Andre Pagliarini
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Vol. 9 – No. 1 |
Em 2022, Jair Bolsonaro, o presidente de extrema-direita do Brasil, apostou tudo em uma estratégia de semear dúvidas sobre a capacidade de seu país de realizar uma eleição livre e justa. Furioso com o Supremo Tribunal Federal (STF) por investigar ele e seus aliados por palavras e ações antidemocráticas, incluindo a participação deles em uma vasta conspiração para disseminar notícias falsas durante as eleições presidenciais de 2018, Bolsonaro incitou seus apoiadores a desafiar publicamente a mais alta corte da maior nação da América Latina em 7 de setembro de 2021, o Dia da Independência do Brasil. A demonstração de força pretendida em grande parte fracassou. Constantemente atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas, Bolsonaro passou a campanha inteira praticamente anunciando suas intenções de subverter a democracia brasileira, recorrendo a aviltar abertamente a integridade eleitoral de seu país na esperança de que houvesse dúvidas reais sobre quem venceu em outubro de 2022. No Brasil, assim como nos Estados Unidos, a ideia de que o sistema de votação é rotineiramente manipulado por funcionários corruptos e partidários inescrupulosos se tornou um delírio do ecossistema de informação da direita. Bolsonaro freneticamente levantou poeira para causar tumulto na disputa.
Como esperado, no entanto, Lula, o ex-operário que governou o Brasil de 2003 a 2011, venceu com sessenta milhões de votos contra cinquenta e oito milhões de Bolsonaro. Alguns interpretaram sua vitória apertada como um sinal de fraqueza. Afinal, apesar de ter presidido uma resposta calamitosa à pandemia e de ter recebido condenação universal pelo desmatamento da Amazônia, Bolsonaro ajudou a eleger vários aliados-chave em diferentes níveis de governo. Por um lado, mesmo na derrota ele havia, sem dúvida, demonstrado uma força surpreendente. Por outro, considerando que nenhum presidente em exercício havia perdido a reeleição desde que a constituição permitiu pela primeira vez que titulares buscassem um segundo mandato em 1997, a vitória de Lula não foi pouca coisa. Seu Partido dos Trabalhadores (PT) havia governado o Brasil de 2003 a 2016, quando sua sucessora escolhida a dedo, Dilma Rousseff, foi destituída por um Congresso reacionário. Anos de fervor histérico anti-PT se seguiram, puxando a política brasileira bruscamente para a direita. Agora, o candidato com profundas raízes no movimento sindical e nos movimentos sociais havia retornado ao auge do poder nacional.
“A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros, não apenas para os que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somos um só país, um só povo, uma grande nação”, proclamou o presidente eleito em seu discurso de vitória na noite da eleição, trabalhando imediatamente para avançar sua própria moldura patriótica na esteira da apropriação do patriotismo pela direita em sua guerra retórica de anos contra a esquerda. A vitória de Lula foi uma validação de sua estratégia de campanha de frente ampla, que incluiu nomear seu ex-rival Geraldo Alckmin como vice-presidente e buscar o apoio de outras vozes proeminentes de centro-direita, como a senadora Simone Tebet, que montou uma campanha de terceira via surpreendentemente forte; Aloysio Nunes, o candidato a vice-presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) de centro-direita em 2014; e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que implementou um conjunto de reformas neoliberais no final da década de 1990. Candidatando-se não como um esquerdista, mas como o árbitro de um grande esforço nacional de reconciliação, Lula alcançou uma virada notável que parecia impensável apenas alguns anos antes.
Na avaliação da estratégia de frente ampla que garantiu a eleição de Lula e em grande parte definiu seu terceiro mandato, este artigo se divide em três partes. A primeira discute a corrida de 2022, examinando as ações e os argumentos que sustentaram a decisão de Lula de incorporar ativamente figuras de centro em sua sexta campanha presidencial. O artigo então discute o governo de Lula de 2023 a 2025, abordando os debates internos que definiram a orientação política da administração. A parte final volta-se para 2026 e a campanha presidencial que se aproxima, oferecendo uma análise especulativa sobre se e como Lula poderá tentar uma corrida semelhante àquela que o levou à vitória em 2022.
Durante seus mandatos anteriores, Lula se beneficiou de sua reputação como um negociador habilidoso, mas ideologicamente flexível, comprometido em oferecer melhorias materiais para sua base tradicional de eleitores pobres e da classe trabalhadora. Ganhos econômicos, como controle da inflação, aumento do emprego e elevação da renda, já foram indicadores-chave do sucesso de sua administração e contribuíram para a opinião pública positiva. Ele deixou o cargo com 83% de aprovação — uma conquista inimaginável em meio à polarização rancorosa que definiu o Brasil, entre outras democracias ao redor do mundo, nos anos seguintes — entregando as rédeas da governança nacional à sua sucessora escolhida, a primeira mulher presidente do país. Com seu país pronto para continuar sua lenta, mas constante, ascensão à influência global, o legado de Lula parecia seguro.
