Federico Mare
Cartazes como este são comuns nas rotas da Argentina. |
Los viejos amores que no están / La ilusión de los que perdieron / Todas las promesas que se van / Y los que en cualquier guerra se cayeron / Todo está guardado en la memoria / Sueño de la vida y de la historia.- León Gieco
No dia 10 de junho se comemora na Argentina o “Dia da afirmação dos direitos argentinos sobre as Malvinas”. Este aniversário evoca a criação do Comando político e militar das Ilhas Malvinas em junho de 1829, acontecimento histórico ao qual voltaremos no devido tempo. 10 de junho não é o único evento das Ilhas Malvinas. Há outro: o "Dia do Veterano e daqueles que morreram na Guerra das Malvinas", datado de 2 de abril, visa salvar do esquecimento aqueles que lutaram e morreram lutando contra a Grã-Bretanha em 1982, tentando se recuperar para sua pátria não só as Malvinas, mas também as outras ilhas que o colonialismo inglês lhe arrebatou: Geórgia do Sul e Sandwich do Sul.
Qualquer pessoa que olhe um mapa pode ver a olho nu a distância que todas essas ilhas estão da costa da Patagônia - e a que distância estão do Reino Unido. A geografia não deixa dúvidas: todos os territórios insulares onde hoje arde a Union Jack são soberania argentina e devem, portanto, voltar a ser parte efetiva da República.
Mas a reivindicação argentina das Malvinas não se baseia apenas em uma questão geográfica. A história também apoia isso, e saber disso é importante.
Os franceses - que as haviam explorado como escala interoceânica para seus navios de pesca e caça às baleias - cederam as ilhas à Espanha em 1765, que criou a Comenda das Ilhas Malvinas. Este território espanhol dependia administrativamente de Buenos Aires, e quando o Vice-Reino de Río de la Plata foi criado em 1776, foi incorporado a ele. Quando a atual Argentina se tornou independente da Espanha em 1816, as Malvinas passaram a fazer parte das Provincias Unidas del Río de la Plata. As autoridades argentinas formalmente tomaram posse das ilhas em 1820, com o envio da fragata Heroína.
Nove anos depois, Luis Vernet - empresário alemão residente no Río de la Plata desde jovem - foi nomeado governador das Malvinas por meio de um decreto que, em termos jurisdicionais, mais uma vez as tornava um comando político e militar (embora não mais da monarquia hispânica dos Bourbons, mas da república sul-americana que mais tarde se chamaria Argentina; o decreto em questão, de 10 de junho de 1829, está na origem do aniversário que hoje se comemora).
Por algum tempo, Vernet vinha promovendo o assentamento, a pesca, a pecuária e o comércio nas ilhas com a permissão argentina. Mas em 1833, após o ataque do USS Lexington a Puerto Soledad (um dos primeiros ultrajes do Tio Sam e sua diplomacia de canhoneira na história da América Latina), o Império Britânico invadiu as Malvinas e esmagou o levante do gaúcho Rivero. Desde então, manteve as ilhas - as quais chama de Falklands - como colônia ultramarina, fazendo ouvidos moucos tanto às reivindicações de restituição da Argentina quanto às exortações de negociação diplomática das Nações Unidas, que em 1965 expressavam seu "anseio com o propósito de acabar com o colonialismo em todos os lugares e em todas as suas formas."
A recusa britânica de devolver as Malvinas não responde apenas a razões ideológicas de orgulho imperial. Nem a questões de compromisso metropolitano com uma população Kelper, hostil à Argentina e orgulhosa de seu caráter britânico. Pensar isso seria incorrer em um reducionismo idealista muito ingênuo. Existem razões materiais, fatores geoestratégicos, que determinam essa posição. Em primeiro lugar, as Malvinas situam-se num lugar privilegiado para controlar o tráfego marítimo Atlântico-Pacífico Sul, devido à sua proximidade com o Estreito de Magalhães e os canais Beagle e Drake.
Em segundo lugar, sua posse dá suporte factual e legal à reivindicação do Reino Unido de perpetuar sua jurisdição na Antártica, o reservatório de 80% da água doce do planeta. Terceiro, as Malvinas possuem importantes recursos pesqueiros, minerais e energéticos (principalmente hidrocarbonetos). E, finalmente, deve-se lembrar que a RAF Mount Pleasant, a maior base aérea militar da Grã-Bretanha em todo o Atlântico Sul, está localizada ali - uma base que, segundo denúncias, abrigaria armas nucleares.
