O ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) - Marlene Bergamo e Gabriela Biló/Folhapress |
Os movimentos do eleitorado dão alguns sinais sobre a influência que a rejeição a Jair Bolsonaro (PL) pode ter sobre o desenho final do primeiro turno.
A nova pesquisa do Datafolha captou uma variação favorável à candidatura de Lula (PT) nos segmentos da população em que o atual presidente apresenta alguns de seus piores índices negativos nesta corrida.
Na última semana, Lula registrou ganhos entre os mais jovens, entre as mulheres e entre os eleitores de baixa renda. Em todos esses grupos, a rejeição a Bolsonaro parece consolidada, chegando a beirar a casa dos 60%.
A relação entre os números oferece duas informações que podem ser determinantes para os dez dias finais da disputa e para os esforços do petista em direção a uma vitória no primeiro turno.
Um dos pontos é a indicação de que Lula pode ter encontrado algum espaço para reforçar o núcleo de seu eleitorado. Aqueles três grupos em que o petista avançou já eram aqueles em que sua candidatura apresentava mais força no confronto com Bolsonaro.
Entre as mulheres, Lula ampliou a vantagem sobre o rival de 17 para 20 pontos percentuais na última semana. Para comparação, a diferença entre os dois no eleitorado masculino é de apenas 6 pontos.
Algo semelhante ocorreu na fatia de entrevistados com idade de 16 a 24 anos. Lula domina esse segmento desde o início da corrida, mas abriu uma frente de 30 pontos sobre o atual presidente. Na nova pesquisa, o petista ganhou 4 pontos, enquanto Bolsonaro perdeu 4.
O levantamento também detectou uma variação que era considerada improvável desde que o governo fez um investimento eleitoral pesado para pagar os benefícios turbinados do Auxílio Brasil: um avanço de Lula entre os mais pobres.
Na última semana, o ex-presidente ganhou cinco pontos percentuais na faixa de brasileiros com renda familiar de até dois salários mínimos. Agora, o petista aparece com 57% das intenções de voto no primeiro turno, contra 24% de Bolsonaro.
As variações apontam que Lula pode ter expandido seus domínios nas faixas do eleitorado que são mais simpáticas a ele e têm uma visão desfavorável de seu principal adversário.
Combinados, esses dois sentimentos parecem abrir brechas para uma adesão ao petista por oposição à ideia de continuidade de Bolsonaro no poder.
A campanha do atual presidente passou as últimas semanas num esforço para repetir a disseminação do antipetismo que impulsionou sua vitória em 2018. Mas seu principal obstáculo agora é uma rejeição cristalizada a sua própria candidatura.
Até aqui, Bolsonaro não conseguiu reduzir seus índices negativos em grupos numerosos e cruciais da disputa.
Os dados da nova pesquisa mostram que a rejeição a Bolsonaro permaneceu em 56% entre as mulheres –enquanto Lula ostenta um patamar bem mais baixo, de 36%.
Esse índice é praticamente o mesmo há um mês. Nesse período, Bolsonaro intensificou a participação da primeira-dama Michelle Bolsonaro na campanha, mas também entrou em conflito com a jornalista Vera Magalhães e entoou o coro de imbrochável no 7 de Setembro.
O presidente não teve fôlego para reverter seu mau desempenho entre os mais jovens: 62% dos eleitores de 16 a 24 anos dizem não votar em Bolsonaro de jeito nenhum. É um número bem maior do que os 48% de rejeição que ele tem entre os mais velhos.
Talvez o pior revés para o presidente, no entanto, seja a incapacidade de reduzir as resistências entre eleitores de baixa renda. Hoje, 59% dizem rejeitar Bolsonaro.
A campanha de Lula tenta tirar proveito de um antibolsonarismo que parece cristalizado para beliscar mais alguns pontos nesses grupos.
Os brasileiros de baixa renda são o principal foco: eles representam metade dos votos em disputa, o que significa que cada variação nesse grupo tem um peso considerável no placar final da corrida.
Considerando a situação atual de Lula, no limite de votos válidos para vencer no primeiro turno, um esforço para ganhar espaço nesse núcleo do eleitorado pode ser suficiente para fechar a fatura.
Para isso, o ex-presidente também precisaria manter suas posições nos demais segmentos do eleitorado –alguns deles simpáticos a Bolsonaro.
É o caso da classe média, em que o atual presidente cresceu quatro pontos na última semana, e do Sudeste, onde a diferença entre os dois caiu de nove para cinco pontos.
Ainda que a disputa não termine no dia 2, o fortalecimento de Lula em suas bases pode ser útil no segundo turno.
Uma nova largada teria o petista com uma vantagem difícil de reverter. Boa parte desse cenário se deve ao desempenho de Lula em fortalezas que Bolsonaro não conseguiu abalar.
Na simulação de segundo turno, o ex-presidente aparece com 64% das intenções de voto no segmento renda abaixo de dois salários mínimos, contra 29% de Bolsonaro.
Algo semelhante ocorre no Nordeste (27% do eleitorado). O petista supera Bolsonaro por 68% a 27%. Com esses números, Lula levaria da região uma vantagem de 13,5 milhões de votos para a disputa nacional.
