Bruno Boghossian
Lula e Bolsonaro - Marlene Bergamo/Folhapress e Adriano Machado/Reuters |
Enquanto os benefícios eleitorais da expansão do Auxílio Brasil continuam a ser uma promessa, Jair Bolsonaro (PL) ganhou terreno em dois segmentos que foram essenciais para sua vitória em 2018: os brasileiros de renda média e os evangélicos.
O presidente não conseguiu amenizar a vantagem que Lula (PT) tem entre os mais pobres e se viu numa confortável estabilidade, num ambiente em que a máquina do governo gira de maneira acelerada para ampliar as chances de reeleição.
A campanha de Bolsonaro, no entanto, dá mostras de que tomou impulso com a recuperação de eleitores que estiveram a seu lado na última disputa e haviam se distanciado ao longo de seus anos de mandato.
A nova pesquisa do Datafolha mostra que, nas últimas semanas, Bolsonaro obteve ganhos na avaliação do governo e nas intenções de voto na faixa de entrevistados que recebem de dois a cinco salários mínimos por mês. Ele subiu sete pontos nos dois quesitos desde o último levantamento, no fim de julho.
Esse grupo tem um peso importante para a campanha de Bolsonaro porque representa um terço do eleitorado nacional. A variação dos números indica que recuperar esses votos pode ser mais fácil para o presidente do que penetrar nos grupos mais pobres.
Na nova pesquisa, Bolsonaro aparece com 41% das intenções de voto no primeiro turno nesse segmento, contra 38% de Lula. Em 2018, o presidente teve 20 pontos de vantagem sobre Fernando Haddad (PT) no segundo turno.
O movimento de Bolsonaro nessa faixa de renda média parece sólido porque o presidente também conseguiu reduzir seu índice de rejeição, de 50% para 45%.
Além disso, pulverizou a vantagem que Lula tinha no segmento na simulação de segundo turno. Na última pesquisa, o petista batia Bolsonaro por 50% a 40%. Agora, os dois estão em empate técnico: o presidente tem 47% contra 45% de Lula.
A variação dos números vem acompanhada de uma percepção de melhora no ambiente econômico que favorece brasileiros de renda intermediária. São eleitores mais sensíveis à recuperação do mercado de trabalho e nos preços dos combustíveis –e estão fora do escopo do recém-turbinado Auxílio Brasil.
Os números indicam que a subida de Bolsonaro detectada pelo Datafolha na corrida eleitoral está conectada a uma alta na avaliação positiva do governo em grupos-chave. Além desse recorte da classe média, os evangélicos estão mais satisfeitos com o presidente agora do que há três semanas.
Esses dados mandam sinais de que, aos poucos, Bolsonaro se torna novamente palatável para um eleitor que demonstra alguma identificação com suas plataformas. Não à toa, a disparada do presidente entre os evangélicos se confunde com um acirramento do discurso religioso voltado a esses fiéis.
Os resultados devem incentivar Bolsonaro a dobrar a aposta na cartilha que usou em 2018, quando investiu numa pauta de costumes e na rejeição ao PT como pontos centrais da disputa.
Mais do que avançar sobre um segmento de baixa renda que continua com Lula, retomar o eleitorado da última campanha é o principal desafio da campanha do presidente –e ele tem dado passos nessa direção.
A avaliação positiva do governo melhorou entre os bolsonaristas de 2018. Em três semanas, a popularidade do presidente subiu de 51% para 57% entre eleitores que votaram em Bolsonaro no segundo turno da última disputa. Nesse recorte de entrevistados, ele também ganhou sete pontos percentuais na simulação de primeiro turno.
O retorno desses eleitores ainda não se mostrou rápido o suficiente para contornar as dificuldades que Bolsonaro vem enfrentando na corrida. Além disso, a estabilidade demonstrada por Lula sugere que a campanha do atual presidente pode não ter força para desidratar o petista e roubar a liderança da corrida.
Bolsonaro não conseguiu ampliar os índices de rejeição a Lula –uma peça fundamental de sua estratégia em 2018.
Outra má notícia para o presidente é o fato de que 19% dos eleitores que votaram nele na disputa passada agora estão ao lado de Lula no primeiro turno. Esse índice está praticamente estável desde junho.
Esses dados criam complicações para Bolsonaro porque o presidente enfrenta um cenário que tem margem reduzida para migração de votos. Embora invista pesado no Auxílio Brasil, a liderança de Lula permanece cristalizada entre os beneficiários do programa.
O potencial dessa medida é uma das principais incógnitas desta etapa da disputa. Quando o governo começou a pagar o auxílio emergencial, em 2020, os impactos sobre a popularidade do presidente só foram registrados depois de três meses. Em agosto daquele ano, Bolsonaro chegou a 37% de aprovação. Para comparação, hoje 30% dos eleitores dizem que sua gestão é ótima ou boa.
