Marianna Holanda , Danielle Brant , Victoria Azevedo , Julia Chaib , Nathalia Garcia , Raquel Lopes e Alexa Salomão
Folha de S.Paulo
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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta sexta-feira (9) cinco ministros que vão compor seu governo a partir de janeiro, dando a largada na definição de nomes estratégicos do primeiro escalão.
O anúncio foi feito a jornalistas no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do gabinete de transição, em Brasília, com recados de Lula a setores militares e à Polícia Federal.
O senador eleito Flávio Dino (PSB) irá para o Ministério de Justiça e Segurança Pública; o governador da Bahia, Rui Costa (PT), para a Casa Civil; o diplomata Mauro Vieira para o Itamaraty; o ex-presidente do TCU (Tribunal de Contas da União) José Múcio Monteiro para a Defesa; e o ex-ministro Fernando Haddad (PT) para a Fazenda.
Lula, a presidente do PT e os novos ministros - Pedro Ladeira/Folhapress |
Os últimos dois nomes eram os mais esperados, em áreas nas quais Lula mais sofria pressão por definições.
Na Economia, há expectativa de que, com a indicação do ministro, as negociações em torno da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição sejam facilitadas.
Já o titular da Defesa era aguardado para tentar pacificar a relação do governo petista com as Forças Armadas, após quatro anos de crise e politização no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Depois do anúncio, Lula disse que as Forças Armadas não foram feitas para fazer política; e Múcio falou em apaziguamento, harmonia, troca de comando "mais tradicional possível" e "invenção de ninguém".
O presidente eleito afirmou que as Forças Armadas têm um papel importante e constitucional. "Elas têm que cuidar da soberania nacional, têm que defender o povo brasileiro de possíveis e eventuais inimigos externos e é para isso", disse.
"As Forças Armadas não foram feitas para fazer política. Não foi feita para ter candidato. Quem quiser ter candidato, se aposente e seja candidato", completou Lula. "Mas as pessoas da ativa das Forças Armadas têm uma missão nobre que é cuidar da segurança de 215 milhões de brasileiros, de cuidar das nossas fronteiras, e de cuidar, eu diria, da nossa soberania."
O futuro ministro da Defesa afirmou que vai procurar na próxima semana os nomes dos novos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica e que ainda vai conversar com os atuais chefes de cada Força.
Como a Folha mostrou, os futuros comandantes serão: general Julio Cesar de Arruda, no Exército; almirante Marcos Sampaio Olsen, na Marinha; e o brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica).
Os escolhidos priorizam o critério de antiguidade, numa tentativa de desarmar a resistência e eventual insubordinação de militares.
Múcio é visto com bons olhos tanto por bolsonaristas como por integrantes das Forças Armadas e aliados de Lula.
"Vamos conversar para que tudo seja tranquilo, como se fosse uma passagem de comando, uma mudança de guarda. Tem que apaziguar. Esse é o papel principal, a harmonia entre as Forças", disse.
Múcio afirmou ainda que conversa sempre com o presidente Jair Bolsonaro. "Quando ele perdeu as eleições, eu fui lá cumprimentá-lo. Não há o menor problema. Democracia, a gente tem que respeitar os contrários, não precisa ser inimigo. Pode ser adversário. Eles sabem em quem eu votei."
Flávio Dino anunciou o delegado Andrei Passos Rodrigues como futuro diretor-geral da Polícia Federal. Lula afirmou que será necessário consertar a PF e que não quer "policiais dando shows nas investigações".
Andrei é delegado da PF e ocupou o posto de coordenador da equipe de segurança de Lula na campanha eleitoral, cargo em que permanecerá até a posse.
"O companheiro Flávio Dino tem a missão de primeiro consertar o Ministério da Justiça e consertar o funcionamento da Polícia Federal, queremos que carreira de estado seja carreira de estado", disse Lula.
"Nós não queremos que policiais fiquem dando shows nas investigações antes de investigar. Queremos que primeiro trate com seriedade as investigações, nós sabemos quanta gente se meteu na política de forma desnecessária", completou o presidente eleito.
Dos ministros anunciados nesta sexta, nenhum é mulher ou negro. O presidente eleito disse que Dino é "no mínimo, pardo". Apesar de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, estar ao lado do petista, ele já disse que ela não assumirá nenhuma pasta. Lula tentou se justificar da falta de diversidade prometendo "mulher, homem, negros, índios" nos próximos anúncios.
Lula afirmou que seu governo será o da "boa informação", em contraponto à "indústria da mentira, da desinformação, de fake news", em referência a Bolsonaro.
O comentário de Lula ocorreu logo após ele tomar um gole de água e dizer que seu adversário achava que havia cachaça na garrafinha. "Mesmo no tempo que eu gostava, não bebia na garrafa, bebia no copinho", disse, rindo.
Inicialmente, a ideia do presidente eleito era anunciar ministros após a diplomação, marcada para a próxima segunda-feira (12) no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Mas, de acordo com Gleisi, ele decidiu antecipar os nomes que já estavam certos para evitar maiores especulações.