Para tirar proveito dessa diferença no segundo turno, Lula precisaria resistir às investidas de seu adversário no Sudeste –onde Bolsonaro venceu em 2018 com 13 milhões de votos a mais que Fernando Haddad (PT).
A nova pesquisa do Datafolha captou uma variação favorável à candidatura de Lula (PT) nos segmentos da população em que o atual presidente apresenta alguns de seus piores índices negativos nesta corrida.
Na última semana, Lula registrou ganhos entre os mais jovens, entre as mulheres e entre os eleitores de baixa renda. Em todos esses grupos, a rejeição a Bolsonaro parece consolidada, chegando a beirar a casa dos 60%.
A relação entre os números oferece duas informações que podem ser determinantes para os dez dias finais da disputa e para os esforços do petista em direção a uma vitória no primeiro turno.
Um dos pontos é a indicação de que Lula pode ter encontrado algum espaço para reforçar o núcleo de seu eleitorado. Aqueles três grupos em que o petista avançou já eram aqueles em que sua candidatura apresentava mais força no confronto com Bolsonaro.
Entre as mulheres, Lula ampliou a vantagem sobre o rival de 17 para 20 pontos percentuais na última semana. Para comparação, a diferença entre os dois no eleitorado masculino é de apenas 6 pontos.
Algo semelhante ocorreu na fatia de entrevistados com idade de 16 a 24 anos. Lula domina esse segmento desde o início da corrida, mas abriu uma frente de 30 pontos sobre o atual presidente. Na nova pesquisa, o petista ganhou 4 pontos, enquanto Bolsonaro perdeu 4.
O levantamento também detectou uma variação que era considerada improvável desde que o governo fez um investimento eleitoral pesado para pagar os benefícios turbinados do Auxílio Brasil: um avanço de Lula entre os mais pobres.
Na última semana, o ex-presidente ganhou cinco pontos percentuais na faixa de brasileiros com renda familiar de até dois salários mínimos. Agora, o petista aparece com 57% das intenções de voto no primeiro turno, contra 24% de Bolsonaro.
As variações apontam que Lula pode ter expandido seus domínios nas faixas do eleitorado que são mais simpáticas a ele e têm uma visão desfavorável de seu principal adversário.
Combinados, esses dois sentimentos parecem abrir brechas para uma adesão ao petista por oposição à ideia de continuidade de Bolsonaro no poder.
A campanha do atual presidente passou as últimas semanas num esforço para repetir a disseminação do antipetismo que impulsionou sua vitória em 2018. Mas seu principal obstáculo agora é uma rejeição cristalizada a sua própria candidatura.
Até aqui, Bolsonaro não conseguiu reduzir seus índices negativos em grupos numerosos e cruciais da disputa.
Os dados da nova pesquisa mostram que a rejeição a Bolsonaro permaneceu em 56% entre as mulheres –enquanto Lula ostenta um patamar bem mais baixo, de 36%.
Esse índice é praticamente o mesmo há um mês. Nesse período, Bolsonaro intensificou a participação da primeira-dama Michelle Bolsonaro na campanha, mas também entrou em conflito com a jornalista Vera Magalhães e entoou o coro de imbrochável no 7 de Setembro.
O presidente não teve fôlego para reverter seu mau desempenho entre os mais jovens: 62% dos eleitores de 16 a 24 anos dizem não votar em Bolsonaro de jeito nenhum. É um número bem maior do que os 48% de rejeição que ele tem entre os mais velhos.
Talvez o pior revés para o presidente, no entanto, seja a incapacidade de reduzir as resistências entre eleitores de baixa renda. Hoje, 59% dizem rejeitar Bolsonaro.
A campanha de Lula tenta tirar proveito de um antibolsonarismo que parece cristalizado para beliscar mais alguns pontos nesses grupos.
Os brasileiros de baixa renda são o principal foco: eles representam metade dos votos em disputa, o que significa que cada variação nesse grupo tem um peso considerável no placar final da corrida.
Considerando a situação atual de Lula, no limite de votos válidos para vencer no primeiro turno, um esforço para ganhar espaço nesse núcleo do eleitorado pode ser suficiente para fechar a fatura.
Para isso, o ex-presidente também precisaria manter suas posições nos demais segmentos do eleitorado –alguns deles simpáticos a Bolsonaro.
É o caso da classe média, em que o atual presidente cresceu quatro pontos na última semana, e do Sudeste, onde a diferença entre os dois caiu de nove para cinco pontos.
Ainda que a disputa não termine no dia 2, o fortalecimento de Lula em suas bases pode ser útil no segundo turno.
Uma nova largada teria o petista com uma vantagem difícil de reverter. Boa parte desse cenário se deve ao desempenho de Lula em fortalezas que Bolsonaro não conseguiu abalar.
Na simulação de segundo turno, o ex-presidente aparece com 64% das intenções de voto no segmento renda abaixo de dois salários mínimos, contra 29% de Bolsonaro.
Algo semelhante ocorre no Nordeste (27% do eleitorado). O petista supera Bolsonaro por 68% a 27%. Com esses números, Lula levaria da região uma vantagem de 13,5 milhões de votos para a disputa nacional.
Para tirar proveito dessa diferença no segundo turno, Lula precisaria resistir às investidas de seu adversário no Sudeste –onde Bolsonaro venceu em 2018 com 13 milhões de votos a mais que Fernando Haddad (PT).
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