Ao GLOBO, Zhu Qingqiao defende elevar a Parceria Estratégica Global China-Brasil a novos patamares, afirmando que interação entre Xi e Lula é fundamental para nortear relações bilaterais
Eliane Oliveira
Eliane Oliveira
O novo embaixador da China em Brasília, Zhu Qingqiao - Foto: Divulgação |
A economia verde será a prioridade da relação bilateral da China com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ao GLOBO o embaixador chinês em Brasília, Zhu Qingqiao, em sua primeira entrevista após entregar as credenciais ao Itamaraty na quarta-feira, quando passou a oficialmente representar o gigante asiático no Brasil.
Em uma posição que aproxima as prioridades chinesas dos países europeus e dos Estados Unidos, Zhu indicou que a temática ambiental será a base do intercâmbio econômico, em um sinal forte do maior parceiro comercial do Brasil, sobretudo em produtos do agronegócio.
— Uma característica distintiva da modernização de estilo chinês é a coexistência harmoniosa entre o homem e a natureza — afirmou o diplomata.
O novo embaixador afirmou que o presidente Xi Jinping quer elevar a relação a novos patamares, o que marca uma nova postura em relação à que existia com o governo de Jair Bolsonaro (PL). O ex- embaixador Yang Wanming, que deixou o posto em fevereiro deste ano, enfrentou comentários considerados preconceituosos pelos chineses, como os relativos à vacina contra a Covid-19, e embates em redes sociais com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos filhos do presidente da República, e com o ex-chanceler Ernesto Araújo.
Na quarta-feira, o futuro chanceler de Lula, Mauro Vieira, indicou que o novo presidente visitará a China ainda no primeiro trimestre de 2023.
Abaixo, a íntegra da entrevista.
O senhor assumirá a embaixada da China praticamente ao mesmo tempo em que o novo presidente do Brasil. As relações de seu país foram um tanto conturbadas com o governo Bolsonaro. Qual sua expectativa?
Como as duas maiores nações em desenvolvimento nos Hemisférios Oriental e Ocidental, a China e o Brasil são importantes economias emergentes. Não há conflitos de interesses fundamentais entre os dois países, mas sim uma ampla convergência de reivindicações e interesses comuns. Em quase meio século de relações diplomáticas, os dois países vêm desenvolvendo seu relacionamento pautado pelo respeito recíproco, igualdade e cooperação de ganhos mútuos, tornando-o resistente às diferentes circunstâncias para alcançar uma evolução constante. Essa tendência deve se manter no futuro.
Em meio a um cenário mundial tumultuado e complexo, a China e o Brasil encontram-se num estágio crucial de desenvolvimento. Nossos dois países compartilham da mesma aspiração de trazer o bem-estar ao povo, a paz ao mundo e o progresso à humanidade. Devemos nos ancorar em nossa Parceria Estratégica Global e calibrar a direção das relações bilaterais para aprofundar continuamente a nossa parceria e viabilizar mais benefícios aos nossos povos e a toda a população mundial.
Pretendo manter um diálogo amplo com todos os setores da sociedade brasileira para melhorar o entendimento, aprofundar a confiança mútua, fortalecer e renovar a cooperação, e expandir os intercâmbios culturais e interpessoais, assegurando que as relações China-Brasil se desenvolvam no caminho certo e que sejam sempre um verdadeiro exemplo para a cooperação Sul-Sul.
Qual a importância do Brasil como parceiro internacional da China?
O Brasil, grande país da América Latina, é um importante integrante de mecanismos multilaterais como o Brics (sigla do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), o que amplia sua atuação na arena internacional. No contexto da acelerada reestruturação da conjuntura internacional, as relações sino-brasileiras já transcenderam o âmbito bilateral para ganhar cada vez mais relevância global.
A China atribui grande importância ao papel exercido pelo Brasil em assuntos internacionais e regionais e está disposta a trabalhar com o Brasil para persistir no multilateralismo genuíno, impulsionar a democratização das relações internacionais e o desenvolvimento da governança global em uma direção mais justa e razoável, construindo uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
O presidente Xi Jinping apresentou a iniciativa de cooperação internacional Cinturão e Rota, a Iniciativa de Desenvolvimento Global e a Iniciativa de Segurança Global a fim de trazer sabedoria e soluções chinesas para problemas globais. A China está disposta a trabalhar com o Brasil e os demais países para pôr em prática essas iniciativas e desempenhar um papel construtivo na manutenção da paz mundial e na promoção do progresso comum.