Em 1982, quase 150 anos depois de lhe terem tirado à força, a Argentina reocupou as ilhas. A Operação Rosário ocorreu no dia 2 de abril, data que deu origem ao aniversário das demais Ilhas Malvinas (Dia do Veterano e Mortos na Guerra das Malvinas). O Reino Unido recusou-se a aceitar a perda das ilhas e enviou uma poderosa expedição militar para recuperá-las: a Força-Tarefa.
Até 14 de junho, por dois meses e doze dias, houve guerra por terra, mar e ar. Os argentinos lutaram com coragem. Seus experientes e intrépidos pilotos realizaram façanhas inimagináveis em seus voos baixos contra os navios da Marinha Real, ganhando o respeito e elogios de seus inimigos. Mas a superioridade tecnológica do Reino Unido de Thatcher - uma das maiores potências navais do mundo - era grande demais. Os Estados Unidos de Reagan ajudaram a Grã-Bretanha, seu aliado estratégico da OTAN, desequilibrando definitivamente o equilíbrio.
A ameaça de uma "guerra pelas costas" contra o Chile de Pinochet, devido à disputa fronteiriça do Beagle no sul da Patagônia, impediu a Argentina de transferir para as Malvinas suas tropas de montanha estacionadas nos Andes (as mais capazes de lutar no frio e na neve). Com um agravante: a ditadura chilena prestou uma ajuda extremamente útil ao Reino Unido, tanto em termos de logística como de inteligência. Vencer a guerra era muito difícil nessas condições, embora a propaganda e a censura do governo argentino a princípio nos fizessem pensar o contrário ("estamos vencendo", intitulou a revista Gente, e entrou para a história). Os flagrantes erros de cálculo e o escandaloso grau de improvisação com que a Argentina entrou na conflagração (seu Exército, principalmente) ainda hoje continuam a causar perplexidade e curiosidade entre os analistas.
Manotazo de ahogado
Si bien el intento argentino de recuperar las Malvinas era justo y legítimo, se vio manchado por el hecho de que la Argentina de 1982 no era un país democrático. Regía una dictadura militar que había cometido incontables crímenes de lesa humanidad y de terrorismo de Estado, dejando un saldo trágico de 30 mil personas detenidas–desaparecidas, brutalmente torturadas y asesinadas en centros clandestinos, sin contar las que debieron exiliarse para salvar sus vidas, ni los niños y niñas que fueron víctimas de secuestro y ocultamiento de identidad.
En 1982, como consecuencia de las políticas neoliberales aplicadas por la Junta Militar desde el golpe del 76, la crisis económica y social era gravísima: devaluación, inflación, endeudamiento externo, desindustrialización, desempleo, pobreza… En todo el mundo crecían las denuncias contra la Argentina de parte de los organismos de derechos humanos (el mundial de fútbol de 1978 no había logrado maquillar el horror: nadie se creyó aquello de «los argentinos somos derechos y humanos»).
La dictadura estaba desprestigiada y debilitada, y fue por eso que tomó la decisión desesperada de intentar recuperar las Malvinas de las garras del imperialismo inglés. Sabía que la causa Malvinas era muy apreciada por la sociedad argentina y que iba a generar apoyo popular. Contra todo pronóstico, Leopoldo Fortunato Galtieri, el general dictador del momento, se dio el lujo de llenar la Plaza de Mayo y de jugar a líder populista —cual Perón— desde el balcón de la Casa Rosada. Su verborrea arrogante y desafiante, prematuramente triunfalista, obscenamente temeraria, quedó en los anales del oprobio: «Si quieren venir, que vengan. Les presentaremos batalla». Lo peor de todo fue que la mayor parte de la izquierda argentina se sumó a la eufórica borrachera de unidad nacional contra el enemigo común, algo así como una tregua a la dictadura militar y el terrorismo de Estado en nombre del antiimperialismo.
Al igual que la Junta Militar argentina, el gobierno conservador de Margaret Thatcher también tenía razones oportunistas de política interna para no querer la paz: sus drásticas y catastróficas recetas monetaristas de ajuste fiscal, privatización del sector público, desregulación del mercado financiero, flexibilización laboral y cercenamiento de los sindicatos —no muy distintas a las que había aplicado Martínez de Hoz en el país rioplatense, Pinochet en Chile y Reagan en EE. UU.— estaban siendo muy cuestionadas y resistidas por el pueblo británico, especialmente por la clase obrera, y las huelgas en las minas de carbón se habían vuelto una pesadilla para el N°10 de Downing Street.