Mas o cenário político mudou drasticamente em uma década e meia. As crescentes divisões ideológicas no país, alimentadas por novas plataformas de mídia repletas de desinformação, desviaram o foco das métricas econômicas tradicionais, que consistentemente superaram as expectativas do mercado durante o terceiro mandato de Lula, para debates mais contenciosos sobre moralidade e valores culturais. Essa mudança criou um ambiente menos favorável para Lula, com os sucessos políticos não tendo mais o mesmo impacto em seus índices de aprovação como tinham antes. De acordo com José Dirceu, que serviu como chefe de gabinete de Lula há vinte anos, o presidente “montou um governo de centro-direita”. Ele acrescenta que “o PT fica indignado” quando ele aponta isso, “mas é uma exigência do momento histórico e político que vivemos”. Lula, diz ele, “não optou pela polarização ideológica”. De fato, Lula não se envolveu em grandes brigas sobre temas que animam a esquerda. No entanto, se as pesquisas estiverem certas, o benefício político de evitar controvérsias tem sido insignificante.
Em meados de abril de 2025, o índice de aprovação de Lula estava um pouco abaixo de 40%. Bem mais da metade dos entrevistados expressou uma visão negativa de sua administração, levantando sinais de alerta sobre seu desempenho na corrida presidencial de 2026. A experiência de Lula no poder ilustra que uma estratégia de frente ampla na campanha é, decididamente, mais fraca como um modelo de como realmente governar. Montar uma coalizão diversa contra um extremista de extrema-direita é uma coisa; estar em dívida com atores políticos fora do seu campo ideológico, cada um dos quais se atribui em grande parte a vitória, é outra bem diferente. Cumprir uma agenda social-democrata coerente e ambiciosa nessas circunstâncias tem se mostrado difícil, se não impossível, na quinta maior democracia do mundo. Este é um problema estrutural para a governança progressista em uma era de profunda polarização ideológica, que Lula — que terá 80 anos quando os brasileiros forem às urnas no próximo ano — tem lutado para resolver.
Derrotando Bolsonaro
Em novembro de 2019, após 580 dias atrás das grades, Lula foi libertado da prisão. Ele havia sido preso por motivos frágeis, como parte de uma operação judicial mais ampla conhecida como Operação Lava Jato, que, em nome do combate à corrupção, foi considerada como tendo violado preceitos constitucionais fundamentais. Lula manteve sua inocência de qualquer irregularidade enquanto uma campanha de solidariedade internacional galvanizava progressistas em todo o mundo. De repente, a esquerda brasileira tinha seu porta-voz mais eficaz voltando à briga, enquanto o país definhava sob a liderança reacionária implacável e incompetente de Bolsonaro. Lula afirmou que saiu da prisão mais à esquerda do que quando entrou, sugerindo que intensificaria sua retórica contra as forças conservadoras arraigadas na mídia, nas finanças e no governo, que lançaram as bases para a ascensão de Bolsonaro.
Em março de 2021, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu que Lula poderia concorrer a um cargo em 2022, os mercados entraram em pânico. Sua renovada elegibilidade política "despejou as ações e a moeda, agravando alguns dos piores desempenhos [daquele] ano", informou a Bloomberg. Investidores disseram à Reuters que "a perspectiva de Bolsonaro concorrer contra Lula coloca dois candidatos 'populistas' um contra o outro, esvaziando o centro político, que é mais fértil para as reformas econômicas de que o Brasil desesperadamente precisa". Tal preocupação ignorou as diferenças óbvias entre o titular e o possível desafiante, que concorreu sem sucesso à presidência três vezes antes de finalmente vencer em 2002. De fato, dois anos após o desastroso mandato de Bolsonaro, até mesmo figuras de centro-direita notaram a capacidade de Lula de construir pontes, uma crítica à incapacidade de Bolsonaro de fazê-lo. Como em 2002, quando Lula prometeu uma alternativa social-democrata plausível às privações do neoliberalismo, surgiu uma oportunidade para seu apelo singular.
Em um discurso na sede do sindicato dos metalúrgicos em São Bernardo do Campo, onde a vida pública de Lula começou, ele adotou um tom conciliador. Deixando claro que pretendia concorrer à presidência novamente, ele enfatizou a necessidade de bom senso e habilidades básicas de governança. "É sempre importante reiterar sempre que possível", declarou, "o planeta é redondo... e Bolsonaro não sabe disso". Ele descreveu todas as medidas que teria tomado se estivesse no cargo quando a pandemia atingiu, cada medida mais sensata que a anterior. Quando questionado sobre a noção de uma frente ampla contra Bolsonaro, Lula fez uma analogia familiar: "Qualquer pessoa que se senta à mesa de jantar com cinco filhos e os vê brigando por mais um bife e tem que se comprometer para fazê-los felizes sabe que não há dificuldade em construir uma aliança quando chegar a hora". Um amplo apoio político viria, argumentou ele, "se tivermos a capacidade de dialogar com outras forças políticas que não estejam na extremidade esquerda do espectro. É possível? É possível."