Há previsão de uma visita de Xi Jinping ao Brasil para um encontro com Lula?
A interação entre os dois chefes de Estado tem um papel fundamental em nortear o desenvolvimento das relações sino-brasileiras. Em mensagem dirigida ao senhor Lula após sua eleição, o presidente Xi Jinping salientou que está disposto a trabalhar junto com o presidente eleito para "planejar, a partir de uma visão estratégica e de longo prazo, e elevar a Parceria Estratégica Global China-Brasil a novos patamares e trazer maiores benefícios aos nossos dois países e povos". A parte chinesa vai promover os contatos entre os dois presidentes por canais diversos a fim de injetar um forte impulso ao relacionamento bilateral.
Existe uma clara disputa no cenário político mundial entre China e Estados Unidos. O que esperar do Brasil?
O fortalecimento da parceria sino-brasileira tem como objetivo fomentar o desenvolvimento comum dos dois países. Isso não visa a antagonizar nem a excluir nenhuma terceira parte, tampouco deve sofrer interferência de terceiros. O Brasil, país soberano e independente, sempre seguiu uma política externa independente e pacífica. Temos toda a convicção de que o país levará adiante essa tradição em sua diplomacia.
O mundo é grande o suficiente para que todos os países cresçam e se desenvolvam. Todos os países são iguais, seja qual for seu tamanho, riqueza ou poderio, portanto, todos têm o mesmo direito de se desenvolver. A China diz sim à cooperação solidária e não ao confronto egoísta, sim à abertura inclusiva e não ao isolamento dissociativo, sim ao benefício mútuo e não ao jogo de soma zero, sim ao diálogo de igual para igual e não ao poder hegemônico e à política de poder.
O novo embaixador afirmou que o presidente Xi Jinping quer elevar a relação a novos patamares, o que marca uma nova postura em relação à que existia com o governo de Jair Bolsonaro (PL). O ex- embaixador Yang Wanming, que deixou o posto em fevereiro deste ano, enfrentou comentários considerados preconceituosos pelos chineses, como os relativos à vacina contra a Covid-19, e embates em redes sociais com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos filhos do presidente da República, e com o ex-chanceler Ernesto Araújo.
Na quarta-feira, o futuro chanceler de Lula, Mauro Vieira, indicou que o novo presidente visitará a China ainda no primeiro trimestre de 2023.
Abaixo, a íntegra da entrevista.
O senhor assumirá a embaixada da China praticamente ao mesmo tempo em que o novo presidente do Brasil. As relações de seu país foram um tanto conturbadas com o governo Bolsonaro. Qual sua expectativa?
Como as duas maiores nações em desenvolvimento nos Hemisférios Oriental e Ocidental, a China e o Brasil são importantes economias emergentes. Não há conflitos de interesses fundamentais entre os dois países, mas sim uma ampla convergência de reivindicações e interesses comuns. Em quase meio século de relações diplomáticas, os dois países vêm desenvolvendo seu relacionamento pautado pelo respeito recíproco, igualdade e cooperação de ganhos mútuos, tornando-o resistente às diferentes circunstâncias para alcançar uma evolução constante. Essa tendência deve se manter no futuro.
Em meio a um cenário mundial tumultuado e complexo, a China e o Brasil encontram-se num estágio crucial de desenvolvimento. Nossos dois países compartilham da mesma aspiração de trazer o bem-estar ao povo, a paz ao mundo e o progresso à humanidade. Devemos nos ancorar em nossa Parceria Estratégica Global e calibrar a direção das relações bilaterais para aprofundar continuamente a nossa parceria e viabilizar mais benefícios aos nossos povos e a toda a população mundial.
Pretendo manter um diálogo amplo com todos os setores da sociedade brasileira para melhorar o entendimento, aprofundar a confiança mútua, fortalecer e renovar a cooperação, e expandir os intercâmbios culturais e interpessoais, assegurando que as relações China-Brasil se desenvolvam no caminho certo e que sejam sempre um verdadeiro exemplo para a cooperação Sul-Sul.
