Lucas Bombana
Folha de S.Paulo
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e presidente Jair Bolsonaro (PL) - Evaristo Sa - 4.mai.2022/AFP |
Uma vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano é o cenário mais provável previsto por analistas políticos, até pelas próprias pesquisas de intenção de voto que apontam o favoritismo do candidato petista contra Jair Bolsonaro (PL).
Uma reviravolta no cenário, com uma guinada do atual presidente há poucos dias da votação, contudo, ainda não é completamente descartada pelos especialistas.
"As pesquisas, de fato, foram melhores para o Lula nesses últimos dias, reforçando o favoritismo do ex-presidente", afirmou Silvio Cascione, diretor da Eurasia no Brasil, durante evento promovido pela Anbima e pela B3 nesta terça-feira (20) em São Paulo.
Ele acrescentou, no entanto, que a melhoria observada no ritmo da atividade econômica do país e as medidas de auxílio financeiro à população podem favorecer Bolsonaro na disputa.
"Ajuda o presidente Bolsonaro o fato de que a economia está melhorando em uma velocidade mais rápida do que se imaginava ao longo desse ano", disse Cascione.
Ele afirmou ainda que, caso as eleições sejam decididas no segundo turno, prevista para 30 de outubro, ainda restarão cerca de cinco semanas até a reta final, com um tempo adicional do qual o presidente poderia se beneficiar, se valendo de eventuais impactos positivos produzidos pelas medidas de transferência de renda.
"Se for mesmo para o segundo turno, a maior parte da campanha cheia, com propaganda na televisão, debates, ainda está por vir", disse o especialista.
Em linha parecida, Lucas de Aragão, sócio da Arko Advice, também reconheceu o favoritismo do ex-presidente na disputa.
"Agora, sempre falo que prever eleição é igual prever câmbio para economista, só serve para a gente passar vergonha", afirmou Aragão.
O sócio da Arko disse ainda que o favoritismo de Lula deriva, em parte, da rejeição alta a Bolsonaro, construída ao longo do primeiro mandato do presidente.
"Agora, em uma eleição tão consolidada como essa, onde ambos têm uma rejeição alta, vai ser um paredão do ódio, com a maioria das pessoas votando para evitar um, mais do que para eleger o outro. Isso tem acontecido no mundo inteiro", afirmou Aragão.
"Tem um favoritismo, mas numa eleição desse nível, se escorrega 4 ou 5 pontos para cima ou para baixo, ou é uma eleição definida em 1º turno ou é quase empate", acrescentou o especialista. "Eu acho que tem um favoritismo, sim, mas eu acho que não está definido."
TENSÃO SOCIAL NÃO DEVE PROSPERAR, INDEPENDENTEMENTE DO RESULTADO DAS ELEIÇÕES
Seja qual for o desfecho das eleições presidenciais, os analistas não acreditam em algum tipo de ruptura institucional provocada pelo candidato derrotado.
"O Boeing da democracia brasileira decolou e vai pousar. Pode ser um voo turbulento, pode cair máscara de oxigênio, pode ter umas gritarias no meio do voo, mas o avião vai pousar bonitinho", afirmou Aragão, da Arko.
Episódios isolados de manifestações contra os resultados até podem ocorrer, mas parece faltar um apoio massivo para que eles ganhem força e prosperem de forma mais relevante, disse o especialista da consultoria política.
Cascione, da Eurasia, indicou compartilhar de uma visão semelhante. "A gente na Eurasia também não está preocupado com a democracia ou com o resultado eleitoral", afirmou. "Quem ganhar a eleição, com a urna eletrônica, vai ser o presidente a partir de 1º de janeiro."
"O Boeing da democracia brasileira decolou e vai pousar. Pode ser um voo turbulento, pode cair máscara de oxigênio, pode ter umas gritarias no meio do voo, mas o avião vai pousar bonitinho", afirmou Aragão, da Arko.
Episódios isolados de manifestações contra os resultados até podem ocorrer, mas parece faltar um apoio massivo para que eles ganhem força e prosperem de forma mais relevante, disse o especialista da consultoria política.
Cascione, da Eurasia, indicou compartilhar de uma visão semelhante. "A gente na Eurasia também não está preocupado com a democracia ou com o resultado eleitoral", afirmou. "Quem ganhar a eleição, com a urna eletrônica, vai ser o presidente a partir de 1º de janeiro."
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