Pero la demagogia jingoísta pro-Falklands le permitió a la Dama de Hierro salir del pozo y relanzar su carrera política consiguiendo, en 1983 y victoria bélica mediante, una reelección que parecía imposible. A la inversa, la derrota de Malvinas precipitó en Argentina el fin de la dictadura y la restauración democrática (Alfonsín ganó las elecciones casi en simultáneo con Thatcher).
El irredentismo siempre ha sido un instrumento eficaz de los gobiernos autoritarios para generar fervor nacionalista en las masas y neutralizar los conflictos sociales domésticos, los antagonismos de clase. El caso de la Alemania nazi con los Sudetes así lo ilustra, igual que el ejemplo de la Italia fascista con la Dalmacia, ambos territorios irredentos, según el parecer de Hitler y Mussolini. De todos los lobos con piel de cordero del nacionalismo, el irredentismo ha sido el más peligroso de todos. Nótese que tanto Galtieri como Thatcher hicieron demagogia irredentista con las Malvinas. Primero el dictador argentino, luego la Dama de Hierro...
Pero Argentina no estaba preparada para ganarle una guerra a una de las mayores potencias del mundo, menos aún si los Estados Unidos le daban la espalda al país sudamericano, como de hecho sucedió (de forma inconsecuente, el Tío Sam nunca ha querido aplicar la Doctrina Monroe al litigio de Malvinas). Quienes pagaron el precio de ese manotazo de ahogado, de esa aventura irresponsable casi suicida, fueron los soldados argentinos, en su gran mayoría pibes conscriptos de 18 años sin ninguna experiencia en combate y muy mal preparados. Su entrenamiento y equipamiento eran totalmente insuficientes, y para colmo de males estaban mal abrigados y mal alimentados.
En la Guerra de Malvinas murieron 650 argentinos y casi 1700 quedaron inválidos o heridos. Muchos sufrieron tratos degradantes y torturas por parte de sus propios oficiales. Cuando los veteranos regresaron, la dictadura los recibió con incomodidad, fastidio, desprecio y rencor. Se los trató de invisibilizar y no se les dio la contención médica, psicológica ni económica que tanto necesitaban y merecían después de los espantos que habían vivido. Hubo una política sistemática de desmalvinización de la memoria colectiva. La Junta Militar no quería que se hablara de Malvinas por vergüenza y por culpa. Pero también porque no le convenía, habida cuenta de su responsabilidad política en todo el desastre ocurrido.
Los veteranos fueron tratados como unos «fracasados», unos «perdedores». Se los estigmatizó y silenció. Se los humilló y olvidó. La política de desmalvinización provocó no menos de 350 suicidios entre los excombatientes. Toda guerra es traumática de por sí, pero mucho más traumática resulta cuando el Estado y la sociedad tratan a los sobrevivientes con tanto desprecio, crueldad, desmemoria e indiferencia.
Un ejercicio contrafáctico
Las Malvinas son argentinas, cierto. El Reino Unido debe devolverlas a nuestro país, porque las usurpó por la fuerza y porque el colonialismo es algo inaceptable en el siglo XXI. Pero que el patrioterismo de algunos no nos haga olvidar que Argentina, en 1982, estaba bajo una sangrienta dictadura militar, y que esa dictadura se aventuró en una guerra que no podía ganar —un acting pírrico, una fuga hacia adelante— para tratar de recuperar la legitimidad que había perdido. La irresponsabilidad de esa decisión demagógica causó cientos de muertos en combate y miles de heridos. Y la desmalvinización posterior llevó al suicidio a otros cientos más.
Sin embargo, en su momento, la Operación Rosario era cuestionable por una razón adicional. Antes de 1982, la política de «buena vecindad» de la Argentina para con la población kelper estaba dando sus frutos. La relación era cada vez más fluida y amistosa: comercio, viajes marítimos y aéreos, turismo, cooperación sanitaria, etc. Por el contrario, el vínculo kelpers-metrópoli era cada vez más débil y frío. La comunidad isleña se sentía olvidada, abandonada, postergada, ninguneada por el Reino Unido, y con razón. De hecho, el localismo y autonomismo kelper estaban en alza.