Qual a importância do Brasil como parceiro internacional da China?
O Brasil, grande país da América Latina, é um importante integrante de mecanismos multilaterais como o Brics (sigla do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), o que amplia sua atuação na arena internacional. No contexto da acelerada reestruturação da conjuntura internacional, as relações sino-brasileiras já transcenderam o âmbito bilateral para ganhar cada vez mais relevância global.
A China atribui grande importância ao papel exercido pelo Brasil em assuntos internacionais e regionais e está disposta a trabalhar com o Brasil para persistir no multilateralismo genuíno, impulsionar a democratização das relações internacionais e o desenvolvimento da governança global em uma direção mais justa e razoável, construindo uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
O presidente Xi Jinping apresentou a iniciativa de cooperação internacional Cinturão e Rota, a Iniciativa de Desenvolvimento Global e a Iniciativa de Segurança Global a fim de trazer sabedoria e soluções chinesas para problemas globais. A China está disposta a trabalhar com o Brasil e os demais países para pôr em prática essas iniciativas e desempenhar um papel construtivo na manutenção da paz mundial e na promoção do progresso comum.
Há previsão de uma visita de Xi Jinping ao Brasil para um encontro com Lula?
A interação entre os dois chefes de Estado tem um papel fundamental em nortear o desenvolvimento das relações sino-brasileiras. Em mensagem dirigida ao senhor Lula após sua eleição, o presidente Xi Jinping salientou que está disposto a trabalhar junto com o presidente eleito para "planejar, a partir de uma visão estratégica e de longo prazo, e elevar a Parceria Estratégica Global China-Brasil a novos patamares e trazer maiores benefícios aos nossos dois países e povos". A parte chinesa vai promover os contatos entre os dois presidentes por canais diversos a fim de injetar um forte impulso ao relacionamento bilateral.
Existe uma clara disputa no cenário político mundial entre China e Estados Unidos. O que esperar do Brasil?
O fortalecimento da parceria sino-brasileira tem como objetivo fomentar o desenvolvimento comum dos dois países. Isso não visa a antagonizar nem a excluir nenhuma terceira parte, tampouco deve sofrer interferência de terceiros. O Brasil, país soberano e independente, sempre seguiu uma política externa independente e pacífica. Temos toda a convicção de que o país levará adiante essa tradição em sua diplomacia.
O mundo é grande o suficiente para que todos os países cresçam e se desenvolvam. Todos os países são iguais, seja qual for seu tamanho, riqueza ou poderio, portanto, todos têm o mesmo direito de se desenvolver. A China diz sim à cooperação solidária e não ao confronto egoísta, sim à abertura inclusiva e não ao isolamento dissociativo, sim ao benefício mútuo e não ao jogo de soma zero, sim ao diálogo de igual para igual e não ao poder hegemônico e à política de poder.
Em que áreas a cooperação sino-brasileira pode melhorar?
Como parceiros estratégicos globais, a China e o Brasil têm a obrigação de levar essa parceria para um patamar mais alto, com melhor qualidade e uma estrutura mais otimizada.
Nas cooperações pragmáticas existem, a meu ver, três prioridades. Primeiro, fortalecer a parceria na economia verde. O crescimento econômico e a proteção ambiental devem andar juntos. Há enormes possibilidades de cooperação sino-brasileira em novas energias, agricultura de baixo carbono, veículos elétricos, finanças verdes e outras vertentes, e esse potencial deve ser explorado com mais celeridade.
Segundo, aprofundar a parceria no agronegócio. O comércio sino-brasileiro de produtos agrícolas tem volume suficiente para desencadear um "efeito em cadeia", fazendo a parceria se estender a toda a cadeia produtiva, desde germoplasma até processamento industrial, passando por equipamentos, fertilizantes e logística. Com isso, poderemos construir uma parceria duradoura, estável e mutuamente confiável no agronegócio.
Terceiro, elevar o nível da parceria em ciência e tecnologia. A ciência e a tecnologia constituem a maior força produtiva. É pelo caminho da autossuficiência na capacidade de ciência e tecnologia que países em desenvolvimento alcançam um salto no seu crescimento. Podemos nos centrar em alguns campos, como a tecnologia da informação e as telecomunicações de última geração, cidades digitais, agricultura inteligente e biotecnologia.