A dimensão eleitoral do Auxílio Brasil de R$ 600 deve ficar mais clara nas próximas rodadas de pesquisas. Metade dos beneficiários só recebeu a primeira parcela de R$ 600 nos últimos dias, e outras 4 milhões de famílias ainda devem ter acesso aos pagamentos até a próxima segunda-feira (22).
Esse dinheiro ainda precisa passar pelo teste do mundo real, quando os beneficiários saberão se os pagamentos serão suficientes para quitar dívidas e cobrir os custos do mês, ou se o valor foi corroído pelo ambiente econômico.
A prova final será a segunda parcela do benefício turbinado, que deve ser paga na segunda quinzena de setembro, às vésperas do primeiro turno.
Esse grupo tem um peso importante para a campanha de Bolsonaro porque representa um terço do eleitorado nacional. A variação dos números indica que recuperar esses votos pode ser mais fácil para o presidente do que penetrar nos grupos mais pobres.
Na nova pesquisa, Bolsonaro aparece com 41% das intenções de voto no primeiro turno nesse segmento, contra 38% de Lula. Em 2018, o presidente teve 20 pontos de vantagem sobre Fernando Haddad (PT) no segundo turno.
O movimento de Bolsonaro nessa faixa de renda média parece sólido porque o presidente também conseguiu reduzir seu índice de rejeição, de 50% para 45%.
Além disso, pulverizou a vantagem que Lula tinha no segmento na simulação de segundo turno. Na última pesquisa, o petista batia Bolsonaro por 50% a 40%. Agora, os dois estão em empate técnico: o presidente tem 47% contra 45% de Lula.
A variação dos números vem acompanhada de uma percepção de melhora no ambiente econômico que favorece brasileiros de renda intermediária. São eleitores mais sensíveis à recuperação do mercado de trabalho e nos preços dos combustíveis –e estão fora do escopo do recém-turbinado Auxílio Brasil.
Os números indicam que a subida de Bolsonaro detectada pelo Datafolha na corrida eleitoral está conectada a uma alta na avaliação positiva do governo em grupos-chave. Além desse recorte da classe média, os evangélicos estão mais satisfeitos com o presidente agora do que há três semanas.
Esses dados mandam sinais de que, aos poucos, Bolsonaro se torna novamente palatável para um eleitor que demonstra alguma identificação com suas plataformas. Não à toa, a disparada do presidente entre os evangélicos se confunde com um acirramento do discurso religioso voltado a esses fiéis.
Os resultados devem incentivar Bolsonaro a dobrar a aposta na cartilha que usou em 2018, quando investiu numa pauta de costumes e na rejeição ao PT como pontos centrais da disputa.
Mais do que avançar sobre um segmento de baixa renda que continua com Lula, retomar o eleitorado da última campanha é o principal desafio da campanha do presidente –e ele tem dado passos nessa direção.
A avaliação positiva do governo melhorou entre os bolsonaristas de 2018. Em três semanas, a popularidade do presidente subiu de 51% para 57% entre eleitores que votaram em Bolsonaro no segundo turno da última disputa. Nesse recorte de entrevistados, ele também ganhou sete pontos percentuais na simulação de primeiro turno.
O retorno desses eleitores ainda não se mostrou rápido o suficiente para contornar as dificuldades que Bolsonaro vem enfrentando na corrida. Além disso, a estabilidade demonstrada por Lula sugere que a campanha do atual presidente pode não ter força para desidratar o petista e roubar a liderança da corrida.
Bolsonaro não conseguiu ampliar os índices de rejeição a Lula –uma peça fundamental de sua estratégia em 2018.
Outra má notícia para o presidente é o fato de que 19% dos eleitores que votaram nele na disputa passada agora estão ao lado de Lula no primeiro turno. Esse índice está praticamente estável desde junho.
Esses dados criam complicações para Bolsonaro porque o presidente enfrenta um cenário que tem margem reduzida para migração de votos. Embora invista pesado no Auxílio Brasil, a liderança de Lula permanece cristalizada entre os beneficiários do programa.
O potencial dessa medida é uma das principais incógnitas desta etapa da disputa. Quando o governo começou a pagar o auxílio emergencial, em 2020, os impactos sobre a popularidade do presidente só foram registrados depois de três meses. Em agosto daquele ano, Bolsonaro chegou a 37% de aprovação. Para comparação, hoje 30% dos eleitores dizem que sua gestão é ótima ou boa.
A dimensão eleitoral do Auxílio Brasil de R$ 600 deve ficar mais clara nas próximas rodadas de pesquisas. Metade dos beneficiários só recebeu a primeira parcela de R$ 600 nos últimos dias, e outras 4 milhões de famílias ainda devem ter acesso aos pagamentos até a próxima segunda-feira (22).
Esse dinheiro ainda precisa passar pelo teste do mundo real, quando os beneficiários saberão se os pagamentos serão suficientes para quitar dívidas e cobrir os custos do mês, ou se o valor foi corroído pelo ambiente econômico.
A prova final será a segunda parcela do benefício turbinado, que deve ser paga na segunda quinzena de setembro, às vésperas do primeiro turno.
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