Além disso, os nomes já começam também a se movimentar. O futuro ministro da Fazenda se reuniu com representantes do Banco Mundial para discutir os investimentos da organização no Brasil e participou de jantar na Febraban. Ele também esteve na quinta-feira (8) com o ministro Paulo Guedes (Economia).
"Sei que quando esses ministros tomarem posse, vão se apresentar a mim, chorando com o orçamento deles, 'preciso de mais dinheiro'. Vou dizer para eles: fabriquem, arrecadem mais. Economia tem que crescer. Façam a economia crescer que vai ter mais dinheiro, emprego e salário para todo mundo", disse Lula.
Apesar dos anúncios, o presidente eleito não disse ainda quantos ministérios deve ter o seu terceiro mandato. A expectativa de aliados, com base em conversas e no número de GTS (grupos de trabalho) na transição, é que sejam cerca de 35 pastas. Hoje, sob Bolsonaro, são 23.
Na semana passada, ele havia dito que já tinha "80% do ministério na cabeça", mas que gostaria de construir uma Esplanada com a frente ampla que ajudou a elegê-lo.
Lula contou com o mais amplo leque de partidos durante a campanha, com o apoio de nove siglas à sua coligação: Rede, Solidariedade, Avante, Agir, PC do B, PSOL PV e PSB, além do PT.
Após a vitória, passou ainda a articular uma base no Congresso com União Brasil, MDB e PSD. Os dois últimos também compõem o núcleo político no gabinete de transição, assim como o Cidadania.
O tamanho da frente ampla também reflete na lista de indicados para o gabinete de transição, que agora já supera 900 integrantes.
No total, há 50 cargos com salários disponíveis para a equipe de Lula, o mesmo número previsto em transições anteriores, mas apenas 22 foram nomeados.
Em meio ao anúncio dos primeiros nomes, o PT deve pleitear junto a Lula a presença do partido no comando de ministérios considerados estratégicos.
Já Gleisi disse, também na quinta-feira, que o PT prepara uma lista que será entregue a Lula até o começo da próxima semana com indicações de nomes do partido para esses postos-chave.
"Tem áreas que nós achamos que são estratégicas e importantes para o partido estar presente. Claro, o núcleo de governo, como Fazenda, Casa Civil, como é o partido do presidente da República acho que isso é até natural. Além de ser do partido tem que ser de muita confiança do presidente, de muita relação com o presidente."
A dirigente afirmou que o PT compreende que legendas aliadas devem participar do processo, mas pontuou que a legenda pleiteia esse espaço.
"Sabemos o tamanho que nós somos, o tamanho que é o PT, a importância que teve nesse processo. É o partido maior da coligação, o partido do presidente, nós também queremos colocar os nossos nomes, as nossas propostas para os ministérios."
Petistas afirmam que o partido tem a expectativa de comandar de 10 a 12 ministérios. A legenda também cobiça as pastas da Cultura, da Articulação Política e a Secretaria-Geral da Presidência.
Na Economia, há expectativa de que, com a indicação do ministro, as negociações em torno da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição sejam facilitadas.
Já o titular da Defesa era aguardado para tentar pacificar a relação do governo petista com as Forças Armadas, após quatro anos de crise e politização no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Depois do anúncio, Lula disse que as Forças Armadas não foram feitas para fazer política; e Múcio falou em apaziguamento, harmonia, troca de comando "mais tradicional possível" e "invenção de ninguém".
O presidente eleito afirmou que as Forças Armadas têm um papel importante e constitucional. "Elas têm que cuidar da soberania nacional, têm que defender o povo brasileiro de possíveis e eventuais inimigos externos e é para isso", disse.
"As Forças Armadas não foram feitas para fazer política. Não foi feita para ter candidato. Quem quiser ter candidato, se aposente e seja candidato", completou Lula. "Mas as pessoas da ativa das Forças Armadas têm uma missão nobre que é cuidar da segurança de 215 milhões de brasileiros, de cuidar das nossas fronteiras, e de cuidar, eu diria, da nossa soberania."
O futuro ministro da Defesa afirmou que vai procurar na próxima semana os nomes dos novos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica e que ainda vai conversar com os atuais chefes de cada Força.
Como a Folha mostrou, os futuros comandantes serão: general Julio Cesar de Arruda, no Exército; almirante Marcos Sampaio Olsen, na Marinha; e o brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica).
Os escolhidos priorizam o critério de antiguidade, numa tentativa de desarmar a resistência e eventual insubordinação de militares.
Múcio é visto com bons olhos tanto por bolsonaristas como por integrantes das Forças Armadas e aliados de Lula.
"Vamos conversar para que tudo seja tranquilo, como se fosse uma passagem de comando, uma mudança de guarda. Tem que apaziguar. Esse é o papel principal, a harmonia entre as Forças", disse.