Como parceiros estratégicos globais, a China e o Brasil têm a obrigação de levar essa parceria para um patamar mais alto, com melhor qualidade e uma estrutura mais otimizada.
Nas cooperações pragmáticas existem, a meu ver, três prioridades. Primeiro, fortalecer a parceria na economia verde. O crescimento econômico e a proteção ambiental devem andar juntos. Há enormes possibilidades de cooperação sino-brasileira em novas energias, agricultura de baixo carbono, veículos elétricos, finanças verdes e outras vertentes, e esse potencial deve ser explorado com mais celeridade.
Segundo, aprofundar a parceria no agronegócio. O comércio sino-brasileiro de produtos agrícolas tem volume suficiente para desencadear um "efeito em cadeia", fazendo a parceria se estender a toda a cadeia produtiva, desde germoplasma até processamento industrial, passando por equipamentos, fertilizantes e logística. Com isso, poderemos construir uma parceria duradoura, estável e mutuamente confiável no agronegócio.
Terceiro, elevar o nível da parceria em ciência e tecnologia. A ciência e a tecnologia constituem a maior força produtiva. É pelo caminho da autossuficiência na capacidade de ciência e tecnologia que países em desenvolvimento alcançam um salto no seu crescimento. Podemos nos centrar em alguns campos, como a tecnologia da informação e as telecomunicações de última geração, cidades digitais, agricultura inteligente e biotecnologia.
A China é o maior comprador de produtos básicos do Brasil. Há possibilidade de os chineses comprarem bens de maior valor agregado, como farelo de soja e industrializados?
Nos últimos anos, as ondas de contágio da Covid e a complexidade dos conflitos geopolíticos vêm impondo sérios desafios à recuperação da economia mundial, à segurança alimentar e à segurança energética. Entretanto, graças ao seu excelente fundamento, enorme volume, grande vigor e forte resiliência, o comércio sino-brasileiro mantém a tendência de crescimento, de tal forma que ultrapassou a casa dos US$ 100 bilhões por três anos consecutivos e registrou uma alta de 30% em 2021.
O aprofundamento dessa parceria favorece o desenvolvimento econômico de ambos os países, assim como a estabilidade das cadeias globais de suprimento e de produção. A atual estrutura do comércio sino-brasileiro é ditada por dotações de recursos, estágios de desenvolvimento e demandas de mercado dos dois países. Ela certamente será otimizada com o crescimento econômico e a atualização industrial dos dois lados.
A China tem o maior mercado consumidor do mundo em termos de escala e potencial, além de ser o segundo maior importador do planeta. À medida que a China alcançar um desenvolvimento de alta qualidade com o novo paradigma de crescimento e que 400 milhões de chineses de classe média expandirem seu poder de compra, o Brasil terá uma lista de produtos cada vez mais diversificados para o mercado chinês.
Nos últimos anos, as ondas de contágio da Covid e a complexidade dos conflitos geopolíticos vêm impondo sérios desafios à recuperação da economia mundial, à segurança alimentar e à segurança energética. Entretanto, graças ao seu excelente fundamento, enorme volume, grande vigor e forte resiliência, o comércio sino-brasileiro mantém a tendência de crescimento, de tal forma que ultrapassou a casa dos US$ 100 bilhões por três anos consecutivos e registrou uma alta de 30% em 2021.
O aprofundamento dessa parceria favorece o desenvolvimento econômico de ambos os países, assim como a estabilidade das cadeias globais de suprimento e de produção. A atual estrutura do comércio sino-brasileiro é ditada por dotações de recursos, estágios de desenvolvimento e demandas de mercado dos dois países. Ela certamente será otimizada com o crescimento econômico e a atualização industrial dos dois lados.
A China tem o maior mercado consumidor do mundo em termos de escala e potencial, além de ser o segundo maior importador do planeta. À medida que a China alcançar um desenvolvimento de alta qualidade com o novo paradigma de crescimento e que 400 milhões de chineses de classe média expandirem seu poder de compra, o Brasil terá uma lista de produtos cada vez mais diversificados para o mercado chinês.
