Cornelia Huber, Fabían Cabaluz e Steffen Brockmann
Jacobin
Tradução / Clara Zetkin foi conhecido nos círculos políticos como comunista, socialista e pacifista. Foi representante dos movimentos de mulheres, trabalhadoras e proletariado. Jornalista crítica, com formação de mestra, também ficou mundialmente conhecida como fundadora do Dia Internacional da Mulher que começou a ser celebrado no ano de 1910 na II Conferência Internacional de Mulheres em Copenhague.
Sua vida e obra vinculou-se, portanto, com as lutas emancipatórias da classe trabalhadora e com o desenvolvimento do pensamento socialista e comunista. Porém, muito pouco foi dito até hoje sobre suas contribuições pedagógicas e educativas associadas à busca da construção de sociedades mais igualitárias e justas.
Os motivos pelos quais os artigos de Clara Zetkin sobre escola, proteção infantil e educação são levados muito pouco em consideração no discurso pedagógico hegemônico são os mais variados. De um lado, o discurso pedagógico da extinta Alemanha Oriental foi sendo deixado cada vez mais para trás, o que resulta, até os dias atuais, na ignorância generalizada de seus referenciais educativos e pedagógicos. Por outro, a obra de Zetkin abordou escassamente as idéias progressistas sobre o ensino próprio de sua época, influenciando-se particularmente por pedagogos “clássicos europeus” como Juan Amós Comenio; portanto, seu legado não se vincularia imediatamente com abordagens pedagógicas “inovadoras”.
Da nossa perspectiva, sem dúvida, Zetkin abordou uma pedagogia não somente inovadora, como revolucionária. Associada à tomada de consciência, à superação da alienação e aos processos de libertação da humanidade. Em sua proposta também eram defendidos os direitos das crianças, bem como das mulheres trabalhadoras.
Pedagogia da família e proteção da infância
A imagem da menina desenvolvida por Clara Zetkin está caracterizada pelo esforço de sensibilizá-la para o socialismo com o objetivo de que conheça desde muito jovem a vida social, fazendo com que assim participe das lutas políticas próprias do proletariado. Ela defendia a idéia de que “o que uma menina tiver se acostumado, desenvolvido e criado em seus primeiros seis/sete anos de vida, dentro de uma relação física, espiritual e moral, é o que lhe acompanhará em maior parte como fundamento para toda sua vida futura”.
Segundo sua opinião, a educação dentro da família será de muita ajuda para a criança, sempre e quando este não seja excluído da vida social, e sim, mantendo-o em contato com as lutas políticas. Para Zetkin, a educação familiar socialista pertence à luta política de libertação do proletariado, porque as crianças são portadores da esperança para a classe trabalhadora. Tudo isso implica dar importância central à educação no seio da família, o que não é habitual em outras perspectivas de educação socialista. No entanto, distanciando-se de perspectivas ingênuas, a pedagoga sustenta permanentemente que é essencial lutar pela dissolução das condições de vida restritivas que afetam as crianças proletárias; portanto, é preciso trabalhar para promover profundas transformações sociais.
Clara Zetkin observou o desenvolvimento infantil e a necessidade da educação a partir de uma perspectiva politicamente inscrita no socialismo. Dava pouco valor a métodos concretos de ensino, seus objetivos e diretrizes, assim como as correspondentes tarefas da educação. O que mais a interessava era apoiar o trabalho educacional orientado ao cotidiano e ao entorno vital dentro da família proletária. Na edição de 1905 de seu periódico Die Gleichheit, sob o título Die Mutter als Erzieherin [A mãe como educadora] e no suplemento Für unsere Kinder [Para nossas/os filhas/os], de 1905, publicou conselhos práticos de educação para a família proletária:
Sua vida e obra vinculou-se, portanto, com as lutas emancipatórias da classe trabalhadora e com o desenvolvimento do pensamento socialista e comunista. Porém, muito pouco foi dito até hoje sobre suas contribuições pedagógicas e educativas associadas à busca da construção de sociedades mais igualitárias e justas.
