Tereza Campello
Diretora Socioambiental do BNDES
Gabriel Aidar
Superintendente de Planejamento e Pesquisa Econômica do BNDES
Folha de S.Paulo
O BNDES foi alvo de afirmações incorretas em colunas recentes publicadas nesta Folha ("BNDES fecha a conta fiscal em troca de funding barato", 4/10, e "Governo Lula testa os limites com medida para turbinar crédito do BNDES", 30/9). Foram críticas de saudosistas de um BNDES desmontado e uma economia desaquecida, que ajudam a fomentar o terrorismo sobre as contas públicas e não contribuem para o debate sobre o futuro do banco no enfrentamento da crise climática e seu papel na corrida tecnológica global.
O BNDES voltou e é parte importante da retomada da economia e dos investimentos. Até setembro de 2024, as aprovações de crédito para a indústria saltaram 263% em comparação a igual período de 2022. Na infraestrutura, aprovamos mais crédito nos últimos 21 meses que nos quatro anos do último governo.
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Sede do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES), na região central do Rio de Janeiro - Lucas Tavares/Folhapress |
Com o aumento da temperatura global, eventos extremos se tornarão cada vez mais frequentes e exigirão investimentos em mitigação, adaptação e resposta a desastres. Na principal linha de defesa, o BNDES atua no combate ao desmatamento com o Fundo Amazônia. A partir de doações internacionais, o fundo, sob diretrizes do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, investe no fomento à bioeconomia e no restauro do bioma amazônico, além do repasse de recursos expressivos para aquisição de equipamentos de combate aos incêndios.
O BNDES, sob a liderança do governo federal, também retomou e reforçou fontes de recursos para investimentos verdes e estruturantes. Com o Fundo Social, apoiou a recuperação de empresas gaúchas afetadas pelas enchentes com R$ 10,6 bilhões. Para investimentos em adaptação e mitigação, o Fundo Clima foi capitalizado por meio de emissões de títulos verdes em R$ 10 bilhões e projeta-se R$ 32 bilhões até 2026. Para se ter dimensão da importância desse fundo, somente com os financiamentos, em 2023, de R$ 814 milhões, o BNDES contribuiu para evitar a emissão de 1.500 toneladas de CO2 equivalente ao ano, o mesmo que quatro meses sem carros na região metropolitana de São Paulo.
É importante explicar que é um equívoco comparar os empréstimos do Tesouro Nacional ao BNDES com a utilização de fundos públicos. O BNDES já retornou R$ 701 bilhões do empréstimo passado do Tesouro e virou essa página. Os recursos dos fundos, além de tramitarem no Orçamento e terem aprovação no Congresso, enquanto não aplicados em financiamentos, rendem Selic ao Tesouro e não geram lucro de tesouraria ao banco.
Outro erro é atribuir subsídios onde esses não existem. Atualmente, 80% dos desembolsos do BNDES são em operações com custos de mercado e sem impacto para o Tesouro. As novas taxas de juros do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), aprovadas pelo Congresso, são as taxas Selic e pré-fixada do título da dívida do Tesouro. Não há nenhum impacto na dívida pública ou subsídio. A única taxa incentivada no FAT, aprovada pelo Congresso em 2023, é a TR para inovação, que leva em conta o risco e a incerteza de operações que buscam recolocar empresas brasileiras na corrida tecnológica global. Há, contudo, limite a essas operações, de R$ 8 bilhões em 2024.
Há ainda críticas ao FGI (Fundo Garantidor de Investimentos). O BNDES vem reciclando o capital do fundo, sem novos aportes do Tesouro, e viabilizou mais R$ 100 bilhões de crédito privado garantido nos próximos anos sem custo fiscal. O aporte de R$ 500 milhões para a tragédia do Rio Grande do Sul permitiu alavancar mais R$ 2,6 bilhões de crédito garantido para as empresas gaúchas.
Além disso, mesmo com a recuperação dos financiamentos do BNDES, este representa 0,8% das concessões de crédito. Alegar que com esse tamanho o banco impacte a política monetária é achar que o rabo abana o cachorro.
O BNDES, instituição mais transparente da República segundo o Tribunal de Contas da União, voltou e tem crescimento de 10,7% na carteira de crédito neste ano e inadimplência de 0,07%. Seu lucro resulta de uma gestão financeira eficiente e da retomada do crédito, tendo obtido o terceiro melhor resultado do sistema financeiro no último trimestre. Isso viabilizou que o banco possa contribuir com R$ 25 bilhões em dividendos para o esforço fiscal do governo Lula em 2024.
É necessário olhar para frente e superar críticas anacrônicas. O enfrentamento dos novos desafios globais precisa do novo BNDES.
Há ainda críticas ao FGI (Fundo Garantidor de Investimentos). O BNDES vem reciclando o capital do fundo, sem novos aportes do Tesouro, e viabilizou mais R$ 100 bilhões de crédito privado garantido nos próximos anos sem custo fiscal. O aporte de R$ 500 milhões para a tragédia do Rio Grande do Sul permitiu alavancar mais R$ 2,6 bilhões de crédito garantido para as empresas gaúchas.
Além disso, mesmo com a recuperação dos financiamentos do BNDES, este representa 0,8% das concessões de crédito. Alegar que com esse tamanho o banco impacte a política monetária é achar que o rabo abana o cachorro.
O BNDES, instituição mais transparente da República segundo o Tribunal de Contas da União, voltou e tem crescimento de 10,7% na carteira de crédito neste ano e inadimplência de 0,07%. Seu lucro resulta de uma gestão financeira eficiente e da retomada do crédito, tendo obtido o terceiro melhor resultado do sistema financeiro no último trimestre. Isso viabilizou que o banco possa contribuir com R$ 25 bilhões em dividendos para o esforço fiscal do governo Lula em 2024.
É necessário olhar para frente e superar críticas anacrônicas. O enfrentamento dos novos desafios globais precisa do novo BNDES.
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