23 de outubro de 2022

Xi Jinping chega ao terceiro mandato e consolida poder absoluto no Partido Comunista

Líder chinês conseguiu eleger oficiais leais para todas as cadeiras do Comitê Permanente do Politburo, coração político do país

Igor Patrick

Folha de S.Paulo

Os sete homens que vão comandar a política chinesa pelos próximos cinco anos foram apresentados à imprensa na manhã deste domingo (23) em Pequim. Sem surpresa, Xi Jinping foi reconduzido a um terceiro mandato e vai presidir o Comitê Permanente do Politburo —coração da hierarquia política chinesa— liderando o país pelo menos até 2028.

Junto de Xi, subiram ao pódio o secretário-geral do Partido em Xangai, Li Qiang, o secretário da Comissão Central de Inspeção Disciplinar, Zhao Leji, o chefe do Secretariado do PC Chinês, Wang Huning, o secretário-geral do Partido em Pequim, Cai Qi, o diretor do Escritório Geral do Partido, Ding Xuexiang, e o secretário-geral do Partido em Cantão, Li Xi.

O presidente chinês Xi Jinping fala com a imprensa após o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, em Beijing - Tingshu Wang/Reuters

A grande surpresa foi a ausência de Hu Chunhua. Membro da Juventude Comunista —uma facção anteriormente poderosa na estrutura interna do Partido, de onde saíram o ex-líder chinês Hu Jintao e o premiê Li Keqiang— Hu era um dos poucos nomes aventados para promoção não alinhado automaticamente a Xi e o principal favorito ao posto de premiê.

Em seu lugar, quem deve ocupar o cargo será o agora ex-secretário-geral do PC Chinês em Xangai, Li Qiang. Historicamente, Xangai tem sido terreno fértil para líderes que almejam o Comitê Permanente. Com exceção de Chen Liangyu, derrubado após acusações de corrupção em 2006, todos os chefes do partido na cidade chegaram ao Comitê Permanente do Politburo nos últimos 33 anos.

A surpresa fica pelo quão alto Li Qiang conseguiu subir na hierarquia interna. Ele foi duramente criticado internamente no início do ano pela forma desastrosa como geriu o surto de Covid-19 no principal hub econômico nacional, levando a metrópole a um lockdown de dois meses.

Primeiro a conseguir o cargo sem nunca ter sido vice-premiê desde Zhou Enlai (um dos pais fundadores da China comunista) e Hua Guofeng (herdeiro escolhido por Mao Tse-tung), Li também não ocupou nenhum posto no Conselho de Estado, principal autoridade administrativa da China e visto como etapa primordial na carreira de todos os premiês na história do país.

Sua promoção parecia difícil, mas no fim contou ao seu favor a ligação com o líder chinês. Li Qiang trabalhou com Xi quando este serviu como secretário-geral da província de Zhejiang. Desde então, ele tem sido leal ao colega.

Outra surpresa foi a promoção de Cai Qi. Outro fiel escudeiro de Xi, Cai é visto internamente como um político de menor prestígio e, em seu lugar, esperava-se a promoção de Chen Min’er, chefe do Partido em Chongqing, maior cidade da China.

Com o anúncio, Xi Jinping sacramentou seu poder dentro do Partido Comunista, conseguindo preencher todas as posições com aliados próximos.

A cerimônia de anúncio dos novos membros começou quase sem atrasos —um sinal de aparente consenso interno— e a ordem de entrada no chamado Salão Dourado indica como a política chinesa vai se desenhar nos próximos anos.

Além do próprio Xi puxando o pelotão, Li Qiang foi o segundo a entrar, sacramentando seu posto como primeiro-ministro. Zhao Leji, o terceiro, deve dirigir o Congresso Nacional do Povo. Um dos principais ideólogos de Xi, Wang Huning ficará a frente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Cai Qi provavelmente vai se encarregar do alinhamento ideológico, enquanto Ding Xuexiang assume o posto de vice-premiê executivo e Li Xi completa a lista encarregado de liderar os esforços anticorrupção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Guia essencial para a Jacobin

A Jacobin tem divulgado conteúdo socialista em ritmo acelerado desde 2010. Eis aqui um guia prático para algumas das obras mais importantes ...