Os motivos pelos quais os artigos de Clara Zetkin sobre escola, proteção infantil e educação são levados muito pouco em consideração no discurso pedagógico hegemônico são os mais variados. De um lado, o discurso pedagógico da extinta Alemanha Oriental foi sendo deixado cada vez mais para trás, o que resulta, até os dias atuais, na ignorância generalizada de seus referenciais educativos e pedagógicos. Por outro, a obra de Zetkin abordou escassamente as idéias progressistas sobre o ensino próprio de sua época, influenciando-se particularmente por pedagogos “clássicos europeus” como Juan Amós Comenio; portanto, seu legado não se vincularia imediatamente com abordagens pedagógicas “inovadoras”.
Da nossa perspectiva, sem dúvida, Zetkin abordou uma pedagogia não somente inovadora, como revolucionária. Associada à tomada de consciência, à superação da alienação e aos processos de libertação da humanidade. Em sua proposta também eram defendidos os direitos das crianças, bem como das mulheres trabalhadoras.
Pedagogia da família e proteção da infância
A imagem da menina desenvolvida por Clara Zetkin está caracterizada pelo esforço de sensibilizá-la para o socialismo com o objetivo de que conheça desde muito jovem a vida social, fazendo com que assim participe das lutas políticas próprias do proletariado. Ela defendia a idéia de que “o que uma menina tiver se acostumado, desenvolvido e criado em seus primeiros seis/sete anos de vida, dentro de uma relação física, espiritual e moral, é o que lhe acompanhará em maior parte como fundamento para toda sua vida futura”.
Segundo sua opinião, a educação dentro da família será de muita ajuda para a criança, sempre e quando este não seja excluído da vida social, e sim, mantendo-o em contato com as lutas políticas. Para Zetkin, a educação familiar socialista pertence à luta política de libertação do proletariado, porque as crianças são portadores da esperança para a classe trabalhadora. Tudo isso implica dar importância central à educação no seio da família, o que não é habitual em outras perspectivas de educação socialista. No entanto, distanciando-se de perspectivas ingênuas, a pedagoga sustenta permanentemente que é essencial lutar pela dissolução das condições de vida restritivas que afetam as crianças proletárias; portanto, é preciso trabalhar para promover profundas transformações sociais.
Clara Zetkin observou o desenvolvimento infantil e a necessidade da educação a partir de uma perspectiva politicamente inscrita no socialismo. Dava pouco valor a métodos concretos de ensino, seus objetivos e diretrizes, assim como as correspondentes tarefas da educação. O que mais a interessava era apoiar o trabalho educacional orientado ao cotidiano e ao entorno vital dentro da família proletária. Na edição de 1905 de seu periódico Die Gleichheit, sob o título Die Mutter als Erzieherin [A mãe como educadora] e no suplemento Für unsere Kinder [Para nossas/os filhas/os], de 1905, publicou conselhos práticos de educação para a família proletária:
Isso não quer dizer que a educação em casa deixará de ter importância. Um tipo de educação deve complementar a outra. Também precisamos da educação familiar, para que as crianças desenvolvam uma personalidade própria. No entanto, o sistema socialista também restaurará totalmente ao homem seus deveres enquanto pai; a educação não será um trabalho exclusivamente das mulheres.
Zetkin enfatizou que a literatura infantil devia ter um intenção política, comunicar uma ideologia e proporcionar às crianças um acesso à educação socialista. Assim apontava em 1906, em seu discurso sobre a educação socialista dentro da família, no congresso do Partido Social Democrata Alemão (SPD) em Mannheim:
Porém, companheiros, nós enquanto socialistas não podemos assumir esta literatura infantil sem nenhuma objeção. Esta literatura, por mais excelente que seja em sua maioria como arte e literatura, está em contradição com a nossa ideologia. Nela se trata, vez ou outra sobre o militarismo, o chauvinismo, o fervor pelas guerras e etc., de uma maneira que para nossas próprias ideias de guerra, amor pátrio, militarismo e etc., são um verdadeiro tapa em pleno rosto. Porém, companheiros, pior ainda que o contraditório, o que deste ponto de vista também se encontra na boa literatura, é muito mais importante o que não está presente e aquilo que não se conhece. Se faz um completo silêncio sobre os ideais de fraternidade, sobre a solidariedade entre companheiras e companheiros de trabalho e de luta, sobre o amor à liberdade do proletariado, e, para dizer de forma breve, não se conhece as virtudes sociais que a luta de classes do proletariado cria e necessita, e que nascem dos princípios de nossas idéias socialistas.