Múcio afirmou ainda que conversa sempre com o presidente Jair Bolsonaro. "Quando ele perdeu as eleições, eu fui lá cumprimentá-lo. Não há o menor problema. Democracia, a gente tem que respeitar os contrários, não precisa ser inimigo. Pode ser adversário. Eles sabem em quem eu votei."
Flávio Dino anunciou o delegado Andrei Passos Rodrigues como futuro diretor-geral da Polícia Federal. Lula afirmou que será necessário consertar a PF e que não quer "policiais dando shows nas investigações".
Andrei é delegado da PF e ocupou o posto de coordenador da equipe de segurança de Lula na campanha eleitoral, cargo em que permanecerá até a posse.
"O companheiro Flávio Dino tem a missão de primeiro consertar o Ministério da Justiça e consertar o funcionamento da Polícia Federal, queremos que carreira de estado seja carreira de estado", disse Lula.
"Nós não queremos que policiais fiquem dando shows nas investigações antes de investigar. Queremos que primeiro trate com seriedade as investigações, nós sabemos quanta gente se meteu na política de forma desnecessária", completou o presidente eleito.
Dos ministros anunciados nesta sexta, nenhum é mulher ou negro. O presidente eleito disse que Dino é "no mínimo, pardo". Apesar de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, estar ao lado do petista, ele já disse que ela não assumirá nenhuma pasta. Lula tentou se justificar da falta de diversidade prometendo "mulher, homem, negros, índios" nos próximos anúncios.
Lula afirmou que seu governo será o da "boa informação", em contraponto à "indústria da mentira, da desinformação, de fake news", em referência a Bolsonaro.
O comentário de Lula ocorreu logo após ele tomar um gole de água e dizer que seu adversário achava que havia cachaça na garrafinha. "Mesmo no tempo que eu gostava, não bebia na garrafa, bebia no copinho", disse, rindo.
Inicialmente, a ideia do presidente eleito era anunciar ministros após a diplomação, marcada para a próxima segunda-feira (12) no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Mas, de acordo com Gleisi, ele decidiu antecipar os nomes que já estavam certos para evitar maiores especulações.
Além disso, os nomes já começam também a se movimentar. O futuro ministro da Fazenda se reuniu com representantes do Banco Mundial para discutir os investimentos da organização no Brasil e participou de jantar na Febraban. Ele também esteve na quinta-feira (8) com o ministro Paulo Guedes (Economia).
"Sei que quando esses ministros tomarem posse, vão se apresentar a mim, chorando com o orçamento deles, 'preciso de mais dinheiro'. Vou dizer para eles: fabriquem, arrecadem mais. Economia tem que crescer. Façam a economia crescer que vai ter mais dinheiro, emprego e salário para todo mundo", disse Lula.
Apesar dos anúncios, o presidente eleito não disse ainda quantos ministérios deve ter o seu terceiro mandato. A expectativa de aliados, com base em conversas e no número de GTS (grupos de trabalho) na transição, é que sejam cerca de 35 pastas. Hoje, sob Bolsonaro, são 23.
Na semana passada, ele havia dito que já tinha "80% do ministério na cabeça", mas que gostaria de construir uma Esplanada com a frente ampla que ajudou a elegê-lo.
Lula contou com o mais amplo leque de partidos durante a campanha, com o apoio de nove siglas à sua coligação: Rede, Solidariedade, Avante, Agir, PC do B, PSOL PV e PSB, além do PT.
Após a vitória, passou ainda a articular uma base no Congresso com União Brasil, MDB e PSD. Os dois últimos também compõem o núcleo político no gabinete de transição, assim como o Cidadania.
O tamanho da frente ampla também reflete na lista de indicados para o gabinete de transição, que agora já supera 900 integrantes.
No total, há 50 cargos com salários disponíveis para a equipe de Lula, o mesmo número previsto em transições anteriores, mas apenas 22 foram nomeados.
Em meio ao anúncio dos primeiros nomes, o PT deve pleitear junto a Lula a presença do partido no comando de ministérios considerados estratégicos.
Já Gleisi disse, também na quinta-feira, que o PT prepara uma lista que será entregue a Lula até o começo da próxima semana com indicações de nomes do partido para esses postos-chave.
"Tem áreas que nós achamos que são estratégicas e importantes para o partido estar presente. Claro, o núcleo de governo, como Fazenda, Casa Civil, como é o partido do presidente da República acho que isso é até natural. Além de ser do partido tem que ser de muita confiança do presidente, de muita relação com o presidente."
A dirigente afirmou que o PT compreende que legendas aliadas devem participar do processo, mas pontuou que a legenda pleiteia esse espaço.
"Sabemos o tamanho que nós somos, o tamanho que é o PT, a importância que teve nesse processo. É o partido maior da coligação, o partido do presidente, nós também queremos colocar os nossos nomes, as nossas propostas para os ministérios."
Petistas afirmam que o partido tem a expectativa de comandar de 10 a 12 ministérios. A legenda também cobiça as pastas da Cultura, da Articulação Política e a Secretaria-Geral da Presidência.
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