15 de novembro de 2001

A luta contra a fraseologia revolucionária e a refundação marxista e comunista

Domenico Losurdo


Tradução / Na extraordinária personalidade e atividade de Lênin, existe um aspecto escassamente estudado mas que apresenta uma dimensão ao mesmo tempo teórica e pedagógica: a luta contra a “frase revolucionária”, altissonante e oca. Todo movimento que queira pensar e agir politicamente, sem “embalar-se nas palavras, nas declamações e nas exclamações”, deve desvencilhar-se dela e permanecer em constante vigilância contra ela¹. O problema se coloca de forma particularmente aguda para as classes populares que, por causa de sua subordinação social, não têm nenhuma experiência de gestão do poder e, ademais, não pretendem limitar-se a administrar o existente, mas aspiram a modificá-lo profundamente. Esta ambição é legítima e justa, mas implícito nela encontra-se um grave risco: em situações complexas e difíceis, à ação política e à análise concreta da situação concreta que constitui seu pressuposto inelutável, tende-se a substituir a efusão sentimental e emotiva ou, pior ainda, o gesto estetizante de quem contrapõe a excelência de suas intenções ao difícil e tortuoso empenho na transformação do real.

Não por acaso foi no período imediatamente posterior à revolução de Outubro que Lênin se empenhou, de modo particular, na luta contra a “frase revolucionária”. Era necessário levar em conta que o quadro político estava radicalmente mudado. Entretanto, “a ‘fraseologia revolucionária’ consiste na repetição das palavras de ordem revolucionárias, sem considerar as circunstâncias objetivas no momento de uma reviravolta dos acontecimentos”. A situação em que se encontrava o novo poder soviético era bastante difícil, repentinamente assaltado pela agressão imperialista, além daquela da Vendéia reacionária. Como enfrentar o ataque de forças avassaladoras? Qual inimigo devia ser considerado o mais perigoso? E quais compromissos podiam resultar úteis ou indispensáveis à causa da salvação do poder soviético? Mas “os heróis da ‘fraseologia revolucionária’ desdenham essa tática”. Na prática, a “fraseologia revolucionária” é uma palavra de ordem que exprime tão-somente “sentimento, cólera, indignação”².

Após a queda do “socialismo real” e a ascensão triunfante dos EUA como única superpotência planetária, os comunistas são chamados a desenvolver um novo reconhecimento do terreno no plano nacional e internacional. Pode então ser útil uma análise das “frases revolucionárias” mais difundidas que, numa análise atenta, revelam-se freqüentemente como novos ecos dos lugares comuns da ideologia burguesa.

1. Os “novos Hitler”: de um Estado pária ao outro

Nos últimos tempos, assistiu-se a um espetáculo extraordinário, com a formação de uma gigantesca frente unida mundial contra o “novo Hitler”, representado pelo líder de um partido que passou a fazer parte do governo austríaco: é o governador da Caríntia (Áustria), Jürg Haider, uma espécie de Bossi³ ao molho local.

A formação política dirigida por ele é um típico produto da globalização capitalista: goza das vantagens decorrentes da possibilidade, para os países industrializados mais avançados, de exportar mercadorias para o mundo todo, mas olha com horror a outra face da medalha do mercado global, a mobilidade da força de trabalho em escala planetária e a conseqüente corrente migratória de uma massa de desesperados que busca fugir do subdesenvolvimento e da fome. Como sempre, nesses casos, juntamente com a atitude racista perante os recém-chegados ou os que se amontoam às portas, manifesta-se o revisionismo, através da tentativa de repor em discussão ou de liquidar a gigantesca onda revolucionária que, enraizada no Outubro bolchevique, investiu contra o colonialismo e o racismo, submergindo o fascismo e o nazismo, isto é, os regimes empenhados em perpetuar e radicalizar ao extremo o domínio ocidental, branco e ariano. Estamos em presença de processos ideológicos e políticos que, com diversas modalidades, encontram sua expressão em personagens como Haider, Bossi, Le Pen (4).

Não se trata tão-somente da Europa. Nos confins meridionais dos Estados Unidos, um muro propriamente dito impede o acesso dos imigrantes provenientes do México, ao mesmo tempo em que se avolumam as vozes que lamentam os efeitos de aviltamento e de desnaturamento da autenticidade americana e anglo-saxã provocados pelo fluxo de latinos. Numa difusa ideologia reacionária, os latinos tendem a ser amalgamados com os negros. Esses, desde sempre relegados ao segmento inferior do mercado de trabalho, continuam a ser alvo de preconceitos e de estereótipos: libelos e livros “respeitáveis” esforçam-se em demonstrar “cientificamente” a inferioridade intelectual dos negros e a reabilitar a Confederação secessionista e escravagista cuja bandeira é, até hoje, no Sul dos EUA, desfraldada orgulhosamente pelos herdeiros dos ex-proprietários de escravos para ulterior humilhação das vítimas do Holocausto negro e de seus descendentes.

