Luiz Inácio Lula da Silva
Le Monde
No domingo, 30 de outubro, os brasileiros decidirão seu futuro, após quatro anos de ódio, mentiras, negação da ciência e a morte de um número insuportável de nossos cidadãos durante a pandemia de Covid-19. Os brasileiros devem agora escolher um governo que defenda nossa democracia, a paz, uma sociedade unida e o respeito aos direitos de todos, ou prolongar a experiência de um poder que não deixou de nos isolar e envergonhar no mundo.
Na América Latina, vamos reforçar o Mercosul e reativar a integração regional. Não queremos mais que a América Latina se limite à exportação de matérias-primas. Neste sentido, trabalharemos para garantir que nossos países possam mais uma vez se industrializar e fazer progressos tecnológicos. Diante das rivalidades crescentes entre a China e os Estados Unidos, queremos dialogar com todos, e construir uma parceria estratégica com a União Europeia. A melhoria dos termos do acordo Mercosul-UE nos permitirá aumentar nossos fluxos comerciais, aprofundar nossas ligações de confiança e reforçar a defesa de nossos valores comuns.
Após esta longa campanha presidencial em que tive o privilégio de conhecer milhões de brasileiros e brasileiras, e após obter quase 57 milhões de votos no primeiro turno, estou convencido de que, a partir de 1º de janeiro de 2023, o Brasil voltará a ser o país de todo o povo brasileiro, e aparecerá no cenário internacional para contribuir na construção de um mundo melhor.
Hoje, a emergência climática, a desigualdade crescente e as tensões geopolíticas revelam a gravidade da crise que afeta nosso planeta. Infelizmente, Jair Bolsonaro tem continuado a piorar esta situação, praticando o revisionismo climático, minando as instituições de nossa democracia e promovendo a intolerância. Estas características de seu governo fizeram do Brasil um novo pária no cenário internacional. Isto não pode continuar.
O Brasil, sob minha presidência, voltará a se beneficiar de políticas públicas que visem melhorar a vida de nosso povo e inspirar fortes iniciativas em prol da proteção do meio ambiente, em particular da Amazônia, e do combate à pobreza no mundo.
Meu governo também vai reposicionar nosso país no coração dos investidores internacionais para que possamos criar empregos e assim fazer a economia voltar a funcionar em benefício de todos os brasileiros, não apenas de alguns.
Meu governo também vai reposicionar nosso país no coração dos investidores internacionais para que possamos criar empregos e assim fazer a economia voltar a funcionar em benefício de todos os brasileiros, não apenas de alguns.
"Credibilidade, previsibilidade, estabilidade" será o lema do meu governo. Sei que a situação do Brasil em 2022 é pior do que em 2002, mas tenho a experiência de quem governou em situação de crise: em 2003, assumi o cargo com 10% de inflação e 12% de desemprego. O Brasil devia US$ 30 bilhões ao FMI (mais de € 28 bilhões na época). No final do meu mandato, tínhamos reservas estimadas em mais de US$ 200 bilhões e emprestamos US$ 15 bilhões ao FMI. No final do meu mandato, tínhamos reservas estimadas em mais de 200 bilhões de dólares e emprestamos 15 bilhões de dólares ao FMI.
Meu objetivo agora é fazer mais e melhor. Para isso, é necessário que o Brasil esteja presente de novo nos grandes debates internacionais. Vamos desenvolver uma política externa soberana e ativa. Trabalharemos em prol da paz, do diálogo e da cooperação internacional. Acreditamos em um mundo multipolar e, ao contrário de alguns membros do governo Bolsonaro, não acreditamos que a Terra seja plana e que a mudança climática não exista. Meu governo trabalhará, junto com outros países, para reconstruir o Fundo Amazônia e assim cuidar da floresta amazônica e da biodiversidade.
Na América Latina, vamos reforçar o Mercosul e reativar a integração regional. Não queremos mais que a América Latina se limite à exportação de matérias-primas. Neste sentido, trabalharemos para garantir que nossos países possam mais uma vez se industrializar e fazer progressos tecnológicos. Diante das rivalidades crescentes entre a China e os Estados Unidos, queremos dialogar com todos, e construir uma parceria estratégica com a União Europeia. A melhoria dos termos do acordo Mercosul-UE nos permitirá aumentar nossos fluxos comerciais, aprofundar nossas ligações de confiança e reforçar a defesa de nossos valores comuns.
Por outro lado, a prioridade de meu governo será restabelecer a relação com o continente africano. O Brasil estará presente para ajudar e ampliar a cooperação política, econômica e social com seus países. Acreditamos - e, ao vencer, trabalharemos por - um mundo multipolar unido em torno de valores como a solidariedade, a cooperação, o humanismo e a justiça social. O brasil será presente.
Diante dos desafios de civilizações que vivemos, acreditamos em uma nova governança mundial que deve começar com o alargamento do Conselho de Segurança da ONU e a implementação de novas formas de cooperação entre países.
Diante dos desafios de civilizações que vivemos, acreditamos em uma nova governança mundial que deve começar com o alargamento do Conselho de Segurança da ONU e a implementação de novas formas de cooperação entre países.
Acreditamos que um outro Brasil é possível e que outro mundo é possível porque num passado não muito distante começamos a construi-lo.
___
Lula é ex-presidente do Brasil (2003-2011) e candidato nas eleições presidencias (Partido dos Trabalhadores)
Nenhum comentário:
Postar um comentário