1 de outubro de 2025

Imposto Justo: o fim dos privilégios para os super-ricos

- A Câmara poderá fazer história ao aprovar a mais forte atualização de isenção do Imposto de Renda
- É chegada a hora de o Brasil pagar uma enorme dívida histórica: quem ganha mais, paga mais imposto

Éden Valadares
Secretário nacional de comunicação do PT


A Câmara dos Deputados tem nesta quarta (1º) um encontro marcado com a história. Na encruzilhada em que se encontra, dois caminhos são possíveis: aprovar o projeto do Imposto Justo ou boicotar uma iniciativa que, já no próximo ano, beneficiaria mais de 15 milhões de trabalhadores e trabalhadoras.

Caso busque se reconectar com o sentimento da sociedade que foi às ruas protestar contra os retrocessos em forma de impunidade e privilégios, a Câmara poderá (com razão) dizer que revolucionou a estrutura de contribuição fiscal do país ao aprovar não somente a reforma tributária em 2024, mas também a mais forte atualização da faixa de isenção do Imposto de Renda, juntamente com a inédita taxação dos super-ricos.

Pessoa segura cartaz branco com letras vermelhas dizendo "CHEGA DE MAMATA TAXAÇÃO DOS SUPER RICOS JÁ!" em ambiente interno com outras pessoas ao fundo, algumas também com cartazes e vestindo vermelho.Pessoa segura cartaz branco com letras vermelhas dizendo "CHEGA DE MAMATA TAXAÇÃO DOS SUPER RICOS JÁ!" em ambiente interno com outras pessoas ao fundo, algumas também com cartazes e vestindo vermelho.

Frente Popular o Povo sem Medo em manifestação pela taxação de super-ricos e pela isenção do Imposto de Renda para as classes com menores salários, em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Entretanto, se a direção da Casa e as lideranças da ala centrista forem pautadas pelo extremismo bolsonarista e optarem pelo caminho do "quanto pior, melhor", atingindo milhões de brasileiros das classes médias ao retirar do seu orçamento anual um alívio tão importante, os partidos e parlamentares envolvidos nessa manobra deixarão como tatuagem em suas trajetórias as marcas da PEC da Blindagem, do projeto da anistia e da injustiça social.

Nós do PT e os demais partidos de esquerda seguiremos em estado de mobilização permanente, nas ruas e nas redes, pela aprovação do projeto do Imposto Zero. Mais taxação dos super-ricos significa menos imposto para quem trabalha.

É chegada a hora de o Brasil pagar uma enorme dívida histórica e fazer o que quase todos os países do mundo fazem há tempos, uma coisa que, de tão óbvia e elementar, parece inacreditável não ser realidade em nosso país: quem ganha mais, paga mais; quem ganha pouco, não paga nada.

Estaremos mobilizados e atentos a possíveis manobras de boicote. As supostas tentativas de elevar a faixa de contribuição para R$ 7.000 ou R$ 10 mil mensais, longe de serem iniciativas positivas, são, na verdade, atalhos para dinamitar o projeto, pois não fundamentadas em cálculos técnicos de sustentabilidade fiscal.

Ou seja, como não apontam de onde virão os recursos para compensar essa perda de arrecadação no orçamento da União, não podem prosperar. É a chamada "bomba fiscal".

Aliás, já estamos denunciando outra manobra dos radicais que colocam seus mesquinhos interesses pessoais acima da vontade da maioria da sociedade. Eis a artimanha: votar SIM para zerar o imposto para quem ganha até R$ 5.000 mensais, mas votar NÃO para a taxação dos super-ricos. Um movimento demagogo e irresponsável, que revela o caráter elitista de quem o apoia e sua intenção de preservar o atual estado de coisas.

Em outras palavras, eles querem dar à base da pirâmide social a ilusão de que militam a seu lado, quando, na verdade, atuam para manter intocáveis os privilégios dos andares de cima.

Somos contra esse sistema. Somos contra essa desavergonhada concentração de renda e riqueza que marca negativamente o Brasil. Chega de mamatas, regalias, vantagens e benesses.

E não adianta mais camuflar como "prerrogativas, benefícios, salvaguardas". Quando se trata de injustiça, o que se chama de imunidade não passa de impunidade. E o que se chama de direito é, na verdade, privilégio.

A agenda de quem trabalha e produz, a agenda do povo, a agenda do Brasil, exige a superação desses "incentivos" dados sempre às mesmas pessoas, aos mesmos grupos, pelo mesmo sistema. O Senado já aprovou; cabe agora aos deputados e deputadas fazerem sua parte.

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