Impõem-se a vigilância e a luta contra esses movimentos e essas tendências, e reconheça-se aos comunistas austríacos o mérito de colocar-se à frente das manifestações populares de protesto contra Haider. Isso significa que devemos reconhecer à União Européia o direito de interferir nos assuntos internos da Áustria? Em que direção se fará valer esse precedente? Ao analisar o desenvolvimento político em curso na República Checa, a imprensa estadunidense deixa escapar algumas indicações: “Faltam ainda dois anos para as próximas eleições, mas se o Partido Comunista, que dobrou seus sufrágios nesses últimos dois anos, continuar a crescer”, após a Áustria de Haider, um outro Estado “pária” deverá ser enfrentado pela União Européia (5).

Nesse ponto, as dúvidas deveriam aumentar: não é suspeita a atual campanha que põe em mira um país, a Áustria, que se recusou a participar, de modo direto ou indireto, da guerra contra a Iugoslávia e que não participa nem pretende participar da Otan? Somos reconduzidos à trágica realidade da guerra nos Bálcãs: é ali que está em curso uma limpeza étnica, da qual são protagonistas os próprios países e governos que, hoje, dilaceram suas vestes por causa de Haider. Sem jamais pôr em surdina a luta contra a xenofobia, uma esquerda digna desse nome deveria estar muito atenta para não se colocar a reboque dos açougueiros de Washington e das diversas capitais européias.

E, no entanto...

2. Da guerra civil revolucionária às guerras de liberação e de defesa nacional

Para compreender a enésima manifestação de subordinação da esquerda e sua permanente incapacidade de elaborar uma estratégia autônoma, convém refletir sobre a história do movimento comunista internacional, acompanhada como uma sombra por uma fraqueza de fundo, teórica e política: a tendência a fazer apelo à analogia ao invés da análise concreta de uma situação concreta. A Revolução de Outubro estourou a partir da transformação da guerra imperialista em guerra civil revolucionária: Lênin desmascara o caráter mistificador das palavras de ordem de defesa da pátria e apela para que, em cada realidade nacional, os comunistas se empenhem em primeiro lugar na derrota de seus próprios países e de seus próprios governos. Foi na crista dessas gigantescas lutas que surgiu a Terceira Internacional. Inegáveis e enormes são seus méritos históricos, mas, com o passar do tempo, acabou vacilante e exaurida, sem ter elaborado uma estratégia à altura da situação radicalmente nova que se tinha criado. Revelou-se difusa e tenaz a tendência de pensar a nova onda revolucionária que tomava corpo com base nos moldes que tinham aberto a via à Rússia soviética; examinava-se o horizonte em busca da nova guerra imperialista a ser transformada, mais uma vez e segundo um modelo já consolidado, em guerra civil revolucionária.

Não se levava em conta que, justamente em virtude de sua vitória, os bolcheviques tinham tornado improvável ou impossível a repetição mecânica da experiência anterior. Ao contrário, Lênin estava consciente da mudança de rumos: “A partir de outubro de 1917, nos tornamos todos defensistas, partidários da defesa da pátria” (6). A própria existência da Rússia soviética, resultado da revolução vitoriosa, representava a erupção de um elemento completamente ausente do primeiro conflito mundial: em cada país, os comunistas deviam levá-lo em conta se quisessem proceder à análise concreta da guerra concreta.

Mas não era somente a existência de um país empenhado na construção do socialismo que conferia uma natureza e um significado novo às crises bélicas que iam se avolumando. Não se pode perder de vista o fato de que, junto ao apelo para a transformação da guerra imperialista em guerra revolucionária, os bolcheviques lançaram também um apelo aos escravos das colônias para que rompessem suas correntes e, portanto, conduzissem guerras de libertação nacional contra a dominação imperialista das grandes potências. O nazi-fascismo apresentou-se como um movimento de reação, e de reação extrema, também perante esse segundo apelo. Às vésperas do início oficial da segunda guerra mundial, antes mesmo da agressão contra a Polônia e a URSS, a Alemanha nazista desmembrava a Checoslováquia e declarava de forma explícita que a Boêmia-Morávia era um “protetorado” do Terceiro Reich: a linguagem e as instituições da tradição colonial eram explicitamente reivindicadas e seu âmbito de aplicação estendido até a Europa oriental. Foi lá que Hitler pretendeu edificar “as Índias alemãs”, dizimando a população local, apropriando-se de suas terras e transformando os sobreviventes em força de trabalho servil para a “raça dos senhores”.

Isso significa que, desde o início, o segundo conflito mundial apresentava características radicalmente distintas do primeiro: não se tratava mais de transformar a guerra imperialista em guerra civil revolucionária; a luta contra o imperialismo entrelaçava-se estreitamente ao apoio às guerras de libertação nacional dos povos atingidos pela nova leva de expansão colonial e à guerra pela defesa da União Soviética. Por fim, os comunistas alemães, italianos e japoneses lutavam sim pela derrota de seus respectivos governos e países, mas também – e isso era uma mudança radical em relação ao período de 1914-18 – pela vitória da guerra de defesa e de independência nacional da URSS, da Iugoslávia, da Albânia, da China. Para citar apenas um exemplo, pensemos nos soldados italianos enviados aos Bálcãs pelo governo fascista, que se alistaram nas fileiras dos “partisans” iugoslavos e albaneses, empenhados numa guerra de libertação nacional.

O movimento comunista se dá conta dessas mudanças radicais, sobretudo a partir do VII Congresso da Internacional (1935). É um complexo processo de aprendizagem que ocorre em condições dramáticas, enquanto se tornam cada vez mais ameaçadores os perigos da guerra e do fascismo. Às dificuldades da situação objetiva agregam-se fatores subjetivos: inexperiência, erros e crimes decorrentes da transformação, por responsabilidade de todos, das contradições no seio do povo em contradições antagonistas. Permanece o fato de que a nova vaga revolucionária começa a desenvolver-se quando, abandonando o jogo das analogias, o movimento comunista procede à análise concreta da situação concreta. Os poucos (Bordiga, Trotsky etc.) que continuam a agitar nostalgicamente a palavra de ordem de transformação da guerra imperialista em guerra civil revolucionária revelam-se, em realidade, prisioneiros de uma “frase” e acabam separando-se do corpo do movimento comunista.

A nova estratégia encontra sua máxima expressão em dois acontecimentos épicos: a Longa Marcha dos comunistas chineses que, liderados por Mao Zedong, atravessam milhares de quilômetros em condições bastante difíceis, para colocar-se à frente da guerra de defesa nacional contra o imperialismo japonês e o apelo de Stalin aos povos da União Soviética para que se unissem na Grande Guerra Patriótica contra as hordas hitlerianas. É assim que se desenvolve, após a Revolução de Outubro, uma segunda gigantesca vaga revolucionária: o campo socialista conhece uma enorme expansão, enquanto o alargamento das revoluções anticoloniais parece fazer vacilar o imperialismo.

3. O “novo Hitler” e o Anticristo

Infelizmente, no rastro dessas grandes vitórias, aparece novamente o jogo vão das analogias. O movimento comunista segue com apaixonada atenção a evolução da bolsa em Wall Street, à espera de uma reedição da grande crise de 1929. Esta crise tinha acelerado a ascensão do fascismo e agravado as contradições entre as grandes potências imperialistas, que depois se dirimiram no segundo conflito mundial. Um ano antes de sua morte, em 1952, Stalin retoma a tese da absoluta inevitabilidade da guerra entre os países imperialistas. Esses, como em 1939, se enfrentariam sanguinariamente entre si, antes de envolver na guerra a União Soviética e o campo socialista. Como se pode constatar, a terceira vaga revolucionária é pensada sobre o modelo da segunda, da mesma forma que por tanto tempo a segunda vaga revolucionária tinha sido pensada sobre o modelo da primeira.

Na realidade, a própria gigantesca extensão do campo socialista freava o desenvolvimento das contradições entre as diversas potências capitalistas. Os EUA conseguem unificá-las sob sua hegemonia e não somente no plano militar. Uma série de organismos econômicos internacionais, por um lado, asseguram o controle de Washington sobre seus aliados e, por outro lado, buscam controlar a dinâmica que tinha levado à catástrofe de 1929.

O movimento comunista revelou-se bastante relutante em despedir-se de suas grandiosas memórias históricas e do jogo de analogias relacionadas a elas. Até os grupos oriundos de 1968 não se cansaram de invocar a “Nova Resistência” e os “novos partisans”. Era amplamente difundida a visão de que a crise empurrava a burguesia a percorrer novamente o caminho do fascismo; só que, dessa vez, o movimento de luta pela recuperação da democracia iria aprofundar-se, derrubando o capitalismo, de uma vez por todas. Que fique claro: não faltaram os golpes de Estado nem as tentativas de golpes de Estado. Mesmo assim, as ditaduras militares, que não devem ser confundidas com o fascismo propriamente dito, foram pensadas como sendo, no máximo, soluções provisórias, etapas intermediárias rumo à realização da Nova Ordem Internacional que, hoje, com o desaparecimento do “campo socialista” e as angústias que isso provocou, vai se delineando, como veremos, com grande clareza.

Não faz sentido, então, perscrutar o horizonte em busca de indícios que anunciem o “novo Hitler”. Daria no mesmo aguardar a chegada do Anticristo. Num caso e no outro, trata-se de uma representação religiosa: a reedição do Mal absoluto é o pressuposto do triunfo total e absoluto do Bem. Na realidade, as hordas hitlerianas, retidas e ignominiosamente derrotadas em Stalingrado, para serem depois rechaçadas pelo heróico Exército Vermelho até a capitulação final do Terceiro Reich, não ressurgirão de suas cinzas. O movimento comunista contribuiu de forma decisiva à liquidação do nazismo, até no plano ideológico. Ainda nos anos 30, o termo “racismo” tinha uma conotação não necessariamente negativa; a esta pretensa “ciência” faziam referência, bem além da Alemanha, diversos “cientistas” do mundo capitalista. Com a derrota do Terceiro Reich, tudo mudou.

Uma nova mudança radical interveio com o desabamento do campo socialista. Se durante os anos da guerra fria havia duas capitais (Washington e Moscou) em áspera concorrência uma com a outra, tentando rotular tal ou qual inimigo de “novo Hitler”, esse poder de excomunhão está agora, exclusiva e infelizmente, nas mãos de Washington. Assim, depois de Saddam e de Milosevic, Haider torna-se o “novo Hitler”! Por sorte sua, a Áustria ainda não foi golpeada pelas bombas e pelos embargos que devastaram e continuam devastando o Iraque e a Iugoslávia. Por conseguinte, uma esquerda que continua a cultivar o jogo das analogias, mirando o horizonte em busca do nazismo ressurgido e ressurgente, não somente se move num espaço histórico imaginário, mas contribui a reforçar ainda mais a hegemonia do Santo Papa ... sediado em Washington e dispondo, ao mesmo tempo, do poder de excomunhão e da capacidade de aniquilamento nuclear.

Cossutta (7) dá um pouco de pena quando, como se fosse um Dimitrov ou Togliatti redivivos, posa de líder de uma renascida frente popular em luta contra um impreciso perigo fascista. No entanto, seu partido faz parte de um governo que, nos Bálcãs, se manchou e continua a se manchar de infâmias tais que só encontram precedentes na conduta de Mussolini. Mas é necessário reconhecer que, perante o caso Haider, em nome de enfrentar o improvável Hitler da Caríntia, até Il Manifesto e alguns expoentes do PCF e da Rifondazione Comunista mostraram-se dispostos a constituir uma frente única com Jospin e com os outros responsáveis da guerra dos Bálcãs e da limpeza étnica contra os sérvios ainda em curso no Kosovo.

4. O belo Thaci, Lady Killer e a frase “trotskista”

Se Cossutta, em particular, brinca de representar Dimitrov ou Togliatti, certos grupos ¨trotskistas¨ se obstinam, por sua vez, a assumir o papel de Lênin e Trotski: assim, seu cavalo de batalha é a ¨autodeterminação¨. Entretanto, ao agitar palavras de ordem, parecem não querer nem mesmo interrogar-se sobre as colossais transformações entrementes verificadas. A partir da Revolução de Outubro, o movimento de emancipação dos povos em condições coloniais e semicoloniais conheceu grandes vitórias: Estados de antiga civilização conquistaram uma real independência, não mais uma meramente formal (pensemos na China e na Pérsia); novos Estados nacionais se constituíram, libertando-se do jugo das grandes potências imperiais, que continuaram a manifestar sua natureza agressiva e suas ambições de dominação, em novas condições. Constrangidas a reconhecer a independência dos países que se subtraíram a seu controle, buscam agora desagregá-los, apelando para as rivalidades étnicas e tribais. Esta é uma velha manobra. Os países de independência recente – freqüentemente com fronteiras incertas, mal-desenhadas ou arbitrárias – não carregam uma consolidada história unitária em seus ombros. Por si só, a herança colonial é um terreno fértil para o surgimento de movimentos separatistas e secessionistas, que são facilmente dominados pelo imperialismo. “Donde o reiterado e no mais das vezes inócuo convite aos chefes desses novos Estados a superar o ‘tribalismo’, o ‘localismo’, ou quaisquer outras forças desagregadoras tidas como responsáveis pela incapacidade dos novos habitantes da República X de sentirem-se, em primeiro lugar, cidadãos da pátria X, ao invés de pertencentes a esta ou aquela coletividade” (8).

O conflito que se desenrolou no Congo, entre o fim dos anos 50 e o início dos anos 60 foi, nesse sentido, exemplar. Constrangida a conceder a independência, a Bélgica logo se empenha em promover a secessão do Katanga. Não era em nome da autodeterminação que o Congo (aliás, como toda a África) tinha reivindicado e continuava a reivindicar a independência? Então, esse mesmo princípio deveria valer inclusive para as ricas regiões mineiras controladas pela Union Minière. Para a ocasião, encontrou-se rapidamente um “revolucionário” pronto a agitar esta bandeira: tratava-se de Moisés Tchombe, filho do primeiro milionário negro do Katanga. Secessionistas e forças coloniais capturaram Lumumba, dirigente do Movimento Nacional Congolês, que se inspirava “em um programa unitário, progressista e intertribal”. Culpado, portanto, de oporse à secessão e à “autodeterminação” das ricas regiões às quais os colonialistas não tinham intenção de renunciar, acabou sendo massacrado (9).

Para completar, o domínio colonial deixou seus rastros: no plano econômico acentuou a desigualdade de desenvolvimento entre as diversas regiões, enquanto que a presença hegemônica, em todos os níveis, das grandes potências e a política de engenharia étnica por elas implementada acentuam a fragmentação cultural, lingüística e religiosa. Novamente, espreita-se o surgimento de tendências secessionistas de todos os tipos, regularmente alimentadas pelas ex-potências coloniais. Quando tomou Hong Kong da China, a Grã Bretanha não pensou decerto em autodeterminação, nem se lembrou desse princípio nos longos anos em que exerceu seu domínio. Mas, eis que às vésperas da devolução de Hong Kong à sua mãe pátria, o governador enviado por Londres, Chris Patten, um conservador, tem uma espécie de iluminação e de improvisada conversão: faz um apelo aos habitantes de Hong Kong para que façam valer seu direito à “autodeterminação”... contra a mãe pátria, permanecendo assim na órbita do Império britânico.

Considerações análogas valem para Taiwan. Quando, no início do ano de 1947, o Kuomintang, em fuga da China continental e do vitorioso Exército Popular, desencadeia contra os habitantes de Taiwan uma terrível repressão que provoca cerca de 10 mil mortes (10), os Estados Unidos evitaram muito bem evocar o direito à autodeterminação para os habitantes da ilha. Pelo contrário, procuram por todos os meios impor a idéia de que o governo de Chiang Kaishek era o governo legítimo não só de Taiwan mas de toda a China. O grande país asiático deveria portanto permanecer unido sob o controle de Chiang Kaishek, reduzido a simples proconsul do soberano imperial de Washington. À medida que se dissipam os sonhos de reconquista do continente e se torna mais forte a aspiração do povo chinês de conseguir a plena integridade territorial e a plena independência, pondo fim ao trágico capítulo da história colonial, eis que os presidentes estadunidenses conhecem uma iluminação e uma conversão similares às de Chris Patten: também começam a acariciar essa idéia de “autodeterminação”. Incoerência? Nada disso: a “autodeterminação” é a continuação da política imperial por outros meios. Se efetivamente não é possível pôr as mãos na China em seu conjunto, então convém assegurar-se do controle de Hong Kong ou de Taiwan.

Também foi assim nos Bálcãs. O diktat de Rambouillet previa para a Otan o controle absoluto da Iugoslávia inteira; uma heróica resistência fez falhar este plano. Mas eis as manobras para também impor, além de Kosovo, a “autodeterminação” de Montenegro e, possivelmente, de outras regiões. O imperialismo revela uma férrea coerência. Ao contrário, há certos grupos “trotskistas” que dão prova de um total distanciamento da realidade: acreditam ser discípulos fiéis e coerentes de Lênin e de Trotsky e não percebem que estão transformando uma grande palavra de ordem revolucionária em uma “frase”. Ocorre, pois, que enquanto estão desgastando as mãos de tanto aplaudir o princípio de autodeterminação, os heróis da “frase” olham com frieza ou com hostilidade as lutas concretas pela autodeterminação que se desenrolam sob seus olhos e que têm como protagonistas a Iugoslávia e a China. Por outro lado, esses heróis, embora tomem suas distâncias dos bombardeios, acabam por assimilar alguns motivos da ideologia da guerra da Otan, isto é, de uma aliança que, com sua nova doutrina, pôs de forma explícita em suas bandeiras o cancelamento da soberania e do Estado nacional e, portanto, do próprio direito à autodeterminação.

Ao falar dos grupos ¨trotskistas¨, venho sistematicamente empregando as aspas, pois apesar dos graves erros cometidos no decurso de um complexo e trágico processo de aprendizagem que envolveu todo o grupo dirigente oriundo da Revolução de Outubro e o movimento comunista, o grande revolucionário russo não sonharia jamais em conferir uma legitimidade revolucionária à UCK e ao belo Thaci, o chefe mafioso, filho dileto da OTAN, e, sobretudo, à Albright, a Lady Killer do imperialismo americano.

Assim, embora empenhados em representar, no âmbito do jogo das analogias, personagens históricos bastante diversos entre si, Cossutta e seus imitadores involuntários, por um lado, e os grupos “trotskistas”, por outro lado, correm o risco de se colocar a reboque daquele que é hoje o pior inimigo tanto do princípio de igualdade entre os povos e etnias quanto do princípio de autodeterminação.

5. O Führer e o aspirante a soberano planetário de Washington

Longe de estarem ultrapassados, as ambições e os sonhos de domínio planetário têm assumido, em nossos dias, uma configuração ainda mais nítida. Nesse sentido, se existe algo que possa fazer pensar no Terceiro Reich, na visão de Hitler destinado a durar ao menos mil anos, é a Nova Ordem Internacional sob hegemonia dos EUA, titular, segundo a arrogante e visionária reivindicação de Clinton de uma “missão” planetária, absolutamente “sem tempo de duração definida”. Entende-se então que Washington se recuse a pronunciar qualquer autocrítica por Hiroshima e Nagasaki. Todavia, são numerosos os reconhecidos estudiosos americanos que falam a esse propósito de “holocausto”, de forma a compará-lo explicitamente com o “holocausto” consumado pelos nazistas. Mas os EUA estão decididos a reivindicar seu “direito” ao aniquilamento nuclear das populações civis dos países inimigos, com o olhar voltado não somente ao passado, mas também ao presente e ao futuro. É por isso que recusam obstinadamente comprometer-se a não empregar em primeiro lugar a arma atômica. Todos os povos do mundo devem ter claro que Hiroshima e Nagasaki podem tranqüilamente se repetir cada vez que Washington julgar oportuno.

Junto com a ameaça de holocausto, os Estados Unidos fazem, igualmente, reemergir a terrível realidade dos campos de concentração. O que são efetivamente os embargos senão uma versão pós-moderna dos campos de concentração? Em uma época de globalização, não é mais necessário deportar um povo; basta bloquear o fluxo de comida e remédios; mormente se, com alguns bombardeios “inteligentes”, consegue-se destruir aquedutos, redes de esgoto e infra-estruturas sanitárias, como aconteceu precisamente no Iraque e na Iugoslávia.

Mas as analogias com o Terceiro Reich não param aqui. Ontem como hoje, os autoproclamados senhores do universo consideram que o direito internacional nada mais é que um pedaço de papel: nada valem a soberania nacional nem as normas que deveriam regulamentar os conflitos armados. Por ocasião da guerra do Golfo, os EUA não hesitaram em “exterminar os iraquianos já fugitivos e desarmados” (11); ou mais precisamente a exterminá-los “depois do cessar-fogo” (12). De forma ainda mais soberana, manifestou-se o desprezo ao direito internacional por ocasião das expedições punitivas contra a Iugoslávia: testemunhas disso são os projéteis de urânio, as bombas de fragmentação, a execução, por meio do bombardeio da TV sérvia, dos jornalistas considerados politicamente incorretos pela Otan.

Os EUA se reservam o direito de fazer em pedaços, a seu bel-prazer, esse ou aquele país, por exemplo, proclamando no Iraque as no fly zones e bombardeando sistematicamente até aqueles que ousam apontar o radar contra os aviões invasores. A partir de Washington, uma espécie de tribunal mafioso secreto pronuncia condenações à morte desse ou daquele chefe de Estado. Um artigo do “International Herald Tribune” anuncia jubilante: a CIA separou somas enormes “para encontrar um general ou um coronel que enfie uma bala no cérebro de Saddam” (13).

Independentemente desse ou daquele crime singular, somos levados a pensar no Terceiro Reich por uma questão política central. O gigantesco processo de emancipação dos povos das condições coloniais ou semicoloniais, posto em marcha pela Revolução de Outubro, esbarrou em duas grandes correntes contra-revolucionárias: se a primeira é representada pelo nazismo, a segunda, agora, toma a forma da nova doutrina da Otan. Assim, volta a ser de atualidade o princípio clássico de legitimação das guerras coloniais: sinônimo de civilização, o Ocidente, dirigido pelos EUA, tem o direito e o dever de difundi-la aos quatro cantos da terra, livrando-se dos bárbaros que poderiam entravar essa marcha triunfal. Por fim, a ideologia cara ao nazismo, que celebrava os alemães como o “povo dos senhores”, destinado pela natureza e pela providência a exercer a hegemonia mundial continua a mostrar-se vital no imperialismo dos EUA: para dar apenas um exemplo, Kissinger não hesitou em declarar que “a liderança mundial é inerente ao poder e aos valores americanos”.

Não restam dúvidas: se quisermos recorrer ao jogo das analogias, a semelhança com o Führer pertence ao aspirante a soberano planetário instalado em Washington. Todavia, seria enganar-se ver em Clinton um “novo Hitler”. Não se trata tanto de estabelecer uma hierarquia dos horrores. Certamente, no âmbito dessa hierarquia, um lugar eminente deve ser reservado a um indivíduo que, por meio do embargo, condenou um povo inteiro à dizimação e o condena não mais no curso de um conflito de vida ou de morte, mas com toda a tranqüilidade; sem correr nenhum perigo nem pessoalmente nem para os países que representa; a frio, até de forma alegre, entre uma sarabanda sexual e outra.

6. “Filantropia 5% política da canhoneira”

Se, levando em conta os distintos contextos históricos e geopolíticos, Clinton não resulta menos repugnante que Hitler no plano moral, permanece entretanto o fato de serem profundamente diversas a tradição política e ideológica que pesa sobre os ombros dos dois personagens, o contexto histórico em que agem, as táticas e as palavras de ordem a que fazem apelo. Ao contrário daquele nazista, o imperialismo americano não aspira hoje ao controle político direto de suas colônias e semicolônias. Em vez disso, busca transformar o mundo inteiro em um “mercado livre” e em uma “democracia” entendida como “livre mercado político” aberto às mercadorias e aos “valores” made in USA. Para realizar tais objetivos considera, de forma convergente, por um lado, a promoção das rivalidades étnicas e dos movimentos separatistas e, por outro lado, as campanhas pelos “direitos humanos”. Aos olhos de Washington, um partido político fortemente organizado é tão intolerável quanto uma economia florescente e autônoma com uma tecnologia nacional (a China Popular representa um tapa na cara sob ambos os pontos de vista). Os países que podem constituir um obstáculo para sua marcha rumo à hegemonia mundial devem ser desmembrados e escancarados à superpotência econômica, multimediática, cultural e política do imperialismo americano. Na sombra, está pronto a intervir de forma direta, desencadeando “guerras humanitárias”, monstruoso aparato militar de destruição e de morte.

Mais do que no regime nazista, o atual imperialismo americano faz pensar no imperialismo britânico que, com sua expansão, se sentia empenhado em “tornar as guerras impossíveis e promover os melhores interesses da humanidade”. É Cecil Rhodes quem se exprime assim, e sintetiza a filosofia do Império britânico da seguinte forma: “filantropia 5%” (14); em que “filantropia” é sinônimo de “direitos humanos” e o percentual de 5% indica os lucros que a burguesia capitalista inglesa realizava ou se propunha a realizar mediante as conquistas coloniais e a agitação da bandeira dos “direitos humanos”. Vejamos agora de que modo um jornalista estadunidense descreve e celebra a globalização: essa serve para exportar, em primeiro lugar “os produtos, a tecnologia, as idéias, os valores e o estilo do capitalismo americano”. Os EUA podem assim consolidar e estender sua hegemonia “seja estabilizando o mundo militarmente, seja democratizando-o econômica e politicamente”; em particular “para demover a China” devem saber combinar, naturalmente, “canhoneiras, comércio e investimentos na Internet” às palavras de ordem de “democratização” econômica e política (15). A fórmula cara a Rhodes, o bardo do imperialismo britânico, pode assim ser reformulada com maior precisão e franqueza: “filantropia (ou melhor, direitos humanos) 5% política de canhoneiras”. As canhoneiras são essenciais para estimular o processo de globalização: o jornalista já citado convida Israel a não fazer nenhuma concessão sobre o Golan “enquanto não se ver a Síria entrar no mundo” e começar a “privatizar e desregulamentar” (16). Por outro lado, nota-se que, aos olhos da OTAN, um dos mais graves crimes de Belgrado foi sua recusa em “adotar o modelo neoliberal imposto pela globalização” (17).

Há, portanto, uma férrea unidade nessa fórmula “filantropia 5% política das canhoneiras”. É a esquerda que não consegue entendê-la. Condena as “guerras humanitárias” mas apóia a oposição a Milosevic, ainda que, se tomasse o poder, essa “oposição”, profusamente paga por Washington e pelo Ocidente em seu conjunto, escancararia o país às mercadorias e à hegemonia cultural e política dos EUA e da Otan, que acabaria por estender-se mais ainda, englobando a própria Sérvia, e alcançando todos os objetivos em vista dos quais a “guerra humanitária” foi desencadeada. Na imprensa americana, é possível ler denúncias que falam dos EUA como um país em que domina a “plutocracia”, na qual as instituições são controladas pela riqueza, enquanto o “resto do povo é deixado de fora” de qualquer possibilidade de influir nas escolhas políticas (18). Entretanto, uma certa esquerda, que observa com pavor o avanço do mercado global e o desmantelamento dos direitos econômicos e sociais, depois se junta às campanhas pela “democracia”, como se a plutocracia de Washington não representasse papel algum nessas campanhas e como se o triunfo do mercado político não andasse pari passo com o triunfo do mercado econômico.

A confusão é total: quantos artigos apareceram e aparecem no Manifesto convidando o Ocidente a ser ainda mais intransigente em suas campanhas pelos “direitos humanos” na China? Presenciamos assim o singular espetáculo de um “diário comunista” que apela a todas as potências capitalistas para que desencadeiem uma guerra, por hora somente “fria”, contra a República fundada por Mao Zedong e ainda dirigida pelo Partido Comunista.

Na estratégia do imperialismo, a cruzada “filantrópica” pelos “direitos humanos” é o primeiro passo de uma escalada que, através das represálias comerciais e depois do embargo mais ou menos total, conduz posteriormente à verdadeira e real agressão militar. Mas uma certa esquerda se põe a campo por um pedaço dessa infernal escalada e se agita sem compostura – para pular fora somente quando começa a perceber o cheiro de queimado e o fragor das bombas.

7. O perigo principal

Por falta de uma análise concreta da situação concreta, a esquerda se revela incapaz de elaborar uma estratégia autônoma. Perde de vista o inimigo principal. A Haider se critica justamente a tentativa de reabilitação parcial da Waffen SS (até em seu interior, haveria pessoas “respeitáveis”); mas é necessário não esquecer que, em 1985, foi o próprio presidente dos EUA, Reagan, que rendeu homenagem no cemitério de Ritburg, juntamente com Kohl, a esse corpo militar que, mesmo não se confundindo com as SS propriamente ditas, não deixou de constituir um instrumento essencial da política infame do Terceiro Reich. Foram, pois, Washington e Bonn que primeiro se empenharam nessa operação revisionista sem preconceitos.

Mas voltemos ao presente. Enquanto se rasgavam as vestes pelo caso Haider, os EUA, de acordo com seus aliados europeus, conduziam em Kosovo uma horrível limpeza étnica. Já em agosto do ano passado, a Human Rights Watch de Nova Iorque calculava que “a partir da chegada das tropas da Otan, em meados de junho, mais de 164 mil sérvios fugiram de Kosovo”; outros, cerca de 200, não tiveram essa possibilidade: caíram vítimas de atentados ou de massacres (19). Qualquer um que ouse falar em público em sérvio atrai ou arrisca atrair para si “uma sumária sentença de morte” (20).

A UCK não é a única responsável. Lançando mão de um gracioso eufemismo, as sempre insuspeitáveis fontes americanas reconhecem que “a proteção dos civis sérvios e dos lugares santos não estava em posição preeminente na escala de prioridades” das tropas de ocupação. De fato, o general Jackson considerava que sua tarefa se tornaria mais ágil “se tivessem permanecido menos sérvios” (21). Ao mesmo tempo, em Kosovo, as portas ficaram “escancaradas aos novos imigrantes da Albânia” (22). Portanto, uma limpeza étnica dentro das normas. Visto o sucesso das operações, por que bloquear as fronteiras ora controladas pela Otan? Com efeito, a UCK estende-se para além dessas fronteiras, em Presevo; tem agora um novo nome e novos uniformes, “um misto entre o dos alemães e o dos americanos” e “se exercita” até com armamentos pesados, em território sérvio, sob os olhares benevolentes das tropas dos EUA (23). Já há promessas de um relançamento em grande estilo da “guerra humanitária”.

Inerte e ridícula é a espera de um “novo Hitler”, mas a permanente barbárie do imperialismo exige, desde já, uma estratégia coerente e uma resposta à altura da situação.

Notas:

(1) Vladimir I. Lênin, “Sulla frase revolucionaria”. In: Vladimir I. Lênin, Opere Complete. Roma, Editori Reuniti. 1955. v. XXVII, p. 6. Texto de 21 de fevereiro de 1918

(2) Vladimir I. Lênin, op. cit., p. 4 e 6.

(3) Chefe neofascista italiano (nota da edição brasileira).

(4) Chefe neofascista francês (nota da edição brasileira).

(5) Peter Finn. “Czech Communists Talk of a Comeback”. In: International Herald Tribune, 21 de fevereiro de 2000, p. 8.

(6) Vladimir I. Lenin. “Rapporto suIla guerra e la pace”. In: Opere Complete. 1955. v. XXVII, p. 64. Texto de 7 de março de 1918.

(7) Ex-presidente da república italiana, trafegando entre a direita e o centro, Francesco Cossutta, durante o primeiro semestre de 1998, operou uma manobra para apoiar o governo de centro-esquerda de Prodi, numa operação destinada a deslocá-lo para o centro, de maneira a garantir apoio aos bombardeios imperial-humanitários contra a Sérvia (nota da edição brasileira).

(8) Eric J. Hobsbawm. Nazione and Nazionalismo dal 1780. Programma, mito, realtà. Turim, Einaudi. 1991. Ver p. 202.

(9) Enzo Santarelli. Storia sociale neI mondo contemporaneo. Dalla Comune de Parigi ai nostri giorni. Milão, Feltrinelli. 1982. p. 511-2.

(10) Michael. A. Lutzker. “The precarious peace: China, the United States, and the Quermoy-Matsu Crisis, 1954-1955, 1958”. In: Joan R. Challinor and Roberto L. Beisner (orgs.). Arms At Rest. Peacemaking and Peacekeeping in American History. Nova Iorque, Greenwood Press. 1987. p. 178.

(11) Giorgio Bocca. “Dimenticare Hitler”. In: La Repubblica, 6 de fevereiro de 1992.

(12) Corriere della Sera, 9 de maio de 1991.

(13) Jinn Hoagland. “As Clinton Withtraws, Saddam Survives Unchallenged”. In: International Herald Tribune, 2 de março de 2000. p.6.

(14) Basil Williams. Cecil Rhodes. Londres, Constable and Company Ltd. 1921. p. 50-1.

(15) Thomas L. Friedman. “On Key Foreign Policy Issues, The Differences Are Narrowing”. In: International Herald Tribune de 11-12 de março de 2000. p. 8.

(16) Thomas L. Friedman. “Wait for Syria to Joint the World”. In: International Herald Tribune, de 6 de dezembro de 1999. p. 8.

(17) Ignacio Ramonet. “Le gâchis”. In: Le Monde Diplomatique, maio de 1999. p. 1 e 3.

(18) William Pfaff, “Money Politics Is Winning the American Election”. In: International HeraId Tribune de 11-12 de março de 2000. p. 8.

(19) Malcolm Fraser. “Western Policy Toward Serbia Has Been Biased”. In: International Herald Tribune de 22 de dezembro de 1999. p. 6.

(20) Peter Fïnn. “Empty Hospitals Shows Depth of Kosovo Hate”. In: International Herald Tribune de 25- 26 de março de 2000. p. 7.

(21) Steven Erlanger. “Divided Mitrovica Damages Hopes for Peace in Kosovo”. In: International Herald Tribune de 28 de fevereiro de 2000. p. 8.

(22) Massimo Nava. “Serbia, neIla vaIlata deI Presevo dove cova l’odio di un’altra guerra”. In: Corriere della Sera de 29 de março de 2000. p. 1 e 13.

(23) Steven Erlanger. “AIbanians Train Inside Serbia as GIs Watch”. In: International Herald Tribune de 31 de março de 2000. p. 4.

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