La historia contrafáctica siempre es un terreno resbaladizo, pero es razonable suponer que si Argentina hubiese persistido y profundizado en su política de buena vecindad, el malestar kelper con Gran Bretaña podría haberse agudizado, decantando en un proceso de radicalización política donde el secesionismo filoargentino (una postura realista) prevaleciera sobre el secesionismo independentista (una postura poco viable). Por lo demás, la continuidad a largo plazo de una política de buena vecindad, tarde o temprano hubiese tenido un alto impacto demográfico-social en Malvinas: el crecimiento pacífico por goteo de la inmigración argentina, tanto por la cercanía con la Patagonia como por lo minúsculo de la comunidad kelper, muy fácilmente hubiese transformado por completo la composición étnica de las islas e intensificado el separatismo pro-argentino (como pasó con el separatismo pro-estadounidense en el viejo Texas mexicano, entre 1822 y 1845).
Todas estas posibilidades se clausuraron de golpe en 1982, cuando la Junta Militar puso en marcha la Operación Rosario. Por un lado, la población kelper se volvió muy hostil y desconfiada hacia la Argentina. Por otro, las islas se volvieron las niñas mimadas del imperio británico de ultramar. Desde entonces merecieron mucha atención, cuidado y fomento metropolitanos, lo cual hizo que la población kelper volviera a «enamorarse» de Gran Bretaña y renovara su lealtad colonial.
Hoy por hoy, las chances de que la comunidad isleña de Malvinas acepte la soberanía argentina son muy remotas. El recuerdo del 82 todavía está muy vivo en la memoria kelper. La reconciliación con la Argentina no parece posible, al menos en el corto y mediano plazo. No faltan voces en Argentina que reclaman un nuevo intento de reconquista de las Malvinas. Son minoritarias, por suerte. Hablamos del nacionalismo de extrema derecha. Las probabilidades de triunfo siguen siendo tan bajas como en 1982. La superioridad militar y naval del Reino Unido se mantiene, y la alianza Londres–Washington como socios de la OTAN también. A decir verdad, las probabilidades de victoria ahora son aún más bajas, puesto que Argentina ya no tendría a su favor el factor sorpresa, y las islas están hoy defendidas de un modo en que no lo estaban hace 39 años.
Además, actualmente, los intereses geoestratégicos de Gran Bretaña sobre las Malvinas y el Atlántico Sur —incluyendo la Antártida— son mayores, debido a la creciente escasez de recursos no renovables: agua, hidrocarburos, etc. En este siglo XXI, el Reino Unido defenderá sus islas australes con una tenacidad inusitada, y la brecha militar y naval entre ambos países desde terminada la guerra no ha hecho más que aumentar.
Tampoco hay razones para creer que la sociedad argentina, tras el desastre del 82, vuelva a dar su apoyo a una aventura bélica condenada al fracaso: el fantasma de «los chicos de la guerra» no se ha desvanecido. Pero más allá de estas cuestiones de factibilidad, cabe hacerse esta pregunta ética: ¿sería legítimo que Argentina intentara recuperar las Malvinas a través de las armas? La guerra constituye un recurso extremo, solo justificable en casos excepcionales, como la defensa frente a una invasión extranjera. Es cierto que la posesión británica de las Malvinas representa un acto de colonialismo inadmisible, y que las islas son territorio irredento. Pero considerando que este territorio irredento no incluye una población irredenta (una mayoría o minoría argentina sojuzgada por el Reino Unido), recurrir a la guerra sigue pareciendo una acción desproporcionada, como lo era en 1982.
Plurinacionalidad
Para un socialista libertario argentino, hablar de la cuestión Malvinas es difícil. Por un lado, está el clivaje colonialismo–anticolonialismo, imperialismo–antiimperialismo. Aquí la cosa resulta más o menos sencilla: hay que tomar partido por el anticolonialismo, por el antiimperialismo, aunque el caso malvinense presenta un matiz muy peculiar porque se trata de un territorio irredento sin población irredenta (la inmensa mayoría de la comunidad kelper es de ascendencia británica, mientras que la colectividad argentina en Malvinas no figura entre las minorías étnicas importantes de las islas).