Além disso, em Die Gleichheit (1891/92), a partir de 1905 começaram a ser publicados suplementos infantis que transmitiam lições de educação política aos pais e mães, colocando à disposição de meninas e meninos um importante patrimônio de conhecimentos literários.
Com estas publicações, se faz visível o conceito desenvolvido por Zetkin de que os temas políticos da atualidade e os aspectos político-culturais deviam influenciar na educação das crianças desde a mais tenra idade. Como já havíamos assinalado, há uma preocupação permanente de Clara Zetkin no que diz respeito à proteção do menor. Neste sentido, a pedagoga se referiu à venda abusiva de álcool, à introdução de conceitos de higiene e previsão da saúde em colégios e, particularmente, à proteção de meninas e meninos contra a exploração laboral.
No império alemão se desenvolveram muito lentamente, durante o século XIX, iniciativas legais que tentaram limitar ou proibir a exploração infantil. Neste marco, Clara Zetkin publicou em Gleichheit vários artigos, nos quais toma uma postura diante das iniciativas legais de proteção da infância. Em um artigo de 1902 no Gleichheit escreveu, por exemplo:
Com estas publicações, se faz visível o conceito desenvolvido por Zetkin de que os temas políticos da atualidade e os aspectos político-culturais deviam influenciar na educação das crianças desde a mais tenra idade. Como já havíamos assinalado, há uma preocupação permanente de Clara Zetkin no que diz respeito à proteção do menor. Neste sentido, a pedagoga se referiu à venda abusiva de álcool, à introdução de conceitos de higiene e previsão da saúde em colégios e, particularmente, à proteção de meninas e meninos contra a exploração laboral.
No império alemão se desenvolveram muito lentamente, durante o século XIX, iniciativas legais que tentaram limitar ou proibir a exploração infantil. Neste marco, Clara Zetkin publicou em Gleichheit vários artigos, nos quais toma uma postura diante das iniciativas legais de proteção da infância. Em um artigo de 1902 no Gleichheit escreveu, por exemplo:
A exploração de crianças do proletariado pelo capitalismo, o que pode representar senão o roubo de sua saúde e força vital, de sua alegria infantil e de possibilidades de formação, a destruição do corpo e da alma dos adolescentes, como o roubo e destruição perpetrados naqueles seres mais frágeis, os mais indefesos e necessitados de proteção de todos os membros da sociedade. O capitalismo agarra a infância proletária pelo pescoço antes mesmo de seu nascimento já se vê ameaçado e maltratado por conta da exploração brutal de sua mãe e de seu pai.
Clara Zetkin condenou a exploração do trabalho infantil; sem dúvida, nos parece importante sinalizar que não condenou o trabalho de meninas e meninos em espaços educativos. Em um artigo de 1903, Zetkin afirmou com clareza:
Decerto que o trabalho tem alto valor pedagógico intrínseco; é certo que a educação pelo trabalho e para o trabalho é uma pedra angular no desenvolvimento harmônico da personalidade do indivíduo, uma condição prévia para a evolução de uma sociedade organizada em exploradores e explorados em uma ordem social de trabalhadores e trabalhadoras com os mesmos direitos e as mesmas obrigações (...) Sem dúvida é uma vergonhosa falsificação de conceitos e palavras quando a camarilha dos capitalistas e seus cupinchas dão por igual a exploração do trabalho infantil e o trabalho infantil educativo. Ambos são como o dia e a noite, radicalmente distintos em seus objetivos e suas consequências. A exploração do trabalho infantil serve para aumentar as ganâncias de terceiros. Sem nenhuma mostra de escrúpulos pisoteia toda a consideração de florescimento, a formação de novas forças físicas e intelectuais de vidas humanas de jovens, incluindo aí a conservação da própria vida. O trabalho educativo infantil persegue, pelo contrário, o desenvolvimento e o enobrecimento da criança para fazer dela uma personalidade forte, livre e unida à sociedade.