Logo, uma estratégia eleitoral surgiu: Lula não concorreria como um incendiário de esquerda, mas como um construtor de consensos, conquistando uma ampla faixa do eleitorado, da centro-direita à extrema-esquerda. Não está claro se alguma outra figura política no amplo campo progressista conseguiria isso de forma plausível. Mas Lula, que combinou credibilidade arduamente conquistada entre os pobres e a classe trabalhadora com um histórico de governança responsável e favorável ao mercado, parecia bem posicionado para montar uma coalizão eclética enquanto Bolsonaro cambaleava de crise em crise e destruía a posição internacional do Brasil. Tanto o então presidente da Câmara, eleito para seu influente cargo com o apoio de Bolsonaro, quanto o anterior, uma figura de centro-direita cujo partido havia insinuado que poderia apoiar Bolsonaro em 2022, sinalizaram abertura à reabilitação de Lula. Independentemente do que se pensasse sobre suas visões políticas, Lula era uma figura eminentemente razoável em comparação com Bolsonaro.
Com o início da corrida eleitoral de 2022, Lula colocou a defesa da democracia — em vez da redistribuição radical — no centro de sua campanha. Diante das frequentes explosões anti-institucionais, da homofobia e do obscurantismo de Bolsonaro, Lula buscou se posicionar como um unificador, capaz de transcender as divisões partidárias tradicionais em nome de um sistema democrático com menos de quarenta anos. O ponto central dessa estratégia foi a escolha de seu companheiro de chapa, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Católico profundamente conservador, Alckmin já havia concorrido à presidência duas vezes como membro do PSDB, enfrentando Lula no segundo turno de 2006. Em 2017, enquanto Lula cogitava uma candidatura presidencial antes de ser preso, Alckmin acusou o ex-presidente de querer "voltar à cena do crime". Agora, com Alckmin migrando para o Partido Socialista Brasileiro (PSDB), eles se encontravam do mesmo lado. Esse arranjo foi produto de maquinações discretas de aliados de Lula no PT e além, e se tornou a prova número um caso ele pudesse trabalhar produtivamente fora de seu silo ideológico.
Alckmin, ao que tudo indica, detestava Bolsonaro e desejava desesperadamente se associar ao seu concorrente mais plausível. Sua presença na chapa provavelmente também ajudou outras figuras, decididamente não esquerdistas, a apoiar Lula. Depois que ficou claro que Lula e Bolsonaro se enfrentariam em um segundo turno, o ex-presidente montou a maior coalizão partidária de sua carreira; onze partidos o apoiaram, contra cinco de Bolsonaro. A definição da disputa como uma escolha binária entre democracia e autoritarismo tornou-se ainda mais clara no segundo turno e repercutiu no centro político e na centro-direita do país, não apenas na esquerda. Com o tempo, o PT pôde apontar para uma ampla gama de atores políticos proeminentes que, um a um, deixaram de lado sua antiga animosidade em relação a Lula para apoiá-lo contra Bolsonaro. “Há muitas pessoas que nunca fizeram parte do PT e que participaram do meu governo. E é assim que será”, afirmou Lula. “Não será um governo do PT; será um governo do povo brasileiro.”
Mas o apelo de Lula não era apenas popular. Ele reconheceu a necessidade de apaziguar bases eleitorais poderosas ligadas, por exemplo, ao setor agrícola altamente capitalizado do país — um pilar do apoio bem organizado e amplamente financiado de Bolsonaro — e aos líderes evangélicos virulentamente reacionários que detêm enorme influência em uma nação onde a influência católica está em declínio. Durante a campanha, Alckmin serviu como elo pessoal de Lula com a Grande Agricultura, que sempre desconfiou dos laços de décadas de Lula com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), enquanto o próprio Lula expressou o desejo de conquistar o apoio de cristãos conservadores, destacando suas próprias visões tradicionalistas em questões como aborto e legalização das drogas.
Além de referências genéricas à necessidade de despolitização, Lula tinha relativamente pouco a dizer sobre as Forças Armadas, fortalecidas politicamente por Bolsonaro como nenhum presidente em várias décadas. Lula deixou claro que não buscaria vingança contra membros da cúpula militar que desrespeitassem as convenções ao se aproximarem de seu rival político. Naturalmente, nem todos foram conquistados. Como observou André Singer, "A camada da classe dominante que atua como o sistema nervoso central da burguesia brasileira — e cujos interesses (nos setores bancário, industrial, industrial, cultural) estão mais diretamente relacionados ao núcleo do capitalismo global, especialmente por meio da intermediação financeira — relutou até o último momento em se juntar à gama de apoiadores de Lula". Bolsonaro conseguiu manter um apoio considerável tanto da elite quanto dos setores populares, mas a coalizão eleitoral de Lula se mostrou maior e mais diversa.
