27 de novembro de 2020

São Paulo deve trocar de prefeito? Sim

Não é a escolha para uma eleição, mas para uma geração

Guilherme Boulos


A escolha que quase 9 milhões de eleitores farão neste domingo (29) vai muito além do prefeito que vai governar a cidade de São Paulo nos próximos quatro anos.

O que está em jogo é que São Paulo nós queremos para o futuro: uma cidade que combata as desigualdades ou que siga sendo governada do mesmo jeito de sempre. Não é a escolha para uma eleição, mas para uma geração.

A pandemia deixou claro que São Paulo é administrada com prioridades erradas. O modelo de gestão de João Doria e de Bruno Covas se traduziu em omissão e abandono.

Diante da maior crise sanitária do século, a prefeitura não salvou nem vidas nem a economia, apesar do trabalho heroico dos profissionais de saúde. A cidade mais rica da América Latina é a segunda do mundo em mortes por Covid-19 e não garantiu qualquer apoio econômico aos mais vulneráveis.

A irresponsabilidade social só fez ampliar o abismo que existe por aqui. Nos últimos anos, a população em situação de rua cresceu 60% e quase 1 milhão de famílias vivem na extrema pobreza.

O mais grave é saber que a administração municipal tem hoje cerca de R$ 19 bilhões parados em caixa.

Dinheiro que poderia ter sido usado para fazer um amplo programa de testagem, para reabrir e equipar hospitais, garantir renda mínima às famílias vulneráveis e evitar, por meio de uma linha de crédito, a falência de milhares de pequenos negócios.

Nós vamos virar a página do abandono na cidade, invertendo prioridades e trazendo a solidariedade como princípio mais alto da política.

O que aprendi em 20 anos no movimento social e morando na periferia da cidade nenhum mandato parlamentar poderia me dar. A capacidade de dialogar e enxergar as pessoas, conhecendo suas necessidades, é, certamente, a maior e mais importante diferença entre mim e meu adversário.

Vou aliar essa sensibilidade social à experiência de gestão pública de ​Luiza Erundina. Um exemplo de ética e capacidade política.

Além disso, ninguém governa uma cidade como São Paulo sozinho. Nós contamos com uma equipe com larga trajetória na academia e na administração, que reúne especialistas em economia, urbanismo, saúde pública, educação e segurança, entre outras áreas. Temos, sem dúvida, a melhor equipe da cidade e com um olhar solidário para as pessoas.

Nosso plano de governo prevê alocar R$ 29 bilhões nos próximos quatro anos, criando programas como o Renda Solidária e as frentes de trabalho, além de garantir atendimento habitacional para 100 mil famílias —com prioridade à população em situação de rua.

Na saúde, vamos reabrir hospitais, contratar médicos e investir na atenção primária. Nosso foco será o combate à desigualdade, que beneficia a cidade como um todo, e com atenção especial a políticas antirracistas.

Muita gente pergunta: mas de onde virá o dinheiro? O bom gestor é aquele que age com responsabilidade social sem abrir mão do controle das contas públicas.

O orçamento que construímos na campanha prevê retomar o fluxo de investimentos das gestões anteriores —deprimido por Doria e Covas—, além de investir parte do dinheiro em caixa e ampliar a recuperação da dívida ativa. Reuni-me com auditores fiscais, procuradores e com o Tribunal de Contas do Município (TCM). Dinheiro tem, e a conta fecha.

O resultado do primeiro turno das eleições municipais mostrou que quase 70% da população votou com desejo de mudança.

O que vejo e sinto nas ruas é que as pessoas querem um novo caminho. Uma mudança que permita sonhar e que seja, acima de tudo, capaz de transformar o sonho em realidade. Neste domingo vote com esperança, vote 50!

Sobre o autor

Professor, coordenador nacional do MTST e candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, é formado em filosofia (FFLCH-USP), especializado em psicologia clínica (PUC-SP) e mestre em psiquiatria (USP); foi candidato à Presidência da República (2018)

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