Propostas para a transformação das instituições escolares
Outro aspecto da educação pelo qual Clara Zetkin se ocupou intensamente durante toda sua vida foi o sistema escolar. Na época anterior à primeira guerra mundial, Zetkin teve um dos discursos centrais nos quais expôs seu ponto de vista sobre o sistema escolar: “Sobre a questão escolar”, na Terceira Conferência de Mulheres Social-Democratas, em Bremen (1904) e, dois anos mais tarde, o discurso pronunciado com Heinrich Schulz e entitulado “Princípios da educação popular e a social democracia” no Congresso do Partido Social Democrata.
A escola, na perspectiva de Zetkin, não só tem a obrigação de transmitir conhecimento, mas também “é uma empresa educacional que deve abranger o ser humano em sua integralidade e estimular todas as facetas do indivíduo para seu desenvolvimento, florescimento e maturidade”. Estas obrigações educativas da escola que vão para além da transmissão de saberes e que estão diretamente associadas à noção marxista de “omnilateralidade”, tornaram-se indispensáveis do seu ponto de vista, uma vez que as famílias têm cada vez menos tempo disponível para a educação e formação dos seus filhos devido à exploração capitalista e, portanto, o que corresponde ao sistema escolar, deve estar associado a assumir essa tarefa.
Além disso, devemos destacar que Clara Zetkin criticou especialmente as lógicas econômicas e mercantilistas que predominam na educação e a desigualdade no acesso ao sistema escolar. Colocado em seus próprios termos:
Nós [a social-democracia] somos da opinião de que a educação, da mais baixa à mais alta, é um bem comum, uma herança cultural, e que cada membro da sociedade deve participar de forma ilimitada dessa herança. É por isso que a sociedade tem o dever de disponibilizar todas as possibilidades educativas que nela existem (...) a todos os seus membros sem qualquer limitação. Mas a sociedade burguesa degrada as oportunidades educacionais a uma mercadoria a ser vendida e comprada como qualquer outro objeto.
Para ela, são principalmente os altos custos da educação que dificultam e fecham as possibilidades da educação escolar aos filhos do proletariado. Por isso, uma de suas reivindicações é a educação gratuita para todos. Nos “Princípios da Educação Popular e a Social Democracia”, apresentados com Heinrich Schulz em 1906 no Congresso do Partido Social Democrata, essas demandas são mais precisas: a educação gratuita é exigida e reivindicada, mas a melhoria de outras condições materiais, como ao material didático ou à merenda escolar.
A par da melhoria da relação e da proporcionalidade entre alunos e professores, Zetkin exigia a obrigatoriedade do ensino superior para os professores, com o qual se deveria desenvolver a personalidade dos professores e professoras, dotando-os de um carácter predominantemente científico. Ela também exigiu uma melhoria nos salários dos professores, uma vez que eles deveriam ser impedidos de ter que aceitar empregos adicionais para garantir sua subsistência, o que efetivamente os desfocava de seu trabalho profissional.
As demandas de Zetkin também enfatizavam a continuidade da educação escolar para as crianças e jovens do proletariado. Ela era da opinião de que as crianças, depois de visitarem o jardim de infância, deveriam ir para as chamadas escolas primárias. Em um amplo processo educacional, a política escolar deve garantir que alunas e alunos – supondo que Zetkin atribui à co-educação de meninos e meninas nas escolas – tenham a oportunidade de aprofundar seus interesses e predisposições tanto nas escolas secundárias quanto nas instituições de ensino superior.
Clara Zetkin descreveu sua proposta de escolarização, assim como Antonio Gramsci faria mais tarde, a partir do conceito de “escola única”. As referências concretas para compreender o tipo de escola promovida por Zetkin são desenvolvidas nos “Princípios da Educação Popular e a Social Democracia”, do ano de 1906.
A criação de instituições de ensino e assistência em idade pré-escolar (jardim de infância) de carácter laico. A criação de escolas domiciliares nas quais os menores recebam assistência física e intelectual durante o horário escolar gratuito. A criação de sanatórios para crianças fracas e doentes. O estabelecimento de centros de especialização e formação contínua sem diferença de sexo para jovens que terminaram a escola. A obrigação de visitar estas escolas durante o dia até os 18 anos. A implementação da educação do trabalho em todas as escolas. O estabelecimento de escolas/oficinas. O cultivo da educação artística. (...). A criação de classes e escolas especiais para crianças com deficiências (doentes, fracos, deficientes, epilépticos, etc.). Controle do estado de saúde das crianças por médicos escolares, acampamentos de férias. Construção e estruturação de edifícios escolares de acordo com as exigências pedagógicas, de higiene escolar e artísticas. A criação de banhos, piscinas, salas de aquecimento e refeitórios nas escolas.
