João Pedro Pitombo
Nomes como o senador Rogério Marinho (RN), os ex-ministros João Roma (BA) e Gilson Machado (PE), e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (AL), trabalham para estruturar os diretórios locais do PL com o objetivo de pavimentar candidaturas para as eleições de 2024 e 2026.
O desafio não é pequeno. Em 2022, os estados do Nordeste deram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma frente de 12,5 milhões de votos no segundo turno contra Bolsonaro, determinante para a vitória do petista.
Ao mesmo tempo, o campo conservador no Nordeste enfrenta disputas internas com embates entre o "bolsonarismo raiz" mais radical, os neobolsonaristas, além dos quadros históricos do PL.
As dissidências são outro problema: prefeitos do PL começam a migrar para partidos aliados a Lula, assim como deputados estaduais do partido passaram a fazer parte da base aliada de governadores de esquerda.
O ex-presidente acompanha as movimentações e mantém o Nordeste em seu radar. Após voltar ao Brasil no fim de março, sinalizou que quer percorrer a região onde teve seu pior desempenho nas urnas.
Aliados exaltam obras como a transposição do rio São Francisco, cujas obras chegaram a 90% de andamento em governos anteriores, e programas como o Auxílio Brasil, que foi novamente substituído pelo Bolsa Família.
"Nós temos a obrigação de defender o legado de Bolsonaro no Nordeste", afirma Marcelo Queiroga, paraibano e ex-ministro da Saúde.
Um dos principais desafios do bolsonarismo é transformar o apoio difuso de parcela do eleitorado ao ex-presidente em força partidária organizada, sobretudo nos pequenos municípios nordestinos.
O foco inicial são as eleições municipais, consideradas cruciais para fortalecer as bases e criar mais capilaridade para a disputa de 2026, quando estará em jogo a Presidência, governos e Congresso.
"É natural que existam as disputas por espaços partidários e por candidaturas. Mas não é esse o caminho que o PL pretende trilhar. Queremos aglutinar forças, não discutir quem é mais autêntico ou quem deve ter protagonismo", avalia João Roma, ex-ministro da Cidadania e presidente do PL na Bahia.
Derrotado na disputa pelo governo baiano, ele é cotado para disputar a Prefeitura de Salvador, mas admite uma possível composição com o prefeito Bruno Reis (União Brasil), deixando de lado as rusgas com o seu antigo padrinho político ACM Neto.
Ao mesmo tempo, iniciou uma rotina de viagens ao interior do estado para articular alianças com políticos alinhados a Bolsonaro. Em entrevistas, deixa pautas de costumes em segundo plano e tem apostado em temas como impostos, segurança pública e agronegócio.
Mas enfrenta dissidências no partido. O deputado federal João Carlos Bacelar (PL) votou com a base a favor da PEC da Transição e tem sinalizado apoio ao presidente Lula.
Na Assembleia Legislativa, apenas 2 dos 4 deputados do PL fazem oposição ao governador Jerônimo Rodrigues (PT). O deputado Vitor Azevedo, ligado ao ex-ministro, mantém pontes com o governo petista. Já o deputado Raimundinho da JR (PL) foi além e se tornou vice-líder da maioria.
Também há baixas nos municípios. Em janeiro, o prefeito da cidade de Planaltino (320 km de Salvador), Ronaldo Lisboa da Silva, trocou o PL pelo PT.
Roma diz que as dissidências geram desconforto, mas descarta punições: "Não vamos transformar o partido em tribunal. Cada parlamentar deve satisfação ao seu eleitor".
A situação é parecida no Ceará, onde quadros do PL assumiram cargos na Prefeitura de Fortaleza a convite do prefeito José Sarto (PDT), aliado dos irmãos Cid e Ciro Gomes. Dentre ele está Raimundo Gomes de Matos, que foi candidato a vice-governador pelo PL em 2022.
Em Pernambuco, a disputa entre os bolsonaristas gira em torno das tratativas para as eleições municipais. Gilson Machado, ex-ministro do Turismo e derrotado para o Senado no ano passado, quer aproveitar o capital político conquistado para disputar a Prefeitura do Recife.
Conhecido pela proximidade com Bolsonaro, o que incluía tocar sanfona nas lives do então presidente, Machado se vale das relações pessoais para pavimentar a candidatura. Na semana passada, recebeu o apoio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.
Mas tem um adversário forte na disputa interna: André Ferreira (PL), deputado federal mais votado em Pernambuco. Ele é e irmão de Anderson Ferreira, candidato a governador derrotado que se aproximou da governadora Raquel Lyra (PSDB) e fez indicações de cargos na gestão estadual.
Fora do partido, também se movimentam outros nomes do campo bolsonarista como a deputada federal Clarissa Tércio (PP).