Encorajamos empresas brasileiras a tomarem a iniciativa de desbravar o mercado chinês e divulgar suas marcas através da Expo de Importação e de outras plataformas, levando mais produtos competitivos e de alto valor agregado à China. Ao mesmo tempo, estamos dispostos a facilitar os canais de comércio com o Brasil, ampliando a cooperação no comércio eletrônico transfronteiriço, na logística modernizada e na infraestrutura digital. Vamos aproveitar melhor alguns mecanismos como o Conselho Empresarial entre os dois países a fim de incluir mais empresas brasileiras de pequeno e médio porte no comércio bilateral, trazendo mais emprego, bem-estar e outros efeitos sociais.
O presidente eleito Lula quer fazer um novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para atrair investimentos. Os chineses têm interesse?
A parceria sino-brasileira nos investimentos tem um excelente fundamento, de tal forma que a China é um dos principais investidores do Brasil, com um aporte acumulado de quase US$ 100 bilhões. Trata-se do maior investimento feito pela China nos países em desenvolvimento. Empresas chinesas veem com bons olhos o sistema industrial completo, as excelentes oportunidades comerciais e a ampla perspectiva de desenvolvimento do Brasil, portanto, acompanham de perto os planos estratégicos e as políticas de atração ao investimento do país.
Para expandir ainda mais a cooperação nos investimentos, podemos trabalhar juntos em quatro aspectos. Primeiro, criar um ambiente institucional propício para fortalecer o alinhamento das estratégias de desenvolvimento e a coordenação das políticas industriais, além de disponibilizar mais plataformas de diálogo entre os dois empresariados para aumentar a confiança e o empenho na cooperação.
Segundo, fazer os investimentos migrarem ainda mais de setores tradicionais, como energia e infraestrutura, para novas frentes como manufatura avançada, energia limpa, agricultura inteligente, economia digital e desenvolvimento verde.
Terceiro, analisar a possibilidade de investimento em toda a cadeia produtiva de forma integrada, impulsionando assim um crescimento conjunto tanto do investimento quanto do comércio.
E quarto, centrar na inovação e incentivar os recursos financeiros a fluir para atores da inovação, criando novos impulsos para o crescimento da cooperação bilateral e abrindo novas perspectivas para a atualização industrial de ambos os países.
O senhor está vindo do México e demonstra conhecer a realidade da América Latina. Qual a sua opinião sobre região?
A América Latina é uma terra cheia de vigor e dinamismo. Durante décadas, as nações latino-americanas trilharam caminhos de desenvolvimento condizentes com sua realidade, alcançando conquistas notáveis no fortalecimento conjunto, na revitalização e desenvolvimento e na melhoria do bem-estar social. A América Latina é hoje uma crescente força internacional.
Na nova era, a China empenha-se em construir seu relacionamento com a região dentro dos parâmetros de igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e bem-estar para os povos, colocando num novo patamar as relações China-América Latina e a cooperação bilateral em geral para beneficiar ainda mais a população dos dois lados. Num cenário internacional de mudanças complexas, a América Latina vem testando novas soluções para os novos desafios de seu desenvolvimento.
A China realizou um processo de modernização de estilo chinês, e a América Latina certamente também encontrará um caminho de modernização em sintonia com suas condições. Respeitamos as escolhas soberanas das nações latino-americanas e apoiamos também sua união e seu autoaprimoramento para resolver os problemas de forma própria. A China está disposta a aprender e a se inspirar no Brasil e nos demais países da região e avançar juntos para o progresso e a prosperidade através de uma cooperação mutuamente benéfica.
Como a China espera que seja a participação do Brasil no Brics?
O mecanismo Brics tem sua origem no fortalecimento dos países em desenvolvimento e, ao mesmo tempo, favorece esse processo. Para lidar com os déficits globais na paz, no desenvolvimento, na segurança e na governança, o Brics constitui uma importante força para viabilizar mudanças e oferece uma plataforma crucial para a cooperação Sul-Sul. O Brasil é um dos fundadores do Brics e ambos se complementam mutuamente.
