ao promover "investigações que podem resultar na suspensão, destituição e desqualificação de membros do Congresso" aliados ao presidente, além de supostamente empreender iniciativas contra o próprio Petro.
"O objetivo dessa campanha coordenada é claro: proteger os interesses dos poderes tradicionais da Colômbia de reformas populares que aumentariam os salários, melhorariam os cuidados de saúde, protegeriam o meio ambiente e levariam a ‘paz total’ ao país", diz o manifesto.
"Nós, abaixo assinados, conclamamos os amigos do povo colombiano e aliados da democracia em todos os lugares a se oporem a essas táticas insidiosas e impedirem o avanço de um golpe moderado na Colômbia", finaliza o documento.
No país colombiano, a oposição acusa Petro de corrupção, enquanto o governo se diz alvo de conspiração.
No domingo (4), a tensão política se acirrou após o vazamento de áudios supostamente enviados por Armando Benedetti, que chefiou a campanha de Petro no ano passado e depois virou embaixador na Venezuela, para Laura Sarabia, braço direito do presidente.
Durante a conversa, o diplomata teria sugerido que houve financiamento ilegal e até mesmo envolvimento do narcotráfico na campanha de Petro à Presidência. Publicamente, Benedetti afirma que os áudios foram manipulados. Petro, por sua vez, nega as acusações.
"Nossos rivais políticos foram rápidos em registrar queixas contra mim na Comissão de Acusações [do Parlamento]. No entanto, em nenhuma entrevista ou áudio foi demonstrado que cometi um crime. Esta é uma simples tentativa de golpe moderado para impedir a luta contra a impunidade", afirmou o presidente, em publicação nas redes sociais.
Na semana passada, a Suprema Corte da Colômbia acusou o mandatário de gerar instabilidade institucional e de interpretar mal a Constituição. A repreensão ocorreu após Petro questionar o procurador-geral da República.
O episódio ocorreu após o Ministério Público encerrar as apurações sobre os massacres cometidos pelo maior cartel de drogas do país. Petro, então, pediu explicações, afirmando que o procurador-geral da República, Francisco Barbosa, estava sob seu comando.
"O procurador se esquece de uma coisa que a Constituição manda: sou o chefe de Estado, portanto, chefe dele", escreveu no Twitter.
A Suprema Corte, por sua vez, disse ter recebido com grande preocupação a interpretação a respeito do artigo constitucional sobre a autonomia do Judiciário. "Ignorar ou interpretar mal os fundamentos do nosso Estado de Direito gera incerteza, fragmentação e instabilidade institucional", afirmou, em comunicado.
"Petro desconsidera a autonomia e a independência judicial, uma cláusula fundamental da democracia colombiana", disse ainda.
com Bianka Vieira, Karina Matias e Manoella Smith
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