Essa heterogeneidade carregava consigo as sementes de dilemas futuros. Com que intensidade Lula pressionaria nas questões que mais animavam sua base de apoio de longa data, dada a avidez com que aceitou o apoio de atores mais conservadores? Estaria ele se preparando para uma traição inevitável de pelo menos uma parte de sua coalizão? Seria realmente possível, por exemplo, conciliar a urgência de uma agenda ecológica robusta com os imperativos econômicos da produção agrícola em larga escala? Além disso, como disse um colunista na época: "A ampla frente no segundo turno foi tão grande que será impossível para Lula (ou qualquer candidato do PT) repetir o feito. Em um contexto eleitoral, o PT acredita que as pessoas serão levadas a concluir que o apoio a Lula desapareceu em quatro anos". Esses são debates que o partido entreteve, mas que, com razão, encerrou quase imediatamente. Afinal, dados os riscos da eleição, a prioridade era vencer. O partido poderia lidar mais tarde com as implicações confusas de como exatamente havia vencido.
Terceiro mandato de Lula
"É hora de depor as armas que nunca deveríamos ter empunhado", disse Lula na noite da eleição, assim que ficou claro que a vitória era sua. Ele insistiu que "o Brasil está de volta" e prometeu "trabalhar incansavelmente por um Brasil onde o amor prevaleça sobre o ódio, a verdade sobre a mentira e a esperança seja maior que o medo". Com o início da tradicional disputa por indicações para o gabinete e outras nomeações federais, era cedo demais para se perguntar como Lula conseguiria manter o apoio de indivíduos com ideologias tão diversas nos próximos quatro anos, quando a narrativa central de defesa da democracia inevitavelmente perderia importância. Era fácil imaginar que as coisas tivessem mais ou menos voltado ao normal em relação à política.
Ao tratar o início de um novo governo Lula como essencialmente o mesmo de mandatos anteriores — com cargos rotineiramente distribuídos a vários partidos aliados em proporção aproximada à sua representação no Congresso — o governo perdeu a oportunidade de incutir no novo cenário político um ponto que havia sido incessantemente defendido durante a campanha — a saber, que este momento perigoso para as instituições brasileiras exigia que os partidos pró-democracia atuassem em conjunto, e não como aglomerações individuais com motivações distintas. Em retrospectiva, Lula deveria ter criado uma estrutura concreta em torno da frente ampla, "com personalidades, com um discurso, com posições de apoio ao governo, com propostas e críticas. Com a cara de uma frente ampla. Como os partidos têm feito". Assim argumentou Dirceu, talvez o pensador estratégico mais importante da história do PT, em julho de 2024.
O fracasso em institucionalizar a frente ampla significou que o PT perdeu o controle da narrativa de coalizão que havia conseguido construir em 2022. O apoio crítico frequentemente vinha de forças centristas no Congresso, mas a ótica do terceiro mandato de Lula rapidamente se transformou em atores do PT negociando com todos os outros a serviço da agenda de Lula. A frente ampla tornou-se uma relíquia da última campanha, em vez de um elemento fixo da nova conjuntura, caracterizada por uma ameaça persistente da extrema direita.
Para ser justo, tais maquinações pareciam desnecessárias no início, já que os desenvolvimentos políticos pareciam reunir líderes em uma direção pró-democracia organicamente. Durante sua campanha, Lula argumentou que o país precisava de cabeças mais frias no poder; a semana após sua posse deixou claro que um segmento significativo do país rejeitava a reconciliação. Em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula, apoiadores de Bolsonaro realizaram uma insurreição em Brasília, gerando comparações instantâneas com a invasão do Capitólio dos EUA por apoiadores de Donald Trump dois anos antes. Enfurecidos com a derrota de Bolsonaro, manifestantes vestidos com as cores nacionais invadiram prédios importantes do governo e causaram milhões de dólares em danos. Comprovando a campanha vitoriosa de Lula, o ataque revelou uma antiga veia autoritária na política brasileira que contestava não apenas uma eleição ou candidatura presidencial fracassada, mas a própria democracia.