A China preza a relevância e o papel do Brasil neste mecanismo e, portanto, está disposta a trabalhar com o Brasil e os demais países do Brics para construir uma parceria de alta qualidade, mais abrangente, mais próxima, mais pragmática e mais inclusiva, promovendo uma maior atuação global da cooperação Brics.
A China declarou que vem tornando mais rígidos os padrões ambientais de exigência para comprar alimentos de outros países. O Brasil, com o aumento do desmatamento, corre o risco de perder mercado em seu país?
Uma característica distintiva da modernização de estilo chinês é a coexistência harmoniosa entre o Homem e a Natureza. Para tanto, a China se empenha na transição verde visando a descarbonizar o modo de produção, o estilo de vida da população e o modelo de consumo. O governo chinês dá grande importância ao desenvolvimento coordenado entre o comércio exterior e a proteção ambiental, tem a disposição de fortalecer a cooperação com o Brasil nas agendas de mudança climática e preservação ecológica, mas é contra o protecionismo comercial sob pretexto ambiental.
Na China, os casos de Covid estão explodindo e a população começa a se revoltar com a política de Covid zero. Há perspectiva de mudança?
O presidente eleito Lula quer fazer um novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para atrair investimentos. Os chineses têm interesse?
A parceria sino-brasileira nos investimentos tem um excelente fundamento, de tal forma que a China é um dos principais investidores do Brasil, com um aporte acumulado de quase US$ 100 bilhões. Trata-se do maior investimento feito pela China nos países em desenvolvimento. Empresas chinesas veem com bons olhos o sistema industrial completo, as excelentes oportunidades comerciais e a ampla perspectiva de desenvolvimento do Brasil, portanto, acompanham de perto os planos estratégicos e as políticas de atração ao investimento do país.
Para expandir ainda mais a cooperação nos investimentos, podemos trabalhar juntos em quatro aspectos. Primeiro, criar um ambiente institucional propício para fortalecer o alinhamento das estratégias de desenvolvimento e a coordenação das políticas industriais, além de disponibilizar mais plataformas de diálogo entre os dois empresariados para aumentar a confiança e o empenho na cooperação.
Segundo, fazer os investimentos migrarem ainda mais de setores tradicionais, como energia e infraestrutura, para novas frentes como manufatura avançada, energia limpa, agricultura inteligente, economia digital e desenvolvimento verde.
Terceiro, analisar a possibilidade de investimento em toda a cadeia produtiva de forma integrada, impulsionando assim um crescimento conjunto tanto do investimento quanto do comércio.
E quarto, centrar na inovação e incentivar os recursos financeiros a fluir para atores da inovação, criando novos impulsos para o crescimento da cooperação bilateral e abrindo novas perspectivas para a atualização industrial de ambos os países.
O senhor está vindo do México e demonstra conhecer a realidade da América Latina. Qual a sua opinião sobre região?
A América Latina é uma terra cheia de vigor e dinamismo. Durante décadas, as nações latino-americanas trilharam caminhos de desenvolvimento condizentes com sua realidade, alcançando conquistas notáveis no fortalecimento conjunto, na revitalização e desenvolvimento e na melhoria do bem-estar social. A América Latina é hoje uma crescente força internacional.
Na nova era, a China empenha-se em construir seu relacionamento com a região dentro dos parâmetros de igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e bem-estar para os povos, colocando num novo patamar as relações China-América Latina e a cooperação bilateral em geral para beneficiar ainda mais a população dos dois lados. Num cenário internacional de mudanças complexas, a América Latina vem testando novas soluções para os novos desafios de seu desenvolvimento.
A China realizou um processo de modernização de estilo chinês, e a América Latina certamente também encontrará um caminho de modernização em sintonia com suas condições. Respeitamos as escolhas soberanas das nações latino-americanas e apoiamos também sua união e seu autoaprimoramento para resolver os problemas de forma própria. A China está disposta a aprender e a se inspirar no Brasil e nos demais países da região e avançar juntos para o progresso e a prosperidade através de uma cooperação mutuamente benéfica.
Como a China espera que seja a participação do Brasil no Brics?
