Bruno Boghossian
Ainda que o 7 de Setembro tenha produzido um barulho político considerável, o episódio ainda não demonstrou força suficiente para sacudir um cenário eleitoral que parece cada vez mais consolidado à medida que o primeiro turno, marcado para o dia 2 de outubro, aproxima-se.
A liderança de Lula (PT) permaneceu inabalada na última semana, segundo a nova pesquisa do Datafolha. Jair Bolsonaro (PL) mostrou fôlego para manter uma trajetória de alta que vem se desenhando de maneira constante nos últimos meses, embora lenta demais para garantir que ele possa virar o jogo.
Montagem de fotos do ex-presidente Lula (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) - Marlene Bergamo/Folhapress e Adriano Machado/Reuters |
Ainda que o 7 de Setembro tenha produzido um barulho político considerável, o episódio ainda não demonstrou força suficiente para sacudir um cenário eleitoral que parece cada vez mais consolidado à medida que o primeiro turno, marcado para o dia 2 de outubro, aproxima-se.
A liderança de Lula (PT) permaneceu inabalada na última semana, segundo a nova pesquisa do Datafolha. Jair Bolsonaro (PL) mostrou fôlego para manter uma trajetória de alta que vem se desenhando de maneira constante nos últimos meses, embora lenta demais para garantir que ele possa virar o jogo.
O quadro de estabilidade nas curvas dos dois principais candidatos, mesmo nos momentos em que a disputa esquenta, reflete duas características marcantes da corrida eleitoral deste ano: uma decisão de voto antecipada e um foco das campanhas no reforço de territórios conhecidos.
Três de cada quatro eleitores dizem já ter decidido o voto do primeiro turno –índice estável há algum tempo e indicador de um quadro sólido para o final de campanha. Como comparação, a esta altura da última corrida presidencial 45% dos eleitores diziam que poderiam mudar de ideia até o dia da votação.
O espaço reduzido para grandes alterações vem favorecendo o petista, uma vez que Lula manteve um patamar que beira a chance de vitória em primeiro turno –algo ainda imprevisível neste ponto da corrida.
Esse cenário permitiu que eles investissem num esforço de fidelização. O ex-presidente reconquistou bases históricas do PT, enquanto Bolsonaro foi atrás dos segmentos que estiveram a seu lado em 2018.
Uma análise dos últimos 40 dias de campanha mostra que Lula largou na frente porque conseguiu abrir uma vantagem significativa em grupos-chave, como o eleitorado de baixa renda.
Os números do petista na faixa da população com renda mensal abaixo de dois salários mínimos se mantêm nas alturas, mesmo com a aposta de Bolsonaro no Auxílio Brasil.
Lula tem hoje, nesse grupo, os mesmos 54% que apresentava no final de julho. Já Bolsonaro beliscou alguns pontos no mesmo período —passou de 23% para 26%, uma oscilação dentro da margem de erro.
O ex-presidente também fortificou o bastião petista no Nordeste, com 60%, contra 24% do rival. Bolsonaro, por sua vez, conseguiu colher bons resultados em segmentos em que suas mensagens ecoam com mais intensidade e nos grupos que já haviam demonstrado alguma afinidade com seu projeto em 2018.
O presidente foi buscar uma recuperação importante de seus números entre os brasileiros de renda média. Desde julho, ele subiu sete pontos nessa faixa, que corresponde a cerca de um terço do eleitorado.
Variações como essa deram à campanha de Bolsonaro ao menos alguns sinais de que seus movimentos têm sido eficazes. A melhora nessa classe média, por exemplo, é atribuída à recuperação do mercado de trabalho e à queda do preço dos combustíveis. Os números, entretanto, ainda não mudam na velocidade que seria necessária para chegar ao segundo turno com fôlego novo.
No Sudeste, o presidente cresceu oito pontos desde julho, reduzindo a vantagem de Lula de 15 pontos para 5. O desempenho de Bolsonaro na região mais populosa do país, no entanto, continua muito abaixo dos índices obtidos em 2018. Esses dados sugerem que parte dos eleitores do Sudeste que votaram em Bolsonaro na última eleição agora está com Lula. A má notícia para o presidente é que o petista conseguiu preservar seus índices na região relativamente estáveis.
Com pouquíssimos indecisos em jogo, Bolsonaro só conseguiria se mostrar competitivo caso começasse a tirar votos de Lula —o que não aconteceu até agora em dimensões significativas.
Um dos poucos segmentos em que isso ficou registrado foi entre os evangélicos. Impulsionado por um reforço no discurso conservador, Bolsonaro cresceu oito pontos percentuais entre esses fiéis nos últimos 40 dias. Lula caiu cinco pontos percentuais e viu sua rejeição subir seis pontos.
O problema é que o potencial de crescimento para Bolsonaro entre os evangélicos pode ser limitado.
Na simulação de segundo turno, o presidente aparece com 62% dos votos válidos no grupo, perto dos 70% que ele registrou às vésperas do embate final com Fernando Haddad (PT) há quatro anos –considerado excepcional mesmo por líderes religiosos.
