Ranier Bragon
Mariana Brasil
Danielle Brant
Folha de S.Paulo
O Diretório Nacional do PT aprovou por margem apertada neste sábado (7), em Brasília, resolução que critica o que chama de "artimanhas da Faria Lima" e cobra uma reformulação da comunicação do governo Lula.
Foram apenas 4 votos de diferença a favor do texto elaborado pela corrente majoritária do partido, a CNB (Construindo um Novo Brasil), 42 a 38.
Como é tradição no PT, o texto ainda pode ser emendado por sugestões das outras várias correntes internas da legenda.
Mariana Brasil
Danielle Brant
Folha de S.Paulo
O Diretório Nacional do PT aprovou por margem apertada neste sábado (7), em Brasília, resolução que critica o que chama de "artimanhas da Faria Lima" e cobra uma reformulação da comunicação do governo Lula.
Foram apenas 4 votos de diferença a favor do texto elaborado pela corrente majoritária do partido, a CNB (Construindo um Novo Brasil), 42 a 38.
Como é tradição no PT, o texto ainda pode ser emendado por sugestões das outras várias correntes internas da legenda.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o presidente Lula durante evento eleitoral em São Bernardo do Campo (SP), em julho - Rafaela Araújo - 20.jul.24/Folhapress |
As nove páginas do documento, que não aborda diretamente o mérito do recente pacote de cortes anunciado pelo governo e que foi recebido com desconfiança pelo mercado, afirmam que Lula está tendo sucesso na área econômica e social, com destaque para a menor taxa de desemprego (6,2%) da série histórica e a queda da pobreza e da extrema pobreza no Brasil em 2023.
Apesar disso, diz o partido, o mercado e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que é citado nominalmente no texto e chamado de "serviçal do sistema financeiro", estariam tentando sabotar esse trabalho.
"A sociedade civil precisa manter-se vigilante e enfrentar as artimanhas da Faria Lima que visam minar conquistas econômicas e sociais por meio da especulação", diz o texto, se referindo à disparada do dólar após o anúncio do pacote que mistura propostas de corte de gastos com o aumento da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês.
"Especuladores promoveram a maior alta do dólar na história (...) O método é claro: os especuladores agiram após ficarem sabendo que as medidas ficais do governo incluíam a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Trata-se de uma manobra claramente política para debilitar o governo e impedi-lo de continuar avançando no caminho do desenvolvimento e da justiça social", diz o documento.
O PT também se coloca na resolução a favor da tarifa zero no transporte público, o fim da escala 6x1 no trabalho e o assentamento de 60 mil famílias do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), além da regulamentação das apostas online.
Como já é público, o partido também é contra a anistia ao 8 de janeiro de 2023 e voltou a defender a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para alterar o artigo 142 da Constituição de forma a não permitir mais interpretações de que as Forças Armadas podem ser consideradas um Poder moderador.
Em entrevista coletiva na tarde deste sábado, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, comentou declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de que a anistia ao 8/1 pacificaria o país.
"Eu li o Bolsonaro dizendo que tem que ter anistia porque pacifica. A paz que eles querem é a paz do cemitérios, né, de preferência com nós todos lá, então não dá para aceitar isso não. Queriam matar o Lula, gente, é muito grave."
O texto defende ainda reformulação da comunicação do governo e a maior utilização de instrumentos como as transmissões em cadeia nacional de rádio e TV por Lula e ministros.
De acordo com o partido, "Lula faz um ótimo governo que precisa apenas ajustar o modo de comunicar e informar o seu povo". As entregas "não estão se traduzindo em aumento de popularidade de Lula e de sua gestão", afirma o texto.
"O presidente também não deve abrir mão dos instrumentos de comunicação de que dispõe. A utilização de transmissões em cadeia nacional de rádio e TV deveria ser uma constante nas atividades da Presidência e dos ministros e ministras que integram pastas cruciais, e não uma estratégia limitada a datas como o 7 de setembro."
O próprio Lula criticou abertamente nesta sexta-feira (6) a área de comunicação do seu governo e prometeu mudanças.
Apesar disso, diz o partido, o mercado e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que é citado nominalmente no texto e chamado de "serviçal do sistema financeiro", estariam tentando sabotar esse trabalho.
"A sociedade civil precisa manter-se vigilante e enfrentar as artimanhas da Faria Lima que visam minar conquistas econômicas e sociais por meio da especulação", diz o texto, se referindo à disparada do dólar após o anúncio do pacote que mistura propostas de corte de gastos com o aumento da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês.
"Especuladores promoveram a maior alta do dólar na história (...) O método é claro: os especuladores agiram após ficarem sabendo que as medidas ficais do governo incluíam a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. Trata-se de uma manobra claramente política para debilitar o governo e impedi-lo de continuar avançando no caminho do desenvolvimento e da justiça social", diz o documento.
O PT também se coloca na resolução a favor da tarifa zero no transporte público, o fim da escala 6x1 no trabalho e o assentamento de 60 mil famílias do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), além da regulamentação das apostas online.
Como já é público, o partido também é contra a anistia ao 8 de janeiro de 2023 e voltou a defender a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para alterar o artigo 142 da Constituição de forma a não permitir mais interpretações de que as Forças Armadas podem ser consideradas um Poder moderador.
Em entrevista coletiva na tarde deste sábado, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, comentou declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de que a anistia ao 8/1 pacificaria o país.
