Um golpe no coração do regime. É assim que imediatamente se apresenta a morte de elementos do círculo mais restrito do aparato de defesa e de inteligência do governo sírio.
Ainda não se sabe ao certo como ele foi desferido e versões contraditórias se sucedem. A verdade talvez não venha à tona, mas essa seria uma informação valiosa que nos ajudaria a entender melhor o cenário sírio.
Caso se trate de um ataque suicida, além de jogar uma sombra sobre a imagem da oposição, por conta do uso de meios ilegítimos de violência, isso apontaria para um papel até agora pouco discutido de grupos extremistas no seio da insurgência.
Se a tese de uma bomba plantada no local da reunião for a verdadeira, será preciso considerar uma combinação de fatores, alguns mais verossímeis do que outros: falhas no aparato de segurança, prováveis; uma grande organização da insurgência, pouco provável; e alguma participação de atores externos, a não ser desprezada.
Como quer que seja, há algumas apostas seguras sobre o que resultará deste evento. A mais importante delas é que a violência vai se intensificar.
Por um lado, assim como o gradual reconhecimento de que uma guerra civil se instalava e de que, portanto, a violência tinha dois lados, permitiu ao regime um uso mais indiscriminado da força, este último golpe tenderá a alimentar esse senso de violência justificada.
Por outro lado, na medida em que esse golpe será percebido pela insurgência como uma vitória importante e um sinal da iminência da queda do regime, ele servirá a alimentar a sua disposição para o combate.
E por trás desse cenário interno, em que dois lados estão dispostos para uma luta sangrenta e duradoura, se estende um pano de fundo em que rivalidades regionais e globais reforçam a dinâmica de conflito aberto.
Já não é segredo que a insurgência é armada e apoiada por atores regionais, com o beneplácito ou a participação ativa de potências ocidentais, assim como está clara a importância que tem para o regime o apoio de alguns países.
Assim, o que se costuma chamar de comunidade internacional está efetivamente alimentando uma guerra civil em que o espírito que de início animava as revoltas árabes, uma vontade de autonomia e liberdade, vai aos poucos se afogando e diluindo.
Esses braços externos, que hoje tem por um campo de batalha o Conselho de Segurança, só deixarão de alimentar o conflito quando o custo político for muito alto ou o forem os riscos percebidos para os próprios interesses.
Quando esse dia chegar, e algum tipo de compromisso for tentado, restará saber se isso bastará para apagar o fogo.
Ainda não se sabe ao certo como ele foi desferido e versões contraditórias se sucedem. A verdade talvez não venha à tona, mas essa seria uma informação valiosa que nos ajudaria a entender melhor o cenário sírio.
Caso se trate de um ataque suicida, além de jogar uma sombra sobre a imagem da oposição, por conta do uso de meios ilegítimos de violência, isso apontaria para um papel até agora pouco discutido de grupos extremistas no seio da insurgência.
Se a tese de uma bomba plantada no local da reunião for a verdadeira, será preciso considerar uma combinação de fatores, alguns mais verossímeis do que outros: falhas no aparato de segurança, prováveis; uma grande organização da insurgência, pouco provável; e alguma participação de atores externos, a não ser desprezada.
Como quer que seja, há algumas apostas seguras sobre o que resultará deste evento. A mais importante delas é que a violência vai se intensificar.
Por um lado, assim como o gradual reconhecimento de que uma guerra civil se instalava e de que, portanto, a violência tinha dois lados, permitiu ao regime um uso mais indiscriminado da força, este último golpe tenderá a alimentar esse senso de violência justificada.
Por outro lado, na medida em que esse golpe será percebido pela insurgência como uma vitória importante e um sinal da iminência da queda do regime, ele servirá a alimentar a sua disposição para o combate.
E por trás desse cenário interno, em que dois lados estão dispostos para uma luta sangrenta e duradoura, se estende um pano de fundo em que rivalidades regionais e globais reforçam a dinâmica de conflito aberto.
Já não é segredo que a insurgência é armada e apoiada por atores regionais, com o beneplácito ou a participação ativa de potências ocidentais, assim como está clara a importância que tem para o regime o apoio de alguns países.
Assim, o que se costuma chamar de comunidade internacional está efetivamente alimentando uma guerra civil em que o espírito que de início animava as revoltas árabes, uma vontade de autonomia e liberdade, vai aos poucos se afogando e diluindo.
Esses braços externos, que hoje tem por um campo de batalha o Conselho de Segurança, só deixarão de alimentar o conflito quando o custo político for muito alto ou o forem os riscos percebidos para os próprios interesses.
Quando esse dia chegar, e algum tipo de compromisso for tentado, restará saber se isso bastará para apagar o fogo.
Sobre o autor
Salem H. Nasser é coordenador do Centro de Direito Global da Faculdade de Direito da Fundação Getulio Vargas.
Salem H. Nasser é coordenador do Centro de Direito Global da Faculdade de Direito da Fundação Getulio Vargas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário