Vinicius Torres Freire
Folha de S.Paulo
O Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) conta que a população brasileira era de 203 milhões de pessoas em agosto de 2022. Nas pesquisas socioeconômicas mais rotineiras do IBGE, a população era estimada em cerca de 214 milhões, em mês equivalente do ano passado. São os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mensal, trimestral e anual. Pela projeção da população do IBGE atualizada em 2020, seríamos quase 215 milhões no ano passado.
A diferença entre os números do Censo e da Pnad pode ser relevante para se pensar alguns aspectos do mundo do trabalho (a situação estaria melhor do que se imaginava) e a taxa de desemprego. São 11 milhões de pessoas a menos, uma diferença de mais de 5% em relação às Pnads.
O Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) conta que a população brasileira era de 203 milhões de pessoas em agosto de 2022. Nas pesquisas socioeconômicas mais rotineiras do IBGE, a população era estimada em cerca de 214 milhões, em mês equivalente do ano passado. São os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mensal, trimestral e anual. Pela projeção da população do IBGE atualizada em 2020, seríamos quase 215 milhões no ano passado.
A diferença entre os números do Censo e da Pnad pode ser relevante para se pensar alguns aspectos do mundo do trabalho (a situação estaria melhor do que se imaginava) e a taxa de desemprego. São 11 milhões de pessoas a menos, uma diferença de mais de 5% em relação às Pnads.
Recenseadores do IBGE em Paraisópolis, em São Paulo - Rubens Cavallari - 18.ago.22/Folhapress |
Além disso, ao menos na revisão da estatística, o país ficou mais rico (aumentou o PIB per capita), embora, claro, o número de pessoas dormindo nas calçadas ou sem comida e salário decentes continue na mesma.
Importante: já estava claro que o país precisaria de muita mão de obra imigrante, em especial com mais qualificação, se a economia voltasse a crescer. Com esses números do Censo, parece que a necessidade será ainda maior. Vai ter de ser assunto de política de Estado.
Por ora, com os dados à mão, os números novos da população podem, sim, ter relevância imediata para se pensar o emprego.
Por exemplo, os números do Censo devem provocar revisões da taxa de participação na força de trabalho. Isto é, da proporção de pessoas ocupadas ou procurando trabalho em relação à população total em idade de trabalhar (mais de 14 anos, na estatística do IBGE).
Os economistas Samuel Barbosa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre, FGV) e da Julius Baer Family Office (JBFO), e Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do Ibre, FGV, concordam com a avaliação.
E daí? Essa taxa deve subir, caso não sobrevenham revisões do número de pessoas ocupadas ou procurando trabalho. Em tese, pode vir daí também uma revisão na taxa de desemprego —ainda não é possível saber, com os dados disponíveis.
De qualquer modo, é possível especular, com base nos dados disponíveis, que a situação do emprego é, quantitativamente, melhor: há proporcionalmente mais gente trabalhando.
Como ainda não há dados do novo Censo sobre a população por faixa de idade, se pode apenas especular sobre outras mudanças na interpretação do que se passa com o emprego no Brasil. Por exemplo, se diferença entre Censo e Pnad for maior entre jovens, é provável que a taxa de desemprego seja menor do que a medida atualmente.
E daí? Essa taxa deve subir, caso não sobrevenham revisões do número de pessoas ocupadas ou procurando trabalho. Em tese, pode vir daí também uma revisão na taxa de desemprego —ainda não é possível saber, com os dados disponíveis.
De qualquer modo, é possível especular, com base nos dados disponíveis, que a situação do emprego é, quantitativamente, melhor: há proporcionalmente mais gente trabalhando.
Como ainda não há dados do novo Censo sobre a população por faixa de idade, se pode apenas especular sobre outras mudanças na interpretação do que se passa com o emprego no Brasil. Por exemplo, se diferença entre Censo e Pnad for maior entre jovens, é provável que a taxa de desemprego seja menor do que a medida atualmente.
A diminuição da taxa de participação na força de trabalho depois da epidemia é um assunto que tem sido objeto de discussão de economistas. Essa taxa foi de 61,4% no trimestre encerrado em abril, segundo a Pnad mensal. Em abril de 2019, antes da epidemia, de 63,6%. Desde quando há dados comparáveis, 2012, até 2019, a média foi de 62,9%.
Se a taxa de participação em abril fosse a da média de 2012-2019, haveria mais 2,6 milhões de pessoas na força de trabalho (trabalhando ou, mais provavelmente, procurando emprego).
Esse número pode dizer algo sobre a taxa de desemprego. Com menos gente procurando trabalho e tudo mais constante, a taxa de desemprego cai, por exemplo. É o que tem acontecido neste ano.
Esse número pode dizer algo sobre a taxa de desemprego. Com menos gente procurando trabalho e tudo mais constante, a taxa de desemprego cai, por exemplo. É o que tem acontecido neste ano.
O motivo é tema de debate. Mais gente recebendo Bolsa Família maior? Ligeira melhora da situação das famílias, ajudando a tirar gente do mercado de trabalho (até para estudar, por exemplo)?
Enfim, mais gente (em termos relativos à população) trabalhando pode indicar um potencial maior de crescimento da economia.
Quanto à situação geral da vida, fica a questão para demógrafos, sociólogos, antropólogos ou economistas: por que o crescimento da população desacelerou tão rapidamente e é tão baixo? O colapso econômico que começou em 2014 tem algo a ver com isso?
Enfim, mais gente (em termos relativos à população) trabalhando pode indicar um potencial maior de crescimento da economia.
Quanto à situação geral da vida, fica a questão para demógrafos, sociólogos, antropólogos ou economistas: por que o crescimento da população desacelerou tão rapidamente e é tão baixo? O colapso econômico que começou em 2014 tem algo a ver com isso?
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