Lula reagiu com firmeza, denunciando os manifestantes como "fascistas" e invocando a intervenção federal para restaurar a ordem e investigar falhas de segurança. Muitos apoiadores proeminentes de Bolsonaro condenaram a violência, mesmo acusando o governo de exagerar nas prisões em massa. No entanto, Lula pareceu revigorado pelo desafio. Sua justa indignação ficou evidente nos dias seguintes, enquanto seu governo avançava com uma resposta legalista agressiva para defender as instituições democráticas do Brasil. Líderes internacionais, incluindo o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente francês, Emmanuel Macron, apoiaram Lula, celebrando a resiliência democrática do país. Embora profundamente perturbador, o momento ressaltou o desafio da extrema direita à estrutura democrática do Brasil, com Lula se posicionando como um defensor da democracia contra seus inimigos obstinados. A falta de unidade e de direção clara entre os apoiadores de Bolsonaro após o tumulto refletiu a desorganização política na direita, que prometia fortalecer a capacidade do presidente de responder a futuras ameaças à democracia.
Mas a relevância de 8 de janeiro diminuiu com o tempo. O governo Lula obteve sucessos notáveis, incluindo a aprovação de uma simplificação do obscuro código tributário do país e a presidência tanto dos maiores aumentos salariais reais pós-pandemia entre as principais economias quanto de algumas das menores taxas de desemprego já registradas. No entanto, a inflação permanece teimosamente alta, o que levou a uma queda na taxa de aprovação de Lula mais acentuada do que qualquer outra que ele já havia experimentado no cargo. Abundam os diagnósticos para essa reviravolta. Alguns apontam simplesmente para o cansaço do governo que aflige líderes em todo o mundo. Como Joe Biden, por exemplo, Lula é um político veterano e envelhecido que luta para se adaptar a um novo ecossistema de mídia política, e sua história econômica positiva não está se traduzindo em apoio popular robusto.
Outros, de diferentes ângulos, criticam a forma como Lula lidou com a frente ampla e crucial que o levou à presidência. Expressando a visão de muitos analistas voltados para o mercado, o economista Fabio Giambiagi criticou duramente os gastos e a política externa de Lula como uma traição à confiança que os moderados depositavam nele. “Lula concedeu alguns cargos um tanto decorativos a pessoas não ligadas ao PT. Depois, ele se encontrou com Nicolás Maduro e começou a atacar [o presidente do Banco Central] Roberto Campos Neto e a ‘abrasileirar’ os preços cobrados pela Petrobras, minando os esforços de anos da empresa para colocar suas contas em ordem após a dramática situação vivida em meados da década de 2010.” Da perspectiva de Giambiagi, “O PT teve uma segunda oportunidade histórica de formar uma aliança e a desperdiçou. Podemos ser enganados uma, duas vezes. Mas, no aprendizado da vida, dificilmente seremos enganados uma terceira vez. Acredito que não há chance alguma de restabelecer uma frente ampla no futuro.” A partir de agora, muitos dos centristas que taparam o nariz e votaram em Lula da última vez por acharem Bolsonaro muito questionável parecem dispostos a apoiar alternativas supostamente moderadas de direita.
Alguns na esquerda, por outro lado, argumentam que o problema é que Lula, na verdade, ficou muito fascinado pela mentalidade de frente ampla. Em uma memorável entrevista no final de 2024, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, afirmou que o partido não sacrificaria sua identidade de esquerda para apaziguar seus parceiros no governo. "Tivemos diálogo político com o centro durante a campanha e o expandimos no governo. Eles tentaram matar o PT e falharam", afirmou Hoffmann, que assumiu o partido após a deposição de Dilma Rousseff e o conduziu pelos anos difíceis do julgamento e da prisão de Lula. "Eles não podem agora pedir ao PT que cometa suicídio, rompendo com a base social que nos trouxe até aqui."
Isso foi interpretado como uma advertência ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, enquanto supervisionava um esforço conjunto para aprovar um sistema tributário mais progressivo em um dos países mais desiguais do planeta, adotou políticas fiscais moderadas para apaziguar os agentes do mercado. Há um histórico de tensões nos bastidores entre Hoffmann e Haddad, o candidato presidencial do PT em 2018. Mas Haddad só está em seu cargo atual porque Lula o colocou lá. Os críticos da abordagem de Haddad estão, na verdade, argumentando sobre a orientação ideológica de Lula. Em vez de focar nos cortes de gastos desmobilizadores que os agentes do mercado gostariam de ver, por exemplo, o deputado petista Lindbergh Farias argumenta que "temos que mudar de assunto, temos que nos envolver na agenda do povo. Minha linha agora é que 2025 é o ano de Lula. É Lula sendo Lula. É Lula falando sobre a vida das pessoas" e todos os novos programas sociais implementados desde seu retorno ao poder. Não importa o tamanho da tenda, pode ser difícil se movimentar se você deixar muitas pessoas entrarem. Em algum momento, Lula terá que agir como Lula.