O mecanismo Brics tem sua origem no fortalecimento dos países em desenvolvimento e, ao mesmo tempo, favorece esse processo. Para lidar com os déficits globais na paz, no desenvolvimento, na segurança e na governança, o Brics constitui uma importante força para viabilizar mudanças e oferece uma plataforma crucial para a cooperação Sul-Sul. O Brasil é um dos fundadores do Brics e ambos se complementam mutuamente.
A China preza a relevância e o papel do Brasil neste mecanismo e, portanto, está disposta a trabalhar com o Brasil e os demais países do Brics para construir uma parceria de alta qualidade, mais abrangente, mais próxima, mais pragmática e mais inclusiva, promovendo uma maior atuação global da cooperação Brics.
A China declarou que vem tornando mais rígidos os padrões ambientais de exigência para comprar alimentos de outros países. O Brasil, com o aumento do desmatamento, corre o risco de perder mercado em seu país?
Uma característica distintiva da modernização de estilo chinês é a coexistência harmoniosa entre o Homem e a Natureza. Para tanto, a China se empenha na transição verde visando a descarbonizar o modo de produção, o estilo de vida da população e o modelo de consumo. O governo chinês dá grande importância ao desenvolvimento coordenado entre o comércio exterior e a proteção ambiental, tem a disposição de fortalecer a cooperação com o Brasil nas agendas de mudança climática e preservação ecológica, mas é contra o protecionismo comercial sob pretexto ambiental.
Na China, os casos de Covid estão explodindo e a população começa a se revoltar com a política de Covid zero. Há perspectiva de mudança?
Durante quase três anos de pandemia, o governo da China, em linha com o princípio de priorizar a população e a vida, fez de tudo ao seu alcance para preservar a segurança e a saúde de cada chinês. Os fatos comprovam que as medidas sanitárias do governo chinês são corretas, científicas e eficazes. Mesmo com uma população de 1,4 bilhão de habitantes, a China tem resistido a várias ondas mundiais de contágio e registrou o menor número de casos confirmados e de óbito por Covid entre as principais potências do mundo.
Ao mesmo tempo, o governo chinês conseguiu conciliar, com sucesso, as medidas de controle sanitário e o desenvolvimento socioeconômico. A economia chinesa foi a primeira entre os grandes países a recuperar o crescimento com um desempenho destacado. Na próxima etapa, o governo chinês continuará a aprimorar as medidas sanitárias tendo em conta os fundamentos científicos e a evolução do quadro epidemiológico, a fim de trazer maiores contribuições para o combate solidário à Covid no mundo.
A China anunciou que planeja construir sua primeira base na Lua até 2028, para que astronautas possam fazer missões no local nos anos seguintes. Esse é mais um passo na disputa com os EUA?
Ao desenvolver seu programa espacial, a China não pretende competir com ninguém, mas sim ajudar a humanidade a realizar o sonho comum de explorar o universo. A China empenha-se no uso pacífico do espaço exterior e está disposta a cooperar com os países e territórios que compartilham o mesmo princípio. Essa cooperação que a China desenvolve é sempre aberta e transparente, diferentemente das práticas de certos países que politizam a parceria internacional em ciência e tecnologia e interferem na lisura desses intercâmbios.
Ao mesmo tempo, o governo chinês conseguiu conciliar, com sucesso, as medidas de controle sanitário e o desenvolvimento socioeconômico. A economia chinesa foi a primeira entre os grandes países a recuperar o crescimento com um desempenho destacado. Na próxima etapa, o governo chinês continuará a aprimorar as medidas sanitárias tendo em conta os fundamentos científicos e a evolução do quadro epidemiológico, a fim de trazer maiores contribuições para o combate solidário à Covid no mundo.
A China anunciou que planeja construir sua primeira base na Lua até 2028, para que astronautas possam fazer missões no local nos anos seguintes. Esse é mais um passo na disputa com os EUA?
Ao desenvolver seu programa espacial, a China não pretende competir com ninguém, mas sim ajudar a humanidade a realizar o sonho comum de explorar o universo. A China empenha-se no uso pacífico do espaço exterior e está disposta a cooperar com os países e territórios que compartilham o mesmo princípio. Essa cooperação que a China desenvolve é sempre aberta e transparente, diferentemente das práticas de certos países que politizam a parceria internacional em ciência e tecnologia e interferem na lisura desses intercâmbios.
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