Igor Gielow
Folha de S.Paulo
Com o apoio do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB) no segundo turno contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, o presidente consegue uma vitória política importante ao fechar apoios da máquina estadual nos três maiores colégios eleitorais do Brasil.
Já tinha visto o aliado Cláudio Castro (PL) reeleger-se no Rio e, nesta terça (4), recebeu o previsível apoio do também reeleito Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais.
Já tinha visto o aliado Cláudio Castro (PL) reeleger-se no Rio e, nesta terça (4), recebeu o previsível apoio do também reeleito Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais.
O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), chega para votar no primeiro turno - Zanone Fraissat - 2.out.2022/Folhapress |
Tal movimento não deve ser superestimado: em São Paulo, onde historicamente o peso dado ao poder de prefeitos de impulsionar governadores é reconhecido, mais de 500 dos 645 alcaides apoiaram Rodrigo e ele não passou do terceiro lugar. Não há correia de transmissão garantida.
Se a posição do mineiro era dada como líquida, após um afastamento tático do presidente na campanha em que derrotou o lulista Alexandre Kalil (PSD), Rodrigo era um voto ainda cobiçado pelo PT. Na segunda-feira, o governador se encontrou com Geraldo Alckmin (PSB), seu antecessor e vice na chapa de Lula.
Na conversa, o ex-tucano apresentou a ideia de apoio a Fernando Haddad (PT) em São Paulo e a Lula, com a perspectiva da manutenção de política públicas e metas do atual governo no caso de vitória estadual do petista. Mas falou mais alto o DNA do grupo de Rodrigo, segundo Bolsonaro "parte de um projeto maior" agora.
Se a posição do mineiro era dada como líquida, após um afastamento tático do presidente na campanha em que derrotou o lulista Alexandre Kalil (PSD), Rodrigo era um voto ainda cobiçado pelo PT. Na segunda-feira, o governador se encontrou com Geraldo Alckmin (PSB), seu antecessor e vice na chapa de Lula.
Na conversa, o ex-tucano apresentou a ideia de apoio a Fernando Haddad (PT) em São Paulo e a Lula, com a perspectiva da manutenção de política públicas e metas do atual governo no caso de vitória estadual do petista. Mas falou mais alto o DNA do grupo de Rodrigo, segundo Bolsonaro "parte de um projeto maior" agora.
O tucano, terceiro colocado na disputa estadual, preferiu não angariar apoio direto ao bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), que ficou em primeiro lugar no primeiro turno do domingo (2), à frente de Haddad.
Naquilo que aliados definiram como silêncio monástico, o governador então passou a ouvir a interlocução de Bolsonaro por meio de seu candidato a vice, o deputado federal Geninho Zuliani (União Brasil), de quem é muito próximo.
Geninho apontou a conveniência para seu partido, que é a fusão do PSL com o DEM onde Rodrigo militou a vida toda até virar tucano por ocasião em 2021, e mesmo para o PSDB paulista de embarcar na canoa de de Tarcísio, mesmo que não declare voto no ex-rival. O ex-ministro teve 42,3% dos votos válidos, ante 35,7% de Haddad no domingo (2).
Prefeitos tucanos importantes do interior paulista, como Duarte Nogueira, de Ribeirão Preto, já declararam apoio à dupla Tarcísio-Bolsonaro. E o grupo político que hoje apoia Rodrigo, já majoritário na Assembleia Legislativa, seria acrescido do PL do presidente —que fez 19 deputados estaduais.
A conveniência do acordo é mais discutível na capital, onde Ricardo Nunes (MDB) sabe haver um eleitorado bastante antibolsonarista que deverá ter um nome forte ligado a Lula na disputa de 2024 —hoje seria Guilherme Boulos (PSOL).
No começo da tarde, o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), reuniu-se com Rodrigo para discutir os termos do apoio, insinuado por Bolsonaro ao anunciar que se encontraria com o paulista e com Castro após receber a declaração de voto de Zema. A união foi selada no aeroporto de Congonhas.