Também há uma disputa em curso na Paraíba, onde dois dos principais quadros do bolsonarismo querem disputar a Prefeitura de João Pessoa: o radialista Nilvan Ferreira e deputado estadual Walber Virgolino, ambos do PL.
Os números de 2022 animam a tropa de aliados do ex-presidente, que perdeu para Lula na capital paraibana por 925 votos. No primeiro turno, Nilvan Ferreira foi o candidato ao governo mais votado na cidade, mas terminou em terceiro no somatório dos votos do estado.
Nilvan prega a unidade: "Nossa divisão significa o fortalecimento da esquerda. Precisamos focar em um processo profundo de reorganização do nosso campo".
No estado, o PL é comandado pelo deputado federal Wellington Roberto, que não tem uma trajetória no bolsonarismo raiz. Ele foi um dos dez deputados da sigla que acompanharam a base de Lula e votaram a favor da PEC da Transição.
O bolsonarismo também trabalha para ganhar fôlego em Alagoas e no Rio Grande do Norte, dois estados onde a sigla caminha para ter candidaturas competitivas ao governo em 2026.
Em Alagoas, o partido recebeu o reforço do prefeito de Maceió João Henrique Caldas, conhecido como JHC, que trocou o PSB pelo PL em meio a campanha eleitoral do ano passado. Caso seja reeleito no próximo ano, ele é um virtual candidato ao governo de Alagoas.
Já no Rio Grande do Norte, o senador Rogério Marinho (PL) deve concorrer à sucessão da governadora Fátima Bezerra (PT). Ele foi o único candidato do PL a vencer uma disputa majoritária no Nordeste em 2022 e se tornou líder da oposição a Lula no Congresso.
Em outros estados, por outro lado, há um refluxo de líderes políticos ligados ao bolsonarismo. É o caso do Maranhão, onde o candidato ao governo derrotado Lahesio Bonfim se filiou ao partido Novo em cerimônia com a participação de Romeu Zema, governador de Minas e potencial candidato ao Planalto.
Derrotados em disputas para governos estaduais no Nordeste no ano passado, aliados de Jair Bolsonaro (PL) miram o espólio de votos do ex-presidente e tentam se firmar como líderes da direita conservadora em seus estados.
O movimento é liderado sobretudo por ex-ministros do governo Bolsonaro, que atuam para consolidar bases eleitorais e ganhar capilaridade fora dos grandes centros urbanos.
O movimento é liderado sobretudo por ex-ministros do governo Bolsonaro, que atuam para consolidar bases eleitorais e ganhar capilaridade fora dos grandes centros urbanos.
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) acompanham motociata em Salvador em julho de 2022 - Arisson Marinho-2.jul.22/AFP |
Nomes como o senador Rogério Marinho (RN), os ex-ministros João Roma (BA) e Gilson Machado (PE), e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (AL), trabalham para estruturar os diretórios locais do PL com o objetivo de pavimentar candidaturas para as eleições de 2024 e 2026.
O desafio não é pequeno. Em 2022, os estados do Nordeste deram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma frente de 12,5 milhões de votos no segundo turno contra Bolsonaro, determinante para a vitória do petista.
Ao mesmo tempo, o campo conservador no Nordeste enfrenta disputas internas com embates entre o "bolsonarismo raiz" mais radical, os neobolsonaristas, além dos quadros históricos do PL.
As dissidências são outro problema: prefeitos do PL começam a migrar para partidos aliados a Lula, assim como deputados estaduais do partido passaram a fazer parte da base aliada de governadores de esquerda.
O ex-presidente acompanha as movimentações e mantém o Nordeste em seu radar. Após voltar ao Brasil no fim de março, sinalizou que quer percorrer a região onde teve seu pior desempenho nas urnas.
Aliados exaltam obras como a transposição do rio São Francisco, cujas obras chegaram a 90% de andamento em governos anteriores, e programas como o Auxílio Brasil, que foi novamente substituído pelo Bolsa Família.
"Nós temos a obrigação de defender o legado de Bolsonaro no Nordeste", afirma Marcelo Queiroga, paraibano e ex-ministro da Saúde.
Um dos principais desafios do bolsonarismo é transformar o apoio difuso de parcela do eleitorado ao ex-presidente em força partidária organizada, sobretudo nos pequenos municípios nordestinos.
O foco inicial são as eleições municipais, consideradas cruciais para fortalecer as bases e criar mais capilaridade para a disputa de 2026, quando estará em jogo a Presidência, governos e Congresso.
"É natural que existam as disputas por espaços partidários e por candidaturas. Mas não é esse o caminho que o PL pretende trilhar. Queremos aglutinar forças, não discutir quem é mais autêntico ou quem deve ter protagonismo", avalia João Roma, ex-ministro da Cidadania e presidente do PL na Bahia.