Por otro lado está el clivaje nacionalismo-internacionalismo, patriotismo-cosmopolitismo. Aquí la cosa se complica: aunque el socialismo libertario no niega ni menosprecia la etnicidad, la dimensión étnica de lo social postula sin embargo como identidad colectiva fundamental la clase, no la nacionalidad. Esta última, debido a sus premisas culturalistas —y a menudo esencialistas— tiende fácilmente a caer en un policlasismo-organicismo de conciliación, de status quo, hegemonizado por la burguesía.
En teoría, se puede ser antiimperialista sin ser nacionalista. Desde luego. Pero en la práctica el asunto es más complejo. Históricamente, el antiimperialismo ha estado dominado por el nacionalismo. Aunque existen honrosas excepciones, lo habitual ha sido que las luchas contra la opresión extranjera estén más asociadas al patriotismo policlasista que al clasismo anticapitalista, por la sencilla razón de que dicha opresión rara vez afecta únicamente a las clases subalternas: suele afectar también a la clase dominante, o a varias fracciones de esta, situación que favorece la cohesión interna y las alianzas frentistas.
Por supuesto que hay ejemplos históricos donde la opresión étnico–colonial y la de clase se confunden, se superponen casi totalmente, como la Irlanda preindustrial de los siglos XVIII y XIX aquejada por el latifundismo y las hambrunas, donde los terratenientes casi siempre eran ingleses absentistas o angloirlandeses protestantes. Pero lo más corriente es que ese tipo de correlación sea más baja.
¿Y la autodeterminación nacional? ¿La comunidad kelper no tiene derecho a ella? Opino que no. La población anglomalvinense, aunque no carece de particularidades locales, es minúscula y no posee el nivel de especificidad histórico–cultural de una nación. Su situación, en este sentido, no es homologable a la de otros países anglosajones de la Commonwealth como Canadá, Australia o Nueva Zelanda. De hecho, más allá de cierto localismo pueblerino, la comunidad kelper mantiene una fuerte conciencia de britaneidad, que la crisis bélica del 82 reforzó (no hay veleidades independentistas o separatistas de ningún tipo).
Huelga aclarar que un territorio insular tan pequeño, donde apenas viven unas 4300 personas —de las cuales 1300 son militares provenientes de Gran Bretaña en misión temporaria—, con una economía apenas diversificada que depende al extremo de las importaciones chilenas y británicas en rubros tan básicos como alimentos y medicamentos y cuyo centro de salud es tan modesto que necesita recurrir a los hospitales de Punta Arenas y Londres ante cualquier demanda mínimamente compleja, no resulta viable como Estado independiente. Pero hay un aspecto más relevante. Permítaseme citar al jurista Eduardo José Pintore, profesor de la Universidad Nacional de Córdoba y autor del esclarecedor artículo «Colonialismo y libre determinación en la cuestión Malvinas» (Revista de la Facultad, vol. IV, n° 1, nueva serie II, 2013):
[...] Al momento de la toma británica de las islas por medio de la fuerza, no existía sobre ellas una población autóctona, sino un asentamiento humano políticamente dependiente del Estado argentino, el cual ejercía soberanía sobre el archipiélago [cuando los europeos llegaron en el siglo XVI a las Malvinas, las encontraron desiertas, sin población indígena]. Con ello está claro que el tipo de colonialismo en Malvinas denunciado por Res. 2065 (XX) no es en perjuicio de una población autóctona, tal como fue la forma corriente de colonialismo en África o Asia, sino que este tipo de colonialismo está direccionado en contra de un Estado preestablecido y en contra, por consiguiente, del pueblo que constituye ese Estado. En esta configuración, por consiguiente, el pueblo ofendido por esa situación colonial es el pueblo al cual por la fuerza se le niega el ejercer soberanía sobre la totalidad de su territorio, es decir, el pueblo de cuyo Estado es lesionado gravemente su integridad territorial. Ahora bien, el principio de libre determinación de los pueblos se reconoce a favor de los pueblos víctimas de la situación colonial, y no a la población que la misma metrópoli trasplantó sobre el territorio colonizado, para asegurar su posesión ilícita [las cursivas son mías]. Es una cuestión de buena fe, que la potencia colonial no realice un referéndum con un «pueblo artificial» por ella misma constituido para manipular la decisión a su favor. Pues si se reconociera dicho derecho a la población trasplantada por la metrópoli, no se haría otra cosa que legitimar una situación de colonialismo que la misma 1514 (XV) quiere poner fin, en virtud de la pertenencia de esa población a la metrópoli.