"Eu li o Bolsonaro dizendo que tem que ter anistia porque pacifica. A paz que eles querem é a paz do cemitérios, né, de preferência com nós todos lá, então não dá para aceitar isso não. Queriam matar o Lula, gente, é muito grave."
O texto defende ainda reformulação da comunicação do governo e a maior utilização de instrumentos como as transmissões em cadeia nacional de rádio e TV por Lula e ministros.
De acordo com o partido, "Lula faz um ótimo governo que precisa apenas ajustar o modo de comunicar e informar o seu povo". As entregas "não estão se traduzindo em aumento de popularidade de Lula e de sua gestão", afirma o texto.
"O presidente também não deve abrir mão dos instrumentos de comunicação de que dispõe. A utilização de transmissões em cadeia nacional de rádio e TV deveria ser uma constante nas atividades da Presidência e dos ministros e ministras que integram pastas cruciais, e não uma estratégia limitada a datas como o 7 de setembro."
O próprio Lula criticou abertamente nesta sexta-feira (6) a área de comunicação do seu governo e prometeu mudanças.
"Há um erro do governo na questão da comunicação e sou obrigado a fazer as correções necessárias", afirmou o presidente, em mensagem virtual para a sessão de encerramento do seminário "A Realidade Brasileira e os Desafios do Partido dos Trabalhadores", evento que precedeu a reunião deste sábado.
Apesar de ser um dos partidos cujos congressistas estão entre os mais beneficiados por emendas parlamentares, o texto elaborado pela CNB critica o modelo dizendo que a falta de transparência sobre ele e o seu volume foram alguns dos motivos pelo fraco desempenho da sigla nas eleições municipais.
Segundo o texto, o modelo "levou o pacto federativo ao limite do absurdo e segue desafiando o modelo de presidencialismo vigente".
Questionada sobre esse ponto na entrevista, Gleisi disse que a crítica é ao volume das emendas, que neste ano ultrapassou R$ 50 bilhões.
A presidente do PT disse que está mantida a data de julho para a eleição que definirá o novo comando da legenda. Ela negou que tenha sido convidada por Lula a entrar para seu ministério.
"Eu tenho um compromisso com o presidente de dirigir o partido até o final do meu mandato, fazer a sucessão. Esse é o compromisso que eu firmei com ele. E ele nunca me falou sobre ministério, então é um assunto que não existe."
Aliados de Lula afirmam que ele aguarda a definição sobre o calendário e o processo de sucessão dentro de seu partido para começar as mudanças no primeiro escalão do governo.
A ideia do petista é iniciar a reforma ministerial "em casa", com uma troca de cadeiras nas pastas ocupadas por petistas.
Um dos cotados para deixar o cargo é Paulo Pimenta, que chefia a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), pasta alvo de críticas internas no governo e no partido —o próprio Lula criticou abertamente nesta sexta-feira (6) a área de comunicação do seu governo e prometeu mudanças.
"Há um erro do governo na questão da comunicação e sou obrigado a fazer as correções necessárias", afirmou o presidente, em mensagem virtual para a sessão de encerramento do seminário "A Realidade Brasileira e os Desafios do Partido dos Trabalhadores", evento que precedeu a reunião deste sábado.
Nos bastidores, aliados apontam que o publicitário Sidônio Palmeira deve assumir a Secom no lugar de Pimenta.
O atual ministro da Secom poderia migrar para a Secretaria-Geral da Presidência, no lugar de Márcio Macêdo, que pode ser o novo tesoureiro do PT.
Apesar de ser um dos partidos cujos congressistas estão entre os mais beneficiados por emendas parlamentares, o texto elaborado pela CNB critica o modelo dizendo que a falta de transparência sobre ele e o seu volume foram alguns dos motivos pelo fraco desempenho da sigla nas eleições municipais.
Segundo o texto, o modelo "levou o pacto federativo ao limite do absurdo e segue desafiando o modelo de presidencialismo vigente".
Questionada sobre esse ponto na entrevista, Gleisi disse que a crítica é ao volume das emendas, que neste ano ultrapassou R$ 50 bilhões.
A presidente do PT disse que está mantida a data de julho para a eleição que definirá o novo comando da legenda. Ela negou que tenha sido convidada por Lula a entrar para seu ministério.
"Eu tenho um compromisso com o presidente de dirigir o partido até o final do meu mandato, fazer a sucessão. Esse é o compromisso que eu firmei com ele. E ele nunca me falou sobre ministério, então é um assunto que não existe."
Aliados de Lula afirmam que ele aguarda a definição sobre o calendário e o processo de sucessão dentro de seu partido para começar as mudanças no primeiro escalão do governo.
A ideia do petista é iniciar a reforma ministerial "em casa", com uma troca de cadeiras nas pastas ocupadas por petistas.
Um dos cotados para deixar o cargo é Paulo Pimenta, que chefia a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), pasta alvo de críticas internas no governo e no partido —o próprio Lula criticou abertamente nesta sexta-feira (6) a área de comunicação do seu governo e prometeu mudanças.
"Há um erro do governo na questão da comunicação e sou obrigado a fazer as correções necessárias", afirmou o presidente, em mensagem virtual para a sessão de encerramento do seminário "A Realidade Brasileira e os Desafios do Partido dos Trabalhadores", evento que precedeu a reunião deste sábado.
Nos bastidores, aliados apontam que o publicitário Sidônio Palmeira deve assumir a Secom no lugar de Pimenta.
O atual ministro da Secom poderia migrar para a Secretaria-Geral da Presidência, no lugar de Márcio Macêdo, que pode ser o novo tesoureiro do PT.
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