Catia Seabra
Folha de S.Paulo
Brasília - O comando do PT assiste com preocupação ao declínio do prestígio de seus líderes no berço político do partido: o estado de São Paulo. A legenda pretende avaliar o resultado eleitoral com mais detalhes após o segundo turno.
Brasília - O comando do PT assiste com preocupação ao declínio do prestígio de seus líderes no berço político do partido: o estado de São Paulo. A legenda pretende avaliar o resultado eleitoral com mais detalhes após o segundo turno.
Presidente Lula (PT) durante convenção partidária que oficializou a candidatura de Luiz Fernando à prefeito de São Bernardo do Campo (SP). - Rafaela Araújo - 20.jul.2024/Folhapress |
Petistas amargaram dissabores em tradicionais redutos, a começar por São Bernardo do Campo, domicílio eleitoral do presidente Lula na Grande São Paulo.
O candidato do partido, Luiz Fernando Teixeira, não chegou ao segundo turno, apesar do empenho dos ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), que tiraram férias para atuar na campanha.
Secretário na gestão de Marinho no município (2009-2016), Luiz Fernando ficou em terceiro lugar, com 23,1% dos votos. Ele é irmão do ministro do Desenvolvimento Agrário.
Uma derrota recebida com surpresa pela cúpula petista aconteceu em Araraquara, onde a popularidade do prefeito, Edinho Silva, uma ampla coligação e a destinação de recursos federais à cidade não foram suficientes para fazer de Eliana Honain sua sucessora.
Lá, o bolsonarista Dr. Lapena (PL) derrotou a petista por 49,15% a 45,16%, uma diferença inferior a 5 mil votos. Com menos de 200 mil habitantes, a cidade não tem 2º turno.
Sob reserva, petistas admitem que a derrota pode abalar o favoritismo de Edinho para o lugar de Gleisi Hoffmann na presidência do partido.
Em Guarulhos, o deputado federal Alencar Santana, um dos vice-líderes do Governo Lula na Câmara, não obteve nem 10% dos votos. Após uma disputa interna que, segundo relatos, desagradou Lula, ficou em quarto lugar, com 9,7% da votação.
Antes de levar seu nome às urnas, Alencar venceu o ex-prefeito Elói Pietá em uma briga dentro do PT pelo direito de concorrer. Contrariado, Pietá deixou o partido —hoje no Solidariedade, ele disputará o segundo turno contra Lucas Sanches, do PL.
Em Franco da Rocha, ainda na região metropolitana de São Paulo, foi o presidente estadual do PT, Kiko Celeguim, quem sofreu um revés. Bran Celeguim, seu irmão, foi derrotado pela candidata do Solidariedade, Lorena Oliveira, por 51,80% a 41,33%.
Filho do ex-prefeito Mário Maurici, Kiko foi duas vezes prefeito da cidade, elegendo-se para a Câmara dos Deputados em 2022. Lorena foi secretária de Saúde de sua gestão.
O PT também teve derrotas em Osasco e São Carlos, cidades com figuras com histórico de vitórias. O deputado estadual e ex-presidente do PT Emídio de Souza obteve apenas 15,07% dos votos na cidade, que governou por duas vezes.
Um dos elaboradores do programa de governo do presidente Lula em 2002, Newton Lima também foi duas vezes prefeito em São Carlos e, desta vez, não se elegeu. Obteve 39,85% dos votos.
Também houve decepões na disputa pela Câmara Municipal de São Paulo. Arselino Tatto, irmão do secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto, não se reelegeu. Ex-presidente da Casa, José Américo também não conquistou uma cadeira. Um candidato apoiado pelo ministro da Articulação, Alexandre Padilha, ficou na suplência.
O prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior, chegou ao segundo turno, mas pouco atrás de Taka Yamauchi (MDB).
A Executiva do PT, reunida nesta terça-feira (8), divulgou uma nota em que atribui o resultado a uma distorção do sistema político.
Segundo o documento, os números apontam para o início da recuperação eleitoral do PT nos municípios, mas atribui as derrotas ao cenário político e de acesso a emendas parlamentares por parte dos candidatos de legendas da centro-direita e direita, dominantes no Congresso Nacional.
"O alto índice de reeleições, que beira os 80% nas cidades que mais receberam emendas parlamentares, confirma essa distorção no sistema político", diz a nota.
Dizendo-se alvo de perseguição, o PT lista ainda vitórias obtidas no primeiro turno. Ressalta a política de alianças, ressaltando as vitórias de João Campos (PSB), no Recife, e Eduardo Paes (PSD), no Rio, como provas de uma tática bem-sucedida. A chegada de Guilherme Boulos (PSOL) ao segundo turno em São Paulo também é mencionada.
O objetivo de avaliar o resultado eleitoral após o segundo turno é reafirmado na nota do partido.
"Os resultados eleitorais deste primeiro turno correspondem ao compromisso e à luta de nossa militância, candidatos, candidatas e dirigentes de todos os níveis", diz o texto. "Correspondem também aos acertos e eventuais equívocos na implementação da tática eleitoral, que devemos avaliar em conjunto para fortalecer o partido, nosso campo político mais amplo e nosso projeto de país".
O PT acrescenta que essa avaliação tem de levar em conta que a legenda voltou ao governo federal, "com o presidente Lula liderando uma frente política democrática numa conjuntura extremamente desafiadora, após quase uma década de cerco e perseguição contra nosso partido e nosso maior líder".
O documento ainda retoma os efeitos da operação Lava Jato. "O período histórico inaugurado com a farsa da Lava Jato e o golpe contra a presidenta Dilma [Rousseff] abriu as portas para a extrema direita aliada ao neoliberalismo mais selvagem, que seguem ameaçando o país e o sistema democrático", afirma.
O candidato do partido, Luiz Fernando Teixeira, não chegou ao segundo turno, apesar do empenho dos ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), que tiraram férias para atuar na campanha.
Secretário na gestão de Marinho no município (2009-2016), Luiz Fernando ficou em terceiro lugar, com 23,1% dos votos. Ele é irmão do ministro do Desenvolvimento Agrário.
Uma derrota recebida com surpresa pela cúpula petista aconteceu em Araraquara, onde a popularidade do prefeito, Edinho Silva, uma ampla coligação e a destinação de recursos federais à cidade não foram suficientes para fazer de Eliana Honain sua sucessora.
Lá, o bolsonarista Dr. Lapena (PL) derrotou a petista por 49,15% a 45,16%, uma diferença inferior a 5 mil votos. Com menos de 200 mil habitantes, a cidade não tem 2º turno.
Sob reserva, petistas admitem que a derrota pode abalar o favoritismo de Edinho para o lugar de Gleisi Hoffmann na presidência do partido.
Em Guarulhos, o deputado federal Alencar Santana, um dos vice-líderes do Governo Lula na Câmara, não obteve nem 10% dos votos. Após uma disputa interna que, segundo relatos, desagradou Lula, ficou em quarto lugar, com 9,7% da votação.
Antes de levar seu nome às urnas, Alencar venceu o ex-prefeito Elói Pietá em uma briga dentro do PT pelo direito de concorrer. Contrariado, Pietá deixou o partido —hoje no Solidariedade, ele disputará o segundo turno contra Lucas Sanches, do PL.
Em Franco da Rocha, ainda na região metropolitana de São Paulo, foi o presidente estadual do PT, Kiko Celeguim, quem sofreu um revés. Bran Celeguim, seu irmão, foi derrotado pela candidata do Solidariedade, Lorena Oliveira, por 51,80% a 41,33%.
Filho do ex-prefeito Mário Maurici, Kiko foi duas vezes prefeito da cidade, elegendo-se para a Câmara dos Deputados em 2022. Lorena foi secretária de Saúde de sua gestão.
O PT também teve derrotas em Osasco e São Carlos, cidades com figuras com histórico de vitórias. O deputado estadual e ex-presidente do PT Emídio de Souza obteve apenas 15,07% dos votos na cidade, que governou por duas vezes.
Um dos elaboradores do programa de governo do presidente Lula em 2002, Newton Lima também foi duas vezes prefeito em São Carlos e, desta vez, não se elegeu. Obteve 39,85% dos votos.
Também houve decepões na disputa pela Câmara Municipal de São Paulo. Arselino Tatto, irmão do secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto, não se reelegeu. Ex-presidente da Casa, José Américo também não conquistou uma cadeira. Um candidato apoiado pelo ministro da Articulação, Alexandre Padilha, ficou na suplência.
O prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior, chegou ao segundo turno, mas pouco atrás de Taka Yamauchi (MDB).
A Executiva do PT, reunida nesta terça-feira (8), divulgou uma nota em que atribui o resultado a uma distorção do sistema político.
Segundo o documento, os números apontam para o início da recuperação eleitoral do PT nos municípios, mas atribui as derrotas ao cenário político e de acesso a emendas parlamentares por parte dos candidatos de legendas da centro-direita e direita, dominantes no Congresso Nacional.
"O alto índice de reeleições, que beira os 80% nas cidades que mais receberam emendas parlamentares, confirma essa distorção no sistema político", diz a nota.
Dizendo-se alvo de perseguição, o PT lista ainda vitórias obtidas no primeiro turno. Ressalta a política de alianças, ressaltando as vitórias de João Campos (PSB), no Recife, e Eduardo Paes (PSD), no Rio, como provas de uma tática bem-sucedida. A chegada de Guilherme Boulos (PSOL) ao segundo turno em São Paulo também é mencionada.
O objetivo de avaliar o resultado eleitoral após o segundo turno é reafirmado na nota do partido.
"Os resultados eleitorais deste primeiro turno correspondem ao compromisso e à luta de nossa militância, candidatos, candidatas e dirigentes de todos os níveis", diz o texto. "Correspondem também aos acertos e eventuais equívocos na implementação da tática eleitoral, que devemos avaliar em conjunto para fortalecer o partido, nosso campo político mais amplo e nosso projeto de país".
O PT acrescenta que essa avaliação tem de levar em conta que a legenda voltou ao governo federal, "com o presidente Lula liderando uma frente política democrática numa conjuntura extremamente desafiadora, após quase uma década de cerco e perseguição contra nosso partido e nosso maior líder".
O documento ainda retoma os efeitos da operação Lava Jato. "O período histórico inaugurado com a farsa da Lava Jato e o golpe contra a presidenta Dilma [Rousseff] abriu as portas para a extrema direita aliada ao neoliberalismo mais selvagem, que seguem ameaçando o país e o sistema democrático", afirma.
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