Nelson Barbosa
No último sábado (8), a Folha publicou um editorial cobrando posicionamento econômico de Lula. Entendo a cobrança, mas seria bom cobrar o mesmo de Bolsonaro, do contrário parece que a Folha endossa o cheque especial pedido pela atual administração.
Qual cheque especial? O furo de pelo menos R$ 200 bilhões de gasto adiado ou represado que Bolsonaro está deixando para seu sucessor, mesmo que seja ele mesmo (tomara que não).
Sobre conteúdo do editorial, Janio de Freitas respondeu sem saber que estava respondendo, ao dizer que, na maioria dos casos, "exigência de nome de Lula para Economia é pretexto para apoiar Bolsonaro".
Não acho que esse seja o caso da Folha, mas há dois pontos no editorial quase bolsonarista de sábado que merecem comentários adicionais.
Em primeiro lugar, contrariamente ao que a Folha disse, essa eleição é mais sobre política do que sobre economia. Quase que semanalmente Celso Rocha de Barros, colunista da Folha, nos alerta dos perigos de um eventual segundo governo Bolsonaro.
Os sinais estão aí para quem quiser ver. Caso reeleito, Bolsonaro mudará drasticamente a composição do Supremo Tribunal Federal e aumentará ainda mais o orçamento secreto, comprando apoio para instituir um regime autoritário no Brasil.
O colunista Conrado Hübner Mendes também vem dizendo a mesma coisa semanalmente neste jornal, juntamente com os alertas de Reinaldo Azevedo, que pode ser chamado de tudo, menos de petista. Como não consigo dizer melhor o que vários já disseram antes de mim, vamos para a economia.
O editorial da Folha também disse que "já passa da hora de reconhecer que a agenda liberal dos últimos anos trouxe avanços duradouros".
Quem acompanha esta coluna sabe que, mesmo após o golpe de 2016, defendi a reforma da Previdência e outras mudanças institucionais feitas por Temer e Bolsonaro, mas achar que essas reformas foram avanços duradouros é um exagero de quem vive na bolha da Faria Lima.
Aos fatos, os números da economia mostram que o golpe contra Dilma Rousseff aprofundou e alongou a recessão de 2014-16. A Operação Lava Jato, tão saudada pela Folha no passado, se revelou um projeto político que destruiu milhões de empregos e empurrou o PIB para o fundo do poço.
Depois, a agenda neoliberal de Temer atrasou a recuperação da economia. Perdeu-se tempo com um teto irrealista de gastos, adiando a reforma da Previdência, que Dilma iria encaminhar ao Congresso em 2016. A reforma só veio três anos depois, muito além do necessário.
No mercado de trabalho, a reforma de Temer reduziu sim custos judiciais, mas ela também estimulou a informalidade e precarização.
Na reforma tributária, Temer nada fez e Bolsonaro deixou o assunto para a última hora, fracassando em suas tentativas de mudança. Nosso sistema tributário ficou ainda mais desorganizado, isto sim com efeitos duradouros negativos sobre a economia.
A Petrobras foi privatizada de fato, mas não de direito, gerando crises recorrentes sempre que há aumento súbito no preço dos combustíveis. A Eletrobras foi vendida a preço de banana para pagar parte das medidas eleitorais de Bolsonaro.
E para coroar a destruição econômica, o teto Temer de gasto comprimiu o gasto social, derrubou o investimento público abaixo da depreciação (pontes estão literalmente caindo) e pariu o monstro do orçamento secreto, que levará anos para ser derrotado.
Contando avanços e retrocessos, não há dúvida que a agenda neoliberal desde 2016 gerou mais perdas do que ganhos para maioria da população brasileira. É por isso que Lula pode ganhar a eleição.
No último sábado (8), a Folha publicou um editorial cobrando posicionamento econômico de Lula. Entendo a cobrança, mas seria bom cobrar o mesmo de Bolsonaro, do contrário parece que a Folha endossa o cheque especial pedido pela atual administração.
Qual cheque especial? O furo de pelo menos R$ 200 bilhões de gasto adiado ou represado que Bolsonaro está deixando para seu sucessor, mesmo que seja ele mesmo (tomara que não).
Sobre conteúdo do editorial, Janio de Freitas respondeu sem saber que estava respondendo, ao dizer que, na maioria dos casos, "exigência de nome de Lula para Economia é pretexto para apoiar Bolsonaro".
Edição de foto com os presidenciáveis Jair Bolsonaro e Lula - Adriano Machado e Ueslei Marcelino/Reuters |
Não acho que esse seja o caso da Folha, mas há dois pontos no editorial quase bolsonarista de sábado que merecem comentários adicionais.
Em primeiro lugar, contrariamente ao que a Folha disse, essa eleição é mais sobre política do que sobre economia. Quase que semanalmente Celso Rocha de Barros, colunista da Folha, nos alerta dos perigos de um eventual segundo governo Bolsonaro.
Os sinais estão aí para quem quiser ver. Caso reeleito, Bolsonaro mudará drasticamente a composição do Supremo Tribunal Federal e aumentará ainda mais o orçamento secreto, comprando apoio para instituir um regime autoritário no Brasil.
O colunista Conrado Hübner Mendes também vem dizendo a mesma coisa semanalmente neste jornal, juntamente com os alertas de Reinaldo Azevedo, que pode ser chamado de tudo, menos de petista. Como não consigo dizer melhor o que vários já disseram antes de mim, vamos para a economia.
O editorial da Folha também disse que "já passa da hora de reconhecer que a agenda liberal dos últimos anos trouxe avanços duradouros".
Quem acompanha esta coluna sabe que, mesmo após o golpe de 2016, defendi a reforma da Previdência e outras mudanças institucionais feitas por Temer e Bolsonaro, mas achar que essas reformas foram avanços duradouros é um exagero de quem vive na bolha da Faria Lima.
Aos fatos, os números da economia mostram que o golpe contra Dilma Rousseff aprofundou e alongou a recessão de 2014-16. A Operação Lava Jato, tão saudada pela Folha no passado, se revelou um projeto político que destruiu milhões de empregos e empurrou o PIB para o fundo do poço.
Depois, a agenda neoliberal de Temer atrasou a recuperação da economia. Perdeu-se tempo com um teto irrealista de gastos, adiando a reforma da Previdência, que Dilma iria encaminhar ao Congresso em 2016. A reforma só veio três anos depois, muito além do necessário.
No mercado de trabalho, a reforma de Temer reduziu sim custos judiciais, mas ela também estimulou a informalidade e precarização.
Na reforma tributária, Temer nada fez e Bolsonaro deixou o assunto para a última hora, fracassando em suas tentativas de mudança. Nosso sistema tributário ficou ainda mais desorganizado, isto sim com efeitos duradouros negativos sobre a economia.
A Petrobras foi privatizada de fato, mas não de direito, gerando crises recorrentes sempre que há aumento súbito no preço dos combustíveis. A Eletrobras foi vendida a preço de banana para pagar parte das medidas eleitorais de Bolsonaro.
E para coroar a destruição econômica, o teto Temer de gasto comprimiu o gasto social, derrubou o investimento público abaixo da depreciação (pontes estão literalmente caindo) e pariu o monstro do orçamento secreto, que levará anos para ser derrotado.
Contando avanços e retrocessos, não há dúvida que a agenda neoliberal desde 2016 gerou mais perdas do que ganhos para maioria da população brasileira. É por isso que Lula pode ganhar a eleição.
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