Gustavo Zeitel
Folha de S.Paulo
Por definição, o desfile cívico-militar de 7 de Setembro não está à mercê dos desvarios da política brasileira. Sua simbologia deve transmitir a estabilidade das instituições, garantindo a continuidade da soberania nacional. Os ideais governistas se restringem, então, às margens das avenidas de Brasília. O lema "democracia, união e soberania" adotado pelo presidente Lula, do PT, se esmerou nos detalhes, no desfile desta quinta-feira.
De início, esteve presente no tubinho vermelho, vestido pela primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja. Coube a ela comunicar aos brasileiros que o desfile se daria, novamente, sob a égide de um governo petista. O presidente, ele próprio, preferiu usar um terno azul-marinho, adornado por uma gravata com as cores da bandeira. Sem usar o vermelho, Lula expressou o desejo de governar para todos, em mais um gesto de pacificação do país, ideologicamente dividido.
Em termos práticos, o público acompanhou um ritual, alicerçado na ordem e na repetição, que lembra, todos os anos, a soberania política e territorial do Brasil. Os símbolos, dispostos na Esplanada, pouco têm a ver com os temas da ordem do dia. Para os organizadores, a estratégia é se apropriar do desfile, de modo a expressar uma mensagem. Ou seja, o símbolo é uma redundância. O importante é o que se diz sobre ele.
Nesse sentido, a parada cívico-militar estabeleceu um contraponto à ideologia do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL. O Zé Gotinha, mascote da vacinação do SUS, desfilou em um carro dos bombeiros, reforçando o respeito à ciência, sobretudo depois dos anos de pandemia. A presença da mascote homenageou os profissionais da saúde e louvou os esforços da ciência.
Em outro momento, indígenas que integram as Forças Armadas se posicionaram diante do palanque das autoridades e, cada um deles, fez um breve discurso, em suas respectivas línguas, para a reverência da Ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara. No palanque, foi sentida a ausência de Ana Moser, demitida ontem da pasta do Esporte, numa tentativa de Lula conseguir um apoio mais efetivo do centrão.
A transmissão ao vivo do desfile, feita pela TV do governo, reforçou o respeito ao meio ambiente, durante as manobras das aeronaves da Esquadrilha da Fumaça. Os apresentadores ressaltaram que a fumaça era feita com um lubrificante biodegradável, substância que não poluiria o ambiente.
Às margens da Esplanada, o público que se adensava às grades misturava o vermelho, do PT, às cores da bandeira. O verde e amarelo, símbolo do nacionalismo de Jair Bolsonaro, ganhou novos matizes, incorporando a diversidade ideológica. Não raro, as pessoas, vestidas de verde e amarelo, faziam o sinal de L, de Lula, para as câmeras da transmissão ao vivo.
Desse modo, o pronunciamento presidencial em rede nacional, realizado na véspera do desfile de 7 de Setembro, pode ser considerado como uma preparação para a data cívica. Aproveitando para fazer um balanço do governo, Lula deu o tom das comemorações, afirmando que a democracia é o pilar para a construção do futuro dos brasileiros.
Em 2021, Jair Bolsonaro havia utilizado a data para defender os próprios interesses e chamou até o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, de canalha. No ano passado, a data mobilizou multidões pelo país, num ambiente em que a comemoração dos 200 anos da Independência havia se transformado em uma propaganda eleitoral.
Se o desfile de caças e tanques serviu agora para destacar o investimento científico, a parada cívico-militar tinha conotação bélica —portanto, literal— no governo passado.
Do mesmo modo, o verde e amarelo de seus apoiadores, que lotaram as principais cidades do país, demonstraram o ufanismo, que caracterizou o mandato de Bolsonaro. Não raro, os seguidores do ex-presidente expressavam saudades da ditadura militar, numa equação torta para conjugar soberania e democracia.
Em termos práticos, o público acompanhou um ritual, alicerçado na ordem e na repetição, que lembra, todos os anos, a soberania política e territorial do Brasil. Os símbolos, dispostos na Esplanada, pouco têm a ver com os temas da ordem do dia. Para os organizadores, a estratégia é se apropriar do desfile, de modo a expressar uma mensagem. Ou seja, o símbolo é uma redundância. O importante é o que se diz sobre ele.
Nesse sentido, a parada cívico-militar estabeleceu um contraponto à ideologia do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL. O Zé Gotinha, mascote da vacinação do SUS, desfilou em um carro dos bombeiros, reforçando o respeito à ciência, sobretudo depois dos anos de pandemia. A presença da mascote homenageou os profissionais da saúde e louvou os esforços da ciência.
Em outro momento, indígenas que integram as Forças Armadas se posicionaram diante do palanque das autoridades e, cada um deles, fez um breve discurso, em suas respectivas línguas, para a reverência da Ministra dos Povos Originários, Sonia Guajajara. No palanque, foi sentida a ausência de Ana Moser, demitida ontem da pasta do Esporte, numa tentativa de Lula conseguir um apoio mais efetivo do centrão.
A transmissão ao vivo do desfile, feita pela TV do governo, reforçou o respeito ao meio ambiente, durante as manobras das aeronaves da Esquadrilha da Fumaça. Os apresentadores ressaltaram que a fumaça era feita com um lubrificante biodegradável, substância que não poluiria o ambiente.
Às margens da Esplanada, o público que se adensava às grades misturava o vermelho, do PT, às cores da bandeira. O verde e amarelo, símbolo do nacionalismo de Jair Bolsonaro, ganhou novos matizes, incorporando a diversidade ideológica. Não raro, as pessoas, vestidas de verde e amarelo, faziam o sinal de L, de Lula, para as câmeras da transmissão ao vivo.
Desse modo, o pronunciamento presidencial em rede nacional, realizado na véspera do desfile de 7 de Setembro, pode ser considerado como uma preparação para a data cívica. Aproveitando para fazer um balanço do governo, Lula deu o tom das comemorações, afirmando que a democracia é o pilar para a construção do futuro dos brasileiros.
Em 2021, Jair Bolsonaro havia utilizado a data para defender os próprios interesses e chamou até o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, de canalha. No ano passado, a data mobilizou multidões pelo país, num ambiente em que a comemoração dos 200 anos da Independência havia se transformado em uma propaganda eleitoral.
Se o desfile de caças e tanques serviu agora para destacar o investimento científico, a parada cívico-militar tinha conotação bélica —portanto, literal— no governo passado.
Do mesmo modo, o verde e amarelo de seus apoiadores, que lotaram as principais cidades do país, demonstraram o ufanismo, que caracterizou o mandato de Bolsonaro. Não raro, os seguidores do ex-presidente expressavam saudades da ditadura militar, numa equação torta para conjugar soberania e democracia.
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