Até que ponto as principais políticas do terceiro mandato de Lula podem ser apresentadas como um argumento político unificado? Primeiro, o óbvio: Lula agiu como um democrata consumado, cumprindo a promessa básica de que não testaria constantemente as instituições políticas do país como Bolsonaro fez. Mais substantivamente, o governo pode afirmar com credibilidade ter avançado em sua prioridade de reduzir a desigualdade. A reforma tributária abrangente promulgada em dezembro de 2023 consolida múltiplos impostos sobre o consumo em um sistema simplificado, incluindo o imposto sobre bens e serviços, o imposto subnacional sobre bens e serviços e um imposto federal sobre consumo. O novo sistema foi projetado para reduzir a alíquota média do imposto sobre o consumo de 34% para aproximadamente 26,5%, reduzindo assim a carga tributária sobre famílias de baixa renda e promovendo a igualdade econômica em uma sociedade altamente estratificada. Muitos presidentes tentaram, sem sucesso, aprovar uma reforma desse tipo, mas ela só entrará em vigor em 2033, o que provavelmente reduzirá parte do benefício político para o atual governo.
O governo também fez questão de aumentar o salário mínimo acima da inflação, contribuindo para ganhos reais de renda para os que ganham menos, aposentados e beneficiários de outros programas públicos que usam o salário mínimo como referência para benefícios. Além disso, o governo ampliou o limite de isenção do imposto de renda, elevando-o de R$ 1.900 por mês no início de 2023 para R$ 2.824 até fevereiro de 2024, efetivamente removendo milhões de brasileiros da base tributária do país e aumentando a renda disponível para trabalhadores de baixa renda (essa medida deveria ser compensada pelo aumento da tributação dos brasileiros mais ricos, mas essa questão está atualmente emperrada no Legislativo).
Haddad também supervisionou a aprovação de um arcabouço fiscal para substituir o sistema mais austero de teto de gastos introduzido pelo ex-presidente Michel Temer. O arcabouço fiscal, como o novo arranjo é conhecido, permite um crescimento modesto dos gastos públicos anuais de acordo com o desempenho da receita. Fundamentalmente, ele isenta despesas sociais essenciais do teto de gastos, salvaguardando serviços essenciais. Este projeto visa equilibrar a responsabilidade fiscal com a agenda redistributiva de Lula, permitindo investimentos contínuos em assistência social, educação e saúde. No entanto, atraiu críticas tanto da esquerda, que argumenta que, ao fetichizar a contenção fiscal, o governo dá espaço demais ao pensamento neoliberal, quanto da direita, que insiste que a medida não é suficiente para conter os gastos públicos.
Não há dúvida de que o terceiro mandato de Lula terminará com uma base econômica mais sólida do que a inicial, em grande parte devido às políticas adotadas pelo governo. Mas a aversão do governo a cortejar qualquer tipo de conflito significa que muitos dos benefícios mais tangíveis das diversas medidas econômicas estão a anos de distância de serem sentidos. Para complicar ainda mais a situação para Lula desta vez, está o fato de Bolsonaro ter transferido enormes quantidades de poder discricionário sobre o orçamento federal para parlamentares individuais, uma dinâmica que tem sido difícil para Lula reverter.
A politicagem tradicional tornou-se mais difícil para o presidente, à medida que os membros do Congresso exercem mais poder do que nunca. O governo Lula tem lutado para manter altos níveis de apoio público neste clima político profundamente polarizado. Em um contexto pós-Bolsonaro, não é pouca coisa que Lula tenha revivido os principais elementos de sua agenda social de vinte anos atrás. Mas há uma escassez de novas ideias criativas, que reflitam as novas limitações deste momento. De onde surgirão novas ideias? A ampla frente, meticulosamente montada em 2022, baseava-se na noção de que Lula era o candidato mais viável para derrotar Bolsonaro e que, como um democrata comprometido, seu retorno beneficiaria todos os atores. O que acontecerá se atores poderosos rejeitarem essas premissas fundamentais no próximo ano?
Lula pode muito bem ter se tornado vítima de seu próprio sucesso político passado. Dado seu estilo pessoal e ideológico, ele sempre governou como pragmático, incluindo em sua órbita representantes da elite política tradicional que se beneficiou da proximidade com o poder desde o início do século XIX. Essa abordagem não era chamada de frente ampla há vinte e dois anos, quando Lula assumiu o poder, mas era amplamente entendido que, para governar — para começar a concretizar o que André Singer chamou de "sonho rooseveltiano" para o Brasil —, Lula e o PT teriam que fazer concessões substanciais a uma panóplia de forças políticas à sua direita. Para conquistar e se manter no poder, o PT minimizou uma agenda redistributiva radical e abrangente, mesmo tendo conseguido implementar uma série de políticas sociais genuinamente transformadoras.