Agora, é importante destacar que, afastando-se de perspectivas ingênuas, Clara Zetkin estava ciente das limitações da instituição escolar e das reformas educacionais em processos mais amplos de transformação social. A este respeito, salientou: “Não estou tendo muitas ilusões sobre a escola única. Enquanto a ordem econômica atual permanecer a mesma, os ricos poderão substituir a escola única pela educação privada para seus filhos”.
Por fim, interessa-nos apontar que Clara Zetkin foi enfática quanto à importância de eliminar as aulas de religião do sistema escolar, uma vez que essa disciplina se constituiu como um espaço privilegiado para a classe dominante brutalizar o corpo discente. “A aula de religião não estimula o pensamento, mas aniquila-o, porque no lugar ocupado pela busca e investigação instala-se a fé na palavra e porque a memória está carregada de um peso morto que faz com que se perca o interesse em aprender”. Nesse sentido, Zetkin considera que as aulas de moral ou ética tiveram maior relevância pedagógica para as crianças e jovens do proletariado.
O legado de Zetkin
O legado de Clara Zetkin pode ser lido, do ponto de vista pedagógico, como o de uma figura política de esquerda que, desde muito cedo, enfatizou o respeito à liberdade do ser humano, a relevância de democratizar a educação das crianças e jovens, a urgência de mudar e melhorar as condições sociais e de vida da classe trabalhadora e suas famílias.
Os textos de Clara Zetkin nos permitem reconstruir alguns aspectos das propostas feitas pelos pedagogos socialistas e marxistas europeus nos primeiros anos do século XX, sua preocupação com a educação das crianças e jovens proletários, a importância de que eles crescessem socializando os princípios e valores do socialismo, que tenham acesso a condições materiais adequadas ao seu crescimento, que desenvolvam as múltiplas potencialidades do ser humano, que estejam vinculados ao trabalho socialmente necessário, entre outros. Todos estes elementos permitem uma reflexão sobre os discursos e práticas sociopedagógicas de natureza revolucionária.
Por fim, acreditamos que pode ser relevante aprofundar a pesquisa sobre o legado político-pedagógico de Clara Zetkin, pois nos permitiria aprofundar pelo menos três problemas centrais na atualidade: primeiro, e evitando cair em leituras deshistoricizadas, o que permitiria fortalecer reflexões sobre a formação política das mulheres, dos movimentos populares e da classe trabalhadora como um todo no marco dos processos emancipatórios. Nessa direção, suas reflexões sobre como a prática militante educa a classe trabalhadora de forma ainda mais consistente do que a leitura de panfletos ou a participação em conferências revelariam o caráter educativo da prática política.
Em segundo lugar, seu trabalho nos permitiria enriquecer as reflexões sobre a centralidade pedagógica da denúncia no que diz respeito às condições de vida e existência das mulheres trabalhadoras, das crianças e da classe trabalhadora como um todo. Na perspectiva de Zetkin, educar na crítica, e particularmente na denúncia, é considerado um pilar necessário para avançar na construção de espaços organizativos e de luta contra a exploração capitalista e o fascismo. E, em terceiro lugar, seu legado ratificaria a relevância de visibilizar e socializar a história das lutas das mulheres socialistas para conquistar direitos políticos e avançar nos processos de emancipação do trabalhador, o que seria essencial para desenvolver processos de conscientização social.
Sobre os autores
Cornelia Huber é doutora em Ciências da Educação e professora da Universidade de Ciências Aplicadas de Nuremberg, Alemanha.
Fabían Cabaluz é doutor em Estudos Latino-Americanos e professor da Universidade de Playa Ancha, Chile.
Steffen Brockmann é doutor em Pedagogia Intercultural e professor da Universidade de Ciências Aplicadas de Nuremberg, Alemanha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário