Bruno Boghossian
Folha de S.Paulo
Em duas semanas de campanha no segundo turno, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) tentaram apresentar ao eleitor sua melhor imagem e o que há de pior no lado oposto. Os dois podem ter fortalecido conexões com apoiadores, mas nenhum deles arrastou os votos que faltam para definir a disputa.
A estabilidade da nova pesquisa do Datafolha indica que uma faixa do eleitorado ainda não foi impactada de maneira decisiva pelas mensagens dos dois candidatos e prefere esperar antes de fazer uma escolha.
O quadro mantém Lula em posição mais confortável, uma vez que o petista carregou do primeiro para o segundo turno uma vantagem de 6 milhões de votos e mantém um bloco sólido na etapa atual.
Montagem mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro - Nelson Almeida e Evaristo Sá/AFP |
Lula parte de uma base de 48% das intenções de voto, considerando os eleitores que dizem votar "com certeza" no petista. Outros 6% dizem que podem votar no ex-presidente no segundo turno.
Bolsonaro tem um piso mais baixo, o que faz com que cada semana sem variação nos números torne mais difícil seu esforço para virar o jogo. De acordo com o Datafolha, 42% dos entrevistados afirmam votar no presidente, e mais 6% dizem que talvez façam o mesmo.
Os números desenham uma margem estreita para os movimentos das próximas semanas –o que amplia o foco das campanhas nesses poucos eleitores com voto aberto. Considerando os eleitores que admitem mudar de voto, é possível traçar um perfil que deve ser alvo de Lula e Bolsonaro. Há mais gente disposta a trocar de lado entre os mais jovens (11%), os mais pobres (8%) e aqueles que se declaram pretos (10%).
Estão na mesma situação os eleitores que votaram em Simone Tebet (MDB) no primeiro turno (24% podem mudar) e no pedetista Ciro Gomes (28%). Uma parcela considerável dos apoiadores de Simone e de Ciro, aliás, parece ter estacionado na opção de voto em branco ou nulo entre o primeiro e o segundo turno. É o caso de 22% dos eleitores da senadora e de 24% dos eleitores do ex-governador.
Os números sugerem que esses grupos não estão dispostos a escolher entre Lula e Bolsonaro, mas podem indicar que eles preparam uma decisão de última hora –ou até mesmo que não se sentem confortáveis para declarar voto em um dos dois.
Uma boa oportunidade para Bolsonaro expandir sua base neste segundo turno está no grupo que classifica o governo como regular (22% do eleitorado). Apostando na rejeição a Lula, ele tem a chance de converter votos de um segmento que não aprova sua gestão, mas também não a considera desastrosa.
Essa faixa dá vantagem a Lula (50% a 38%), mas 14% dos entrevistados dizem que ainda podem mudar de voto. Os eleitores que classificam o governo Bolsonaro como regular também são aqueles que mais declaram voto em branco ou nulo: 8%.
O quadro geral de eleitores indecisos e que podem mudar de voto ficou praticamente estável desde a última pesquisa, o que mostra que os eleitores não receberam nenhum estímulo forte o suficiente para fazer uma escolha definitiva. O congelamento dos números de rejeição reforça essa hipótese.
Após uma semana em que cada candidato trabalhou para vincular o adversário a criminosos, não variou significativamente o percentual de eleitores que dizem não votar em Lula ou Bolsonaro de jeito nenhum.
Com o clima acirrado, pouca coisa indica que terão sucesso em reduzir suas rejeições. Se a situação se mantiver assim, as taxas de intenção de voto tendem a se aproximar das cifras de rejeição do lado oposto.
Essa característica estimula o que seria um voto pragmático por oposição. O Datafolha perguntou aos eleitores se eles pretendem votar em um candidato porque ele é o melhor nome ou se a escolha tem o objetivo de derrotar o rival. Lula consegue agrupar uma fatia maior de eleitores que votam por oposição: 20% dos entrevistados que declaram voto no petista dizem fazê-lo para derrotar Bolsonaro, enquanto 13% dos eleitores do atual presidente afirmam que vão às urnas para evitar Lula.
Bolsonaro tem um piso mais baixo, o que faz com que cada semana sem variação nos números torne mais difícil seu esforço para virar o jogo. De acordo com o Datafolha, 42% dos entrevistados afirmam votar no presidente, e mais 6% dizem que talvez façam o mesmo.
Os números desenham uma margem estreita para os movimentos das próximas semanas –o que amplia o foco das campanhas nesses poucos eleitores com voto aberto. Considerando os eleitores que admitem mudar de voto, é possível traçar um perfil que deve ser alvo de Lula e Bolsonaro. Há mais gente disposta a trocar de lado entre os mais jovens (11%), os mais pobres (8%) e aqueles que se declaram pretos (10%).
Estão na mesma situação os eleitores que votaram em Simone Tebet (MDB) no primeiro turno (24% podem mudar) e no pedetista Ciro Gomes (28%). Uma parcela considerável dos apoiadores de Simone e de Ciro, aliás, parece ter estacionado na opção de voto em branco ou nulo entre o primeiro e o segundo turno. É o caso de 22% dos eleitores da senadora e de 24% dos eleitores do ex-governador.
Os números sugerem que esses grupos não estão dispostos a escolher entre Lula e Bolsonaro, mas podem indicar que eles preparam uma decisão de última hora –ou até mesmo que não se sentem confortáveis para declarar voto em um dos dois.
Uma boa oportunidade para Bolsonaro expandir sua base neste segundo turno está no grupo que classifica o governo como regular (22% do eleitorado). Apostando na rejeição a Lula, ele tem a chance de converter votos de um segmento que não aprova sua gestão, mas também não a considera desastrosa.
Essa faixa dá vantagem a Lula (50% a 38%), mas 14% dos entrevistados dizem que ainda podem mudar de voto. Os eleitores que classificam o governo Bolsonaro como regular também são aqueles que mais declaram voto em branco ou nulo: 8%.
O quadro geral de eleitores indecisos e que podem mudar de voto ficou praticamente estável desde a última pesquisa, o que mostra que os eleitores não receberam nenhum estímulo forte o suficiente para fazer uma escolha definitiva. O congelamento dos números de rejeição reforça essa hipótese.
Após uma semana em que cada candidato trabalhou para vincular o adversário a criminosos, não variou significativamente o percentual de eleitores que dizem não votar em Lula ou Bolsonaro de jeito nenhum.
Com o clima acirrado, pouca coisa indica que terão sucesso em reduzir suas rejeições. Se a situação se mantiver assim, as taxas de intenção de voto tendem a se aproximar das cifras de rejeição do lado oposto.
Essa característica estimula o que seria um voto pragmático por oposição. O Datafolha perguntou aos eleitores se eles pretendem votar em um candidato porque ele é o melhor nome ou se a escolha tem o objetivo de derrotar o rival. Lula consegue agrupar uma fatia maior de eleitores que votam por oposição: 20% dos entrevistados que declaram voto no petista dizem fazê-lo para derrotar Bolsonaro, enquanto 13% dos eleitores do atual presidente afirmam que vão às urnas para evitar Lula.
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