Essa abordagem, por mais confusa e transacional que fosse, deu resultado. Agora, porém, sempre que Lula desagrada este ou aquele parceiro de coalizão, ele é acusado de não atingir o alto padrão de consenso implícito na estratégia de frente ampla adotada em 2022 ou de demonstrar preocupação insuficiente com a saúde da democracia brasileira. O ônus político aparentemente recai sobre o presidente, para manter todos felizes, e não sobre a coalizão como um todo, para derrotar a ameaça de extrema direita que os uniu em primeiro lugar. Ao dar tanta importância à ameaça urgente do bolsonarismo, Lula inadvertidamente se colocou em uma posição politicamente precária.
A próxima campanha
Lula insistiu que está ansioso para concorrer à presidência pela última vez em 2026, mas tanto ele quanto a primeira-dama aparentemente deixaram a porta aberta para a desistência por motivos de saúde. Se a posição de Lula nas pesquisas não melhorar, é fácil imaginá-lo desistindo. Ainda assim, a mesma pergunta eleitoral será feita ao PT, independentemente de ele ser ou não o candidato: Para onde vai a frente ampla? Apesar do apelo sui generis de Bolsonaro em 2018, uma ampla coalizão é fundamental para a vitória eleitoral em um país com tantos partidos políticos ativos quanto o Brasil.
Mas a articulação de uma frente ampla vai além de uma simples aliança partidária. Ela sinaliza aos eleitores que algo maior está em jogo do que o avanço sectário. Bolsonaro foi impedido de concorrer a cargos públicos até 2030, quando poderá cumprir uma longa pena de prisão por seu suposto papel em um complô para derrubar o governo eleito de Lula. Será enormemente desafiador, senão impossível, para o PT argumentar com potenciais parceiros que qualquer um dos aspirantes a substitutos de Bolsonaro representa o grave perigo que ele representou.
Isso não significa que eles não tentarão. Colocando o governo Lula no centro do espectro político, Haddad descreveu no ano passado a estratégia do presidente como "uma coalizão para evitar o mal maior". Além disso, ele afirma que "enquanto a extrema direita tiver essa força e esses instrumentos de ataque, essa aliança será uma proteção para o país... A repolarização em torno de perspectivas mais saudáveis e democráticas exigirá, primeiro, o recuo da extrema direita no Brasil e no mundo". Primeiro, precisamos derrotar o extremismo de direita, aqueles que estão além dos limites da discórdia política aceitável, sugere Haddad. Depois, podemos nos preocupar em superar os conservadores comuns.
Essa lógica é sólida. Afinal, Bolsonaro pode não estar concorrendo, mas continua sendo o rosto de um movimento corrosivo maior que disputará o poder sob o disfarce de uma alternativa moderada ao suposto radicalismo de Lula. A necessidade de uma frente ampla contra a erosão democrática permanece. "Quero estabelecer a melhor convivência possível [com outros partidos], porque acredito que devemos ter uma frente ampla para a eleição do presidente Lula, ainda maior do que a que tivemos em 2022", afirmou Hoffmann em seu novo cargo como ministra de Assuntos Institucionais, cargo para o qual Lula a nomeou em março. Dirceu apresentou argumento semelhante, insistindo que o PT deve, ao mesmo tempo, fortalecer seus laços com outros partidos de centro-esquerda e reanimar a frente ampla formada há três anos. Menos de um ano em seu terceiro mandato, o próprio Lula teria dito a interlocutores que queria uma frente ainda mais ampla na próxima vez. Mas não está claro que tipo de influência ele terá em 2026 em comparação com 2022.
Líderes proeminentes do PT concordam sobre a conveniência de uma frente ampla na campanha do próximo ano, mas vale a pena questionar para que propósito ela serve além de vencer uma eleição. Se e quando o PT embarcar em uma nova tentativa de formar uma coalizão heterogênea para apoiar Lula em nome da contenção da extrema direita, deverá ficar mais claro a visão do presidente de derrotar reacionários radicais além do horizonte temporal da próxima eleição. Há algo a ser dito sobre o ato de equilíbrio que Lula empreendeu no cargo como o rosto de uma frente ampla após derrotar Bolsonaro. Fundamentalmente, funcionou. Mas essa estratégia de frente ampla não significa, e não pode significar, que Lula seja refém das posições de seus eleitores mais conservadores ao longo dos próximos quatro anos. Lula trouxe uma série de boas notícias econômicas, mas as críticas aos gastos do governo têm sido uma constante na cobertura da grande mídia no Brasil. No ano que vem, a campanha de Lula deve insistir que uma frente ampla não significa que ele deva adotar cortes orçamentários draconianos, como os agentes do mercado têm defendido desde sua posse. Austeridade não era a agenda que a frente ampla se reuniu para implementar em 2022. Isso deveria ser explicitado em 2026.
