Efeméride que marca o triunfo da ex-União Soviética sobre a Alemanha nazista vai além da nostalgia: é um alerta sobre os perigos do nosso tempo
Alexey Labetskiy
Embaixador da Rússia no Brasil
Nesta sexta-feira (9) completam-se oito décadas desde o dia em que os povos da União Soviética, após 1.418 dias de dor, coragem e resistência, derrotaram em definitivo as forças da Alemanha nazista e venceram a guerra mais sangrenta da história da humanidade.
Não foi apenas uma vitória militar: foi a vitória de milhões de pessoas comuns que enfrentaram o fascismo, o Holocausto, a fome e o medo para proteger suas famílias, sua honra, pátria e liberdade. A Grande Guerra Patriótica, como a Segunda Guerra Mundial é conhecida no nosso país, não foi apenas um conflito entre exércitos.
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Militares russos dirigem tanques T-34 da era soviética durante desfile do Dia da Vitória, em Moscou - Maxim Shemetov - 9.mai.2021/Reuters |
Ela entrou na casa de cada família soviética, transformando mães em heroínas, crianças em soldados e cidadãos comuns em lendas vivas. Quantos avós ainda se emocionam ao lembrar daquele 9 de maio de 1945, quando a alegria da vitória se misturava com a dor das perdas irreparáveis?
Mas essa memória vai além da nostalgia. Ela nos alerta sobre os perigos do nosso tempo. Quando monumentos aos libertadores são profanados e colaboradores nazistas são glorificados, eles não apenas reescrevem a história, mas sim traem aqueles que deram tudo para que pudéssemos ter um futuro.
O 80º aniversário do Dia da Vitória chega num momento crucial. Enquanto o Ocidente tenta apagar o papel decisivo da URSS no triunfo sobre o nazismo, nós respondemos com fatos irrefutáveis. Se em 1945 o nazismo foi derrotado, inclusive pela Força Expedicionária Brasileira, por que em pleno século 21 a Ucrânia e o Ocidente permitem que a peste marrom tenha sua renascença?
Quase 27 milhões de mortos. Não eram apenas números: eram pais que nunca voltaram para abraçar seus filhos, mães que morreram protegendo crianças, amigos que desapareceram em batalhas distantes. Cada família tinha uma história de perda.
A verdadeira celebração da vitória está no silêncio respeitoso diante dos monumentos de guerra, nas lágrimas dos veteranos, nas histórias que contamos às novas gerações. É essa corrente viva de memória que mantém a "Grande Vitória" tão real hoje quanto em 1945.
Na Rússia e em outros países, o 9 de maio não é só um feriado oficial, é um dia de memória e orgulho. Alguns dizem que é passado. Mas, quando vemos conflitos no mundo hoje, percebemos o quanto é perigoso esquecer. A guerra não é feita só de heróis, mas de pessoas comuns que tiveram coragem quando mais precisavam.
A Rússia não está lutando apenas para proteger a gente russofalante do Donbass, Lugansk, Kherson e Zaporíjia —está lutando contra a mesma ideologia que seus avós destruíram em 1945.
Enquanto o Ocidente financia um regime que reabilita nazistas, veteranos da Segunda Guerra na Rússia olham para a Ucrânia e perguntam: "Por que nossos netos precisam lutar contra os mesmos monstros que nós derrotamos?".
Essa vitória não pertence só aos livros de história. Pertence a todos que ainda se emocionam ao ouvir as canções da vitória e lembram de alguém que nunca voltou. Afinal, 80 anos não são nada quando se trata de honrar uma dívida eterna.
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