Em resumo, segundo o plano o conservadorismo paulista mudaria de camisa, que já foi ademarista e malufista antes de se fundir ao tucanato, e para aqueles que têm ojeriza aos aspectos mais extremistas do bolsonarismo resta o consolo de que Tarcísio é visto sob mais influência de Gilberto Kassab.
O presidente do PSD não só apoiou a candidatura do ex-ministro como ocupou diversos espaços nela, e é visto como homem-chave da governabilidade caso vença. Tarcísio, por sua vez, seguirá colado a Bolsonaro até o fim do pleito, mas e o ex-chefe perder para Lula no dia 30, é dado como certo que será atraído à sigla de Kassab para abrir um capítulo próprio na política.
Agora, discute-se até a eventual saída de Rodrigo do PSDB de volta ao União Brasil inclusive é tema de conversas de seus aliados. Mas, assim como em Minas e Rio, serão estruturas livres de uma disputa estadual à disposição de Bolsonaro —pode não definir o pleito, mas também não atrapalha.
De resto, é uma reversão irônica da história: na onda bolsonarista de 2018, João Doria (PSDB), de quem Rodrigo era vice, buscou colar sua imagem à do então candidato a presidente para alavancar sua campanha no segundo turno, quando foi eleito —agora temos um BolsoDoria reverso, com a diferença de que o tucano da vez não está no páreo.
Lula venceu Bolsonaro no primeiro turno no país por 48,4% a 43,2%, mas em São Paulo a conta se inverteu: 47,7% para o presidente e 40,89% para o petista. A votação do PT se concentrou na região metropolitana, que concentra 47% do eleitorado, na amostra populacional do Datafolha. E a força do governo estadual é no interior.
O mesmo vale para Minas Gerais, onde Zema reelegeu-se com 56,1% e Kalil teve 35,1%. Novamente, a votação mais forte do governador foi no interior, que soma 72% do eleitorado aferido pelo Datafolha.
No estado, contudo, que saiu com vantagem no primeiro turno foi Lula: 48% a 43%, reforçando a mística de que Minas espelha a eleição nacional —dito que é amparado no fato de que nenhum presidente desde a redemocratização venceu um pleito sem triunfar por lá.
Para Zema, assim como para Rodrigo, o voto do coração pode até ser o antipetismo, mas considerações práticas foram colocadas. No seu primeiro mandato, o governador do Novo teve apoio de apenas 15 dos 77 deputados estaduais. Agora, elegeu 22 aliados, e com o apoio a Bolsonaro mira somar a eles mais 9 eleitos pelo PL do presidente.
Já no Rio, o apoio de Castro a Bolsonaro era obviamente automático. O governador foi reeleito com 58,7% dos votos, ante 27,4% do segundo colocado, o lulista Marcelo Freixo (PSB). No estado, o presidente abriu 1 milhão de votos sobre o petista, marcando 51,1% ante 40,7%.
O Sudeste é o centro nervoso de qualquer eleição no Brasil. Só São Paulo, Rio e Minas somaram 36% dos 118 milhões de votos válidos no pleito no primeiro turno deste ano —o irmão menor Espírito Santo, onde Bolsonaro bateu Lula por 52% a 40%, somou mais 1,7% ao bolo.
Naquilo que aliados definiram como silêncio monástico, o governador então passou a ouvir a interlocução de Bolsonaro por meio de seu candidato a vice, o deputado federal Geninho Zuliani (União Brasil), de quem é muito próximo.
Geninho apontou a conveniência para seu partido, que é a fusão do PSL com o DEM onde Rodrigo militou a vida toda até virar tucano por ocasião em 2021, e mesmo para o PSDB paulista de embarcar na canoa de de Tarcísio, mesmo que não declare voto no ex-rival. O ex-ministro teve 42,3% dos votos válidos, ante 35,7% de Haddad no domingo (2).