La cuestión de la autodeterminación nacional o de los pueblos es muy compleja y excede los límites de este artículo. Pero no quisiera concluir sin puntualizar algo más: así como Argentina tiene razón cuando aduce que la población kelper es un trasplante colonial, los pueblos originarios podrían legítimamente plantear —y así lo ha hecho la nación mapuche, por ejemplo— que la inmigración blanca (criolla o europea) que usurpó y colonizó manu militari sus territorios ancestrales también lo es, con el agravante de que perpetró un genocidio...
Alguien podría contraargumentar que la ONU, en su normativa y jurisprudencia de descolonización, sobreentiende que las poblaciones trasplantadas, después de mucho tiempo, de muchas generaciones arraigadas, pasan finalmente a ser nativas, como la colectividad bóer en Sudáfrica, que se retrotrae al siglo XVII. A priori no es un mal argumento, porque la historia demuestra que la autoctonía es algo relativo (siempre hubo y habrá migraciones). Pero la verdad es que la ecuación no cambia demasiado: el origen de la población blanca de Nueva Zelanda, por caso, es apenas anterior al de la comunidad kelper en Malvinas, y la colonización winka del Wallmapu —a ambos lados de la Cordillera de los Andes— comenzó medio siglo después de que se establecieran las primeras familias británicas en las islas que Argentina reclama.
Las reingenierías étnicas a gran escala basadas en el exterminio o la deportación a lo Hitler o Stalin son éticamente inaceptables, aberrantes. No se puede hacer tabla rasa del devenir histórico. Como reza el refrán, el remedio nunca puede ser peor que la enfermedad. La criminal Nakba perpetrada por la derecha sionista contra la nación palestina en nombre de la preexistencia histórica de Israel lo ejemplifica muy bien: ¿acaso es lógico y justo considerar «invasora» o «usurpadora» a la actual población musulmana del Levante mediterráneo porque desciende de aquellos árabes que conquistaron la región para el Califato Rashidun en el siglo VII, hace casi 1400 años? Evidentemente no. La solución a la cuestión Malvinas, igual que la solución a los reclamos de autonomía de los pueblos originarios americanos, debe ser realista, políticamente viable y, por sobre todas las cosas, respetuosa de los derechos humanos.
Plantear que las Malvinas deben ser reintegradas a la Argentina de ningún modo significa vulnerar los derechos de la población local con una política revanchista de expulsión o aculturación, como fantasea la derecha chovinista y xenófoba. Mujeres y hombres kelpers llevan varias generaciones (hasta ocho) naciendo, viviendo y muriendo en esas islas solitarias, agrestes y frías del remoto Atlántico Sur. No sería justo considerarles «usurpadores» por el solo hecho de que sus ancestros victorianos —más galeses y escoceses que ingleses— lo hayan sido. Concebir la culpa como una herencia automática constituye un absurdo y una inmoralidad.
La solución, no solo para la pequeña comunidad anglomalvinense sino para todas las minorías étnicas en general (desde pueblos indígenas hasta colectividades inmigrantes), radica en un régimen plurinacional, una de las grandes deudas pendientes de la democracia argentina. La escolaridad bilingüe, la diversidad cultural e identitaria, la autonomía política a nivel regional o comarcal, la laicidad, etc., deben ser celosamente respetadas y promovidas en pos de una convivencia pacífica y fraterna. Aquella sensata propuesta hecha por Otto Bauer a comienzos del siglo pasado (disociar el Estado y la nación) conserva toda su vigencia, como lo prueban países como Bolivia, Suiza y Canadá.
La plurinacionalidad estaría muy bien. Toda reforma democrática en esa dirección sería para bien. Pero la gran utopía del mañana tiene —la izquierda no lo olvida— una segunda y más importante condición histórica de posibilidad: la superación revolucionaria del capitalismo.
Sobre o autor
Historiador, ensayista y profesor argentino. Autor del libro título El éxodo galés a la Patagonia. Orígenes, trasfondo histórico y singularidad cultural de Y Wladfa (2019).
Historiador, ensayista y profesor argentino. Autor del libro título El éxodo galés a la Patagonia. Orígenes, trasfondo histórico y singularidad cultural de Y Wladfa (2019).
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