A curva desenhada por Bolsonaro nas pesquisas deve incentivar a campanha do presidente a seguir o mesmo caminho adotado nas últimas semanas, num investimento para ampliar a rejeição a Lula.
Os principais aliados de Bolsonaro dizem acreditar que parte da classe média e o eleitor do Sudeste têm uma conexão mais frágil com o ex-presidente e podem ser contaminados pelo antipetismo.
As pesquisas davam sinais de que esse movimento vinha começando a partir do início oficial da campanha e com o aumento da exposição dos candidatos na TV, mas o novo levantamento do Datafolha detectou uma oscilação negativa da rejeição a Lula nesses segmentos, dentro da margem de erro.
Três de cada quatro eleitores dizem já ter decidido o voto do primeiro turno –índice estável há algum tempo e indicador de um quadro sólido para o final de campanha. Como comparação, a esta altura da última corrida presidencial 45% dos eleitores diziam que poderiam mudar de ideia até o dia da votação.
O espaço reduzido para grandes alterações vem favorecendo o petista, uma vez que Lula manteve um patamar que beira a chance de vitória em primeiro turno –algo ainda imprevisível neste ponto da corrida.
Esse cenário permitiu que eles investissem num esforço de fidelização. O ex-presidente reconquistou bases históricas do PT, enquanto Bolsonaro foi atrás dos segmentos que estiveram a seu lado em 2018.
Uma análise dos últimos 40 dias de campanha mostra que Lula largou na frente porque conseguiu abrir uma vantagem significativa em grupos-chave, como o eleitorado de baixa renda.
Os números do petista na faixa da população com renda mensal abaixo de dois salários mínimos se mantêm nas alturas, mesmo com a aposta de Bolsonaro no Auxílio Brasil.
Lula tem hoje, nesse grupo, os mesmos 54% que apresentava no final de julho. Já Bolsonaro beliscou alguns pontos no mesmo período —passou de 23% para 26%, uma oscilação dentro da margem de erro.
O ex-presidente também fortificou o bastião petista no Nordeste, com 60%, contra 24% do rival. Bolsonaro, por sua vez, conseguiu colher bons resultados em segmentos em que suas mensagens ecoam com mais intensidade e nos grupos que já haviam demonstrado alguma afinidade com seu projeto em 2018.
O presidente foi buscar uma recuperação importante de seus números entre os brasileiros de renda média. Desde julho, ele subiu sete pontos nessa faixa, que corresponde a cerca de um terço do eleitorado.
Variações como essa deram à campanha de Bolsonaro ao menos alguns sinais de que seus movimentos têm sido eficazes. A melhora nessa classe média, por exemplo, é atribuída à recuperação do mercado de trabalho e à queda do preço dos combustíveis. Os números, entretanto, ainda não mudam na velocidade que seria necessária para chegar ao segundo turno com fôlego novo.
No Sudeste, o presidente cresceu oito pontos desde julho, reduzindo a vantagem de Lula de 15 pontos para 5. O desempenho de Bolsonaro na região mais populosa do país, no entanto, continua muito abaixo dos índices obtidos em 2018. Esses dados sugerem que parte dos eleitores do Sudeste que votaram em Bolsonaro na última eleição agora está com Lula. A má notícia para o presidente é que o petista conseguiu preservar seus índices na região relativamente estáveis.
Com pouquíssimos indecisos em jogo, Bolsonaro só conseguiria se mostrar competitivo caso começasse a tirar votos de Lula —o que não aconteceu até agora em dimensões significativas.
Um dos poucos segmentos em que isso ficou registrado foi entre os evangélicos. Impulsionado por um reforço no discurso conservador, Bolsonaro cresceu oito pontos percentuais entre esses fiéis nos últimos 40 dias. Lula caiu cinco pontos percentuais e viu sua rejeição subir seis pontos.
O problema é que o potencial de crescimento para Bolsonaro entre os evangélicos pode ser limitado.
Na simulação de segundo turno, o presidente aparece com 62% dos votos válidos no grupo, perto dos 70% que ele registrou às vésperas do embate final com Fernando Haddad (PT) há quatro anos –considerado excepcional mesmo por líderes religiosos.
A curva desenhada por Bolsonaro nas pesquisas deve incentivar a campanha do presidente a seguir o mesmo caminho adotado nas últimas semanas, num investimento para ampliar a rejeição a Lula.
Os principais aliados de Bolsonaro dizem acreditar que parte da classe média e o eleitor do Sudeste têm uma conexão mais frágil com o ex-presidente e podem ser contaminados pelo antipetismo.
As pesquisas davam sinais de que esse movimento vinha começando a partir do início oficial da campanha e com o aumento da exposição dos candidatos na TV, mas o novo levantamento do Datafolha detectou uma oscilação negativa da rejeição a Lula nesses segmentos, dentro da margem de erro.
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