Derrotado na disputa pelo governo baiano, ele é cotado para disputar a Prefeitura de Salvador, mas admite uma possível composição com o prefeito Bruno Reis (União Brasil), deixando de lado as rusgas com o seu antigo padrinho político ACM Neto.
Ao mesmo tempo, iniciou uma rotina de viagens ao interior do estado para articular alianças com políticos alinhados a Bolsonaro. Em entrevistas, deixa pautas de costumes em segundo plano e tem apostado em temas como impostos, segurança pública e agronegócio.
Mas enfrenta dissidências no partido. O deputado federal João Carlos Bacelar (PL) votou com a base a favor da PEC da Transição e tem sinalizado apoio ao presidente Lula.
Na Assembleia Legislativa, apenas 2 dos 4 deputados do PL fazem oposição ao governador Jerônimo Rodrigues (PT). O deputado Vitor Azevedo, ligado ao ex-ministro, mantém pontes com o governo petista. Já o deputado Raimundinho da JR (PL) foi além e se tornou vice-líder da maioria.
Também há baixas nos municípios. Em janeiro, o prefeito da cidade de Planaltino (320 km de Salvador), Ronaldo Lisboa da Silva, trocou o PL pelo PT.
Roma diz que as dissidências geram desconforto, mas descarta punições: "Não vamos transformar o partido em tribunal. Cada parlamentar deve satisfação ao seu eleitor".
A situação é parecida no Ceará, onde quadros do PL assumiram cargos na Prefeitura de Fortaleza a convite do prefeito José Sarto (PDT), aliado dos irmãos Cid e Ciro Gomes. Dentre ele está Raimundo Gomes de Matos, que foi candidato a vice-governador pelo PL em 2022.
Em Pernambuco, a disputa entre os bolsonaristas gira em torno das tratativas para as eleições municipais. Gilson Machado, ex-ministro do Turismo e derrotado para o Senado no ano passado, quer aproveitar o capital político conquistado para disputar a Prefeitura do Recife.
Conhecido pela proximidade com Bolsonaro, o que incluía tocar sanfona nas lives do então presidente, Machado se vale das relações pessoais para pavimentar a candidatura. Na semana passada, recebeu o apoio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente.
Mas tem um adversário forte na disputa interna: André Ferreira (PL), deputado federal mais votado em Pernambuco. Ele é e irmão de Anderson Ferreira, candidato a governador derrotado que se aproximou da governadora Raquel Lyra (PSDB) e fez indicações de cargos na gestão estadual.
Fora do partido, também se movimentam outros nomes do campo bolsonarista como a deputada federal Clarissa Tércio (PP).
Também há uma disputa em curso na Paraíba, onde dois dos principais quadros do bolsonarismo querem disputar a Prefeitura de João Pessoa: o radialista Nilvan Ferreira e deputado estadual Walber Virgolino, ambos do PL.
Os números de 2022 animam a tropa de aliados do ex-presidente, que perdeu para Lula na capital paraibana por 925 votos. No primeiro turno, Nilvan Ferreira foi o candidato ao governo mais votado na cidade, mas terminou em terceiro no somatório dos votos do estado.
Nilvan prega a unidade: "Nossa divisão significa o fortalecimento da esquerda. Precisamos focar em um processo profundo de reorganização do nosso campo".
No estado, o PL é comandado pelo deputado federal Wellington Roberto, que não tem uma trajetória no bolsonarismo raiz. Ele foi um dos dez deputados da sigla que acompanharam a base de Lula e votaram a favor da PEC da Transição.
O bolsonarismo também trabalha para ganhar fôlego em Alagoas e no Rio Grande do Norte, dois estados onde a sigla caminha para ter candidaturas competitivas ao governo em 2026.
Em Alagoas, o partido recebeu o reforço do prefeito de Maceió João Henrique Caldas, conhecido como JHC, que trocou o PSB pelo PL em meio a campanha eleitoral do ano passado. Caso seja reeleito no próximo ano, ele é um virtual candidato ao governo de Alagoas.
Já no Rio Grande do Norte, o senador Rogério Marinho (PL) deve concorrer à sucessão da governadora Fátima Bezerra (PT). Ele foi o único candidato do PL a vencer uma disputa majoritária no Nordeste em 2022 e se tornou líder da oposição a Lula no Congresso.
Em outros estados, por outro lado, há um refluxo de líderes políticos ligados ao bolsonarismo. É o caso do Maranhão, onde o candidato ao governo derrotado Lahesio Bonfim se filiou ao partido Novo em cerimônia com a participação de Romeu Zema, governador de Minas e potencial candidato ao Planalto.
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