Prefeitos tucanos importantes do interior paulista, como Duarte Nogueira, de Ribeirão Preto, já declararam apoio à dupla Tarcísio-Bolsonaro. E o grupo político que hoje apoia Rodrigo, já majoritário na Assembleia Legislativa, seria acrescido do PL do presidente —que fez 19 deputados estaduais.
A conveniência do acordo é mais discutível na capital, onde Ricardo Nunes (MDB) sabe haver um eleitorado bastante antibolsonarista que deverá ter um nome forte ligado a Lula na disputa de 2024 —hoje seria Guilherme Boulos (PSOL).
No começo da tarde, o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), reuniu-se com Rodrigo para discutir os termos do apoio, insinuado por Bolsonaro ao anunciar que se encontraria com o paulista e com Castro após receber a declaração de voto de Zema. A união foi selada no aeroporto de Congonhas.
Em resumo, segundo o plano o conservadorismo paulista mudaria de camisa, que já foi ademarista e malufista antes de se fundir ao tucanato, e para aqueles que têm ojeriza aos aspectos mais extremistas do bolsonarismo resta o consolo de que Tarcísio é visto sob mais influência de Gilberto Kassab.
O presidente do PSD não só apoiou a candidatura do ex-ministro como ocupou diversos espaços nela, e é visto como homem-chave da governabilidade caso vença. Tarcísio, por sua vez, seguirá colado a Bolsonaro até o fim do pleito, mas e o ex-chefe perder para Lula no dia 30, é dado como certo que será atraído à sigla de Kassab para abrir um capítulo próprio na política.
Agora, discute-se até a eventual saída de Rodrigo do PSDB de volta ao União Brasil inclusive é tema de conversas de seus aliados. Mas, assim como em Minas e Rio, serão estruturas livres de uma disputa estadual à disposição de Bolsonaro —pode não definir o pleito, mas também não atrapalha.
De resto, é uma reversão irônica da história: na onda bolsonarista de 2018, João Doria (PSDB), de quem Rodrigo era vice, buscou colar sua imagem à do então candidato a presidente para alavancar sua campanha no segundo turno, quando foi eleito —agora temos um BolsoDoria reverso, com a diferença de que o tucano da vez não está no páreo.
Lula venceu Bolsonaro no primeiro turno no país por 48,4% a 43,2%, mas em São Paulo a conta se inverteu: 47,7% para o presidente e 40,89% para o petista. A votação do PT se concentrou na região metropolitana, que concentra 47% do eleitorado, na amostra populacional do Datafolha. E a força do governo estadual é no interior.
O mesmo vale para Minas Gerais, onde Zema reelegeu-se com 56,1% e Kalil teve 35,1%. Novamente, a votação mais forte do governador foi no interior, que soma 72% do eleitorado aferido pelo Datafolha.
No estado, contudo, que saiu com vantagem no primeiro turno foi Lula: 48% a 43%, reforçando a mística de que Minas espelha a eleição nacional —dito que é amparado no fato de que nenhum presidente desde a redemocratização venceu um pleito sem triunfar por lá.
Para Zema, assim como para Rodrigo, o voto do coração pode até ser o antipetismo, mas considerações práticas foram colocadas. No seu primeiro mandato, o governador do Novo teve apoio de apenas 15 dos 77 deputados estaduais. Agora, elegeu 22 aliados, e com o apoio a Bolsonaro mira somar a eles mais 9 eleitos pelo PL do presidente.
Já no Rio, o apoio de Castro a Bolsonaro era obviamente automático. O governador foi reeleito com 58,7% dos votos, ante 27,4% do segundo colocado, o lulista Marcelo Freixo (PSB). No estado, o presidente abriu 1 milhão de votos sobre o petista, marcando 51,1% ante 40,7%.
O Sudeste é o centro nervoso de qualquer eleição no Brasil. Só São Paulo, Rio e Minas somaram 36% dos 118 milhões de votos válidos no pleito no primeiro turno deste ano —o irmão menor Espírito Santo, onde Bolsonaro bateu Lula por 52% a 40%, somou mais 1,7% ao bolo.
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