Apesar das diferenças de estilo, qualquer candidato que busque a benção de Bolsonaro no próximo ano quase certamente seria tão direitista quanto o próprio ex-presidente desonrado. Será que o candidato da direita conspiraria com homens de alto escalão uniformizados para subverter a vontade dos eleitores, como fez Bolsonaro? Provavelmente não. Mas um sucessor estaria disposto e seria capaz de supervisionar uma agenda econômica draconiana que deixaria muitos em pior situação. Em resposta, o pragmatismo, como sempre, será a ordem do dia de Lula. “Sou um líder sindical que acreditava no tudo ou nada”, disse ele a professores universitários que entraram em greve para exigir aumento e melhores condições de trabalho em junho de 2024. “Para mim, era 100% ou nada. E muitas vezes fiquei sem nada.” Ele instou os grevistas a aceitarem o acordo proposto pelo governo, insistindo que a greve já havia chegado ao fim e que seus líderes tinham a obrigação de reconhecer isso. Eles o fizeram logo depois. Este caso reflete tanto o temperamento de Lula quanto sua estratégia política neste momento polarizado. O Lula radical foi vislumbrado em alguns momentos durante este mandato, mas o Lula conciliador, que mediaria em vez de atiçar o conflito de classes, tem sido a presença mais consistente.
No entanto, quase certamente veremos ambos os lados de Lula em ampla medida durante a campanha do próximo ano: o construtor de pontes em busca de uma nova frente ampla e o agitador populista atacando qualquer aliado de Bolsonaro que ganhe força. De fato, nos últimos meses, os contornos do possível discurso de reeleição de Lula ganharam destaque. No primeiro turno, quando vários candidatos provavelmente concorrerão, sua campanha provavelmente se concentrará em justiça econômica e um discurso nacionalista progressista. Em justiça econômica, ele enfatizará sua proposta de eliminar gradualmente o imposto de renda para brasileiros pobres e da classe trabalhadora e aumentá-lo para pessoas de alta renda e para lucros e dividendos enviados ao exterior.
Em discurso nacionalista, ele provavelmente atacará a direita brasileira por sua paixão por Trump e Elon Musk, que desrespeitou a lei brasileira e criticou membros do governo em termos extremamente duros e pueris. Esses certamente serão poderosos instrumentos eleitorais. O fato de o governador de São Paulo, um dos principais candidatos à presidência por Bolsonaro, ter se mantido notavelmente silencioso em relação às tarifas de Trump após celebrar a eleição do republicano no ano passado é um exemplo claro. Apesar de uma série de pesquisas desfavoráveis nas últimas semanas, Lula não pode ser descartado. Ele atrai a ira de muitos, mas já conseguiu reviravoltas políticas notáveis antes. Ele não teria vencido em 2022 se fosse tão questionável quanto seus oponentes mais fervorosos acreditam.
Em última análise, é graças à força eleitoral duradoura de Lula, construída ao longo de décadas, que o Brasil hoje pode servir de modelo na luta global pela democracia institucional, em vez de ser considerado um conto de advertência de declínio cívico catastrófico. Sua resiliência política, forjada no cadinho da ditadura e da turbulência econômica, continua sendo um contrapeso vital aos impulsos autoritários que continuam a ameaçar as normas democráticas em todo o mundo. O que está em jogo no próximo ano é se o Brasil permanecerá uma sociedade amplamente pluralista e aberta, com um governo em sintonia com as necessidades materiais da maioria pobre e da classe trabalhadora, ou se se acomodará a uma visão mais excludente da vida social. Uma ampla frente deve ser montada a serviço da primeira, e não para simplesmente facilitar a transição do país para a segunda, de forma mais suave do que Bolsonaro ou seus acólitos fariam.
Nenhum partido gosta de perder eleições, é claro, mas Lula e o PT, no entanto, sempre estiveram de olho na próxima eleição. Eles forjaram e manejaram com sucesso uma ampla frente para derrotar a extrema direita em nível nacional em 2022. Uma ampla frente, no entanto, não deve ser vista como um fim em si mesma. O PT passou o terceiro mandato de Lula atendendo às demandas insignificantes deste ou daquele parceiro de coalizão, enquanto diluía os efeitos de seus sucessos políticos substantivos. Embora os resultados não sejam desprezíveis, houve uma notável falta de ambição, inovação e, sim, agressividade do quinto governo presidencial do PT. Ironicamente, ao pisar em ovos na tentativa de não desagradar a ninguém, o partido pode se encontrar em uma posição em que inspire poucos na luta contínua contra o obscurantismo reacionário transnacional. Enquanto planeja seu futuro político, o PT não deve permitir que a ampla frente que construiu há três anos se torne uma gaiola dourada.
Andre Pagliarini é professor assistente de história e estudos internacionais na Louisiana State University. Seu livro, Lula: A People's President and the Fight for Brazil's Future, está previsto para ser lançado em julho de 2025.
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